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━━ 𖥔 ִ ་ ، 𝟲𝟯. 𝗜𝗻𝗶𝗺𝗶𝗴𝗼𝘀. | 🔞

𝗖𝗔𝗟𝗟 𝗢𝗙 𝗦𝗜𝗟𝗘𝗡𝗖𝗘, 𝘵𝘳𝘢𝘧𝘢𝘭𝘨𝘢𝘳 𝘥. 𝘸𝘢𝘵𝘦𝘳 𝘭𝘢𝘸.
𝘭𝘢𝘺𝘰𝘶𝘵 𝘣𝘺 𝘯𝘪𝘯𝘢, 𝘢𝘬𝘮𝘢𝘯𝘮𝘪.

❛𝒯𝘶𝘥𝘰 𝘰 𝘲𝘶𝘦 𝘦𝘶 𝘧𝘪𝘻 𝘯𝘢 𝘷𝘪𝘥𝘢,
𝘦𝘶 𝘧𝘪𝘻 𝘱𝘰𝘳 𝘦𝘭𝘦. ℳ𝘢𝘴 𝘢𝘨𝘰𝘳𝘢 𝘦𝘭𝘦
𝘧𝘰𝘪 𝘦𝘮𝘣𝘰𝘳𝘢, 𝘦 𝘦𝘶 𝘢𝘪𝘯𝘥𝘢 𝘦𝘴𝘵𝘰𝘶 𝘢𝘲𝘶𝘪.❜

❛𝓥𝘰𝘤𝘦̂ 𝘦́ 𝘦𝘴𝘱𝘦𝘤𝘪𝘢𝘭 𝘱𝘰𝘳𝘲𝘶𝘦
𝘯𝘢𝘴𝘤𝘦𝘶 𝘯𝘦𝘴𝘵𝘦 𝘮𝘶𝘯𝘥𝘰.❜

━━ Segunda parte da Grand Line, Novo Mundo ; País de Zou.

O canto suave dos pássaros começou a ecoar pelo céu de Zou, embalado pela brisa gélida da alvorada, que, aos poucos, se aquecia sob a ascensão do sol no horizonte, derramando seus raios dourados sobre o mundo adormecido. No íntimo de um refúgio compartilhado, Elisabette suspirou preguiçosamente, enroscando-se ainda mais contra o corpo esguio ao seu lado, buscando refúgio nos braços firmes que a envolviam, mantendo-a segura, protegida, como se pertencesse àquele lugar desde sempre.

A noite fora fria e densa, repleta de silêncios carregados e palavras não ditas, mas terminara da única maneira possível para dois seres que, sem precisar de promessas, compreenderam que pertenciam um ao outro ── na confiança cega dos olhares partilhados, no calor dos corpos entrelaçados, na entrega devota do prazer que se fez linguagem entre eles.

Seus membros se enredavam como se temessem a separação, seus corpos compartilhando o calor reconfortante do toque. Quando Elisabette se moveu, ameaçando despertar e escapar daquele abraço, um resmungo grave rompeu o silêncio. Law, ainda sem abrir os olhos, apertou-a contra si, prendendo-a em seu domínio, fazendo com que ela voltasse o olhar sonolento para ele, os cílios pesados pelo torpor do despertar.

Mesmo de olhos fechados, ele sentia ── como se fosse um sexto sentido ── que era observado. Um bocejo rouco e profundo escapou de seus lábios, o som reverberando entre eles como um chamado silencioso, convidando-a a permanecer ali, onde ele queria que ela estivesse: junto a ele.

- Desta vez, você fica até que eu diga o contrário. Nas duas últimas vezes, você aprontou. ─ a voz de Trafalgar soou grave e impositiva em seus ouvidos, com aquela sensualidade natural que fazia um arrepio percorrer sua espinha, arrancando-lhe um arfar involuntário.

- Já amanheceu... ─ murmurou, ainda grogue pelo sono, os lábios se curvando em um beicinho preguiçoso enquanto afundava a bochecha contra a dele. - Law-san, suas bochechas são tão macias... ─ acrescentou em um sussurro manhoso, roçando o rosto no dele em um gesto carente.

- Tch. Você é grudenta demais... ─ a queixa soou quase como um ronronar indulgente, um sorriso malicioso brincando no canto dos lábios do moreno enquanto sua mão deslizava até o quadril dela, apertando-o com possessividade e traçando círculos sobre sua pele quente.

- Hein? ─ provocou, os olhos ainda semicerrados, mas reluzindo travessura. - Você fala como se não gostasse...

Law ergueu o corpo, posicionando-se entre as pernas dela, o olhar predatório capturando cada mínima reação de sua amada. Com um braço firme sustentando a curva delicada de seu pescoço e o outro envolvendo sua cintura, inclinou-se para selar seus lábios em um beijo lento e carregado de desejo, sua respiração misturando-se à dela. Enquanto seus corpos se fundiam, ele encontrou seu caminho para dentro dela com precisão e anseio, encaixando-se perfeitamente no calor que o envolveu de imediato. Um grunhido rouco escapou de sua garganta ao sentir o aperto macio e escaldante da boceta dela o engolindo por inteiro.

Elisabette suspirou, a pele arrepiando-se sob o toque febril. Suas mãos deslizaram até as costas dele, os dedos afundando sem piedade em sua pele, arranhando e marcando-o a cada movimento profundo e impiedoso que ele desferia contra ela. O prazer era avassalador, tão intenso que beirava a dor, e por um momento, sentiu-se como se fosse partir ao meio a qualquer instante.

Os sons de seus corpos se chocando ecoavam suavemente pelo ambiente, abafados pelas respirações entrecortadas e pelos gemidos contidos que escapavam entre beijos e sussurros entrecortados. As mãos dele exploravam sua silhueta, arranhando e beliscando cada centímetro de pele que encontravam, deleitando-se com a forma como ela tremia sob seu domínio. Um sorriso satisfeito curvou seus lábios ao ver os rastros avermelhados que deixava nela, os olhos semicerrados brilhando com um prazer possessivo.

Num movimento súbito, ele a virou de costas, puxando-a para que se empinasse para ele, os quadris colidindo em um ritmo pecaminoso. A cada investida, suas nádegas chocavam-se contra o quadril dele, um espetáculo tentador que apenas o atiçava ainda mais. Os dedos dele se entrelaçaram nos fios platinados de seus cabelos, puxando-os com firmeza, instigando-a a inclinar a cabeça para trás. Os olhos marejados dela buscaram os dele, que a fitavam com um desejo voraz e absoluto. Ele continuava a empurrar seus quadris contra ela, sentindo-a apertá-lo deliciosamente em sua cavidade estreita, como se seu corpo o chamasse, como se apenas ele pudesse preenchê-la daquela forma.

