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ೋ°|𝗖𝗵𝗮𝗽𝘁𝗲𝗿 𝟐𝟔

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JULHO.

Acordei cedo, o sol nem tinha nascido e me virei na cama, olhando para o outro lado e estranhei que Satoru já tinha levantado uma hora daquelas, sendo que ele dorme até tarde todos os dias.

Me levantei e andei pela casa, ele já tinha saído. Deixou apenas um bilhete dizendo que recebeu uma mensagem urgente do auto-escalão e que assim que resolvesse o problema me contaria tudo.

Terminei de vestir minhas roupas e fui direto para o carro com uma maçã na boca, sem tempo para um café da manhã descente. Dirigi direto para a escola e me encontrei com Yuuji, que se mostrava ansioso para seu primeiro treino e eu também.

Desde que ele chegou, começou a ter aulas teóricas com Satoru, mas não sei como o Itadori se saiu com isso.

Ele me comentou sobre eu ter convivido com alguém parecido com o Itadori pela sua forma de luta e estou um pouco curiosa.

- Onde está o Gojo-Sensei?

- Resolvendo uns problemas com a escola. Hoje vai ser só eu e você. - Dei de ombros e franzi a testa - Onde estão Megumi e Nobara? Eles poderiam participar também, seria um bom aquecimento.

- Provavelmente dormindo, ainda é muito cedo. - Yuuji deu de ombros e uma boca aparece na bochecha do garoto, me fazendo franzir o nariz horrorizada.

- Oizinho, Uchiha. - Sukuna diz sarcástico - Se divertindo com o moleque?

- Que coisa é essa? - Perguntei hesitante e apontei para a bochecha dele - É o Sukuna?

- Ah, ele faz isso as vezes. - Yuuji bate a mão na bochecha - Me desculpa.

- Não adianta tentar deixar o moleque mais forte, não é como se o esforço fosse mudar alguma coisa. - Sukuna agora aparece na palma da mão do Itadori - Quando eu sair e ter controle de um corpo descente, você será a primeira a morrer.

- Cala a boca! - Yuuji sacode a mão.

- Garoto pé no saco. - Diz antes de sumir.

- Você está com um corpinho bem peculiar.

- Ele é bem chato, fica falando na minha cabeça. - Bate na cabeça algumas vezes e volta a levantar o punho para o alto com um sorriso determinado - Mas para poder controlá-lo preciso ficar mais forte, assim como você e o Gojo-Sensei. Então por favor, me ensina!

Observei a determinação que brilhava em seus olhos castanhos, e por um momento, vi muito do meu antigo parceiro de equipe nele. Uma chama de animação se atiçou em meu peito e sorri.

- Eu vou. - Assenti.

- O que vamos fazer, Haruna-Sensei?

- Me diz você. - Falei enquanto andávamos até o campo de treinamento - Como você gosta de lutar? Qual o seu estilo?

- Socar e chutar!

Soltei uma risada curta quando o garoto levantou os punhos animado. Ele realmente se parecia com Yu, isso vai ser divertido.

- Então você gosta de luta corpo a corpo. - Estalei os dedos das mãos - Você consegue usar sua energia amaldiçoada?

- Energia amaldiçoada? Ah, é mesmo. - Ele coça a nuca - Está falando daquela coisa que o Fushiguro usou pra exorcizar as maldições?

- Sim. Você consegue controlar?

- Não.

- Bom, vamos deixar isso pra depois. Você vai aprender com Satoru sobre isso. - Levantei minha mão, dando alguns passos para trás, ficando em posição de defesa - Então vamos começar me mostrando o que sabe.

- Oss!

Ele corre até mim sem contrariar ou fazer perguntas, com uma velocidade acima de um humano comum. O rosado tenta me acertar no rosto, mas me esquivei sem dificuldade com as mãos atrás das costas. Yuuji é incrível, sua velocidade e força realmente são grandes, podia até sentir o ar bater em meu rosto pela rapidez e pressão que ele usava quando tentou me acertar, mas não o suficiente.

Prevendo que ele repetiria seu soco novamente, segurei seu pulso e o torci, fazendo ele tentar me derrubar usando suas pernas e usei o impulso das minhas para me esquivar e puxei seu braço junto, o desequilibrando e o derrubando no chão, dando um peteleco em sua testa.

