
━━ 𖥔 𝟱𝟮. "𝗡𝗮̃𝗼 𝗻𝗼𝘀 𝗱𝗲𝗶𝘅𝗲 𝗰𝗮𝗶𝗿 𝗲𝗺 𝘁𝗲𝗻𝘁𝗮𝗰̧𝗮̃𝗼." | 🔞
𝗡𝗢𝗧𝗔 𝗗𝗘 𝗘𝗫𝗧𝗥𝗘𝗠𝗔 𝗜𝗠𝗣𝗢𝗥𝗧𝗔𝗡𝗖𝗜𝗔: O conteúdo a seguir contém cenas envolvendo menções a sexo e atos libidinosos.
━━ Segunda parte da Grand Line, Novo Mundo ; Algum lugar do mar.
ᘡTrafalgar Law, Cirurgião da Morte. ❪O ponto de vista dele❫
Após tudo o que aconteceu, eu apenas desejava descansar verdadeiramente a mente em uma longa noite de sono, sem ser interrompido pelos tropeços de Elisabette-ya pela casa de Kyros quando ela ia ao banheiro sozinha, ou pelos gritos de desespero que Nariz-ya emitia sempre que se assustava com a própria sombra. Já havia almoçado e logo iríamos jantar, após um dia inteiro de bebedeira e gritaria para celebrar a união de sete tripulações que agora navegariam sob a bandeira do Mugiwara-ya. Confesso que, embora não admita em voz alta, sinto um certo orgulho em vê-lo conquistar sua própria frota, devido ao seu jeito de ser e, claro, por sua dedicação em buscar o One Piece.
Vê-lo agora, após dois anos, é simplesmente incrível. Apesar de continuar sendo um imbecil impulsivo que não pensa antes de agir, estaria mentindo se dissesse que não o admiro. Afinal, Mugiwara-ya, antes mesmo de chegar ao Novo Mundo, enfrentou o Governo Mundial para salvar uma companheira e, semanas depois, desferiu um soco no rosto de um Dragão Celestial para, no fim das contas, lutar na Guerra de Marineford na tentativa de salvar Punhos de Fogo.
Dizer que esse garoto é fraco seria como afirmar que o sistema não possui falhas. Fico irritado com ele; às vezes tenho vontade de arrancar meus ouvidos e atirá-los ao mar. No entanto, sei que ele não teria chegado até aqui sozinho e arrisco admitir que minhas outras opções para formar uma aliança não seriam capazes de derrubar Doflamingo como Mugiwara-ya fez.
O D. em seu nome pode ter alguma relação com isso? Pois se bem me lembro - sinceramente, nunca me esqueci - o clã D. é conhecido como "inimigo dos deuses", o que se relaciona com o fato de Doflamingo ser um Tenryubito, mesmo que renegado.
Sengoku me disse não saber o significado do D. ou o que ele representa sem a abreviação. Isso me deixou atônito, pois não sei o que Cora-san realmente queria comigo. As palavras daquele velho sobre não procurar razão no amor de alguém me deixaram tão confuso que não consegui dizer mais nada a ele ou fazer as perguntas que desejava.
Sengoku era a única pessoa que conhecia Cora-san; foi a única testemunha ao meu lado do coração nobre e gentil que ele possuía - e eu nunca conseguirei retribuir tamanho favor que ele fez por mim ao me devolver à vida e à vontade de viver. Mesmo assim, ainda me pergunto: "Por que estou vivo?" "Pelo que estou vivendo?" Essas questões me fazem refletir e olhar para o vazio, levando-me à conclusão de que não terei as respostas desejadas. A única pessoa capaz de fornecê-las já não está mais aqui.
Entretanto, cumpri meu verdadeiro objetivo desde que me tornei pirata: consegui derrotar Donquixote Doflamingo, libertar Dressrosa de suas garras e honrar a memória do homem que tanto lutou para me salvar - e fez isso em troca de sua própria vida.
Cora-san, onde quer que você esteja, poderia, de alguma forma, me dar um sinal? Responder claramente às minhas inúmeras questões? Eu só gostaria de saber se você está satisfeito com a vida que estou levando; se finalmente poderá descansar em paz agora que Doflamingo foi preso e levado para longe das pessoas, trancafiado em um local onde não poderá mais machucar ninguém - permanecendo lá pelo resto da sua maldita vida, uma vida que nunca mereceu ser vivida com tanto conforto enquanto você foi apenas soterrado na neve como um lixo qualquer - sem valor algum.
Tantas coisas têm acontecido nos últimos meses que eu nem tive tempo de processá-las. Foram tantas merdas que, por muito tempo, não consegui ter uma única noite tranquila de sono, passando a madrugada inteira revirando-me na cama ou andando em círculos, refletindo sobre o que poderia dar errado ou não com meus planos. De uma forma ou de outra, esses planos acabaram saindo do controle quando me deixei ser enganado por Doflamingo. Por pura sorte - ou milagre, não sei -, não foi tudo por água abaixo, embora quase tenha custado a vida de muitos.
