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━━ 𖥔 ִ ་ ،𝟲𝟭. 𝗘𝗽𝗶𝗳𝗮𝗻𝗶𝗮.

𝗖𝗔𝗟𝗟 𝗢𝗙 𝗦𝗜𝗟𝗘𝗡𝗖𝗘, 𝘵𝘳𝘢𝘧𝘢𝘭𝘨𝘢𝘳 𝘥. 𝘸𝘢𝘵𝘦𝘳 𝘭𝘢𝘸.
𝘭𝘢𝘺𝘰𝘶𝘵 𝘣𝘺 𝘯𝘪𝘯𝘢, 𝘢𝘬𝘮𝘢𝘯𝘮𝘪.

❛𝒯𝘶𝘥𝘰 𝘰 𝘲𝘶𝘦 𝘦𝘶 𝘧𝘪𝘻 𝘯𝘢 𝘷𝘪𝘥𝘢,
𝘦𝘶 𝘧𝘪𝘻 𝘱𝘰𝘳 𝘦𝘭𝘦. ℳ𝘢𝘴 𝘢𝘨𝘰𝘳𝘢 𝘦𝘭𝘦
𝘧𝘰𝘪 𝘦𝘮𝘣𝘰𝘳𝘢, 𝘦 𝘦𝘶 𝘢𝘪𝘯𝘥𝘢 𝘦𝘴𝘵𝘰𝘶 𝘢𝘲𝘶𝘪.❜

❛𝓥𝘰𝘤𝘦̂ 𝘦́ 𝘦𝘴𝘱𝘦𝘤𝘪𝘢𝘭 𝘱𝘰𝘳𝘲𝘶𝘦
𝘯𝘢𝘴𝘤𝘦𝘶 𝘯𝘦𝘴𝘵𝘦 𝘮𝘶𝘯𝘥𝘰.❜

━━ Segunda parte da Grand Line, Novo Mundo ; País de Zou.
ᘡElisabette, Anjo da Morte. ❪O ponto de vista Dela❫

Já haviam se passado cerca de três dias desde nossa chegada a Zou, e tudo aconteceu tão rapidamente que eu sequer conseguia assimilar os eventos sem me sentir perdida e aérea. Assim que nos reunimos com nossos companheiros, descobrimos que uma tragédia havia ocorrido no país pouco antes de sua chegada e que, enquanto ainda cuidavam dos feridos, Sanji e Caesar Clown foram levados por Capone Bege, que havia se tornado aliado de Big Mom.

No entanto, o que realmente me deixou boquiaberta foi o motivo do sequestro. Não tinha relação com a rixa que Luffy arranjou com a Imperatriz quando estávamos na Ilha dos Homens-Peixes, mas sim com o fato de que Sanji, nosso companheiro, iria se casar com uma das filhas dela. O casamento visava unir a família Vinsmoke ── à qual descobrimos que ele pertencia ── ao bando de Big Mom. Foi uma loucura. Nami, Chopper e Brook se sentiam culpados, repetindo diversas vezes que tentaram convencê-lo do contrário, até mesmo lutar, mas não conseguiram enfrentar os homens de Bege.

Outra revelação chocante foi a localização de Kaido: ele estava no País de Wano. Esse era o motivo pelo qual Kin'emon, Kanjuro, Momonosuke e o ninja Raizo haviam fugido, em busca de aliados fortes o suficiente para ajudá-los a derrotar Kaido das Cem Feras, que tomou o controle do país após assassinar o antigo daimyo. Era informação demais para minha mente lenta assimilar de uma só vez.

Por outro lado, consegui encontrar Nekomamushi e conhecê-lo pessoalmente, sendo surpreendida ── e quase morrendo de susto ── ao perceber que ele era um felino gigantesco, com aproximadamente o dobro da minha altura.

Além de todas essas revelações, também nos foi apresentado um novo tipo de Poneglyph: o Road Poneglyph, que nos forneceria a localização exata de Laugh Tale ao reunirmos as instruções contidas nos quatro existentes. Um deles estava em Whole Cake, o território de Big Mom; outro, em Wano, sob posse de Kaido; e o último permanecia “perdido”. Agora sabíamos como encontrar o One Piece, mas a tarefa não seria fácil, uma vez que dois dos Poneglyphs estavam sob a proteção de dois Yonkous.

Graças a todos esses acontecimentos, nossa aliança se expandiu. Já não éramos apenas o bando do Chapéu de Palha e os Piratas de Copas; agora, formávamos a Aliança Ninja-Pirata-Mink-Samurai. Juntos, partiríamos para derrotar Kaido assim que Luffy retornasse de Whole Cake. Como já esperávamos desde que soubemos da saída de Sanji do nosso bando, nosso capitão jamais ficaria de braços cruzados enquanto um de nossos companheiros estivesse em território inimigo, servindo como moeda de troca entre sua família e a Imperatriz.

