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━━ 𖥔 ִ ་ ،𝟮𝟯. 𝗦𝗵𝗶𝗰𝗵𝗶𝗯𝘂𝗸𝗮𝗶.


━━ Upper Yard, Jardim Superior de Skypiea ; Memórias...
ᘡElisabette, Anjo da Morte. ❪O ponto de vista Dela❫

Eu deitava suavemente sobre o regaço de meu pai, com meu pequeno e rechonchudo corpo encolhido entre suas pernas, ao passo em que minha cabeça repousava sobre sua coxa. Uma de suas mãos afagava gentilmente meu rosto, acariciando suavemente minha bochecha, enquanto a outra segurava uma taça de vinho, bebericando de tempos em tempos. Estávamos às margens de Upper Yard, contemplando o Mar Branco-Branco desde as primeiras horas do dia. O vento soprava, balançando meus curtos cabelos e os de meu pai, que não estavam cobertos pelo lenço que ele sempre usava.

Já se passara um ano desde que estávamos vivendo no Jardim Superior, assim como também se passara um ano desde que minha mãe havia falecido. Apesar do ocorrido e da dor dilacerante de sua partida, ainda tínhamos um ao outro. Eu ainda tinha meu pai, e meu pai ainda me tinha.

Nunca mencionávamos sua ausência, embora a tristeza que ambos sentíamos fosse palpável. Eu sabia que meu pai a amara verdadeiramente, que minha mãe fora o primeiro e único amor em toda a sua vida, o verdadeiro amor, o amor da sua existência. Naquela época, eu ainda era apenas uma menina e não conseguia compreender plenamente o significado de todas aquelas palavras que ele costumava dirigir a mim quando falava dela.

Enel sempre foi um enigma para mim, envolto em mistério tanto em relação ao seu passado quanto às suas ambições, e eu jamais ousava indagar ou desvendar. Aceitávamos nossa condição taciturna, contentando-nos com a opacidade das nossas existências. Eu me enganava, ou talvez preferisse enganar-me, acreditando que tudo estava bem. Era uma crença necessária, uma ilusão imprescindível para minha própria sanidade.

Mesmo lutando contra o torpor que me envolvia, forcei-me a manter os olhos abertos, fixando-me nele e contemplando a desolação que pairava em seus olhos, tão perdidos quanto os meus. Éramos reflexos distorcidos um do outro, marcados pelas íris azuis que emolduravam nossos olhares, pela palidez de nossa pele, pela semelhança de nossos traços. Nossos olhos, nossas sobrancelhas, até mesmo a estrutura do rosto, tudo ecoava uma cópia quase perfeita, uma sombra de parentesco que só se quebrava na redondeza de meu rosto, na fofura de minhas bochechas. Eu, com meus cabelos platinados, herdados de minha mãe, única herança que extraí de minha presença passageira em seu ventre, pois de resto, eu era a mera emulação feminina de Enel - meu pai, meu fardo, meu cárcere e, principalmente, meu Deus.

- Elisabette. - sua voz ecoou suavemente, enquanto ele delicadamente tomava meu rosto entre as mãos, gentilmente inclinando-o para que nossos olhares se encontrassem.

- Sim? - respondi com um sorrisinho, que foi prontamente correspondido pelo dele.

- O que você quer ser quando crescer?

- Quando crescer? - indaguei, um lampejo de perplexidade refletindo em meus olhos, antes de me recolher ao silêncio, contemplando o que poderia ser.

Aquilo era algo que nunca havia considerado, afinal, aos nove anos de idade, eu era apenas uma criança recém-tornada órfã de mãe. O conceito de crescer não tinha lugar em meus pensamentos. O que realmente significava crescer? Seria meramente adquirir estatura, desenvolver curvas femininas e adotar o olhar maduro de uma mulher? Ou haveria algo mais intrínseco nessa jornada? Não tinha respostas naquele momento, nem as tenho agora.