Elisabette-ya é o maior exemplo disso, pois ela quase morreu duas vezes tentando não apenas me salvar, mas também a todos ali presentes. Ela foi salva por um triz, graças ao seu corpo extremamente resistente, que foi capaz de suportar um tiro no rosto e, sabe-se lá quantos volts de descarga elétrica produzidos pela sua foice, que quase a queimou de dentro para fora.
Eu nunca esperei que algo assim fosse acontecer, pelo menos não novamente. Sentia-me um lixo todas as vezes em que me encontrava em um estado vulnerável, tendo que depender de outras pessoas para me defender, especialmente quando essa defesa vinha de alguém que sequer queria, de fato, ter feito tudo o que fez por mim. Vê-la apanhar tanto na minha frente apenas para garantir que eu não tivesse sequer um arranhão foi o que me fez sentir um fracasso como homem. Seu rosto ensanguentado, os olhos vermelhos e a força com que mordia os próprios lábios para conter o choro, tudo isso me destruiu, e eu sequer suporto a ideia de sua existência.
Desde que a conheci, eu a detestava de todas as maneiras, seja por ser uma pirralha barulhenta que não ficava quieta ou calada por um único segundo, pelo comportamento infantil que fazia minha paciência se esgotar facilmente, pela voz fina e o sotaque chiado a cada palavra que terminava com um 'S', pelo jeito desengonçado como ela andava com sapatos, ou pela forma como seus olhos ficavam encarando o nada enquanto ela batucava os dedos na amurada do navio. Sua risada escandalosa, os dentes quebrados, separados e tortos, as sardas que eu só consegui notar ao checar o ferimento em seu olho - tudo nela me irritava.
O que mais me incomodava era que, mesmo eu fazendo tudo ao meu alcance para mantê-la afastada e não me incomodar, ela continuava sendo gentil comigo.
Não que eu estivesse grato ou amolecido por isso, eu só me sinto... estranho. Ela se tornou cuidadosa, atenciosa, e muitas vezes, enquanto eu ficava acordado de olho em Caesar e ela exercia sua função de sentinela, acabei me acostumando com sua presença agitada e turbulenta em apenas um mês.
No fim, acho que me tornei mais empático com ela por ela ter passado pelo mesmo que eu. Ter contraído uma doença que a corroía de dentro para fora e, ao mesmo tempo, precisar manter a cabeça erguida para que seus companheiros não notassem. Diferentemente de mim, Elisabette-ya se recusou a morrer. O desespero em seus olhos quando seu nariz sangrava e seu corpo parava de responder foram coisas que eu senti tantas vezes e aceitava como inevitáveis. Ao contrário de mim, ela sempre pontuava que não iria morrer, que não podia, que não queria.
Quando ela tentou segurar Doflamingo para me dar uma oportunidade de fugir, foi o que mais me irritou em relação a ela. Ela sabia que não conseguiria lutar contra ele, não naquele estado, tão cansada e com o corpo desgastado tanto pela exaustão quanto pela debilidade causada pela Febre das Árvores.
Mesmo assim, ela o fez, tentou segurá-lo. E para quê? Eu sequer tinha forças para me mexer, muito menos para fugir. Ela apenas sofreu em vão, apanhou por nada, por um peso morto como eu era naquele momento, e tudo só piorou. Quando ela finalmente cedeu e tentou me tirar de lá à força, recebeu um tiro no rosto. Em vez de tentar salvar a si mesma, pensou em mim. Em mim. Justo em mim, que já havia aceitado morrer e me entregado novamente ao que seria o meu fim, apenas para ver outra pessoa dando tudo de si para me manter vivo e sofrendo as consequências por isso.
A forma como ela havia caído, quase desfalecida sobre meu peito, com seu sangue jorrando em minha pele como uma cachoeira vermelha, e a maneira como me encarou, assustada, quando Doflamingo a chutou para longe de mim, com sua consciência se esvaindo aos poucos, foi o que me fez refletir sobre tudo que nos envolvia.
Desde o dia em que a conheci, lembro-me de vê-la naquele mesmo estado deplorável. Agora, era como voltar àquela noite, há dois anos, mas a diferença era que desta vez ela ia morrer sem que eu pudesse fazer nada por ela, pois eu não tinha forças e seu coração estava longe o suficiente para reavivá-la. Eu teria que lidar com o fato de aquela maldita garota ingênua morrer no meu peito por ter tentado me salvar, quando eu não pedi por isso, não aceitei suas condições e só estava lidando com suas perturbações todos os dias.