A decisão estava tomada: Luffy, Nami, Chopper e Brook partiriam para Whole Cake em alguns dias, assim que Pekoms se recuperasse do ataque que sofreu de Bege. Claro, seria uma missão extremamente arriscada. Afinal, estávamos falando de Big Mom, a mulher mais poderosa do mundo, usuária de uma Akuma no Mi temível e líder de uma tripulação composta por 129 membros. Contudo... isso já era esperado.

Não estávamos mais na primeira metade da Grand Line. Havíamos atravessado a Red Line e adentrado o Novo Mundo, um mar onde nossos inimigos não eram mais meros carpinteiros irritados por uma suposta traição, nem a CP-9, zumbis ou monstros. Nem mesmo os Pacifistas e a Marinha representavam, de fato, uma ameaça real para nós. Agora, enfrentávamos adversários mais fortes, navegávamos por mares de dificuldade extrema. O Novo Mundo não era brincadeira. Precisávamos estar preparados e demonstrar nossa força para fazer jus ao título que um dia nosso capitão carregaria: o título de Rei dos Piratas.

Qualquer deslize poderia levar à nossa derrota. Um único passo em falso poderia significar a morte. Se escolhêssemos uma rota errada, facilmente seríamos afundados e eliminados da corrida pelo One Piece. Não que nossos desafios anteriores fossem triviais, mas agora... não havia espaço para descuidos. O tempo para descanso e recuperação era escasso, pois estávamos prestes a enfrentar um Imperador do Mar. E, levando em conta os rumores sobre Kaido, se cometêssemos um único erro em nosso plano, estaríamos todos, sem exceção, condenados.

Quando a noite caiu, esperei pacientemente até que todos os meus companheiros adormecessem. Estávamos espalhados pela área preservada e protegida do ataque dos homens de Kaido, liderados por Jack. Os minks haviam construído algumas cabanas improvisadas para nós que, apesar de pequenas, eram bastante eficazes para nos proteger do frio da noite e do sol escaldante durante o dia.

Deitada sobre a cama, eu encarava o teto, enquanto ao meu lado Chopper dormia tranquilamente, agarrado ao meu braço como um bebê carente e afetuoso. Isso poderia ter dificultado minha pequena fuga, não fosse o fato de ele ser incrivelmente leve e ter um sono surpreendentemente pesado para alguém de seu tamanho. Com cuidado, consegui afastá-lo sem acordá-lo, cobrindo-o novamente com o cobertor antes de sair pela janela. Eu sabia que Nekomamushi e os Guardiões sob seu comando estavam de vigia naquele momento.

Chegar até Nekomamushi não seria difícil, mas lidar com a desconfiança de Pedro era outra questão. Desde que me viu pela primeira vez, ele deixou claro que eu não “cheirava bem”. Fiquei em choque ao ouvir isso, acreditando que ele estivesse insinuando que eu estava fedendo, até que Brook me explicou o verdadeiro significado de suas palavras. Ainda assim, não pude evitar de me sentir ofendida. Como ele ousava?

Precisei me conter para não confrontá-lo e, assim, lhe dar ainda mais motivos para não gostar de mim. Porém, mantive a compostura. Não podia perder a calma. Nada deveria comprometer meu objetivo em Zou.

A perna manca dificultava minha caminhada, e ainda não havia assimilado completamente o fato de que aquele dano seria irreversível. Entretanto, sabia que precisava lidar com a situação e aprender a aceitá-la, pois reclamar não resolveria nada. Restava-me, portanto, recorrer ao voo sempre que precisasse me locomover com rapidez.

Sobrevoei Zou com atenção, procurando por uma bola de pelos amarela ── aquele que, de certa forma, seria minha “salvação” naquela situação. Não demorou muito para que eu o encontrasse. Próximo a uma árvore, lá estava Nekomamushi, tranquilamente saboreando um prato de lasanha.

Engoli em seco, sentindo uma gota de suor deslizar pela face. Respirei fundo e segui em sua direção, mas antes mesmo de alcançá-lo, fui surpreendida por um golpe certeiro. Uma joelhada violenta atingiu minhas costelas, fazendo-me trincar os dentes enquanto meu corpo era lançado ao chão. Rolei até colidir brutalmente contra uma árvore.

Arfei, cuspindo um pouco de sangue antes de levar a mão ao local atingido. A dor era insuportável, como se algum osso tivesse se quebrado. Franzi o cenho e ergui o olhar na direção de onde o ataque havia vindo.

Foi então que o vi. Pedro me encarava com um olhar perspicaz e furioso, observando-me como se eu fosse sua presa.