- Eu quero ser boazinha com todo mundo. - foi a única frase que consegui articular naquele instante, enquanto ele permanecia calado, seus olhos ainda fixos nos meus.

Pelo olhar penetrante de Enel, percebi que minha resposta não atendia às suas expectativas. Entretanto, ele pareceu resignar-se ao reconhecer que era a única manifestação plausível que uma menina ingênua, como eu, poderia oferecer naquele momento, imersa na minha própria inocência e inexperiência sobre o mundo.

- E quem é você?

- Eu sou a Elisabette!

- Não. - respondeu, num tom sério, sentindo-me erguida de seu colo e colocada de pé diante dele, enquanto ele permanecia assentado, segurando-me pelos braços.

- Não? - perguntei, atordoada, enquanto piscava algumas vezes para tentar entender sua perspectiva.

- Quem é você, Elisabette?

Uma vez mais, encontrei-me perplexa diante de uma de suas indagações, mergulhando em um silêncio que ecoava minha confusão, enquanto nossos olhares se mantinham presos, intensificando-se a cada instante que se passava. Qual seria a resposta adequada? Declarei ser eu mesma, porém essa afirmação se mostrou inadequada, deixando minha mente vazia e tumultuada. Se não sou eu, então quem sou eu? Sou Elisabette, não sou? Magni D. Elisabette. Este é o nome que me foi atribuído. Elisabette. Magni D. Elisabette, primogênita e única filha do Deus de Skypiea. No entanto, se minha afirmação não se sustenta, que resposta devo então proferir? Quem devo me tornar? Que direção devo seguir? Ó céus, mal sei quem sou realmente, ou quem deveria ser.


━━ Segunda parte da Grand Line, Novo Mundo ; Punk Hazard.

Atualmente.

Aos poucos, despertei, sentindo um afago delicado em minha bochecha, enquanto sons metálicos ressoavam ao meu redor. Ao recobrar plenamente a consciência, deparei-me com a pequena mão robótica de Franky acariciando meu rosto, enquanto meus outros companheiros pareciam à beira de um colapso nervoso diante da situação em que nos encontrávamos, capturados e aprisionados em algum lugar desconhecido.

-O que aconteceu? - murmurei fracamente, ainda sonolenta, enquanto observava ao meu redor.

- Ei, Lis, você acordou! - Franky exclamou com seu sorriso maroto, ajudando-me a ficar de pé. - Como se sente?

- Bem... eu acho. - respondi, no mesmo instante em que senti um arrepio percorrer minhas asas, voltando-me imediatamente para trás, deparando-me com um dispositivo que as mantinha presas uma à outra, impedindo-me de voar caso fosse necessário.

- Tentamos remover isso de você, mas parece estar preso...

Eu franzi o cenho e tentava em vão libertar-me do dispositivo que me prendia. Minhas tentativas foram em vão, e a frustração crescia à medida que minhas asas permaneciam imobilizadas. Desde quando aprisionar as asas de alguém se tornou uma ação benevolente? Exasperada, sentei-me no chão e rolei de um lado para o outro, em uma tentativa desesperada de livrar-me daquele artefato que me impedia de voar. Precisava escapar com meus companheiros, e aquilo estava obstaculizando meus esforços. Que inferno! Quem ousou fazer isso? Quando eu o encontrar... não restará nem sequer os restos para um funeral.

Meus companheiros desviaram seu foco de minha figura e foram olhar para uma espécie de cabeça retalhada e falante que estava caída no chão. Apesar da curiosidade, optei por tentar resolver o meu problema daquele momento: aquela maldita porcaria que prendia minhas asas uma na outra e me impedia de levantar voo. Eu estava sem Inazuma para tentar arrancá-lo com um corte, e nem mesmo minha Burn Bazooka estava por perto. Provavelmente haviam ficado as duas no navio e, quem quer que nos tenha trazido aqui, foi bem perspicaz em me trazer sem minhas armas. Afinal, uma vez com a foice em mãos, eu poderia muito bem cortar as paredes de metal e abrir caminho, ou então atirar com a arma de fogo contra a porta para enfim criar um buraco grande o suficiente para que todos saíssemos daqui e nos reencontrássemos com Luffy, Zoro e Usopp... oh, Brook!