- Você é minha, entendeu? ─ a voz grave do maior deslizou pelo ar como um sussurro, fazendo-a arfar e apertar os olhos, dominada pelo arrepio que percorreu sua pele.

- Eu... eu não...

- Você é minha. ─ ele repetiu, sua voz cheia de autoridade e tesão. No instante seguinte, sua palma pousou com firmeza sobre as nádegas dela, um estalo ecoando no ambiente silencioso. A pele pálida logo ganhou o contorno avermelhado de sua marca, enquanto um sorriso satisfeito curvava os lábios do moreno tatuado.

Elisabette gemeu, os lábios entreabertos tremendo ao perceber que seu gemido escapara alto demais. Antes que pudesse conter-se, sentiu Law inclinar-se sobre seu corpo, o calor de seu peito pressionando suas costas, enquanto as penas macias de suas asas roçavam sua pele, provocando-lhe arrepios sutis.

A mão que antes segurava seus cabelos deslizou até seu pescoço, envolvendo-o com firmeza. A pressão súbita fez com que ela engasgasse, um gemido entrecortado escapando de sua garganta enquanto lágrimas deslizaram silenciosas por seu rosto.

Seus olhos se encontraram ── os dela transbordando ternura e entrega, enquanto os dele cintilavam com luxúria e desejo bruto. Por um instante, Law vacilou, hipnotizado pela forma como ela inclinava suavemente o rosto em sua direção, até que suas testas se tocaram. O movimento, ainda que singelo, reacendeu nele uma fome avassaladora, e seus quadris voltaram a se mover com violência, desferindo investidas intensas e profundas que a preenchiam por inteiro, cada estocada pulsando com a necessidade latejante que ele sentia por ela.

- Pode dizer que é minha? ─ Law sussurrou contra sua pele, sua voz rouca e suplicante, enquanto seus lábios traçavam beijos em sua bochecha. - Hein, passarinho? Diga que é minha... Por favor...

- Eu... eu sou sua... ─ a jovem choramingou, a voz trêmula e embargada pelo misto de dor e prazer que a consumia. Seu corpo estremecia a cada investida, o calor latejante que a preenchia tornando impossível conter os soluços do prazer.

- Diga outra vez...

- Eu sou sua... ─ ela balbuciou em um gemido arrastado, sentindo o corpo arder sob as estocadas agressivas, os beijos dele marcando sua pele como se quisesse selar sua posse.

A forma como a sentinela havia falado despertou algo visceral dentro dele, quebrando os últimos vestígios de seu autocontrole e o fazendo mergulhar em uma necessidade primitiva e incontrolável. Law ficou mais agressivo, mais faminto, suas mãos sedentas por possuí-la, reivindicá-la, torná-la sua da única maneira que sabia. Os olhos de Elisabette se arregalaram, os dentes trincando à medida que um formigamento avassalador percorria seu ventre, fazendo suas entranhas se contraírem a cada investida brutal. O toque firme dele segurava seu rosto, obrigando-a a encará-lo nos olhos, e no olhar dele, ela encontrou um caos devastador de desejo, amor e desespero.

Ele queria se perder nela outra vez. E de novo. E mais uma vez. Queria tomá-la, ouvi-la gemer, vê-la chorar de prazer, chamando por seu nome como se ele fosse a única coisa que importava no mundo. Queria que ela delirasse, gritasse, que se entregasse a ele sem reservas. Queria marcá-la, reivindicá-la, tatuar seu nome em sua pele para que todos soubessem que ela lhe pertencia. Porque ela era dele.

Que se danasse o fato de que fazia parte de outro bando pirata. Que Luffy fosse para o inferno, que os Chapéus de Palha ardessem junto com ele. Elisabette era sua.

Os braços dela cederam, e seu corpo tombou para frente, exausto, mas isso não foi o bastante para fazê-la recuar ── nem para que Law abrandasse seu ritmo frenético. Com um movimento firme, ele segurou seu ventre com uma das mãos enquanto a outra mantinha-se firme em seu quadril. Os soluços manhosos de Elisabette se misturavam aos seus gemidos suplicantes, os dentes cravando-se no travesseiro enquanto seu corpo tremia, incapaz de conter o prazer que a consumia.

Quando a sentiu apertá-lo com uma força avassaladora, Law rosnou baixo, o prazer ameaçando dominá-lo por completo. Ele estava à beira do abismo, o corpo inteiro em chamas, tomado pela necessidade de se enterrar nela e perder-se para sempre. Por um instante, ele quase cedeu.

Com um grunhido frustrado, ele se afastou no último segundo, deixando-se derramar sobre as nádegas dela, ofegante e desorientado. Soltou o quadril dela, observando-a desfalecer contra os lençóis, os cabelos desordenados, o corpo trêmulo e o brilho de seu sêmen escorrendo preguiçosamente por sua pele pálida. O peito de Law subia e descia pesadamente enquanto ele levava uma mão aos cabelos, tentando recuperar o controle sobre si mesmo.

Ele quase cometeu um erro irreversível. Quase colocou tudo a perder. Porra, aquela mulher seria sua ruína.

- Law-san, minhas pernas estão dormentes... ─ a Birkan choramingou dramaticamente, a voz abafada pelo travesseiro. - Como vou me vestir e tomar banho? Daqui a pouco, o capitão vai chamar para o café da manhã...

- Você tem asas para quê?

- Que grosseria! ─ ela arregalou os olhos, indignada, franzindo o cenho, enquanto o mais velho apenas exibia um sorriso de escárnio.

- Perdão, mas a culpa é sua por ser gostosa. ─ as palavras escaparam antes que ele pudesse contê-las, tão naturais que até a si próprio pegaram de surpresa.

- Você me acha "gostosa"? ─ um sorriso largo tomou os lábios dela, os olhos cintilando com surpresa e divertimento.

- Tch.

- Não faça "tch"! Diga de novo! ─ riu, zombeteira.

- Vai procurar o que fazer!

Elisabette era tudo para Law ── sua perdição, sua maldição, sua bênção, suas trevas e sua luz. Tudo o que ela fazia ou dizia exercia sobre ele um efeito avassalador, como se, dia após dia, estivesse se moldando não apenas para se encaixar ao corpo dela, mas também ao mundo que ela habitava, à forma como ela o enxergava.

