O labo B de Sophia Rosier
Quando tocamos o chão da sala da lareira, Njal soltou nossas mãos com carinho e após um discreto "tchau" ela desapareceu.
Olhamos para trás, onde estava a lareira, Laura estava de frente a ela segurando algo. Nós só conseguíamos ver suas costas, mas ela estava de cabeça baixa, provavelmente lendo alguma coisa.
- Tia? - Perguntou Soph.
Sua tia não pareceu perceber a nossa chagada, algo estava tomando totalmente sua atenção.
- Eu sabia... - Disse ela com a voz muito baixa, ainda sem se virar para nós. - Sabia que esse dia chegaria. - Ela parecia desolada.
Ela se virou com dificuldade e lentamente revelou o rosto chorosos, os olhos avermelhados e uma sútil olheira. Não parecia a pomposa Laura de horas atrás, senti até uma pontada de compaixão.
- O que aconteceu!? - Perguntou Sophia aflita largando as sacolas.
- Eu sinto muito. - Disse Laura negando com a cabeça olhando a sobrinha com carinho. Nunca imaginei ver aquela expressão nela, parecia que havia até sentimentos.
Segundos depois, sem avisar, um som rompeu da lareira e as chamas verdes revelaram aos poucos a sombra feminina de uma mulher alta, muito branca de cabelos loiros, eu a conhecia de vista.
- Laura. - Disse a mulher.
- Narcisa. - Disse Laura evitando o olhar.
- Você!? - Disse Sophia em uma postura de auto defesa.
- Humm... Não está sozinha.
- Narcisa, deixe elas.
- Acredito que seja uma questão de tempo, Laura, até Ele querer a participação delas.
- Você está louca!? - Vociferou Laura com os olhos arregalados.
- Todos terão sua parcela de glória com o Lorde, Draco também terá a dele.
- Obliviate!- Gritou Sophia para Narcisa em um ato totalmente ágil da amiga me fazendo saltar passos para trás.
- Sophia!? - Disse Laura quase gritando. - O que está fazendo!?
Narcisa congelou os olhos e ficou totalmente parada, parecia petrificada.
- Você é muito fraca. - Disse Sophia com aparente raiva e ofegante pelo ato impulsivo, mas ainda apontando a varinha para a mãe do Draco. - Não espere essa cretina falar, se defenda!
- Você está louca! Fazendo magia em casa!?
- Ou você é muito estúpida ou acha que eu sou. Bom, de qualquer forma, você é.- Sophia estava com o rosto avermelhando. Eu não fazia ideia do que ela estava fazendo. - Faz um tempo que descobri que o ministério não sabe rastrear magia feitas por menores, mas isso agora não vem ao caso. Vamos nos sentar. Pegue ela e a arraste para uma cadeira.
- Soph, o que está fazendo? - Perguntei a ela com temor.
- Improvisando. - Respondeu a amiga com frieza me olhondo com um sorriso sarcástico.
Laura pegou Narcisa pelo braço e a levou lentamente a mesa daquela sala, a mesa só tinha uma toalha e um castiçal central. Sophia pegou sua tia pelo braço com impaciência para ela sair da sua frente e a largou em uma cadeira de frente a mãe do Draco, ela ficou de pé na borda da mesa, me sentei ao lado da sua tia, eu não sabia o que fazer.
- Narcisa, o que você veio fazer aqui? - Perguntou Sophia com frieza.
Narcisa estava com suas expressões congeladas, imagino que Sophia estava fazendo mais feitiços em silêncio.
- Recrutar Laura Avery para o lado do Lordes das...
- Cala a boca! - Sophia estava muito alterada, eu não estava a reconhecendo. Uma mistura de ódio e arrogância oscilava em seu rosto. Ela se sentou com uma valentona na cadeira e ficou brincando com a varinha. - Vai fazer o que agora tia? - Perguntou ela com deboche.
- Eu nunca precisei me defender...
- Se não fosse o tio Eustáquio na primeira guerra, você estaria lindamente morta.
- Porque o seu pai me desprezava.
- Isso aí não é problema meu! Mas tenho que concordar com ele, você é desprezível.
- Como pode dizer isso!? Eu cuidei de você todo esse tempo, você é tudo que me resta!
- Exatamente, e se não colaborar, você vai morrer.
- Eu não vou sair da minha casa...
- VOCÊ NÃO TEM ESCOLHA! - Gritou Sophia se debruçando na mesa.- Njal não tem que te proteger para sempre.
- O que está dizendo? Essa ralé não me protege.
- Nossa... - Sophia começou a esmurrar a mesa com a varinha na mão, impaciente. Era intimidador. - Você é definitivamente, uma vergonha para a nossa espécie.
- Eu não entendo.
- Njal vem protegendo essa casa desde de que eu vim para cá. Você acha que nada nunca acontece porquê?
- Porque eu não preciso me defender de nada.
Sophia coçou as sobrancelhas com raiva, parecia estar se contendo para não surtar.
- O tio Maurício foi muito eficiente em proteger você do irmão dele.
- Ah, mas isso não era problema meu também.
- Tudo é problema seu! Você vai fazer exatamente o que eu te pedi...
- Não vou viver como uma trouxa em Hong Kong!