Quando nos reencontramos em Punk Hazard, a primeira ideia que me ocorreu foi: "Ótimo, essa pirralha novamente". No entanto, à medida que o tempo se desenrolava e as noites se estendiam, encontrei-me sentado com ela em meu colo, enquanto suas lágrimas escorriam, carregadas de dor. Eu não sabia como acalmá-la, a não ser segurando-a com firmeza, demonstrando que, apesar de nossas divergências, eu ainda estaria ali por ela e para ela.
Elisabette-ya era uma alma que eu não conseguiria descrever, mesmo que tentasse ou desejasse. Sua essência mudava a cada dia, a cada instante - incessantemente. Não a vejo como uma criança e me recuso a rotulá-la dessa forma; todavia, lidar com ela é como interagir com uma criança que descobre o mundo e aprende a cada nova experiência - repleta de "primeiras vezes". A primeira vez vendo a neve dançar suavemente do céu, a primeira vez vestindo roupas de frio que abraçam seu corpo delicado, a primeira vez cantando e brindando com seus companheiros em um momento de pura alegria, a primeira vez admirando a diversidade das flores que enfeitam o mundo ao seu redor, a primeira vez contemplando a vida com seus próprios olhos.
Sempre que penso nela, reflito sobre tudo o que poderia ter feito de diferente quando nos conhecemos. Fui um babaca ao julgá-la apenas por ser uma adolescente brincando de ser pirata, quando eu também fiz o mesmo aos 13 anos, ao realizar minhas primeiras tatuagens e formar minha tripulação que daria início aos Piratas de Copas.
Desejaria profundamente compreender o que se passa na mente dela, o que a torna tão arisca e, ao mesmo tempo, tão confiante em relação àqueles que lhe estendem a mão, mesmo que seja com um mínimo de conforto. Mas, acima de tudo, almejo entender o que ela pensa a meu respeito - se há algum espaço ou lugar em sua cabecinha inquieta, que parece não descansar, assim como ela. Queria saber se sou alguém em quem ela pode confiar, se sou alguém que ela observa e acredita que pode ocupar na sua vida o mesmo papel que os companheiros dela desempenham.
E nem consigo explicar por que me ocupo com tais pensamentos, tão fúteis e tolos. Elisabette-ya é tão despreocupada quanto um passarinho; age de acordo com suas impulsões, sem pensar nas consequências, e então ri alto, me bate, agarra meu braço e me balança como se eu fosse feito de papel.
Suas mãos aparentam ser delicadas e suaves; no entanto, ao tocá-las, percebo o quão firmes e pesadas elas são - a aspereza e os calos que marcam seus dedos revelam histórias de lutas turbulentas. Elisabette-ya está sempre vestindo roupas provocantes e caminha com a graça de quem está em um desfile de moda - lembranças dos desfiles que costumava presenciar em Flevance durante minha infância. Ela é tão feminina e frágil como uma flor delicada em um campo exuberante; ao mesmo tempo, possui uma força bruta e uma ferocidade digna de um demônio sedento por sangue. Talvez seja exatamente esse contraste singular que me deixa perdido e hipnotizado diante dela.
E eu não consigo afastá-la de meus pensamentos, por mais que tente e deseje ignorar sua presença. A imagem dela permanece eternamente gravada em minha mente, como se a seguisse incessantemente, onde quer que eu vá ou esteja. Suas risadas escandalosas, sua voz fina e potente, seu olhar sereno e tão azul quanto o céu ou o mar em um dia ensolarado - tudo nela invade meu ser, distraindo-me de qualquer outra preocupação.
Eu queria tê-la enviado a Zou junto com os outros, ansiando para que ela estivesse segura, longe de qualquer dano que Doflamingo pudesse infligir. Contudo, por um impulso de egoísmo e uma possessividade quase doentia, desejei mantê-la próxima a mim, não importando o que pudesse ocorrer. Eu apenas queria ter a certeza de que ela estaria ali, ao meu alcance; desejava ouvir sua risada contagiante ecoar após alguma travessura do Mugiwara-ya ou das diversas bobagens que ela realiza, movida pela pura inocência de explorar o desconhecido.
Em silêncio, enquanto observo o céu prestes a escurecer e dar início à noite, posso ouvir a algazarra provocada pelos Piratas do Barto Club e o restante da Grande Frota do Chapéu de Palha diminuindo gradualmente, à medida que cada um desce do navio para seguir seu próprio caminho. Esse cenário se desenrola até o momento em que a lua se encontra cheia no céu, restando apenas a tripulação de Bartolomeo e do Mugiwara-ya a bordo do Going Luffy-senpai.
Entretanto, ao percorrer com meu olhar toda a extensão do convés, percebi a ausência de uma única pessoa ou, para meu desespero que eu tentaria conter até explodir, de duas pessoas em específico: Elisabette e Bellamy.