- Qual é o seu problema, Pedro?! ─ exclamei, irritada, enquanto usava o tronco da árvore como apoio para me levantar.

- O que está fazendo acordada?

- Vim falar com Nekomamushi-sama. ─ respondi, aproximando-me dele com o peito estufado, tentando demonstrar autoridade. Eu não estava ali para brincadeiras, e não me deixaria intimidar por ele. - A sós.

- E qual o motivo dessa conversa?

- É confidencial.

- Negado. ─ Pedro me cortou antes que eu pudesse dizer qualquer outra coisa, fazendo-me morder a bochecha por dentro para tentar manter a calma.

Por um momento, permaneci em silêncio, encarando o único olho do Mink, que também fixava o olhar no meu. Ficamos ali, nos observando, ele com a postura ereta, impondo sua presença e utilizando sua altura contra mim, enquanto eu permanecia imóvel, tentando processar suas palavras.

Então, estalei a língua, inclinei a cabeça para o lado e franzi ainda mais o cenho, uma ruga de irritação surgindo em minha testa e no canto dos lábios. Não sabia qual era o problema de Pedro comigo, mas estava claro que ele não tornaria as coisas mais fáceis ── nem para mim, nem para ele mesmo. Ele não demonstrava qualquer intenção de ser amigável ou dócil, e sua antipatia era evidente não apenas em suas palavras, mas também em suas expressões faciais.

A maneira como me analisava dos pés à cabeça e mantinha o olhar fixo em mim sempre que eu estava perto dos outros Minks deixava claro que, para ele, eu representava uma ameaça em potencial.

- Escute aqui. ─ chamei sua atenção, mantendo o semblante irritado, porém com a voz suave e controlada. Apesar de tudo, a última coisa que eu desejava era arranjar confusão. - Preciso falar com Nekomamushi-sama. Ele tem algo que me pertence, e sabe exatamente do que estou falando. ─ declarei, esforçando-me para manter a calma.

- Se disser do que se trata, talvez eu considere seu caso e saia do seu caminho. ─ Pedro cruzou os braços, repousando a espada na bainha presa à cintura.

Respirei fundo, fechei os olhos por um instante e me segurei ao máximo para não perder a paciência. Sabia que ceder à raiva apenas pioraria minha situação e comprometeria a relação que havíamos construído com a tribo que habitava aquele território.

- Se eu contar, você permitirá que eu vá até ele? Não vejo problema em você querer ficar “por perto” enquanto conversamos.

- Certo. ─ ele respondeu, em um tom frio. - Então diga, o que quer com ele?

- Sou das Ilhas do Céu, de Skypiea. Estou atrás da Fruta do Anjo Seraphim, que Gan Fall confiou às mãos... digo, às patas de seu líder. ─ respondi com a mesma frieza, mantendo a expressão impassível enquanto ele me observava com um olhar atento, carregado de desconfiança e curiosidade.

Por fim, Pedro não disse mais nada e simplesmente seguiu em frente, sinalizando para que eu o acompanhasse. Obedeci, embora mantivesse um ritmo ligeiramente mais lento, atenta a tudo ao meu redor enquanto caminhávamos em um silêncio que tornava a tensão entre nós ainda mais evidente.

Estar em Zou despertava em mim sensações contraditórias. Por um lado, havia um acolhimento reconfortante, resultado da hospitalidade dos minks e do cuidado que demonstravam para conosco. Por outro, um amargo sentimento de nostalgia me assolava, pois aquela floresta evocava memórias da minha infância e adolescência em Upper Yard. As construções me remetiam às ruínas de Shandora, o que apenas intensificava o aperto em meu peito.

Zou era um país acolhedor e confortável para se permanecer por um tempo. Sua população era amigável e gentil, e as cabanas que haviam construído para nos acomodar eram extremamente bem planejadas. Ainda assim, eu não conseguia ignorar aquela inquietação. Saber que, de alguma forma, Zou e Shandora poderiam estar conectadas me causava um estranho desconforto.

Afastei esses pensamentos da mente e voltei minha atenção para Pedro, que caminhava um pouco à minha frente. Logo adiante, reconheci a imponente figura de Nekomamushi, o que me fez erguer o olhar e corrigir a postura, adotando um semblante confiante, embora ainda não soubesse exatamente como abordaria aquele assunto.

- Mestre, Elisabette, dos Chapéus de Palha, deseja falar com o senhor. ─ anunciou Pedro em um tom sério, atraindo a atenção do grande felino para nós. Nekomamushi não demorou a abrir um enorme sorriso, com os dentes sujos de queijo e molho de tomate.

- Ah, é você, moça-passarinho! ─ ele riu, cruzando as pernas e inclinando-se em minha direção para me cumprimentar. - Garchu!

