CAPÍTULO EXTRA : DOIS

Diante daquele deserto infinito de areia azulada e brilhante, apenas seus próprios suspiros cansados eram ecoados diante das enormes dunas. Sendo coberta por uma noite infinita onde as estrelas brilhavam em incontáveis pontos reluzentes no tecido do céu.

Suas duas orbes bicolores refletindo a imagem do artefato poderoso flutuando diante da areia brilhante: a Ampulheta do Tempo. Momoe engoliu seco, seu enorme cabelo loiro balançando de um lado ao outro assim como os grãos de areia diante daquela pouca ventania. Ela se perguntou se estava preparada, após tanto tempo aprimorando seu Jougan.

Quando Yori morreu, Momoe roubou a Ampulheta do Tempo de Enten, e a selou em um lugar distante para que Enten nunca tivesse chance de consegui-la de novo -e, mesmo que Enten esteja incapaz de usa-la devido a sua condição física, Momoe não pode arriscar. Momoe descobriu que precisaria, não só entender, mas ser o espaço tempo, então Momoe criou o Jougan. Um dojutsu mais problemático do que o rinnegan, aprimorando-o a cada instante para assim, finalmente, poder conseguir reescrever a história sem Enten.

A mulher suspirou ansiosa, erguendo ambas as mãos em direção a Ampulheta de areia azulada, parada no tempo. Tocando as suas extremidades de madeira com as pontas dos dedos, seu corpo tomando para si um longo arrepio, junto com a estranha sensação de sentir tudo. Momoe sentiu o calor das estrelas, o pouco vento que fazia, sentiu as folhas das árvores -seja quais elas forem- caírem no chão, a risada feliz de uma criança... Ela estava sendo capaz de sentir o que estava entrelaçado com o espaço-tempo: tudo.

Seu corpo foi envolto por um brilho azulado, no mesmo instante em que seus pés descolaram no chão e seu enorme cabelo flutuou. Capaz de ver vários instantes, estes que estavam acontecendo ao mesmo tempo porém em lugares nada parecidos; Momoe viu o futuro, o passado e o presente, todos várias e várias vezes em lugares distintos. Era como ver vários filmes diferentes ao mesmo tempo.

Suas mãos apertaram a Ampulheta em mãos, era como se ela possuísse vontade própria e estivesse lhe consumindo, tomando conta de seu corpo como um ser inteligente. A areia vibrava, e as estrelas pareciam cair quando uma enorme dor de cabeça tomou conta de si, Momoe tentou imediatamente se soltar o artefato, mas parecia não ter qualquer controle sobre seu próprio corpo.

Momoe gemeu alto pela dor, sua cabeça sendo dividida entre imagens do cosmos e de como sairia dali. Seu nariz não demorou muito para sangrar, seu corpo estava trêmulo e fraco diante de mais e mais tentativas. E, em uma enorme onda de choque que baguncou a areia em fortes ventos, o corpo de Momoe foi lançado para longe ao cuspir sangue.

Ela havia sido rejeitada pela Ampulheta do Tempo mais uma vez, por não estar forte o suficiente.

Ainda.