Confusa, olhei em volta para procurar o músico do nosso bando e não o vi. Isso explicaria o porquê de eu não ter escutado nenhuma piada seguida de um alto e longo "yohohoho", um pedido para ver minha calcinha ou, no mínimo, saber a cor dela. Obviamente, eu diria ou lhe mostraria sem problema algum.

E aí, uma luz se acende em minha mente. Meus dials estão escondidos entre os seios!

Um sorriso presunçoso se forma em meus lábios enquanto coloco a mão entre meu decote e puxo um Impact Dial junto com um Breath Dial, que podem ser necessários dependendo da situação em que estamos no momento.

Observo ao redor e não vejo nada que possa ser uma porta ou algo semelhante, o que me arranca um suspiro de frustração. Usar o Impact poderia ajudar, mas também poderia causar um desmoronamento, já que os golpes que consigo extrair equivalem, no mínimo, a alguns tiros de canhão. Nossa aventura no Reino Ryugu serviu para mais do que nos trazer dor de cabeça; afinal, os homens-peixes com quem lidei foram de grande ajuda para aumentar a potência do meu dial, e desde então não o utilizei, já que estou sempre com Inazuma e até agora não surgiu nenhuma oportunidade de usá-lo. Falando nisso... acredito que o Reject Dial também deve estar por aqui, em algum lugar.

Novamente, coloco a mão entre os seios e começo a procurar pela concha. Quando a encontro, puxo-a imediatamente e a encaro com seriedade e apreensão.

O Reject Dial é muito mais poderoso do que o Impact Dial, pois sua potência e eficiência são maiores, cerca de 20 vezes mais potente e causam danos ainda maiores em quem for atingido. No entanto... o dano não é apenas no adversário, mas também no usuário. Não posso usá-lo agora, não aqui, não quando ainda posso utilizá-lo em outra oportunidade. Verei-me na obrigação de guardá-lo novamente e, caso a situação se torne apertada, eu o usarei. Mas por enquanto... o guardarei. Dito isto, coloco-o entre os seios novamente.

Meus olhos percorrem novamente todo o ambiente, detendo-se desta vez no local onde meus companheiros se encontram, todos eles fixados na cabeça decepada agora presa na parede - resultado dos chutes incrivelmente poderosos de Sanji. Curiosa para entender a situação peculiar pela qual passávamos, aproximo-me para averiguar a cena bizarra diante de nós. Há poucos minutos, essa cabeça estava fragmentada em vários pedaços como um quebra-cabeça; agora, embora montada de forma incorreta, isso é tão evidente que chega a ser ridículo e, ao mesmo tempo, engraçado de se observar.

- Aliás, quem são vocês? Ouvi dizer que foram capturados em um navio. - questiona a cabeça, encarando-nos com desconfiança.

- Somos piratas. - responde nosso cozinheiro de forma direta e sem rodeios, o que parece ser suficiente para deixar o "homem" completamente atordoado.

- Piratas!? Vocês são piratas? Não me surpreende que sejam bárbaros! - ele exclama, repleto de ódio em sua face desfigurada. - Odeio piratas! Me dão nojo!

Suas palavras estão impregnadas de raiva, amargura, assim como a aura que ele emana, que parece estar repleta de incertezas, ódio e vestígios de angústia misturados com medo. Reconheço esses sentimentos, embora não compreenda seus motivos... as emoções que percebo através do Mantra são semelhantes às do povo de Skypiea, da mesma forma que eles se sentiam na minha presença, quando eu era o foco de suas conversas e revoltas.