- Gar... Garchu! ─ murmurei, um tanto sem jeito, levando ambas as mãos até seu rosto felpudo e sentindo a maciez de seus pelos. No fim, não havia como negar ── ele era, de fato, apenas um gato gigante e fofo.

- Precisa de algo? Algum inseto gigante invadiu sua cabana e quer que eu o elimine para você?

- Não... ─ sussurrei, dando alguns passos para trás para poder encará-lo diretamente nos olhos. - Vim tratar de um assunto sério e, a julgar pela forma atenciosa com que o senhor observa minhas asas, imagino que já tenha alguma ideia de onde venho. ─ falei, sentindo um calafrio percorrer minha espinha ao notar a seriedade que, aos poucos, tomava conta de sua expressão.

- Sim, sim, não apenas imagino, como tenho certeza de sua origem. ─ Nekomamushi abriu outro sorriso, como se estivesse testando os limites da minha postura rígida. Com um aceno, ordenou que os outros Guardiões se retirassem, deixando apenas Pedro conosco. - Então, diga-me, pequena, o que deseja?

- Gan Fall é meu avô. ─ revelei sem rodeios, indo direto ao ponto sem hesitar. Respirei fundo antes de continuar: - Preciso da Akuma no Mi que ele lhe entregou há anos. Por favor, peço que me entregue. ─ Olhei em seus olhos com apreensão, engolindo em seco enquanto sentia meu coração bater descompassado.

- Seu avô é o velho Gan Fall, hein? Quando vi seu rostinho, sabia que reconhecia esse narizinho e essas sobrancelhas de algum lugar! Goronyanya! ─ ele riu, afagando meus cabelos com sua pata. - Então Freyja e aquele rapaz realmente se casaram, não é? Aquele cachorro sarnento do Inuarashi perdeu a aposta! Goronyanya!

Onde quer que estivesse, meu coração se debatia descontroladamente dentro daquele cubo onde Law-san o havia selado ao retirá-lo de meu peito. As palavras de Nekomamushi me pegaram de surpresa a ponto de me fazer arregalar os olhos e abrir a boca em choque, encarando-o como se tivesse acabado de ouvir a maior revelação de todos os tempos.

Eu sabia que ele e o Duque Inuarashi haviam conhecido Gan Fall, mas nunca me passou pela cabeça a possibilidade de terem conhecido meus pais. Por algum motivo, essa constatação fez minhas forças fraquejarem, e dei alguns passos para trás. Sua afirmação firme sobre meu “narizinho” e minhas sobrancelhas me desarmou completamente ── como se tivesse me acertado um golpe no estômago que fez tudo que estava guardado dentro de mim vir à tona.

Sempre soube que minha aparência se assemelhava à de Enel, desde que era apenas uma criança aprendendo a falar corretamente. As pessoas de Birka adoravam enfatizar o quanto eu e meu pai éramos parecidos, dizendo que as únicas diferenças entre nós eram a cor de meus cabelos e o fato de eu ser uma garota. Segundo elas, se não fosse por esses dois detalhes, seríamos idênticos.

Um gosto azedo e forte tomou minha boca, fazendo-me apertar os olhos e cuspir, sabendo que aquilo era bile. Eu estava tão despreparada para aquelas palavras que minha mente simplesmente não sabia como reagir, e meu corpo respondia de maneiras bizarras. Respirei fundo, tentando recuperar minha postura, e esbocei um sorriso torto, esforçando-me para transmitir calma e controle, ainda que, por dentro, eu fosse uma bagunça prestes a explodir ── ou simplesmente fugir dali até a beirada de Zunesha e me lançar ao mar.

- Como era mesmo o nome dele? Gabriel, eu acho… Não, talvez fosse Salatiel! Não… Mael? ─ Nekomamushi levou a pata ao queixo, pensativo, ponderando qual daqueles nomes pertencia ao meu pai.

- Enel. O nome do meu pai é Enel.

- MIAU! ─ ao ouvir seu miado estrondoso, as penas das minhas asas se arrepiaram, e, num reflexo instantâneo, pulei para trás de Pedro, que apenas me lançou um olhar de soslaio, o focinho torcido em desdém.

- Isso! Esse nome mesmo!

- Pelo que percebo, o senhor o conheceu… ─ murmurei, coçando a garganta e saindo de trás do mink, um pouco envergonhada. - Agora que já sabe quem eu sou, poderia me entregar a Akuma no Mi? ─ perguntei, cruzando os braços.

- Bem, eu acredito em suas palavras, pequena, no entanto… ─ Nekomamushi hesitou por um instante antes de voltar a me encarar, desta vez com um semblante mais sério. - Não posso entregá-la sem antes ouvir isso da boca do próprio velho.

- Gan Fall morreu.