A risada dela, por mais escandalosa que fosse, era para ele um bálsamo constante, uma prova inegável de que, apesar de tudo o que haviam enfrentado em Dressrosa ── apesar do sangue derramado e das cinzas espalhadas pelo vento ──, ela ainda estava ali. Seu coração ainda pulsava, seu peito ainda se enchia de ar, sua voz ainda ecoava no mundo e seu olhar permanecia vívido, brilhante, intenso.

Aquela mulher... aquela maldita mulher poderia pisoteá-lo, esfaqueá-lo, fazê-lo chorar por amor, e, mesmo assim, ele jamais cederia ao ódio ou ao ressentimento. Porque tudo nela o fazia se sentir vivo. A maldita Pirralha dos Chapéus de Palha o havia tornado um homem diferente ── não melhor, não pior, apenas alguém que experimentava sentimentos que jamais acreditou serem possíveis para si. Ela era sua fortaleza, mas ele sabia que, um dia, ela também seria sua ruína. E aceitaria a queda de bom grado, um sorriso nos lábios, se fosse ela quem o despedaçasse em meio ao caos de uma guerra, seu corpo caído em uma poça de sangue.

Ele se deitou sobre ela uma segunda vez, os braços envolvendo sua cintura esguia, e não tardou a salpicar beijos por sua pele, deslizando os lábios pela curva delicada do pescoço. Sorria preguiçosamente ao ouvir a risada dela, suave e verdadeira, estremecendo sob o toque das cócegas. O som lhe pareceu uma melodia encantadora ── e, por Deus, ele nunca se cansaria de ouvi-la.

- A que horas você vai furar meus piercings, hein?

- Mais tarde, depois que você tiver tomado banho e comido alguma coisa. ─ ele murmurou, a voz rouca deslizando como um sussurro contra seu ouvido.

- Vou ficar ainda mais bonita! Igual a você! ─ ela sorriu com doçura, virando-se para que ficassem frente a frente, as mãos delicadas envolvendo o rosto dele com carinho. - Você é tão bonito.

- Você já disse isso...

- E vou dizer de novo. Você é lindo.

Law a observou por um instante, os olhos suaves como se quisessem absorver cada detalhe dela. Então, num gesto raro de ternura, sorriu.

- Você... é maravilhosa.

As bochechas dela tingiram-se de um vermelho forte, assim como as orelhas e os ombros, que perderam sua habitual tonalidade alva para darem lugar a um rubor vergonhoso. Seus olhos encontraram os dele com uma admiração hesitante, enquanto a timidez a envolvia como um véu, desconcertando-a com um simples elogio. Era apenas uma palavra, algo que já ouvira incontáveis vezes ── fosse da boca de Enel, dos Sacerdotes ou até mesmo de seus companheiros, especialmente Sanji. No entanto, quando se tratava de Trafalgar Law, o Cirurgião da Morte, um homem de poucas palavras, reservado ao ponto de beirar a introspecção, qualquer elogio vindo dele soava como uma explosão. Não havia como desviar, não havia como se proteger da força daquele impacto. O fogo a consumia por completo, deixando-a em cinzas, vulnerável diante do calor que ele despertava nela.

Quantas vezes já havia sido chamada de bonita, maravilhosa, bela? Inúmeras, a ponto de perder a conta. Mas ouvir isso da boca de Law... aquilo era diferente. Era impossível impedir que seu coração disparasse, mesmo que estivesse distante de seu próprio peito.

Elisabette sorriu, um sorriso tímido e melancólico, enquanto seus olhos suavizavam ao tocar a face dele com delicadeza. O polegar deslizou sobre sua pele em uma carícia sutil, memorizando o contorno do rosto que, em breve, estaria fora de seu alcance. Ela sabia que sentiria falta de tudo. Falta do contato pele contra pele, da voz rouca que fazia seu corpo arrepiar, das mãos quentes e firmes que a seguravam com uma possessividade protetora. Sentiria falta da forma como ele a tocava, da língua dele deslizando sobre sua pele, dos olhares que a desnudavam sem precisar de palavras.

Mas, acima de tudo, sentiria falta dele. De tudo o que envolvia seu nome, sua presença, sua existência.

O coração dela sempre acelerava ao vê-lo, tomado por todas aquelas tonalidades de azul, amarelo e preto que o faziam se destacar em meio ao seu olhar desprovido de cor. Ele sempre surgia assim, envolto em promessas não ditas, um chamado do silêncio que fazia o amor parecer um presságio temível e a dor uma sentença inevitável ── como se nem mesmo as mais fervorosas preces, sussurradas de joelhos sobre o milho, fossem capazes de arrancá-la de seu peito.

Entretanto, quando o via sozinho, todas as dúvidas que a atormentavam dissipavam-se como névoa ao amanhecer. Era como se, desde o momento em que viera ao mundo, estivesse, na verdade, morrendo um pouco a cada dia, esperando por ele.

Elisabette queria dizer-lhe para não temer, pois ela mesma já não sentia medo. E, no fundo de seu coração ferido ── marcado por cicatrizes que se reabriam dolorosamente a cada segundo ──, pela primeira vez, ela admitiu para si mesma: amava-o.

Era um sentimento que a deixava insegura, mas, ao mesmo tempo, estranhamente serena, como se já o tivesse amado por mil anos e agora estivesse destinada a amá-lo por mais mil.

- Preciso ir... ─ ela sussurrou, embora não fizesse nenhum movimento que indicasse, de fato, sua intenção de se levantar da cama.

- Pode ir... ─ Law respondeu no mesmo tom baixo e sussurrado, os dedos deslizando suavemente pelos fios platinados dela em um afago quase inconsciente. - Nos vemos depois.

- Sim... depois...

- Me beije com força antes de ir. ─ pediu em um murmúrio quase inaudível, o olhar fixo no dela, carregado de uma súplica silenciosa.

Elisabette sentiu uma pontada no peito ao perceber a maneira como ele a fitava naquele instante. "Como posso dizer 'não' a ele?", pensou, os lábios se curvando em um leve beicinho antes de puxá-lo para um beijo ardente. Seus corpos se encaixaram com uma naturalidade quase instintiva, e um arrepio percorreu sua espinha quando sentiu o membro dele, já umedecido pelo pré-gozo, roçar provocativamente contra sua entrada. O toque incendiou seu ventre, fazendo-a estremecer e mover os quadris na ânsia de senti-lo mais.