- Você está morto. - Dei um sorriso - Só precisa de mais experiência. Tente deixar suas pernas mais firmes no chão quando tentar acertar seu adversário, e não deixe brechas tão óbvias, Yuuji.

- Isso foi demais! - Ele exclama se levantando - Como conseguiu ser tão rápida nos desvios?

- Minha maldição me obriga a usar a velocidade na luta. Fui treinada desde cedo pra isso. - Apontei para meus olhos - Se eu não for tão veloz quanto meus olhos, não adiantaria de nada se meu corpo não puder reagir a tempo.

- Não entendi. - Ele faz uma cara confusa, tombando a cabeça para o lado.

- Bom, não importa agora. - Sorri - Mas de todo o jeito... não estou usando com você, então não é trapaça.

- Então tá, mas quero que use tudo o que tem, Haruna-Sensei. Só assim vou aprender mais rápido - Ele faz uma posse de ataque - Vamos lá!

- Gostei ainda mais de você, Yuuji. - Ri e neguei com a cabeça - Mas é seu primeiro treino comigo. Megumi demorou muito pra aguentar mais de alguns segundos com meus olhos, então vamos devagar.

- Então vamos começar a treinar logo!

- Só se for agora!

Passamos mais algumas horas treinando, o Itadori tinham muita energia, determinação e não hesitava em atacar, além de aprender rápido, só era lerdo na teoria. Mas poderia dizer que Yuuji tinha o mesmo ritmo para treinos que eu.

- Já são nove horas. - Olhei em meu relógio de pulso soltando um suspiro - Você sentiu algo diferente durante esse tempo?

- Nada demais. Só uma agitação estranha, isso só acontece quando você está perto.- Ele deu de ombros colocando a mão na barriga - Tem alguma coisa haver com o Sukuna?

- Satoru te contou? - Franzi os lábios envergonhada - Isso é muito constrangedor...

- Ele falou sobre uma conexão que você tem com o Sukuna. E pra não contar pra você que eu sei... e eu acabei de te contar. - Yuji cobre a aboca e depois aponta para sua outra mão com uma careta - Como você pode ver, ele é bem esquisito.

- Mais esquisito que comer um dedo podre por vontade própria? - Estreitei os olhos e negamos juntos enquanto ele ria - Vamos, eu te pago um refrigerante.

- Legal!

Quando chegamos nas máquinas de bebidas, comprei uma lata de Coca-Cola para o Itadori que tomou quase tudo em um gole só, foi até engraçado quando ele engasgou e começou a sair refrigerante pelo nariz.

- Caramba! - Ele tossia com a mão no nariz - Isso dói demais!

- Quem manda beber tão rápido. - Dei uns tapinhas nas costas dele, tentando ajudar de alguma forma e depois me virei para o lado, quando escuto passos vindo na nossa direção.

- Deixei meu aluno com você por algumas horas e já está matando ele?

- Não fale como se você fosse um exemplo de responsabilidade, Satoru. - Revirei os olhos escutando o Itadori respirar fundo aliviado.

- Agora que tudo está resolvidinho! - Ele junta as mãos - Reunião de professores. Yuuji?!

- Sim, Gojo-Sensei?!

- Você vai até seu quarto e vai tirar uma longa soneca, enquanto os adultos vão resolver os assuntos chatos deles.

- Agora mesmo, Sensei! - E ele corre até a direção dos dormitórios, sem nem mesmo olhar pra trás.

- Minha vida teria sido bem mais fácil se você e o Megumi fossem assim. - Observei o rosado sumir de vista - Tsumiki era a única que não me dava trabalho.

- Mas seria muito chato desse jeito. - Ele nega com uma cara séria e segura meu braço delicadamente, me levantando na direção do seu alojamento - Vamos para um lugar onde ninguém escute, essas paredes tem ouvidos velhos em todo lugar.

- O que foi? - Perguntei mas ele me ignorou até chegarmos lá dentro - Me diz de uma vez! Você sabe que eu odeio suspense.

- A coisa é mais séria do que eu pensava. - Ele coloca suas mãos nos bolsos e me encarando - É o seguinte...