Diferente da reação que eu esperava, o grande mink felino permaneceu em silêncio. Seus olhos arregalados fitavam-me com um vazio inexpressivo, como se sua mente ainda tentasse digerir a súbita revelação que lhe lancei sem cerimônias. Segurei a respiração, tentando decifrar seus pensamentos, mas o silêncio que se seguiu tornou-se opressor, um peso invisível que se abateu sobre nós. Até mesmo Pedro pareceu perceber a mudança abrupta na atmosfera, como se minha voz tivesse dissipado o calor do momento e espalhado um frio cortante pelo ambiente.

Talvez minha confissão tenha soado dura demais ── seca, desprovida da solenidade que uma morte como a dele exigia. Afinal, há anos, aquele homem fora conhecido como o Deus das Ilhas do Céu, e agora eu o reduzia a uma simples notícia de falecimento, entregue sem preâmbulos.

Endireitei a postura, afastando os fios soltos do rosto antes de inclinar o corpo em uma reverência formal. O gesto militar que os Boinas Brancas costumavam fazer ── mão direita sobre o peito, a esquerda nas costas, mantendo o corpo ereto e firme ── foi minha forma silenciosa de conceder àquele momento a seriedade que minha voz falhou em transmitir. E, ainda assim, sob o olhar atento de Nekomamushi, tudo que eu sentia era um vazio indescritível, como se cada palavra que dissera tivesse apenas reforçado o quanto aquele adeus era irremediável.

- Muitas coisas aconteceram em Skypiea nos últimos dez anos, mas Gan Fall permaneceu vivo para cuidar do país da melhor forma que pôde! ─ declarei, sentindo o peito apertar e um nó se formar em minha garganta. - No entanto, os acontecimentos que se desenrolaram não foram bons. Muitas vidas foram perdidas e, aquelas que sobreviveram, agora sofrem as consequências do que aconteceu. Por isso, Gan Fall confiou a mim, Magni D. Elisabette, a responsabilidade de recuperar a Tenshi Tenshi no Mi e devolvê-la às Ilhas do Céu. ─ finalizei, mantendo meu olhar fixo no dele, atenta a qualquer reação.

- “Magni D., hein? ─ diferente do que eu esperava, Nekomamushi apenas sorriu, como se ponderasse sobre minhas palavras. - Certo, me convenceu. O fruto ainda está guardado dentro do baú que me foi confiado. Porém, não há chaves para abri-lo, e não posso garantir que a força bruta será suficiente para rompê-lo.

- Não há problema. Eu darei um jeito. ─ respondi em um tom mais amigável, retribuindo seu sorriso.

O grande felino inclinou a cabeça, brincando com seus bigodes enquanto me observava com olhos perspicazes.

- Então, se está tão decidida, lhe darei apenas uma pista. O que procura descansa sobre a memória viva deste mundo, onde o céu toca a terra e o tempo sussurra seus segredos ao vento. Apenas aqueles que sabem ouvir podem encontrar o que foi esquecido.

Franzi o cenho, tentando decifrar suas palavras enigmáticas, enquanto Nekomamushi apenas soltava uma risada baixa, como se se divertisse com minha expressão confusa.

- HEIN?

- Está na cabeça de Zunesha, pequena. ─ ele riu.

Soltei um suspiro aliviado, satisfeita por não precisar passar horas tentando decifrar aquele enigma. Por fim, despedi-me de Nekomamushi e Pedro, informando-lhes que procuraria o fruto sozinha para não lhes causar incômodo. Para minha surpresa, aceitaram minha decisão sem hesitação e apenas me entregaram um mapa de Zou. Isso, de certa forma, me deixou confusa, pois continha muitos textos, e minha leitura ainda não era tão fluida para compreendê-los completamente.

Ainda assim, agradeci e me retirei. Mais uma parte da minha missão estava concluída: cheguei a Zou, obtive a localização do fruto e, agora, restava apenas encontrá-lo e esperar por Wyper. Nosso acordo era simples ── assim que ele chegasse, nos encontraríamos na entrada do país, longe dos olhares dos meus companheiros, para que ninguém descobrisse o que estava acontecendo em Skypiea por minha culpa e pela de Enel. Tudo deveria ser rápido e discreto ── ao menos, era o que eu esperava.






ᘡNarrador. ; ❪O ponto de vista do Leitor❫

Caminhadas noturnas eram um dos poucos prazeres que Trafalgar Law ainda se permitia desfrutar, logo depois de sua peculiar coleção de moedas. Havia algo reconfortante na brisa gélida da noite, arrepiando sua pele e dançando entre seus cabelos escuros, que, soltos e desalinhados, se moviam suavemente ao sabor do vento. Em momentos como aquele, ele dispensava seu chapéu, permitindo que os fios fossem bagunçados pela noite enquanto caminhava sem pressa, atento aos sons ao seu redor ── o canto ritmado das cigarras, o farfalhar das folhas e o perfume terroso da grama úmida.