As línguas se entrelaçaram em um ritmo pecaminoso, explorando-se com uma fome insaciável, enquanto carícias suaves e ao mesmo tempo ousadas deslizavam por suas peles aquecidas. O calor entre os dois os fazia arfar contra os lábios um do outro, até que se afastaram, a respiração entrecortada deixando um fino fio de saliva os conectando por um instante antes de se desfazer. O rubor tingia o rosto delicado de Elisabette, seus olhos enevoados pelo desejo, enquanto Law, mesmo exausto, exibia nas bochechas um tom róseo que o tornava ainda mais irresistível.

Elisabette espiou para fora da cabana, seus olhos percorrendo as redondezas para se certificar de que ninguém a veria saindo dos aposentos do outro capitão pirata. Assim que constatou que a área estava livre de olhares curiosos, retirou-se rapidamente, apressando os passos para garantir que estivesse de volta à sua cabana antes que fosse vista ── e, principalmente, antes que Chopper despertasse de seu sono.

Ao chegar ao seu destino, soltou um suspiro aliviado, sentindo o peso da tensão se dissipar. Seu olhar pousou sobre a pequena rena adormecida em sua cama, de barriga para cima, o peito subindo e descendo suavemente a cada respiração. Um sorriso involuntário curvou seus lábios, e suas bochechas coraram diante da cena. Ele era adorável! Chopper parecia um algodão-doce, irresistivelmente fofo, e Elisabette sentia uma vontade imensa de apertá-lo sempre que o via. Dormir abraçada a ele era um privilégio reconfortante, como segurar um urso de pelúcia macio e quente.

A jovem caminhou até onde suas roupas e a toalha usada estavam, pegando um vestido branco-creme que lhe alcançava a metade das coxas, com delicados babados que se estendiam um pouco mais na parte de trás. Também pegou uma calcinha de renda da mesma cor, enfiando ambas na bolsa. Ao fazê-lo, seus olhos pousaram sobre algo familiar: seu casaco, amassado entre outros pertences. Mas foi o que estava logo abaixo que fez seu coração vacilar por um instante.

A Akuma no Mi que havia tomado na noite passada repousava ali, sua superfície estranhamente hipnótica, desenhada em espirais que pareciam se mover sob a luz fraca do ambiente. Um arrepio gelado percorreu sua espinha, um instinto primitivo a alertando do perigo oculto naquela fruta proibida. Havia algo nela, algo que a chamava de forma insidiosa, um sussurro silencioso que parecia se enroscar em sua mente, tentando seduzi-la para um destino incerto.

Engolindo em seco, Elisabette desviou o olhar, recusando-se a ceder à tentação que começava a enraizar-se em sua alma desde o momento em que sentira sua presença pela primeira vez ── lá no topo da cabeça de Zunesha. E, ainda assim, mesmo sem encará-la, podia sentir aquela atração sombria pairando no ar, pulsando no fundo de sua consciência como um convite perigoso ao desconhecido.

O dia transcorrera de forma tranquila, com os minks desfrutando da companhia dos humanos que estavam temporariamente hospedados em seu país. Guloseimas eram distribuídas na tentativa de aliviar a tensão da iminente viagem, enquanto os Chapéus de Palha se preparavam para zarpar rumo a Whole Cake nos próximos dias.

A ausência de Sanji começava a se tornar verdadeiramente incômoda. Não apenas sentiam a falta de seu companheiro carismático e cavalheiro, dono de um coração gentil e uma simpatia natural, mas também percebiam, com certo desespero, que nenhum deles possuía habilidades culinárias à altura do talentoso cozinheiro de olhos azuis.

Robin fora a primeira a se voluntariar para preparar o café da manhã, servindo tofu aos companheiros. Apesar do esforço, o grupo consumiu a refeição de forma mecânica, empurrando a comida garganta abaixo ── não porque estivesse ruim, mas porque a ausência da variedade de sabores e do toque especial de Sanji pesava mais do que o esperado. No almoço, Luffy tomou para si a responsabilidade de cozinhar e decidiu grelhar um peixe-boi. Contudo, em sua típica imprudência, acabou explodindo a fogueira e queimando a carne branca, o que resultou em uma refeição arruinada. Ainda assim, por pura empatia, os demais se obrigaram a comer para não desanimar o capitão.

À medida que a tarde avançava, os Chapéus de Palha reuniram-se novamente com seus aliados para discutir os planos futuros, antes de retornarem às festividades e distrações. Entretanto, Elisabette parecia distante. Seu olhar perdido e a mente inquieta denunciavam que sua atenção estava em outro lugar ── ou melhor, em outra pessoa.

Wyper.

Ela não sabia quando ele apareceria. Seria naquele dia? No seguinte? A incerteza consumia seus pensamentos, e a ansiedade corroía seu peito com um peso quase insuportável. Temia o que poderia ── ou não ── acontecer quando finalmente estivessem frente a frente novamente, após tantos meses de distância. Afinal, seus reencontros nunca foram... amigáveis. Muito menos calorosos.

Desde os dias de Skypiea até os confrontos em Upper Yard, cada reencontro entre os dois fora marcado por brigas, cortes e hematomas. Era sempre assim: uma batalha inevitável travada em palavras ríspidas e golpes ferozes.

Elisabette respirou fundo, tentando dissipar a inquietação que se instalara em sua alma. Colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha e, num gesto automático, voltou sua atenção para Momonosuke, ajudando-o a amarrar seu rabo de cavalo samurai. Mesmo com as mãos ocupadas, sua mente continuava vagando, antecipando um futuro que parecia cada vez mais incerto.

- Aqui está, Momo-chan. ─ ela disse com um sorriso doce, ajudando-o a descer de seu colo e observando-o retribuir o gesto ao se olhar no espelho. - O que achou?

- Eu gostei! Valeu!

- E como você se comportou muito bem e não reclamou enquanto eu penteava seus cabelinhos... ─ ela se ajoelhou ao lado dele e depositou um beijinho suave em sua bochecha. - Aqui está sua recompensa! E, se você comer todos os legumes e vegetais do seu prato, amanhã eu levo você para dar uma volta pelo céu.

- Uau! Sério?! ─ os olhos de Momonosuke brilharam, repletos de animação, enquanto ele a abraçava com entusiasmo.

- Claro que sim. Por que eu mentiria para uma coisinha fofa como você?

- Que legal! Eu vou comer tudinho!

Momonosuke saiu saltitante, deixando-a para trás com um olhar ameno e dócil. Aquele garoto era um verdadeiro encanto ── mesmo após uma vida marcada por tragédias e provações, ainda carregava uma inocência intocada em seu olhar. Quando estavam juntos, Elisabette sentia que podia se permitir ser criança novamente, brincar sem reservas, desenhar figuras tolas ou até mesmo estourar as bolhas de sabão flutuantes que dançavam ao redor deles quando era sua vez de lhe dar banho.