- Só vou avisando que você não vai me enrolar e deixar todo o trabalho pra mim, Satoru Gojo. - Cruzei os braços com um bico - Eu não sou idiota.

- Dessa vez não é enrolação. Só quero te contar o que está acontecendo e não te deixar no escuro. - Ele garante suspirando com a mão cobrindo sua faixa - Uma das nossas janelas avistou um feto amaldiçoado sobre um reformatório. Os velhotes querem que alguém vá buscar.

- É claro que eles querem, isso é a única coisa que eles sabem fazer. - Resmunguei revirando os olhos - Eles perdem o osso e querem que os cachorros vão buscar, como sempre.

- E isso não é o pior. - Satoru anda até mim e me olha com seus olhos cobertos pela faixa preta - Dessa vez eles querem que os alunos do primeiro ano vejam se ainda há sobreviventes, isso já foi óbvio pra mim só com a forma que eles estavam agindo hoje.

- O que?!

- Eles também querem que você vá comigo. - Ele solta uma risada sarcástica.

- Você está querendo dizer que eles querem que dois feiticeiros de nível especial estejam em uma inspeção no exterior? Eles não são tão suicidas. - Meu coração errou uma batida e fechei as mãos em punhos as sentindo esquentar - Se eles pensam que vou deixar que Megumi, Nobara e Yuuji se arrisquem desse jeito estão muito enganados!

- E é por isso que não nos querem por perto, porque sabem que não permitiriamos. Bom, não necessariamente a Nobara e o Megumi. - Satoru sorriu cúmplice e estalou os dedos das mãos - Sabemos que eles sempre quiseram eliminar o receptáculo do Sukuna, mesmo depois da execução ter sido adiada, e viram a missão como uma oportunidade.

- Eles não são loucos. - Franzi os lábios - Yuuji é só um garoto que entrou nessa bagunça por acidente. E de brinde, esses velhos vão levar a Nobara e o Megumi junto!

Ele passa os braços pela minha cintura e beija minha testa, fazendo com que minhas mãos voltassem a esfriar e suspirei tentando me acalmar.

- Nós vamos impedir isso, mas se acalme. Ninguém pensa direito com raiva. - Satoru coloca uma mecha do cabelo dela atrás da orelha - Nós somos os mais fortes. E somos mais inteligentes que eles.

- Eu sei. - Bufei, ainda sentindo vontade de moer a cabeça dos velhos com as minhas próprias mãos - Mas se algo de ruim acontecer...

- Nós matamos todos eles. - Ele dá um peteleco em minha testa me fazendo sorrir.

Puxei sua faixa tendo vista da imensidão azul que eu tanto amava. Segurei seu rosto e dei um beijo em seus lábios rosados, fazendo o Gojo dar um sorriso surpreso.

- Então é melhor que eu dê um jeito de estar lá a tempo.

...

Depois das três da tarde, a hora de ir tinha chegado. Satoru e Haruna andavam até a saída da escola junto do diretor Yaga que os acompanhava em completo silêncio vendo a feição de indiferença dos dois.

- Não esqueçam de mandar o relatório por escrito assim que terminarem. - Yaga informou quando chegaram até o carro preto do albino.

- Quem você acha que somos? - Satoru pergunta presunçoso.

- Quer que eu responda, Gojo?

- Só é estranho nos mandarem juntos para uma simples inspeção. - A morena diz arqueando uma das sobrancelhas - E levarem três calouros para recuperar possíveis sobreviventes, em um lugar que com certeza está atraindo várias maldições de alto nível.

- Me informaram que dois deles são de segundo nível e a garota é de terceiro, é mais que o suficiente. - Masamichi continua com sua cara séria de sempre.

- E quem garante que só tenham maldições de segundo nível lá? - Pergunta ríspida - Uma quantidade de energia amaldiçoada daquela atrai muito mais que isso.

- Ordens são ordens. - Yaga se vira indo na direção da escola novamente com um sorriso discreto nos lábios - E a chefia especificou que exigem que esteja junto de Satoru Gojo.

- Ela vai estar. - Satoru murmurou olhando de relance para a morena ao seu lado com um sorriso divertido.

...