Passeando pelo país, seus passos o conduziram, quase como por instinto, até os portões de Zou. Lá, diante do precipício, uma figura solitária se desenhava contra o horizonte. Bastou um olhar para reconhecê-la ── seria impossível não o fazer. Os longos cabelos platinados, salpicados de mechas douradas, caíam sobre suas costas como uma cascata cintilante, envolvendo-a em uma moldura de luz pálida sob a lua. Seu corpo delicado, curvado sobre si mesmo, parecia esculpido pelo próprio vento, que balançava suas asas cerradas com um cuidado reverente, como se até o mundo temesse quebrá-la, feri-la.

Law hesitou, mas seus pés o levaram até ela com passos lentos, contidos. Quando se aproximou o suficiente, Elisabette sentiu sua presença e, sem se mover muito, virou levemente o rosto para encará-lo. Aquele azul perolado ── sua perdição ── encontrou seus olhos acinzentados, intensos como uma tempestade à beira de devastar tudo ao redor. E, no silêncio de sua mente, ela desejou que fosse ela a destruída por ele.

Permaneceram assim, imóveis, presos um no olhar do outro. Ele, por sua vez, já fazia algum tempo que a evitava. Havia reconhecido os próprios sentimentos e sabia bem onde aquilo poderia levá-lo. Não que amar fosse algo ruim. Não que amar ela fosse. Mas o temor da maldição da morte, que carregava como uma sombra inseparável, recaísse sobre ela... isso, sim, o aterrorizava.

- Você colocou piercings! ─ exclamou Elisabette, surpresa, com o brilho nos olhos de uma criança diante de um brinquedo novo. - Que incrível!

- Coloquei ontem à tarde. ─ respondeu ele em um tom seco, o que fez com que ela se encolhesse sutilmente.

- Você ficou ainda mais bonito… ─ sua voz saiu baixa, quase um sussurro tímido, enquanto seu queixo voltava a se apoiar sobre os joelhos. - Combinam com você.

- Você acha?

- Acho…

- Obrigado… ─ murmurou Law, soltando um suspiro antes de se sentar ao lado dela, ainda que mantendo uma certa distância.

Sob o silêncio da noite, os dois permaneceram ali, apenas contemplando a lua e as estrelas que adornavam o céu com seu brilho etéreo, concedendo graça e beleza ao vasto manto negro que se estendia sobre eles. A pele alva de Magni parecia capturar o próprio luar, reluzindo com uma suavidade quase sobrenatural, enquanto os fios prateados de seus longos cabelos refletiam a luz celestial, envolvendo-a em uma aura divina. Por um instante, Law quase se permitiu chamá-la de sua Deusa ── porque, no fundo, era exatamente isso que ela parecia ser para ele.

O frio envolvia seus ombros nus e tingia suas bochechas de um leve rubor, persuadindo-a a abraçar as próprias pernas em busca de calor. Ele a observava em silêncio, como se quisesse gravar na memória cada um de seus traços, cada detalhe daquela perfeição moldada pelo destino para atormentá-lo e enfeitiçá-lo ao mesmo tempo. Quando a viu pela primeira vez, não encontrou nada que lhe despertasse interesse. Nem mesmo ao reencontrá-la em Punk Hazard imaginou que algo nela pudesse cativá-lo. Continuava sendo a mesma, mas agora seu corpo havia se tornado mais curvilíneo, seus olhos carregavam um brilho diferente, e o modo como se portava… Deus, como aquilo o fazia arder.

O rosto delicado, com o queixo levemente marcado, emoldurava feições que pareciam ter sido esculpidas para tentá-lo. Os quadris largos e a cintura fina, acompanhados por coxas macias que ele tanto adorava tocar, apertar, morder, lamber… especialmente ver seu sêmen derramado sobre aquela pele doce, marcada pelo gosto inebriante do desejo. Os seios fartos, convidativos, perfeitos para repousar sua cabeça, para sentir contra o próprio peito quando a puxava para perto. Tudo nela o enlouquecia, fazia-o perder o controle.

Magni D. Elisabette era sua ruína e seu paraíso, sua obsessão e seu refúgio. Uma droga viciante da qual ele não queria ── não podia ── se afastar. Quanto mais a tinha, mais a desejava. Quanto mais a tocava, mais sua pele clamava pelo calor dela. Ele a queria até o limite, até que lágrimas escorressem por seu rosto corado, até que seus lábios trêmulos soltassem gemidos entrecortados, até que seu nome fosse o único som que pairasse no ar. Queria beijá-la até que seus pulmões buscassem desesperadamente por oxigênio, queria possuí-la de todas as formas possíveis ── na cama, no chão, no banheiro, no sofá…

E, no fundo de sua alma atormentada, queria tê-la além da carne e do desejo. Queria-a no altar. Como sua mulher. Sua esposa. Seu lar.