Ela permaneceu sentada, observando-o desaparecer de sua vista enquanto os pensamentos se enredavam em sua mente. Seus olhos desviaram-se da direção por onde o pequeno samurai partira, buscando o céu que, embora ainda claro, começava a se tingir de laranja com a chegada do pôr do sol. Desde que era apenas uma garotinha, sonhava em conhecer o mundo abaixo das Ilhas do Céu, mas sonhos eram apenas sonhos, sempre distantes, inalcançáveis. Afinal, não havia espaço para devaneios infantis quando precisava estar constantemente lutando para proteger e honrar Upper Yard.

Mas tudo mudou ao conhecer os Piratas do Chapéu de Palha. Pela primeira vez, ela viu o mundo como ele realmente era, enxergou um paraíso além dos céus com seus próprios olhos e experimentou uma liberdade que nunca acreditou ser possível. Ainda assim, algo dentro dela permanecia acorrentado. Ela não se sentia livre. Não podia ser livre. Porque, não importava o quanto corresse, ainda perseguia a si mesma. Ainda corria atrás da sombra do que Enel representou um dia. Estava presa a um paradoxo que ela própria havia criado ao ser arrancada de Skypiea ── presa entre um passado que a chamava de volta e um presente que a obrigava a seguir em frente.

E agora, sentia sua mente se partir.

As dores de cabeça vinham com mais frequência. Um latejar constante, como se algo em seu interior tentasse se libertar. A loucura espreitava nas frestas de sua sanidade, sorrateira, insinuando-se nos pensamentos que ecoavam como vozes conflitantes dentro de si. Sua mente se dividia em duas ── duas versões de si mesma que se tornavam inimigas, travando batalhas invisíveis em seu subconsciente. Quem era ela, afinal?

Era Elisabette, a sentinela dos Chapéus de Palha, subordinada de Luffy, temida pela Marinha como o Anjo da Morte?

Ou era Magni D. Elisabette, filha de Enel, a Santa Praga?

Ela não sabia. E, talvez, jamais soubesse.

Uma pontada aguda atravessou sua cabeça, fazendo-a trincar os dentes e apertar os olhos em reflexo. Instintivamente, levou a mão ao local da dor, enquanto um suspiro ofegante escapava de seus lábios. Seu corpo se curvou levemente para frente, a respiração irregular, até que sentiu algo vibrar entre seus seios.

O Call Dial.

Seu peito subiu e desceu em um ritmo pesado ao perceber o que aquilo significava ── Wyper estava ligando.

Ela hesitou por um instante, sentindo o suor frio escorrer pela testa. As pontadas na cabeça aumentavam em intensidade, pulsando como se algo dentro de seu crânio estivesse prestes a explodir. A dor se tornava cada vez mais lancinante, corroendo sua sanidade, tornando-a incapaz de ignorá-la. Seu estômago se revirou, um enjoo sufocante subindo por sua garganta, enquanto franzia o cenho com frustração.

"Por Deus... o que está acontecendo agora?"

O pensamento ecoou em sua mente, acompanhando o gosto metálico que se formava em sua boca ao morder o lábio inferior. Então, tão repentinamente quanto veio, a dor começou a ceder, dissipando-se aos poucos, como se zombasse de sua fragilidade.

Mas o Call Dial ainda vibrava contra sua pele.

Com um movimento brusco, agarrou a concha e atendeu a ligação.

- Umbigo... ─ murmurou ela, a voz arrastada, enquanto seu corpo tombava para trás sobre o gramado. - Wyper?

"Elisabette, estou vendo Zou."

- Você... você está? ─ a jovem se sobressaltou, colocando-se de pé no mesmo instante em que agarrava a Burn Bazooka e a pendurava no braço.

"É um ser colossal em movimento, não é? O Vivre Card está me guiando nessa direção", a voz do shandia soava confusa e levemente perdida, mas ainda mantinha a seriedade de sempre.

- Sim, é exatamente isso. Já estou a caminho.

Elisabette lançou um olhar cauteloso ao redor, certificando-se de que não havia ninguém por perto. Nenhum mink, nenhum de seus companheiros ou aliados. Provavelmente, todos estavam ocupados com algo trivial, tornando aquele o momento perfeito para desaparecer sem que ninguém notasse sua ausência.

Ajustando a bolsa contra o corpo, ela deslizou os dedos pelo casaco de plumas negras em suas costas, sentindo o peso da decisão que estava prestes a tomar. Inspirou fundo, girou nos calcanhares e ergueu as asas, os olhos afiados e repletos de determinação. Aquela era a hora. Tudo finalmente chegaria ao fim.

Ela só precisava encontrar Wyper e entregar o fruto. Então, tudo estaria resolvido... certo? Tinha que estar.

Mas, no fundo de sua mente, uma voz sussurrava uma verdade incômoda. Se a Tenshi Tenshi no Mi voltasse para Skypiea e fosse consumida por alguém, o passado se dissolveria. Seu nome seria esquecido, a guerra civil cessaria e, com isso, não haveria mais culpa a assombrá-la, nem remorso pesando sobre seus ombros.

Era o desfecho perfeito. E, ainda assim, algo dentro dela gritava que não seria tão simples assim.

- Ei, Lis! Aonde você vai? ─ de repente, Luffy apareceu, seu habitual sorriso largo a fazendo paralisar no lugar.

- Eu vou... vou até o Sunny pegar algumas roupas e tentar... tentar resolver o problema com Inazuma. ─ mentiu descaradamente, esforçando-se ao máximo para manter o semblante neutro. - Precisa de algo, capitão?

- Ah, não! Só queria saber para onde você estava indo. Shishishishi!

- Entendo... ─ um riso fraco escapou de seus lábios rosados, enquanto um leve rubor surgia em suas bochechas ao observar o garoto de chapéu de palha.

- Vai demorar?

- Não, logo estarei de volta. ─ respondeu, sustentando o sorriso, embora soubesse que sua "volta" talvez fosse incerta.

- Então te vejo mais tarde? ─ ele riu, cruzando os braços sobre o peito.

- Claro que sim.