Já na cidade de Nishi-Tóquio, Ijichi Kiyotaka, o diretor assistente da Escola Jujutsu, leva os alunos do primeiro ano em frente do Reformatório Eishuu.

- No hospital de detentos, cinco pacientes foram deixados lá com o feto amaldiçoado. - Ele explica - Se esse ventre puder sofrer metamorfose, nós achamos que ele poderá se tornar um espírito de classe especial.

- Classe especial. - Megumi e Nobara murmuraram com feições sérias, já Yuuji franziu a testa confuso.

- Ei, eu ainda não entendi essa coisa de classe especial. - Ele levantou a mão chamando a atenção do mais velho, fazendo os dois colegas revirarem os olhos.

- Satoru não te ensinou nada disso? - Ijichi pergunta indignado vendo o Itadori negar - Nem mesmo a...?

- Haruna-Sensei só é responsável pelo meu treinamento físico.

- É claro. - Ijichi assentiu com as bochechas coradas - Haruna sempre foi tão dedicada e responsável com todos os alunos...

- Como ele quer ser um Feiticeiro Jujutsu se nem sabe identificar o significado do nível de uma maldição? - Nobara corta os devaneios do mais velho, apontando com o polegar na direção do Itadori.

- Bom, Yuuji. Se nós hipoteticamente assumirmos que uma arma convencional é efetiva contra essas criaturas. Eu tenho um manual que até idiotas entenderiam. - Ijichi levanta o indicador sem ver a feição de tédio do Itadori - Preste atenção, maldições de...

- Quarta classe, use um taco de baseball e você ficará bem.

- Terceira classe, uma pistola deve bastar.

- Segunda classe, talvez uma escopeta funcione.

- Primeira classe, nem um tanque militar é suficiente.

- Classe especial, você vai precisar de um rápido bombardeio.

- Incrível. - Yuuji murmurou.

- Naturalmente, Xamãs com uma classe equivalente aos espíritos amaldiçoados são designados as missões. - Megumi falou indiferente.

- No caso de hoje, seria inteligente ter trazido o Gojo-Sensei ou a Haruna-Sensei. - Nobara diz.

- E onde eles estão? - Yuuji pergunta.

- Eles estão em uma viagem de negócios, os dois não podem ficar só de bobeira na escola. São talentosos, estão sempre ocupados com missões importantes. - Ijichi mexe em seus óculos e Megumi assentiu quando os outros dois se viraram para o Fushiguro com olhares questionadores - A indústria sempre teve uma mão de obra escassa. Muitos Xamãs vão a missões além de suas capacidades. Mas agora, estamos em uma situação de urgência. São coisas que nunca lutaram antes.

Yuuji ofegou nervoso com a fala do Kiyotaka.

- Há duas alternativas quando se enfrenta um espírito de nível especial, ou mais alto que suas capacidades. - Ele continua - Correr ou morrer. Siga o que o medo te diz pra fazer. Não se esqueçam que a missão é apenas que vejam se ainda há sobreviventes, se ainda existir, concentrem-se em salvá-lo.

Megumi fechou as mãos em punhos e olhou na direção do prédio do reformatório e por algum razão, escutou a voz de sua responsavel em sua mente, sobre algo que ela já tinha falado a respeito.

Não seja arrogante ao ponto e se meter em algo que sabe que não pode vencer.

Desviou o olhar quando escutou uma outra voz feminina desesperada e desconhecida, se virou vendo uma mulher correr até a faixa policial com lágrimas nos olhos mas é parada pelos policiais.

- Tadashi! Ele está bem?! Meu filho estava lá dentro!- Ela exclama. A mulher tirou a atenção dos policiais e olhou para os quatro com esperança - Com licença!

- Por favor, senhora. - O segurança tentou segurá-la - Não pode passar.

Yuuji viu aquela cena com o coração apertado, vendo o desespero daquela mulher querendo ter notícias de seu filho e não poder fazer nada.

- Dependendo da pessoa, a uma chance do veneno ter se espalhado. - Ijichi diz para a mulher - No entanto, eu não posso dar mais informações.

Ela ofegou desesperada e mais lágrimas desciam de seus olhos, enquanto foi obrigada a sair do local.

- Fushiguro? - Yuuji chamou a atenção do colega - Nós iremos salvá-los.

- Sim.

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