Observo-o, ainda encarando-nos com raiva e pronunciando algumas palavras. No entanto, algo chama a atenção de Nami, quando ele menciona que fomos reunidos pelo destino e trazidos para uma "ilha gélida". De fato, isso é estranho e surpreendente, considerando que, de onde estávamos, só víamos chamas, vulcões e um mar vermelho fervente capaz de cozinhar os animais marinhos. Nossa navegadora concluiu que a ilha é dividida em dois biomas: um coberto de neve e outro de fogo. E o que é neve? Já ouvi Chopper falar sobre isso, porém nunca a vi. Em Skypiea, não há invernos nevados; nosso clima frio é marcado por chuvas abundantes e ventos gelados que, às vezes, causam enchentes ao encher as crateras de Upper Yard.

Precisávamos encontrar uma maneira de sair daquele lugar, porém nada parecia capaz de romper as paredes de metal, nem mesmo os chutes poderosos de Sanji. Estávamos perdidos? Fadados a permanecer presos aqui por tempo indeterminado? Respirei fundo, cruzando os braços e tentando conceber uma solução. Parecia uma tarefa impossível para mim, uma vez que nunca fui conhecida pela minha perspicácia, sempre resolvi as coisas com força bruta e impulsividade, à semelhança de... Luffy! Onde estaria ele agora? Não só ele, mas Zoro, Robin e Usopp. Brook também não está conosco.

Fui tirada dos meus devaneios pelo som de uma explosão extremamente alta e estrondosa o suficiente para fazer todo o chão abaixo de nossos pés tremer, levando-me a agachar assustada, com as mãos cobrindo os ouvidos, enquanto olhava atônita para Franky, o responsável pelo disparo que perfurou a parede de metal com força suficiente para criar um enorme rombo. As penas de minhas asas se eriçaram, meus olhos tremiam e minha pele empalideceu de susto, enquanto encarava em choque o ciborgue, que se vangloriava das melhorias em seu corpo nos últimos dois anos de treinamento do nosso bando.

Às vezes, sons altos como esse me assustavam quando eram tão repentinos. Nunca entendia o motivo, mas sempre me deixavam desorientada, levando alguns segundos e, em algumas ocasiões, até mesmo minutos para me recompor. Engoli em seco e soltei um suspiro, levantando-me e sentindo um arrepio novamente, agora em meu antebraço esquerdo.

Confusa, olhei para aquela área específica do membro, vendo uma pequena irritação crescente, como se fosse algum tipo de alergia. Pergunto-me se isso seria resultado do veneno dos tentáculos do homem-peixe que enfrentei, que por um único segundo acabaram por encostar em minha pele. Tenho quase certeza de que não foi por tempo suficiente para me ferir e, além disso, já faz dias desde aquela batalha. Por que só agora veio se manifestar? Até mesmo coça um pouco, mas pelas orientações que recebi de Chopper, sei que não devo coçar, senão pode piorar a situação. Portanto, tudo o que me resta é deixar isso de lado e focar novamente no que estava acontecendo. Levei meus olhos para a cabeça caída próxima aos meus pés, que, assim como eu estava há poucos segundos, também parecia surpreso e assustado com o disparo de laser pelas mãos de nosso companheiro ciborgue.

- Você está bem, senhor cabeça? - ajoelhei-me para pegá-lo em minhas mãos, o que pareceu assustá-lo ainda mais.

- Solte-me, sua mulher depravada!

- Não vou machucá-lo. Não se preocupe! Eu sou legal. - dei um sorriso gentil para ele, porém não adiantou.

- Minha Anjinha, deixe que eu cuido dele. - Sanji interveio, e a cabeça saltou de minhas mãos, voltando para o chão. - O que vai fazer? Você disse que não queria fugir com um bando de piratas, não é?

- Cale-se e vá embora, pirata!