Minha expressão se torna sombria à medida que me levanto e deixo o caneco de saquê cair ao chão, sentindo meu sangue ferver ao recordar as palavras dela sobre o que definia a relação entre os dois. "Amigo"? Somente se for amigo da onça. Aquele desgraçado é tudo, menos um amigo para ela. É evidente na maneira como ele a observa, assim como ela o contempla. Que tipo de amigo se coloca em cima de você, prendendo-a ao chão? Amigo, uma ova! Essa mentirosa ordinária pode enganar a todos, mas não a mim.
- Algum problema, Tral-kun? - escuto uma voz suave vinda de trás de mim e, ao me virar, deparo-me com a arqueóloga dos Chapéus de Palha. - Parece frustrado. Aconteceu alguma coisa, huh?
- Não. Não aconteceu nada. - respondo no mesmo tom frio de costume, observando o sorriso ladino se formar nos lábios da mulher que caminhava até o meu lado.
- Esse rostinho azedo não tem nada a ver com uma bonequinha de porcelana que anda e fala como se não houvesse amanhã, tem? - ela ri gentilmente enquanto cruza os braços.
- O que está insinuando, Nico-ya?
- Ara ara. Eu não estou insinuando nada. Mas, caso esteja procurando a Eli-chan, ela está nos fundos com o coleguinha dela.
- "Coleguinha"? O Bellamy? - tentei disfarçar, mas era nítido o desconforto e a irritação no meu tom.
- Sim, ele mesmo. - ela pisca. - Estavam... conversando até agora há pouco.
- Conversando, sei.
- Algum problema?
- Não, nenhum.
- Oh, entendo. Tudo bem, então, Tral-kun. - Nico-ya acena e então me dá as costas enquanto sai andando. ‐ Vou ajudar os rapazes com o jantar. Eles não parecem muito bons na cozinha. Até logo.
As palavras de Nico Robin, indicando que Elisabette-ya estava sozinha nos fundos do convés com Bellamy, foram suficientes para fazer meu sangue ferver nas veias. Quase pude sentir fumaça saindo de meus ouvidos, tamanha era a raiva que pulsava em meu peito. Meu coração começou a bombear com tal intensidade que eu quase conseguia sentir meus vasos sanguíneos aquecendo-se, saturados pelo ódio que se acumulava em cada fibra do meu ser.
Meus punhos se cerraram com tanta força ao lado do meu corpo que os nós dos meus dedos tornaram-se brancos pela falta de circulação. Respirei fundo e, como se estivesse prestes a eliminar cinquenta ladrões de uma só vez, comecei a caminhar em passos largos e rápidos, mas ainda assim cuidadosos e silenciosos, em direção ao local onde Elisabette e Bellamy se encontravam. Meu intuito era pegá-los em flagrante, fazendo sabe-se lá o que. Para o bem da própria vida dela, espero que não esteja tramando nada; caso contrário, quem irá matá-la serei eu.
Cuidadoso e sorrateiro como um felino prestes a dar o bote em sua presa, avancei colado à parede, utilizando as sombras como um disfarce para não ser percebido por ela, ainda em dúvida sobre como poderia estar o tal do Mantra.
Com os olhos cerrados, quase brilhando de tanta raiva, avistei-a sentada na amurada do navio, completamente sozinha - o que significava que Bellamy já havia partido, para meu alívio e satisfação. Observei-a na penumbra, meu olhar percorrendo sua figura incrivelmente quieta, que encarava o vazio enquanto segurava uma garrafa de saquê quase cheia, que provavelmente nem havia sido tocada com mais de quatro goles. Elisabette-ya parecia triste, abatida por algum motivo insignificante; porém, isso pouco me importava naquele momento. Só de saber que aquele maldito brutamontes havia desaparecido foi mais do que suficiente para que toda a minha raiva se dissipasse em um piscar de olhos.
Sabendo que todos agora estariam na parte interna do navio, restando apenas nós dois do lado de fora, aproveitei para sair da escuridão e caminhar em silêncio em direção a ela. Notei quando seu olhar pareceu me perceber e, em seguida, fixou-se em mim. Seu único olho azul quase havia perdido aquele brilho de animação que, outrora, foi motivo de minha irritação e que, agora, me deixa confuso e culpado pelo fim que por pouco ela não teve por minha causa.
No entanto, assim que comecei a me aproximar de Elisabette-ya e tive uma visão mais ampla de seu corpo, algo chamou minha atenção de forma repulsiva assim que meu olhar se deteve em seu busto, fixando-se imediatamente na marca roxa avermelhada em seu peito, quase alcançando o seio direito. No instante em que vi aquilo, minha mente explodiu. Um chupão. Aquela desgraçada que se faz de ingênua estava com um fodendo chupão próximo ao peito. E eu não quero sequer imaginar quem foi o filho da puta que ousou tocar seus lábios nela, pois uma pessoa imediatamente surgiu em minha mente, e isso me consumirá em mil pedaços.