Ela deu as costas para seu capitão, que fez o mesmo, e os dois seguiram por caminhos distintos. Luffy retornou ao restante de seus companheiros, enquanto Elisabette se afastava deles a cada passo, sentindo o peito apertar e o estômago revirar conforme começava a deixar a floresta e se aproximar das ruínas da cidade. A cada instante que se aproximava da entrada de Zou, sua ansiedade aumentava; provavelmente veria Wyper ao longe ou, na pior das hipóteses, já o encontraria ali. Como seriam as coisas quando se reencontrassem? Iriam brigar, como sempre? Faziam meses que não se viam, e ela havia mudado tanto. Não era mais a mesma pessoa que havia saído de Skypiea, tanto fisicamente quanto psicologicamente. Sua pele estava queimada, cega de um dos olhos, e ela mancava de um lado. As mechas loiras em seus cabelos estavam mais nítidas, destacando-se com uma presença mais forte entre os fios prateados que formavam uma cascata ondulada e reluzente à luz do sol e do luar.

A Birkan respirou fundo, sentindo um arrepio percorrer sua espinha enquanto acelerava os passos. Quando percebeu, já estava correndo, segurando a bolsa e a Burn Bazooka. Uma pressão sobrenatural a impelia a correr o mais rápido que podia para encontrar Wyper e resolver aquela situação de uma vez por todas. Após quase meia hora de corrida impetuosa, seus pés sujos de terra frearam diante dos portões do país, levando-a a encarar o horizonte além de Zunesha. Inquieta e sentindo seu coração acelerar a um ritmo distante, ela rodou o corpo para olhar ao redor, percebendo que seu Mantra falhava devido à sua falta de concentração e à agonia que a consumia, ciente de que, a qualquer momento, o veria. Suas mãos foram até os seios, pegando o Call Dial. Assim que tentou ligar para o Shandia, a chamada não foi realizada, pegando-a desprevenida. Então, um grito ecoou por toda a região, fazendo-a congelar de frio:

- Elisabette!

- Ah, aí está você. ─ a jovem murmurou, seu olhar oscilando entre as personalidades que a atormentavam.

- Já faz um tempo. ─ Wyper disse, descendo de cima de Pierre, o pássaro de Gan Fall. - O que aconteceu com você?

- Muitas coisas aconteceram comigo. ─ ela zombou, revirando os olhos em deboche. - Pegue isso. ─ sem aviso, lançou o Fruto do Diabo em sua direção, que ele agarrou imediatamente.

- Certo, agora vamos.

- Como assim, "agora vamos"? Que parte do "eu não vou voltar nunca mais" você não consegue entender?

- Você acha que eu quero que você volte? Depois de tudo que testemunhei nas Ilhas do Céu nos últimos meses, sou a última pessoa que deseja seu retorno. Para mim, você deveria ficar aqui e morrer aqui. ─ ele retrucou, o olhar afiado e enraivecido enquanto avançava em sua direção com agressividade, fazendo-a recuar e adotar uma postura defensiva. - Mas você precisa e vai lidar com as consequências dos seus crimes, goste ou não.

- Eu não tenho culpa se a população decidiu enlouquecer e se voltar uns contra os outros por minha causa! ─ Elisabette gritou, seus olhos adquirindo um brilho azul elétrico enquanto cerrava os punhos.

- Pode não ser sua culpa que eles optaram por isso, mas você é responsável pelo que desencadeou. Você, seu pai, aqueles malditos sacerdotes; todos têm uma parcela de culpa! E sabe o que é pior? Nenhum de vocês está pagando pelos crimes que cometeu! ─ ele se exaltou, agarrando-a com força pelo braço, fazendo-a trincar os dentes e franzir o cenho. - Eu tentei ser seu amigo, tentei ter empatia, mas após tudo que testemunhei, não consigo mais! Como você consegue viver tranquilamente sabendo que um país inteiro está em declínio por sua causa?

- Acha que estou tranquila?!

- Não acho, tenho certeza; basta olhar para o seu rosto!

- Eu sou a que mais sofre com isso tudo! ─ a jovem gritou novamente, mas um riso escapou de seus lábios acidentalmente, como se zombasse de si mesma naquela situação.

- Sua cínica!

Com a guarda baixa devido ao Mantra desativado, Elisabette não teve tempo de reagir antes que o punho de Wyper encontrasse seu rosto com brutalidade. O impacto a fez cambalear para trás, os dentes se chocando com violência ao ponto de abrir um corte profundo em sua língua. O gosto ferroso do sangue invadiu sua boca enquanto gotas carmesins se misturavam à saliva e voavam pelo ar. O mundo girou ao seu redor, mas instintos afiados tomaram conta de seu corpo.

Ela girou no chão, os pés traçando um arco no solo antes de impulsionar-se para frente em um salto ágil, disparando um chute certeiro no estômago do shandia. Wyper foi lançado para trás, caindo de costas com um baque surdo, mas não perdeu tempo. Com um movimento rápido, sacou um Heat Dial¹ e disparou uma rajada de chamas em sua direção. Elisabette arregalou os olhos, jogando-se para o lado no último segundo, rolando pelo chão enquanto o fogo devorava uma árvore atrás de si.

O calor abrasador fez seu corpo estremecer, mas ela se forçou a reagir. Com um gesto ágil, agarrou sua Burn Bazooka, impulsionando-se para o alto e lançando a arma antes de pegá-la novamente no ar, mirando diretamente no oponente. O disparo explodiu em um clarão azul intenso, mas Wyper desviou no último instante, escapando da onda destrutiva.

Antes que Elisabette pudesse recalcular sua ofensiva, Wyper ativou seu Milky Dial², traçando um caminho de nuvens que se formavam sob seus pés. Ele deslizou até ela com uma velocidade impressionante, pulando no último segundo e agarrando-a pelo pescoço. O peso do impacto a arrastou para baixo, e seus corpos rolaram pelo chão em um embate caótico, trocando socos e joelhadas ferozes. O sangue dos dois pintava a terra, misturando-se ao suor e à poeira.

Num movimento desesperado, Elisabette concentrou Haki em sua testa e desferiu uma cabeçada violenta contra Wyper. O impacto o fez pender para trás, atordoado, e ela aproveitou a brecha para agarrá-lo pelos ombros e lançá-lo longe. O tempo que ganhou foi suficiente para correr na direção de sua Burn Bazooka caída no chão. Seus dedos quase tocaram a arma quando uma dor lancinante rasgou suas costas. O grito de agonia escapou involuntário, os olhos lacrimejando pelo ardor insuportável.

Quando tentou se virar, foi subitamente cegada por uma explosão de luz intensa. O Flash Dial³ de Wyper fez sua visão se apagar por completo, deixando-a vulnerável. Os passos se tornaram trôpegos, vacilantes, até que sentiu o vazio sob os pés. O precipício.

Antes que pudesse reagir, um chute certeiro atingiu seu rosto, lançando-a ao chão. A escuridão começou a se dissipar aos poucos, a visão retornando de forma distorcida e tremeluzente. A primeira coisa que enxergou foi a silhueta de Wyper correndo em sua direção.

