𝐕𝐈𝐈
Revisado Por rtc017
Mary Ann
Eu estou tentando. Deus, eu juro que sim, mas fica cada vez mais difícil quando ele põe uma flor em meu cabelo, ou diz que estou linda. Me julguem, mas eu estou mexida com tudo isso. Eu fico pensando que ele pode estar fingindo apenas para brincar comigo. Mas JinSoul estava certa: eu conheço o Peter. Pelo menos o de antes, e sei que ele não seria capaz disso.
O parque já está fechando, pois já passa da meia-noite, e nós estamos indo embora. Abraço meu próprio corpo por conta do vento e, momentos depois, sinto algo em meus ombros.
É a jaqueta de Peter.
Sorrio, aceitando.
As palavras de JinSoul voltam a ecoar em minha mente: "Deixe ele tentar, Ann, porque ele não tem nada a perder, pois já perdeu você. Basta agora saber se te merece de volta." Como sou sincera comigo mesma, preciso admitir que Peter tem se saído bem em me reconquistar, mesmo com todos os meus esforços de não deixar isso acontecer. Mas eu ainda tenho medo.
A vida toda você teve medo, Mary Ann. Teve medo de dizer aos seus pais que queria fazer moda, e só contou quando já estava na faculdade e eles não podiam fazer nada. Tem medo de pular de Bungee Jump, não porque é perigoso, mas porque acha que é algo bobo e não quer ser julgada. Tem medo de enfrentar a sua chefe e pedir demissão porque não acredita que possa trabalhar com aquilo que se formou para fazer.
E tenho medo de ter o coração quebrado outra vez. Mas estou cansada de ter medo de fazer o que eu quero… Porque essa é a verdade: eu quero dar outra chance ao Peter. Quero parar de conter os meus sorrisos para ele, ou ignorar a atração óbvia que ainda sinto por ele. E, sinceramente? Eu não sou a única aqui sentindo alguma coisa. Peter nunca disse que me amava porque ele não se sentia assim, então nunca me iludiu dessa forma. Então, quando digo que ele não seria capaz de fingir a forma que tem me olhado, é porque eu sei que ele pode ser um narcisista egocêntrico e babaca, mas ainda tem seus critérios — e não estou falando apenas de comida de fast food.
Por fim, eu respiro fundo e me preparo para o que pode ser uma decisão ruim ou não, mas não estou mais com medo de sentir o que sinto.
— Por que não vamos comemorar? — pergunto, animada enquanto ponho uma mecha do meu cabelo atrás da orelha. A flor ainda está na outra, e eu toco nela de vez em quando para ter certeza de que ainda está aqui.
— O quê? Ah, não, espere, vamos comemorar que eu consegui te reconquistar? — A esperança em seus olhos castanhos o deixa fofo.
— Não. Você disse que assinou um contrato com uma gravadora, certo? Isso é algo para se comemorar!
— Certo, você tem razão. — Ele faz uma pausa — Então ainda não reconquistei você?
— A lua está no céu ainda, não está? — Sorrio. — Além do mais, você vai saber se acontecer.
— Não é "se", Mary Jane, mas quando.
Dou de ombros e pego sua mão, puxando-o comigo.
— Vamos! Não quero perder o metrô!
☾︎
Acabamos vindo parar em um pub com karaokê. Nós teríamos voltado para aquele onde seria o nosso encontro inicial, mas começou a chover, então entramos aqui para nos abrigar.
— Eu vou ver se eles têm Dr Pepper — Peter avisa depois de me deixar em uma das mesas e se afasta.
Demoro meio segundo para entender do que ele está falando, então me lembro de quando fomos a uma festa e ele me ofereceu cerveja, mas recusei, contando que raramente bebia e que, quando acontecia, era apenas vinho ou champanhe. Então Peter perguntou o que eu queria para beber e eu disse Dr Pepper.
Isso foi há um ano, e o fato de ele lembrar…
Sim, isso mexe comigo.
Enquanto espero ele voltar, pego meu espelho de bolsa, abrindo para ver como estou. Ajeito meu cabelo, tomando cuidado com a flor quando uma bebida surge na minha frente, e, logo depois, Peter está sentado na cadeira ao meu lado.
— Seu Dr Pepper — diz.
— Obrigada.
— Você ainda tem — Peter murmura, e eu sigo o seu olhar, percebendo que está encarando o espelho de bolso.
Aposto que devo estar vermelha.
Peter me deu esse espelho, dizendo que viu em uma uma loja e se lembrou de mim. Na época achei que ele estava mentindo, pois as iniciais gravadas na superfície rosa são “M.J”, mas, agora que sei o motivo de ele me chamar de Mary Jane, não posso deixar de ficar boba.
— Sim. — Guardo o espelho na bolsa. Pelo canto do olho, flagro o sorrisinho de Peter.
Pego a bebida, sugando pelo canudo enquanto olho em volta. Uma mulher está escolhendo uma música para cantar ainda, então a única coisa a ser ouvida no bar são as conversas e os murmúrios.