Sem qualquer cuidado, dominado por um sentimento que me recuso a nomear, atirei-me sobre a amurada com violência, agarrando seus pulsos e empurrando-a com força contra a parede. Dei-lhe apenas tempo suficiente para arregalar os olhos e empalidecer enquanto me encarava desnorteada e confusa, como se não compreendesse a razão de minha atitude. Cínica maldita do caralho.
- Que porra é essa no seu peito, sua pirralha?
- Hein? Me larga! - ela encolheu os ombros corados, suas bochechas e orelhas assumindo um tom rosado de constrangimento ao ser confrontada.
- Quem fez isso? Foi o Bellamy!?
- Não foi!
- Sua orelha sempre fica vermelha quando você mente, sua mentirosa! - gritei, surpreso por ter notado algo tão trivial e aleatório sobre ela.
- Oi, oi! Eu não estou mentindo! - retrucou, fazendo um beicinho enquanto desviava o olhar do meu. - Eu me machuquei, foi isso!
- Que lugar conveniente para se machucar, não acha, passarinho? - falei, jogando-me no chão e puxando-a para meu colo de forma que cada uma de suas pernas ficasse de um lado do meu corpo, enquanto agarrava seus quadris com força suficiente para causar dor. - Sua sem vergonha. Isso é ridículo.
- E daí? Foi apenas um beijo de despedida! - finalmente admitiu, e, no mesmo instante, ela tremeu sobre mim e paralisou ao perceber meu olhar se escurecendo. - Ei, por que você está me olhando assim!? Que medo!
- Vocês se beijaram?
- Sim, por quê?
No instante em que seus lábios se calaram, levei minha mão até sua cabeça, prendendo seus cabelos com firmeza, enrolando-os em meu pulso e puxando-a para frente, de modo que seu rosto afundou em meu ombro. Isso me proporcionou uma visão clara de suas costas semi-nuas e da delicada curva de sua nuca. Enquanto permanecia em silêncio, levei a outra mão até sua coxa, apertando-a com intensidade, sentindo-a arfando contra minha pele, tentando se afastar. Apenas a mantive presa à minha vontade, segurando suas madeixas platinadas com firmeza, enquanto sentia suas mãos trêmulas agarrando minha camisa.
Deslizei suavemente a língua pelo lóbulo de sua orelha e mordi delicadamente, tomando cuidado com sua argola. Escutei-a gemer baixinho e a vi virar o rosto lentamente para me encarar, suas bochechas tingidas de um tom rubro e seu olhar confuso e perdido. Essa expressão me fez despertar para a realidade e refletir sobre o que eu realmente estava fazendo com ela naquele momento, tão vulnerável e debilitada.
Puta merda, Trafalgar. O que diabos você está fazendo com essa coitada que mal consegue se manter de pé para protestar? Porra, eu não sou assim.
Solto o cabelo de Elisabette-ya e, quase imediatamente, ela se inclina para trás como uma vara tremida, encarando-me com a boca semiaberta e o olho brilhando novamente - desta vez, apenas para mim. Suas bochechas, ombros e orelhas adquirem um tom ruborizado, algo que notei desde o momento em que nos conhecemos; esse é o tom que assume quando se sente envergonhada. Quase sinto vontade de rir ao recordar as ocasiões em que ela ficou constrangida por bobagens ou da primeira vez em que se mostrou tímida diante de mim, quando precisou despir-se para que eu aplicasse a pomada em suas manchas.
E é exatamente isso que me pega nela a cada instante. Embora pareça tão experiente e saiba como se defender e lutar, ainda assim preserva uma inocência e ingenuidade em seu olhar que me fazem sentir uma vontade avassaladora de devorar essa fragilidade. Desejo corrompê-la da maneira mais intensa e apaixonada possível, mergulhando-a em um turbilhão de sensações que só eu posso proporcionar.
Não posso tocá-la, nem consigo enxergá-la dessa maneira. Nunca fui uma pessoa religiosa, mesmo tendo estudado o catolicismo com meus pais durante a infância e mantido amizades com as freiras da paróquia de Flevance. Nunca acreditei verdadeiramente em maldições, bênçãos ou pecados. Porém, sempre que a vejo, seu rosto, seu sorriso, seus olhos, e a forma como fala, tudo nela me faz sentir o maior dos pecadores, pois me sinto indigno de tocá-la, de tê-la em meus braços, embora o desejo de senti-la por completo quase corrompa minha alma.