Desde que aceitara seus sentimentos e finalmente tivera coragem de encará-los, Trafalgar Law passou a se ver desejando algo que jamais imaginou: deixar tudo para trás. A pirataria, os mares traiçoeiros, a ambição da Pior Geração, a caçada ao One Piece. Pela primeira vez em anos, ele queria paz. E queria essa paz ao lado dela. Desejava uma vida comum, onde, ao fim de um dia exaustivo de trabalho, pudesse voltar para casa e encontrá-la ali, esperando-o com beijos e abraços.

Ele sempre acreditou que não sabia amar. Que não merecia ser amado. Que qualquer um que ousasse amá-lo pagaria um preço alto demais. Mas, quando pensava nela… era impossível não se sentir egoísta. Porque ele a queria. Porque, no fim de tudo, ele a amava.

- Você está chateado comigo? ─ a voz dela cortou o silêncio que se instalara entre os dois, mas seu olhar permaneceu fixo no horizonte estrelado. - Do nada, você começou a me ignorar e parou de falar comigo. Fiz algo que te incomodou?

- Você fez muitas coisas.

- Foi mesmo? ─ sussurrou, quase inaudível, enquanto suas asas se abriam lentamente antes de baterem freneticamente. Um claro sinal de ansiedade, um hábito que ele já havia notado há dois anos. - Desculpa…

- Não disse que foram coisas ruins, então não há necessidade de se desculpar. ─ Law suspirou, passando a mão pelos cabelos escuros antes de virar o rosto para olhá-la.

- Bem, você está agindo como se eu tivesse feito algo errado.

- Eu sei.

- Então? ─ ela finalmente se virou para ele, inclinando a cabeça levemente e arqueando a sobrancelha. - Por que não fala mais comigo?

- Porque não consigo. ─ sua voz firme aumentou a tensão no ar. - Ou melhor, não devo.

- E como espera que eu resolva as coisas entre nós se não me diz o que está acontecendo!? ─ a expressão de Elisabette se tornou confusa, quase desesperada.

- Eu não quero que você resolva nada!

- AAAAHHH! ─ ela gritou, frustrada.

- O quê!?

- VOCÊ ME DEIXA CONFUSA!

Trafalgar cerrou os dentes, soltando um grunhido exasperado enquanto levava as mãos ao rosto, inspirando profundamente na tentativa vã de conter a frustração que crescia dentro de si. Seu olhar, lançado de soslaio, encontrou o dela ── um olhar carregado de angústia e confusão. Os lábios comprimidos, os olhos transbordando súplicas silenciosas por respostas que ele queria dar, mas que permaneciam presas em sua garganta, sufocadas pelo medo e pela incerteza.

- Eu não quero deixá-la confusa.

- Mas é exatamente isso que está fazendo!

- Elisabette-ya, eu... ─ antes que pudesse concluir a frase, a mão de sua aliada agarrou seus lábios, silenciando-o.

- Honestamente, se tudo o que você queria era apenas que a gente fizesse sexo, bastava dizer. Não é como se eu fosse me irritar com isso. ─ ela admitiu, soltando-o e recolhendo a mão para o lado do corpo. - Mas vou me magoar se continuar me evitando como se nada tivesse acontecido.

- Não, eu não... ─ Law hesitou, sentindo as palavras dela atingirem-no como golpes no estômago.

- Ai, esquece... ─ a jovem deu de ombros e suspirou, levantando-se. Endireitou a minissaia e passou a mão pelo tecido, retirando a terra. - Boa noite, Trafalgar.

Elisabette o olhou por cima do ombro, e, sob o ângulo em que era observada, a luz da lua refletiu sobre seu olho cego, aquele que a cicatriz de queimadura marcava em sua face. O brilho prateado realçava a lembrança de uma tarde maldita em Dressrosa, um dia que deveria ter sido de glória, mas que, para Law, trazia apenas o peso amargo da culpa. Sim, ele vingara a morte de seu benfeitor. Sim, libertara aquele país das garras ensanguentadas de Doflamingo. Mas, ao olhar para Elisabette agora, não conseguia se livrar da terrível sensação de que, de alguma forma, ele próprio a corrompera.