No fim, descobrimos que a cabeça decepada pertencia ao samurai do qual havíamos ouvido falar através do pedido de S.O.S. que recebemos quando ainda estávamos no Thousand Sunny. Além disso, o cozinheiro confirmou que ele não era apenas um samurai, mas sim um Samurai do País de Wano, o que ficou evidente devido ao penteado que ele usava, um rabo de cavalo tradicional usado pelos homens daquela nação. Devo confessar que fiquei inicialmente confusa, pois escutei Brook ter murmurado mais cedo com Zoro sobre Wano ser "fechado para o mundo", um lugar onde ninguém de fora entra e ninguém de dentro sai. Então, como o filho daquele homem estava aqui? Por que ele foi pego? E como isso aconteceu? Toda essa história me parece confusa e estranha; algo me diz que ele está mentindo, mas ao mesmo tempo não sei se isso é apenas uma desconfiança nascida da forma como ele nos tratou quando descobriu que somos piratas e não simples reféns.

Soltei um suspiro e cruzei os braços, retirando-me daquela sala ao lado de Nami e Chopper, que estavam apavorados com a ideia de estarmos trazendo o samurai conosco, o mesmo que causou a ligação de alguém implorando por ajuda. Isso significava que ele era perigoso... e isso me deixou ainda mais em alerta em relação a ele, mesmo que Sanji tenha se comprometido a cuidar dele e tê-lo como sua responsabilidade enquanto estivéssemos neste lugar, seja lá onde estejamos.

Também havia algo que estava... estranho, por assim dizer. Eu sentia a presença de todos aqui; o Mantra me alertava sobre os inúmeros perigos, sobre as forças que provavelmente em breve iríamos enfrentar. Entretanto, entre todas elas, havia uma que chamava minha atenção de forma especial, que despertava meu interesse, que instigava a curiosidade e uma espécie de urgência em meu peito. Contudo, eu não sabia o que era, nem quem poderia ser. Não conseguia explicar aquela necessidade que emergia, o desejo de vê-la ou vê-lo. Quem poderia ser essa pessoa? O que estava acontecendo? Havia algo em meu peito... sinto alguém, sinto que preciso encontrá-lo, mas não sei quem é ou o motivo dessa sensação.


Eu estava com pelo menos cinco crianças penduradas em mim: duas nos braços, uma nas costas, outra na cabeça e mais uma na perna. Todas estavam desesperadas e assustadas com os cadáveres que acabamos de ver no grande corredor de gelo pelo qual passamos correndo, tentando sair daquele lugar que descobrimos ser um "hospital", conforme relatado pelas próprias crianças, a quem Nami insistiu que resgatássemos. Elas nos informaram que foram tiradas de suas casas por estarem doentes, porém Chopper garantiu que não pareciam doentes, e elas mesmas confirmaram que sabiam que algo estava errado naquele lugar, Punk Hazard.

De fato, todas elas estavam com uma aparência saudável. Não pareciam sequer estar resfriadas ou gripadas, aparentando total saúde, sem nenhum sinal de virose, alergia ou afins. Os relatos que nos forneceram apenas aumentaram nossa desconfiança em relação àquele lugar, assim como nossa curiosidade sobre quem seria o suposto Mestre do qual elas mencionavam ter cuidado delas durante todo aquele tempo. Isso me deixou ainda mais atenta, ciente de que esse homem não era confiável e provavelmente havia feito algo para manter essas crianças ali por tanto tempo, privadas de voltar para seus lares, para junto de seus pais e o conforto de suas famílias.

- Vejam aquela porta! É a saída! - Nami gritou, apontando para a luz esbranquiçada no fim da sala por onde corríamos.

- AYA! - Chopper gritou, acertando a porta metálica com toda a força de seus cascos e a arrombou. - Saímos!

- Que frio! - gritei, rapidamente abraçando meu próprio corpo conforme as crianças pulavam de cima de mim.

- Finalmente vamos voltar para casa!