Nunca tive experiências verdadeiras com mulheres, exceto com Monet, que sequer considero uma experiência autêntica, pois estivemos juntos apenas duas ou três vezes no máximo. Mas Elisabette-ya... sinto que enlouquecerei se não puder tocá-la, se não puder beijá-la com toda a intensidade de meu ser. No entanto, ao mesmo tempo que a desejo de corpo e alma, sinto que ao fazê-lo estaria manchando seu corpo com meus próprios pecados. Mesmo sabendo que ela tem os seus, não quero retirar o que lhe resta de pureza, sua castidade. Tocá-la, senti-la, sentir seu interior... seria como ter um anjo em minhas mãos, e eu seria o homem mais impuro de todos ao tocar um ser celestial de maneira tão perversa como desejo tocá-la.
- Eu fiz algo errado? - ela pergunta em um sussurro fraco, levando uma mão até meu rosto e acariciando-o com cuidado, fazendo-me encontrar seu olhar. - Além do que eu te devo, eu cometi mais alguma besteira?
- Cometeu, sim, você cometeu. Cínica. - retruco, tentando desviar o rosto, mas sua mão me segura com firmeza, mantendo-me no lugar e não me dando outra escolha senão continuar a encarando.
- Então diga.
- Você me encara com essa expressão de quem quer levar um porro apenas para se fazer de coitada depois. É sua culpa que eu me sinta assim, todo errado por sua causa.
- Não entendi. - ela franziu o cenho e torceu o nariz, inclinando o corpo para encostar a testa na minha, segurando meu rosto entre as mãos. - Você precisa ser mais claro. Eu não sou nenhuma doninha.
- Doninha?
- Que prevê as coisas!
- O correto é "adivinha", não "doninha". - respondi, já sentindo minha paciência se esgotar novamente, mas tentando manter a conversa civilizada pela primeira vez, sem explodir devido à falta de atenção. - Honestamente, estou me contendo para não dar um tapa na sua cara agora mesmo.
- Tudo o que você diz sobre mim parece envolver a intenção de me machucar de alguma forma. Começo a acreditar que você realmente me odeia, não é? - ela sorriu de forma tímida, mas era evidente que isso era mais um desabafo do que uma piada.
- Eu não te odeio. Eu... - sinto as palavras se acumulando em minha garganta e, então, suspiro antes de retomar a fala. - Eu apenas odeio como você me faz sentir pior do que já sou. É isso. Satisfeita? Ou preciso me humilhar mais?
- Eu faço você se sentir assim?
- Faz. Você me faz sentir assim desde que nos reencontramos, e eu odeio ter que admitir isso em voz alta, especialmente para você, sua pirralha dos infernos.
- Desculpe. Eu não quero que você se sinta mal consigo mesma por minha causa. - ela murmura, com as bochechas ainda coradas, enquanto faz menção de sair do meu colo. No entanto, sou rápido em segurá-la pelo quadril e mantê-la sobre mim. - O que foi?
- Agora sou eu quem não quero ficar sozinho. Por favor, fique aqui. - sussurrei, e teria implorado por isso se ela não tivesse simplesmente cedido e se agarrado a mim, encolhendo-se em meu peito e me permitindo abraçá-la com força.
Deixei escapar um suspiro dos meus lábios ao traçar as costas dela com delicadeza, tocando suavemente suas asas e ouvindo os gemidos suaves que se misturavam ao meu peito. Sentia seu corpo se esfregar contra o meu de maneira involuntária, buscando fricção naquele ponto específico. Tentei me conter, mas era uma tarefa árdua; era difícil pensar em qualquer outra coisa que me mantivesse "normal" enquanto a tinha em meu colo, movendo-se sobre mim como se nada estivesse acontecendo, como se não fosse despertar em mim uma ereção incontrolável e dolorosa - assim como todas as outras que surgiram por sua causa.
Elisabette-ya afastou-se levemente, sem ousar deixar meu colo, e então fixou seu olhar nos meus com um beicinho adorável, seu rosto ruborizado como um tomate rechonchudo. Não pude resistir e levei uma das minhas mãos até sua face, acariciando suavemente sua bochecha antes manchada. Em seguida, puxei-a mais perto uma vez mais, unindo nossos lábios em um beijo lento e, de certa forma, terno, que parecia conter todo o desejo contido entre nós.
Sua boca movia-se lentamente, em perfeita harmonia com a minha, enquanto nossas línguas se encontravam e se entrelaçavam novamente, como se fossem uma só. Suas mãos seguravam meus ombros com firmeza, e seus suspiros escapavam suavemente em meio ao beijo. Eu a agarrava pelo quadril mais uma vez, empurrando-a para baixo, desejando senti-la de alguma forma, para ter certeza de que era ela ali, que era a sua virilha roçando contra a minha, que era o seu corpo sedento pelo meu. Porque, por mais ingênua e estúpida que pudesse parecer, até mesmo ela poderia se perder na luxúria, independentemente de quão devota fosse.