Trincando os dentes, sentindo o gosto amargo da própria resistência se esvaindo, ela ergueu a mão para o alto. O ar encheu seus pulmões e, assumindo os riscos, ela soltou um grito ensurdecedor, despejando toda sua fúria em um último ato de desafio.

- INAZUMA! ─ a foice voou para suas mãos, e no instante em que seus dedos envolveram o cabo, trovões rugiram pelo céu, seguidos por um clarão ofuscante. O estrondo fez o solo estremecer, e por um breve momento, Elisabette franziu o cenho, hesitante. Havia algo diferente. A arma pulsava em sua palma, faiscando com uma intensidade que nunca experimentara antes.

Um calafrio percorreu sua espinha quando percebeu que os raios não apenas a envolviam ── respondiam a ela. Seus olhos percorreram a lâmina reluzente, e um temor incômodo se instalou em seu peito.

- Agora sim... exatamente como há dois anos. ─ Wyper interrompeu o próprio avanço, seus olhos avaliando cada detalhe da postura de Elisabette. O brilho elétrico refletia em seu rosto endurecido pela desconfiança. - Você mudou, mas não tanto quanto eu imaginei, Praga.

A alcunha foi o estopim.

- Eu já avisei para não me chamar assim! ─ o grito de Elisabette rasgou o ar, carregado de raiva e eletricidade.

Com um giro ágil da Inazuma, ela se lançou contra Wyper, deixando um rastro de faíscas azuladas que faiscavam no ar como serpentes famintas. O trovão rugiu mais uma vez, como se o próprio céu antecipasse o impacto iminente.

A foice, carregada com uma eletricidade selvagem, liberou uma rajada de raios cortantes que rasgou o ar em direção a Wyper. Ele tentou desviar, movendo-se com a velocidade de um guerreiro forjado no campo de batalha, mas não foi rápido o suficiente. Os relâmpagos o alcançaram, traçando cortes ardentes pelo seu braço. O cheiro de carne chamuscada impregnou o ar. Ele grunhiu, os olhos queimando de fúria, e a encarou como se visse um espectro do passado.

Aquela visão... outra vez.

Quantas vezes já havia enfrentado essa mulher? Quantas vezes seu rosto fora esmagado contra o solo? Quantas vezes ela tentara estrangulá-lo com as próprias mãos? Quantas vezes esse ciclo de violência sem fim se repetiria? Até quando aquele maldito fantasma continuaria a existir, zombando de tudo o que era justo?

Wyper estava cansado.

Exausto.

Exausto de ver o sangue de seu povo tingindo o solo por culpa de pessoas como ela. Exausto da guerra civil que devastava Skypiea, onde fanáticos acreditavam que Elisabette era uma salvação enquanto outros a viam como a ruína final das Ilhas do Céu. O peso dessa batalha estava sobre seus ombros, esmagando-o. Ele sabia que não era o único. Seu povo estava farto. O mundo estava farto. Ninguém mais suportava o fantasma de Enel.

O simples fato de vê-la acolhida pelos Chapéus de Palha como se fosse uma vítima fazia seu estômago revirar. Agradecia a Luffy por salvar Skypiea, mas a ideia de Elisabette como aliada... isso o enojava.

A raiva explodiu dentro dele. Um grito cortou sua garganta, forçando as lágrimas a retrocederem. Não. Nunca mais. Nunca mais derramaria uma lágrima sequer por Enel. Nunca mais se deixaria consumir pelo sofrimento que Elisabette causava. Nunca mais. Nunca mais. NUNCA MAIS.

Com as mãos firmes, agarrou a Burn Bazooka e disparou. O Milky Dial liberou uma trilha de nuvens, permitindo que ele se lançasse com uma velocidade absurda, tornando-se um borrão letal. Antes que Elisabette pudesse reagir, a explosão azulada a atingiu em cheio no peito.

Ela sentiu.

O impacto rasgou seu corpo por dentro, fazendo-a cuspir sangue no ar. A dor abrasava seus ossos, queimando-a como da última vez, em Dressrosa. O grito escapou de sua garganta antes que pudesse contê-lo, um som brutal que se misturava ao rugido dos trovões acima.

Mas ela não caiu.

Lutando contra a vertigem e a agonia que latejava em cada fibra de seu ser, Elisabette agarrou a Inazuma com mãos trêmulas. Seu olhar oscilava entre o medo e a determinação. Ela queria gritar para que Wyper parasse. Queria que essa batalha não existisse. Mas ao mesmo tempo... não podia. Não queria.

Ela jamais se renderia.

Mesmo que isso significasse morrer.

Ou matá-lo.

Era assim que sempre fora. Ela deveria ter aceitado isso antes. Mas nunca quis. Preferiu fingir que não. No fundo, porém, a verdade sempre esteve ali, brutal, inegável, implacável.

E agora, ela estava sendo lançada contra seu rosto como um tapa cruel da vida: eles eram inimigos.

Sempre foram.

Desde o momento em que nasceram.

Desde o primeiro suspiro até o último.

A vida sempre fora assim para ela. Qualquer resquício de felicidade que ousasse tocar Elisabette era arrancado sem aviso, sem piedade. O mesmo acontecia quando, por um breve instante, ela se sentia mais humana, mais viva ── o mundo se encarregava de golpeá-la com brutalidade, lembrando-a de que nada daquilo lhe era merecido. Nada de bom lhe pertencia.

E, ao finalmente aceitar essa verdade cruel, Elisabette fechou os olhos e respirou fundo, concentrando-se inteiramente na batalha, como tantas vezes fizera antes. Seu corpo relaxou, seus músculos ficaram leves, e no instante em que o Mantra captou a aproximação de Wyper, ela agiu.

Desapareceu diante de sua vista em um movimento tão rápido e preciso que ele sequer teve tempo de reagir. Antes que pudesse levantar sua arma, sentiu a lâmina de Inazuma perfurar seu ombro. O impacto veio acompanhado de uma descarga elétrica que percorreu seus nervos como fogo líquido. Seu corpo estremeceu, e seus olhos se arregalaram ao encará-la ── Santa Praga.

O olhar dela era gélido, sem vestígios de piedade ou hesitação. Onde quer que aquele lado dela estivesse adormecido nos últimos anos, agora ele despertava com força total. E Wyper soube, naquele instante, que não haveria mais espaço para palavras.