Franky chegou logo após nós, com seu corpo transformado em algo que se assemelhava a um tanque, o que pareceu deixar os meninos agitados e cheios de excitação ao vê-lo nessa forma. Sanji e o samurai também estavam com eles, ambos se aproximando para nos socorrer.

Meu corpo começou a tremer com o vento frio que soprava contra nós, uma sensação bem diferente da ventania dos invernos chuvosos de Skypiea. Encolhi-me, com os joelhos ligeiramente dobrados, e abracei-me com força, tentando gerar calor com meus próprios braços - uma ideia tola. Mordi os lábios com força enquanto observava ao redor, contemplando apenas uma bela paisagem branca e brilhante, com pequenos granizos caindo no chão, tingindo-o com uma cor clara.

No entanto, ao olhar para o lado, meus olhos se arregalaram e minha boca formou um perfeito "o", sentindo minha pele empalidecer pelo susto.

Trafalgar Law estava recostado de lado na parede, me encarando de soslaio com aquele olhar penetrante e repleto de frieza. Ele fitava-me diretamente nos olhos, como da última vez em que nos encontramos. Mantinha a mesma essência desde o nosso primeiro encontro, a mesma da última vez em que nossos olhares se cruzaram, em que nossos olhos se fixaram um no outro. Todavia, havia uma diferença: a forma como ele me encarava naquele dia era de desdém, asco e indiferença; enquanto eu, por outro lado, encontrava-me na mesma situação que agora, assustada, nervosa e com medo diante de sua presença. Também estava surpresa por reencontrá-lo após dois anos sem saber seu paradeiro, suas atividades e, principalmente, como ele havia cuidado do meu coração durante esse tempo.

- Trafalgar-san... - uma gota de suor escorreu por minha testa.

- Você.

- E-eu...

- Droga, é a Marinha! - Sanji gritou, agarrando minha mão e puxando-me para correr.

- Vamos fugir pelo outro lado! - ordenou Franky, dando a volta com as crianças, que imediatamente o obedeceram.

Enquanto corríamos para o lado oposto, inúmeros pensamentos invadiam minha mente, tantos que sentia minha cabeça latejar, meu pulso coçar e pinicar, minha bochecha direita arder, e meu corpo todo gelar, tanto pelo frio quanto pelo nervosismo ao reencontrá-lo nesse estado. Deveria ter imaginado que fora ele quem cortara o samurai, deveria ter suspeitado! Estava tão óbvio, tão claro. Quem mais poderia cortar alguém em vários pedaços sem causar dano mortal? Fui vítima de sua habilidade, deveria ter percebido que ele era o causador daquela situação.

Levei a mão até o lado esquerdo do peito e senti o buraco oculto sob minhas roupas, recordando imediatamente daquele fatídico dia em que tudo mudou drasticamente em nossa relação. Vi-me então diante de uma imensa dívida para com ele, uma dívida que seria impossível quitar naquele momento e que seria igualmente inviável obter tal quantia em tão pouco tempo, de qualquer forma.

De repente, uma película de cor azul nos alcançou e acelerei os passos, segurando a mão de Nami firmemente, gritando para que todos saíssemos o mais rápido possível. Era uma Room. Não tinha dúvidas de que Trafalgar-san faria conosco o mesmo que fizera com o samurai. Se ele estivesse por trás do sequestro daquelas crianças, ou pelo menos conivente com quem estivesse tramando tudo aquilo, não nos permitiria sair dali com suas vítimas tão facilmente, sem tentar fazer algo a respeito.

Entretanto, nossos esforços para fugir foram todos em vão, pois, quando menos esperávamos, precisamos interromper nossa corrida para tentar entender o que havia acontecido com seus corpos. Chopper estava com o corpo de Sanji, que por sua vez estava com o corpo de Nami, que estava com o corpo de Franky, que havia se transformado em um guaxinim gigante. Minha primeira reação foi arregalar os olhos e abrir a boca, perplexa diante daquela situação. O que ele fez? Como vamos reverter isso? E, principalmente, eu ainda sou eu?

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