— Sobre o que você acha que eles estão discutindo? — Peter pergunta de repente. Sigo seus olhos, vendo que está encarando um casal — um homem e uma mulher — do outro lado do bar. Eles estão discutindo, mas surpreendentemente não estão gritando.
— Talvez ele tenha deixado ela em um quarto de hotel. — Isso escapa sem querer, prova de que, por mais que eu esteja disposta a dar outra chance a Peter, nunca vou conseguir esquecer isso.
— Você não vai deixar isso passar, não é?
Deixo a bebida de lado e viro-me completamente para ele.
— Você deixaria? Se fosse eu quem tivesse deixado você com apenas um bilhete e sumido por dias, você levaria isso numa boa? — Arqueio a sobrancelha. — Ah, espere, o Peter de antes não se importava. Com certeza não sentiria minha falta.
— Não fale desse jeito. — Ele fecha os olhos, respirando fundo, e os abre de novo. — Eu me importava com você.
— Você demonstrava isso muito bem. — Viro o rosto, porque talvez eu estivesse enganada e…
Peter segura meu queixo, trazendo meu olhar de volta para ele.
— Eu senti sua falta. Depois daquela semana, eu fui ao seu apartamento para explicar tudo, mas você não quis me ver, então eu fui embora. Eu não quis insistir porque…
— Espera um pouco. — Afasto-me do seu toque. — Você foi ao meu apartamento?
— Sim. A JinSoul não te contou? — Peter franze as sobrancelhas, também parecendo confuso.
— O que a minha melhor amiga tem a ver com isso?
— Foi ela quem abriu a porta e disse que você não queria me ver.
Encaro Peter, dividida entre achar que ele está mentindo e matar a minha melhor amiga. Mas Peter está falando a verdade.
— Eu não sabia disso, mas a JinSoul estava certa, eu não queria ver você — digo. Apesar de querer estrangular a JinSoul agora por não ter me contado.
— Eu sei, por isso não te procurei mais, mesmo querendo que você entendesse tudo. Eu não sou um completo canalha, Mary Ann. — Se ele está me chamando pelo meu nome de verdade, com certeza está sendo sincero. — Meus relacionamentos anteriores nunca deram certo porque eu nunca estive à procura de um, e, quando elas percebiam isso, caíam fora. Mas você ficou.
Seu polegar acaricia meu rosto, e minha pálpebras ficam pesadas com o desejo de fechar os olhos e desfrutar de como é ser tocada por ele.
— Eu ficava esperando pelo dia em que você fosse embora — Peter continua, engolindo em seco. — Porque alguém tão gentil e boa como você não poderia acabar amarrada a alguém como eu, que não sabia o que queria da vida, ou que não se importava. Mas você nunca ia embora, e mesmo quando foi, ainda estava lá. O seu perfume na minha cama, seu shampoo preferido em meu banheiro, e até mesmo as músicas do Ed Sheeran no histórico de pesquisa do YouTube.
Nós dois rimos e há uma pequena chance dos meus olhos estarem marejados.
— Eu me importava com você, mas nunca soube demonstrar, e por isso te perdi — diz. — Eu vejo o quanto fui idiota e sei que apenas uma noite não vai compensar isso, mas, se você me aceitar de volta, não terá um dia que eu não farei de tudo para fazê-la feliz. Isso inclui comer tacos e ir ao carrossel.
— Peter… — começo, decidida a despejar todas as coisas que estão em meu coração, quando meu celular começa a tocar. Eu o pego da bolsa para desligar, mas percebo quem é. — É a minha chefe.
— O que ela quer te ligando à 00h?
— Eu não sei, mas vou ter que atender. Desculpa. — Fico de pé e vou em direção ao banheiro antes que Peter fale algo.
A fila está grande, então resolvo atender assim mesmo.
— Você pegou o meu vestido branco de seda na lavanderia? — Alicia, minha chefe, pergunta.
— Boa noite para você também.
— Sim ou não, Della Veccia? Eu tenho um encontro importantíssimo amanhã. — A sua não gentileza de sempre não me surpreende, mas ela está ainda mais irritada que o normal.
— Eu acho que sim. — Pego minha agenda na bolsa que trouxe comigo e procuro pela página onde estão anotados meus afazeres de hoje.
— Você "acha"? Eu não pago você para "achar".
Afasto o aparelho do ouvido quando ela grita. Na agenda, meu último compromisso de hoje era passar na lavanderia, mas eu esqueci, depois que entrei no mercado para comprar um pacote de pirulito. Prioridades, ok?
— Eu… — Pigarreio já me preparando. — Eu esqueci.
— Claro que você esqueceu, porque você é uma inútil.
Engulo em seco, dizendo a mim mesma para não dar ouvidos às coisas que ela diz.
— Eu sou sua secretária, Alicia, meu trabalho não é…
— Seu trabalho é fazer o que eu mandar, e, se não quiser ser demitida, é melhor aparecer com o meu vestido hoje de manhã, às 05h.