Reencontrara-a como uma mulher de olhar doce, vibrante, cheia de vida. E então, como se o destino tivesse se encarregado de arrancá-la da luz, ela se quebrou por ele. Foi baleada, ferida, mutilada de tantas formas que, por um instante, a morte quase a reivindicou. Ele a viu perder partes de si ao longo do tempo, e, no fim, sentia-se como o maior dos culpados. Seria ele o algoz que a arrastara para o abismo? Teria se aproveitado de sua vulnerabilidade, de sua fragilidade? Algo dentro de si gritava que não, que ela também o quisera, que não fora um ato impensado, mas… Law não sabia. Não conseguia convencer-se disso.

E agora, vendo-a claramente magoada, a raiva silenciosa estampada em cada passo enquanto lhe dava as costas, algo dentro dele se estilhaçou por completo. Como movido por um instinto que jamais compreenderia, ergueu-se num impulso e a segurou por trás, puxando-a contra si até que suas costas encontrassem o calor de seu peito. O toque era firme, desesperado, um pedido mudo para que ela não o deixasse ── para que, de alguma forma, ela o salvasse da ruína que ele mesmo construíra.

- Não. ─ a voz dele soou baixa e densa, os lábios tão próximos ao ouvido dela que o calor de sua respiração fez Elisabette se arrepiar. - Deixe-me… conhecer você. De verdade. ─ sussurrou, apertando-a mais firmemente contra si, como se temesse que ela escapasse caso a soltasse.

- Se você apenas dissesse o que quer de mim, o que realmente deseja, talvez eu considerasse. ─ ela retrucou em tom defensivo, ainda que sua voz se mantivesse suave e controlada. Suas mãos deslizaram para os braços dele, segurando-os, como se buscasse um equilíbrio que nem ela mesma compreendia.

- Não foi apenas sexo.

- Se não foi, então o que mais poderia ter sido? Você… nós transamos, e depois você se afastou. Não me procurou, não disse nada! ─ a voz dela falhou em um balbucio, um nó se formando em sua garganta enquanto seus dedos cravavam na pele dele, buscando alguma firmeza naquilo que parecia desmoronar ao seu redor. - Isso me deixou triste…

- Tenho medo do que pode acontecer se nos envolvermos demais. ─ ele murmurou contra sua pele antes de depositar um beijo lento em sua têmpora, um toque que a fez corar e apertar as coxas uma contra a outra, sentindo o calor se espalhar por seu corpo. - Prefiro vê-la triste com a minha ausência do que vê-la novamente caída em uma poça de sangue… por minha culpa.

- Se está se referindo ao que aconteceu em Dressrosa, saiba que eu estava debilitada pela Febre das Árvores. Caso contrário, eu teria acabado com Doflamingo em Green Bit. ─ Elisabette rebateu, desfazendo-se do aperto dele com facilidade e recuando alguns passos. Seus olhos estavam carregados de uma emoção intensa, ferida, mas também desafiadora. - Sou muito mais forte do que você imagina.

- Não é uma questão de força…

- Eu realmente poderia tê-lo matado naquela hora… ─ ela murmurou, sua voz agora tomada por um pesar profundo, quase um lamento. - Poderia ter dizimado todos os subordinados dele… sem deixar nenhum para contar a história…

- Elisabette-ya, você não entende.

- Quem não entende é você! ─ ela gritou, sentindo o sangue ferver. - Você não sabe nada sobre mim! Nenhum de vocês entende!

Law franziu o cenho, encarando-a com um misto de confusão e frustração antes de soltar um suspiro profundo. Então, deu alguns passos em sua direção e segurou-a pelo braço, sua voz firme e séria ao dizer:

- Me faça entender.

Elisabette permaneceu em silêncio, seus olhos fixos nos de Law, analisando-o com uma intensidade que parecia pesar sobre ele como um julgamento silencioso. A raiva ainda queimava em seu peito, mas havia algo mais profundo ali ── um cansaço, uma exaustão que vinha de anos carregando dores e segredos que nunca havia compartilhado com ninguém. Inspirou fundo, permitindo que o ar preenchesse seus pulmões, como se estivesse reunindo coragem para se despir das camadas que havia construído ao longo da vida. Então, finalmente, quebrou o silêncio, sua voz soando mais contida, porém carregada de um peso inegável:

- Tudo bem… Se é isso que quer, eu vou contar. Vou dizer o que quer saber sobre mim. ─ Fez uma pausa, desviando o olhar por um instante antes de voltar a encará-lo, seus olhos brilhando sob a luz fraca. - Mas antes… preciso que me ajude com algo.

Com movimentos cuidadosos, ela enfiou a mão no meio dos seiso e retirou um pedaço de papel dobrado com precisão. Segurou-o por alguns segundos, como se hesitasse, como se aquele pequeno objeto carregasse um peso muito maior do que aparentava. Então, sem desviar o olhar, estendeu-o para ele. Quando Law pegou o papel e o desdobrou, viu as coordenadas traçadas com precisão ── um mapa de Zou.

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