Trincando os dentes, ignorando a dor lancinante no ombro, agarrou o cabo da foice e, com um movimento bruto, lançou Elisabette para longe. Seu corpo deslizou pelo solo, os pés riscando o chão até colidir violentamente contra o muro da torre dos portões de Zou. Uma rachadura se abriu na pedra com o impacto, e a poeira se ergueu ao redor dela.

A distância entre os dois agora era mais do que física. De onde estavam, seus olhares se cruzaram, e os últimos dois anos reverberaram como ecos distantes. As risadas compartilhadas, o aprendizado mútuo, os olhares furtivos trocados ao longo do tempo ── tudo aquilo se dissipava como névoa sob a luz cruel da realidade. O que antes poderia ter sido uma amizade agora desmoronava, revelando-se apenas um castelo de falsas esperanças.

Por fim, Wyper compreendeu que não havia saída fácil. Ou sairia dali com Elisabette morta em seus braços, ou ele mesmo seria jogado, sem vida, no mar.

Respirou fundo. Fechou os punhos. Se quisesse salvar as Ilhas do Céu, teria de ignorar seu ódio e agir com razão. Um plano começou a se formar em sua mente ── arriscado, talvez insano, mas a única chance que lhe restava.

- Tempo, Elisabette. ─ a voz dele cortou o ar como uma lâmina afiada.

- Vai desistir? ─ o tom dela já não carregava a doçura de antes. Havia se tornado frio, autoritário, vazio de qualquer hesitação. Seus olhos, desprovidos de cor, refletiam apenas determinação e algo que beirava a indiferença.

- Não.

Ele mal teve tempo de concluir a resposta antes que ela avançasse, a foice cortando o ar em um arco devastador. Wyper desviou por um triz, o impacto da lâmina abrindo um sulco profundo no chão onde ele estivera um instante antes.

- Vamos fazer uma aposta! ─ gritou, recuperando o fôlego.

Elisabette ergueu uma sobrancelha. A cautela brilhou em seu olhar, mas um sorriso pálido e cínico dançou em seus lábios.

- Uma aposta, hein? ─ ela se aproximou com passos lentos, meticulosamente calculados, até que suas respirações quase se mesclaram no ar tenso entre eles. - E qual seria a sua aposta?

Sem hesitar, Wyper ergueu a Tenshi Tenshi no Mi diante dela. E, sem um segundo de dúvida, partiu a fruta ao meio. Elisabette congelou. Seu olhar se estreitou, os dedos crispando levemente sobre a foice enquanto estudava cada movimento dele.

- Elabore.

- Nós dois comeremos uma metade da Akuma no Mi ao mesmo tempo. ─ a voz de Wyper era firme, carregada de um peso quase solene. - E, então, nos lançaremos ao mar.

O coração dela falhou uma batida.

- Se você receber os poderes, virá comigo para Skypiea. Mas se eu os receber... você estará livre. Livre de seus crimes. Livre de sua perseguição. E eu mesmo me encarregarei de garantir que ninguém mais vá atrás de você.

O silêncio caiu sobre ambos, pesado como chumbo. A proposta era absurda. Irracional. Uma roleta russa cruel e impiedosa que fez algo se revirar no estômago de Elisabette. Mas ao mesmo tempo... uma chance. Uma possibilidade de redenção, ou, ao menos, de fim.

- Isso é um absurdo. ─ zombou, revirando os olhos, mas sua mente já trabalhava freneticamente.

Porque, no fundo, a insanidade daquela aposta era tentadora.

- É sim ou não.

Por um longo momento, ela apenas o encarou. O peso de uma decisão irreversível pairava entre os dois, e pela primeira vez em anos, Elisabette sentiu a incerteza rastejar por seus pensamentos. Então, sorriu.

- Certo, Wyper... vamos fazer do seu jeito, então.

A Praga soltou a foice. A lâmina tombou no chão com um baque surdo, esquecida no calor daquele momento fatídico. Seus dedos se fecharam ao redor de uma das metades da Tenshi Tenshi no Mi, enquanto a outra permanecia firmemente nas mãos do homem à sua frente.

O silêncio entre os dois era absoluto. Um duelo sem palavras.

O sangue escorria pelo rosto dela, traçando caminhos irregulares por sua pele pálida. Uma explosão carmesim manchava a face delicada, misturada ao suor que borrava o delineado ao redor dos olhos, formando rastros escuros nas laterais do rosto. Seus lábios, feridos, tremiam levemente, e o gosto metálico da própria vitalidade se misturava ao ar seco e carregado de poeira.

O vestido, outrora branco-creme, era agora um retrato de guerra ── encardido de poeira, terra e sangue. Sangue dela. Sangue dele. Wyper estava igualmente ferido. O ombro aberto pulsava com uma dor quente e insistente, enquanto arranhões queimavam ao longo de seu braço. Seu nariz jorrava sangue, mas ele ignorava a ardência latejante, o gosto ferruginoso escorrendo até seus lábios. Nada disso importava agora.

Em silêncio, sem hesitação, eles caminharam até a beirada do traseiro de Zunesha.

Um último olhar.

Uma última chance de recuar.

Nenhum deles o fez.

Ao mesmo tempo, ergueram os pedaços da Akuma no Mi à boca e engoliram.

O amargor pútrido da fruta rasgou suas gargantas, um gosto grotesco e pegajoso que os fez querer cuspir. Os fluidos espessos da fruta deslizavam como um veneno viscoso, revoltando seus estômagos em náusea imediata. Elisabette estremeceu, cuspindo saliva misturada com sangue no chão, tentando se livrar da sensação repugnante. Wyper tossiu, engasgando-se momentaneamente, mas se recusando a ceder à fraqueza.

Por fim, suas mãos se entrelaçaram.

E saltaram.

O vento cortou seus rostos como lâminas invisíveis, assobiando em seus ouvidos enquanto caíam em queda livre. O coração de Elisabette martelava onde quer que estivesse, a adrenalina latejando nas veias como fogo líquido. Wyper manteve os olhos fixos no abismo abaixo, o mar crescendo rapidamente em sua visão ── um destino inevitável, uma sentença de morte.

Pierre, o pássaro de Gan Fall, se lançou atrás deles, suas asas se abrindo num golpe violento de vento. Seu corpo se transformou no majestoso Pégaso, um clarão dourado no céu tempestuoso. Mas não foi rápido o suficiente.

Os corpos atingiram o oceano como estilhaços de vidro contra pedra.

Dor. Agonizante. Insuportável.

A água salgada os engoliu como um monstro faminto, o impacto dilacerando seus corpos e sufocando seus pulmões. Tudo se tornou um caos de escuridão e desespero, e então ── o silêncio.

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