— A lavanderia só abre às 06h.
— Você já foi avisada.
Sem mais, ela desliga na minha cara.
Suspiro, guardando o celular na bolsa e voltando para a mesa onde Peter está me esperando. Finjo que não estou me sentindo uma fracassada por não conseguir enfrentar a Alicia.
— Muito ruim? — Peter pergunta quando sento ao seu lado outra vez. Pelo visto eu não finjo tão bem assim.
— Nada fora do normal. — Dou de ombros, bebendo um pouco do refrigerante.
— Ei. — Peter segura meu queixo outra vez, e eu encaro seus olhos cor de chocolate.
— Eu não quero falar sobre isso — aviso, antes que eu comece a questionar todas as decisões que tomei na minha vida até chegar aqui.
— Tudo bem. — Faz uma pausa, e então sorri. — Você se lembra da música que estava tocando quando demos o nosso primeiro beijo, certo?
A mudança súbita de assunto me deixa aliviada, e feliz pela lembrança. Foi tipo essas coisas de filme. Nós estávamos dançando, e então Peter me beijou. Eu nunca vou esquecer aquele dia ou a música, ainda mais porque era uma do meu cantor preferido.
— Tenerife Sea — digo o nome de uma das músicas do Ed Sheeran.
Peter continua sorrindo ao ficar de pé.
— O que você vai fazer, cantar? — pergunto em tom de zombaria, mas a verdade é que as borboletas flutuam em meu estômago com a ideia.
— Você nunca me ouviu cantar. — É só o que ele diz ao se afastar e ir em direção ao palco.
Eu observo sem acreditar quando ele diz alguma coisa para um cara perto do pequeno palco que sai e em seguida aparece com um violão, entregando-o a Peter. Ele sobe no palco e se senta num banco atrás do microfone.
Seus olhos encontram os meus quando seus dedos começam a fazer melodia com o violão, e ele sorri para mim, falando em seguida no microfone:
— Essa é para a minha Mary Jane.
Ai, Deus.
Mas nada se compara a quando ele começa a cantar, trazendo de volta as lembranças daquela noite, de como dançamos, e tudo parecia tão mágico como agora. Eu não sei como nos tornamos o que nos tornamos depois, mas isso já não importa mais, não é? Já está clara a minha decisão.
— You look so wonderful in your dress
I love your hair like that
The way it falls on the side of your neck
Down your shoulders and back
We are surrounded by all of these lies
And people that talk too much
You've got that kind of look in your eyes
As if no one knows anything but us
Should this be the last thing I see
I want you to know it's enough for me
'Cause all that you are is all that I'll ever need
I'm so in love, so in love
So in love, so in love
You look so beautiful in this light
Your silhouette over me
The way it brings out the blue in your eyes
Is the Tenerife Sea
And all of the voices surrounding us here
They just fade out as you take a breath
Just say the word and I will disappear
Into the wilderness
Should this be the last thing I see
I want you to know it's enough for me
'Cause all that you are is all that I'll ever need
I'm so in love, so in love
So in love, so in love
Lumière, darling
Lumière over me
Lumière, darling
Lumière over me
Lumière, darling
Lumière over me
Should this be the last thing I see
I want you to know that's enough for me
'Cause all that you are is all that I'll ever need
I'm so in love, so in love
So in love, love, love, love
So in love
You look so wonderful in your dress
I love your hair like that
And in the moment I knew you were back.
Quando Peter termina, as pessoas aplaudem e gritam, e eu me junto a elas, sorrindo feito boba, ainda sentindo meu coração bater com o ritmo da música.
Peter faz o seu caminho até mim com seu sorriso brilhante, e dou risada quando ele abraça minha cintura e me gira no ar.
— Você sabe o quanto eu quero beijar esse sorriso? — Peter pergunta ao me pôr no chão, mas ainda está me segurando.
— Hum… Não posso nem imaginar o quanto — minto, porque a minha vontade de tomar seus lábios quase está me fazendo perder a razão.
Acho que ele vai dizer alguma coisa quando ouvimos vozes alteradas. Aquele casal que estava discutindo civilizadamente mais cedo agora está aos berros. Na verdade, o cara está gritando com a mulher enquanto segura seu braço.
— Fique aqui — Peter ordena, se afastando.
Ele vai até o casal e diz alguma coisa ao outro cara, que parece não gostar nem um pouco…
Arregalo os olhos quando Peter dá um soco no cara, que solta a mulher, e ela se afasta assustada. Peter dá a briga por encerrada, dizendo mais alguma a ele e lhe dá as costas. A moça parece agradecê-lo antes de sair correndo do bar.
Eu espero que ela fique bem e que denuncie o namorado…
— Peter! — grito, mas é tarde demais quando o outro o acerta com uma garrafa.
꧁_____ᴥ︎︎︎_____꧂
Ai, gente, eu só queria ser a Mary Jane de alguém 💔
Enfim, esse é o penúltimo Capítulo 😭💔
Espero que tenham gostado!
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2bjs, môres♥
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