- Venha aqui... - sussurrei contra seus lábios, percebendo-a deixar alguns beijinhos nos meus antes de me encarar com uma expressão confusa.
- O que você vai fazer? - ela pergunta com a voz manhosa, agarrando-se a mim enquanto a seguro pela cintura e me levanto com ela. - Para onde vamos?
- Você consegue usar o Mantra?
- Um pouco... ainda está um pouco fraco; só consigo sentir o que estiver a pelo menos 5 quilômetros de distância daqui. - Elisabette-ya me responde com naturalidade, como se não estivesse descrevendo um dos Haki de Observação mais poderosos que já conheci. - Por quê?
- Estão todos do lado de dentro do navio? - assim que a questiono, vejo-a fechar os olhos e, em seguida, encarar-me com um sorriso travesso, afirmando com a cabeça. - Ótimo.
Dou mais uma olhada ao redor e, em seguida, encaro-a novamente, que estava agarrada a mim como um coala preso a uma árvore. Suspiro e beijo seu pescoço antes de começar a caminhar com ela em meu colo, dirigindo-me em direção a uma portinha que levava a uma despensa completamente vazia - a qual eu havia investigado assim que cheguei aqui, em busca de um local onde pudesse dormir sem ter que lidar com roncos, risadas noturnas ou pessoas tropeçando em mim e pisando no meu rosto por conta da escuridão.
Assim que entrei com ela na despensa, não hesitei em fechar a porta atrás de mim e trancá-la com meus poderes, colocando Elisabette-ya cuidadosamente sentada em um barril que ali se encontrava. Encarando-a em silêncio, notei que seu olhar já estava fixo em mim, adornado por aquele sorriso bobo que ela exibia sempre que desejava perguntar algo, mas não sabia como. Voltei-me para ela, levando minhas mãos até sua cintura e beijando-a novamente.
A despensa era quente e abafada, com apenas uma pequena janelinha estreita proporcionando um pouco de ventilação e ar fresco. Essa atmosfera parecia intensificar a dureza entre minhas pernas quando me empurrei contra ela, sentindo suas pernas - até mesmo a machucada - se entrelaçando ao meu quadril de maneira ágil e quase automática. Isso me concedia mais liberdade para roçar o meio de suas pernas enquanto me perdia em seus lábios, permitindo que o fio delicado de ousadia dentro de mim me levasse a deslizar as mãos por suas curvas. Apertava cada centímetro de sua pele, beliscando cada pedaço de sua carne como se desejasse arrancá-la com um único puxão, resultando em suspiros baixos e gemidos sofregos que escapavam de seus lábios.
- Posso fazer uma coisa? Você vai gostar. - falei, aproximando-me de sua boca, sentindo sua respiração quente e ofegante se misturar à minha.
- Acho que pode...
- Você acha?
- Faça o que quiser... - ela murmura com um sorriso travesso, fazendo-me notar o dente que faltava ali, o que me levou a franzir o cenho por alguns segundos. Depois, resolvo isso.
- Certo... você pode? - dei um leve tapinha em sua perna, indicando que ela soltasse meu quadril.
- Eh? Ah, claro, desculpe!
Ri suavemente diante de sua reação e, então, afastei-me alguns centímetros, o suficiente para ter acesso à barra de seu short. Quando comecei a deslizar o tecido por suas pernas, pude vislumbrar a umidade de sua calcinha. Engoli em seco ao notar seu olhar, que misturava confusão e curiosidade com uma expectativa palpável. Aproximando-me lentamente, passei meu dedo indicador e o do meio pela região marcada pela umidade, sentindo a cremosidade da sua excitação, recebendo em troca um suave suspiro como recompensa pelos meus avanços.
Com delicadeza, afastei o tecido fino e úmido para o lado, permitindo-me contemplar sua intimidade encharcada. Embora já tivesse visto essa beleza antes, enquanto a tratava da Febre das Árvores, aquela ocasião era diferente - não havia dor ou sofrimento; era um momento de pura entrega. Elisabette-ya estava tão molhada que eu poderia facilmente me perder em seu calor se quisesse, mas ainda não era o momento.
Olhei novamente para ela, admirando suas bochechas tingidas de rubor enquanto mordia os lábios, seus olhos marejados revelando a luta interna para conter os gemidos provocados por meu toque suave. Isso me fez questionar quão expressiva ela se tornaria quando eu finalmente me introduzisse em sua cavidade casta. Com cuidado, puxei sua calcinha para baixo e a deixei de lado, próxima ao short que havia jogado em uma das prateleiras. Quase engasguei com a visão profana e deslumbrante que se apresentava diante de mim - era ela, apenas ela.
Ajoelhei-me à sua frente e a observei franzir o cenho. Em seguida, apoiei suas pernas em meus ombros e olhei para ela, fazendo um pedido silencioso para que permanecesse calma e confiasse em mim. Senti-me aliviado ao vê-la assentir.
Depositei beijos suaves e prolongados na parte interna de suas coxas, acompanhados de pequenas mordidas delicadas e de outros beijos que, confesso, possuíam um toque amoroso que me faz sentir vulnerável ao admitir. A expressão de Elisabette-ya era um retrato de puro deleite; uma de suas mãos apoiava-se no barril, enquanto a outra cobria sua boca, realçando a beleza de suas asas que se tornavam ainda mais visíveis à minha vista - cada beijo que lhe oferecia provocava um arrepio na penugem delas.
Aproximei meus lábios de sua castidade, voltando a encará-la em busca de alguma confirmação. Quando ela apertou o olhar e virou o rosto, tomei sua boceta molhada com a boca, deixando-me levar pelo seu sabor puro e agridoce. Era uma experiência tão intensa que quase me sufocava, tamanha era a vontade de não me afastar. Aquela sensação era como um veneno, uma droga envolvente que me deixava viciado e sedento por mais.
Suas pernas se apertavam ao redor da minha cabeça enquanto eu continuava a saborear seu sabor, alternando entre lambidas e chupões em seus lábios e clitóris. Cada toque provocava tremores em seu corpo, especialmente quando passava a língua delicadamente ou mordia levemente, apenas para provocá-la, ciente do quanto isso pode ser satisfatório para uma mulher. E, Deus, sou imensamente grato por ser o primeiro a lhe proporcionar essa experiência; por ser o primeiro a oferecer algo tão especial a ela. Mesmo que isso possa ser considerado errado ou pecaminoso, eu me entrego à profanaidade de me embriagar com seu néctar, condenando-me ao inferno apenas pela oportunidade de tê-la assim mais vezes.
Sensível como era, não demorou muito para que Elisabette-ya alcançasse seu limite, entregando-se em minha boca. Suas bochechas coradas e a testa ligeiramente suada conferiam-lhe um ar ao mesmo tempo profano e gracioso. Após percorrer com a língua cada centímetro de sua pele molhada pelo próprio prazer, levantei-me novamente, lambendo os lábios antes de tomar os dela em um beijo profundo. Senti-a arfar em meio àquele encontro, mas ela não fez um único movimento que indicasse o desejo de que eu me afastasse.
- Tral-san... - murmurou ela, segurando meu rosto entre suas mãos mais uma vez, seu olhar embriagado pelo prazer buscando os meus olhos. ‐ Isso... foi estranho, mas foi... legal. Eu já tinha visto antes, não sabia que um homem também podia fazer isso.
- Como assim? - perguntei, curioso, embora não estivesse prestando muita atenção às suas palavras, perdido que estava na contemplação de sua nudez ainda cremosa.
- Eu vi em uma revista do Sanji uma mulher fazendo isso que você fez em mim, mas no "coisinha" do homem. - assim que terminou de falar, encarei-a com os olhos arregalados e o cenho franzido. - O que foi?
- Não fique revirando as coisas daquele cozinheiro pervertido; você vai acabar confundindo sua cabeça.
- Por quê? Posso fazer em você também? - ela sorriu animada, voltando a enrolar as pernas ao redor do meu quadril. Céus, nem parece que acabou de ter um orgasmo e já está tão afoita.
- Não, não pode. Você vai vestir suas roupas, arrumar o cabelo e voltar lá para dentro, tomar banho e ir dormir.
- Por quê?
- Porque estou mandando. - retruquei, pegando seu short e sua calcinha e entregando-os em suas mãos.
- Você não é meu capitão.
- Vai logo!
- 'Tá, 'tá, já vou! Que coisa! - ela resmungou irritada, vestindo-se de forma desajeitada com o restante das roupas antes de sair mancando da despensa.
A última coisa que escutei após a saída dela foi a porta batendo com força, o impacto provocando uma leve corrente de vento que arrepiou minha pele. Então, sentei-me no barril onde ela estava anteriormente, apoiando os cotovelos nos joelhos e levando as mãos ao rosto antes de soltar um grito abafado pela boca fechada. Meu Deus, que porra foi essa?
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desde já, eu peço desculpas pelo hot. faz um tempo que eu não escrevo e não sei se ficou bom ou se ficou muito corrido-- também peço desculpas se não aconteceu a outra coisa lá que vocês sabem qual é, mas eu não queria acelerar tanto assim a relação deles
querendo ou não, apesar dos pesares, eu ainda quero uma parada romântica entre eles, tá? mas espero que esse capítulo seja o suficiente para saciar a fome de vocês por enquanto, meus caros LisLaw shippers ☝️🤓
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