- Você quer acabar como ela?- Disse Sophia apontando a varinha para Narcisa.- Sendo escrava de um assassino!?
- Não, mas prefiro esquecer quem sou! Eu não vou viver com o Quong...
- Ele vai te proteger, ele é o único hoje que se importa com você. Tem bruxos lá tia, você só precisa esperar essa guerra acabar.
- E quem garante que vai acabar!?
- Jenna. - Disse ela calmamente olhando para mim.
Laura parece que notou que eu existia porque me encarou chocada, como se estivesse vendo um demônio ao seu lado.
- Vocês são valiosas mesmo. - Murmurou ela com um certo tom de ódio me medindo. E voltou a olhar para sobrinha. - É por isso que anda com ela?
- Eu a amo, sua ordinária! Você já amou alguém?
- Mas é claro que já! Eu a amo tanto, você é tudo que me restou!
- Você ama o luxo, mas eu acho que os monges vão fazer você pensar diferente. - Disse Sophia com um sorriso maldoso.
- Eu não vou! Eu não admito perder os meus cabelos!
- Ah... você vai. Ou quer que eu faça isso com você!? - Disse Sophia apontando para Narcisa estática ao seu lado.
- Eu prefiro que faça eu esquecer de tudo! Eu não vou virar refém da pobreza...
- Humildade. - Corrigiu Sophia. - Talvez você aprenda isso lá. Tem sorte de eu não te entregar ao Voldemort.
Sua tia se chocou e começou a chorar em silêncio novamente. Sophia raramente falava esse nome, mas sabia que ela queria causar um impacto ainda maior em sua tia.
- Ele vai vir atrás de você!
- Eu tenho Njal, tenho a Jenna, e tenho muitas habilidades das quais você não sabe nem que existem. Eu não sou só uma Rosier.
- Você é! Você é uma puro sangue! Sua mãe era tão única.
- Você tem muitas lembranças dela?
- Algumas. Seu pai era doente por ela, matava todos que a olhava com desejo, e ela achava que o amor dela poderia muda-lo... - Ela negou com cabeça rindo de nervoso. - Como ela era inocente.
- Do que mais se lembra dos últimos dias dela?
- Ela tinhas umas manchas na pele e febre também. Seu pai levou alguns curandeiros e ninguém descobria o que ela tinha.
- Talvez se ela tivesse feito exames de trouxa.
- O que está dizendo!?
- Se o nosso mundo se complementasse, talvez ela tivesse uma chance...
Sophia começou a ficar emocionada. Eu nunca parei para pensar que esse também era um dos seus empenhos em entender a medicina trouxa. Ela estava mais do que certa, a medicina trouxa era muito mais profunda que a bruxa, porque nem tudo era magia.
Sophia suspirou profundamente e bateu a ponta da varinha na mesa e logo abaixo um pergaminho apareceu, que, de onde eu estava, não sabia dizer do que se tratava.
- Assine. Eu quero o que é meu.
- O que!? - Disse sua tia voltando seu olhar para o documento. - Emancipação?
- Eu quero tudo que é meu, AGORA!
- Essa revolta toda contra mim é por causa de galeões...?
- Eu pareço me importar com isso !? Bom, eu nunca comprei um presente pra Jenna.
- É por isso!? Por alguns mimos!?
- Você é tão superficial.- Sophia parecia triste analisando a tia sentada. Ela se debruçou na mesa aproximando dela com um olhar penetrante. - Assine. Eu quero me livrar de você, dessa casa, das suas regras patéticas, do seu moralismo barato, do seu preconceito e da merda do seu controle sobre a minha vida! - Concluiu batendo na mesa.
- Tudo isso porque você quer...namorar mulheres? - Laura concluiu sussurando, como se estivesse dizendo o nome do Lord.
- É mais profundo do que isso. - Disse Soph sem olhar para sua tia.
- Você era tão linda. Parecia uma princesinha rosa, era tão incrível como você era um bebê charmoso, feliz, você foi a filha que nunca tive...
- Você abortou 7 vezes!
- 9... Eu deveria ter tido gêmeos...
Poderia jurar que meu coração quis parar, só de pensar nos gêmeos e uma possível ausência deles ou morte precoce. O mundo seria mais pobre sem sem as suas brincadeiras e piadas...
- Você é um monstro! - Gritou Sophia dando outro soco na mesa. - Me convença a não entregar você a ela!
- Você só tem a mim...
- Não, eu tenho tanta coisa que você jamais será capaz de compreender. Existe muito amor e paz aí fora, coisa que essa porcaria de educação que você me deu jamais vai saber! Assine agora!!!
- Podemos negociar?
- Mas é claro. - Disse Sophia com sarcasmo. Ela não parecia estar disposta a isso.
- Não corte seu cabelo.
Eu deveria alertar Laura de quê isso não iria funcionar.
- Ok.
Acho que no fundo Sophia não queria torturar a tia ou a obriga-la a nada, apenas queria ver ela ceder na conversa.
Laura assinou com lágrimas caindo sobre sua mão.
- Você tem uma penseira? - Perguntou Sophia a tia após ela assinar.
- Sim, mas não gosto...
- Me dê as lembranças que você tem da minha mãe. - Sophia conjuroi um pequeno tubo de vidro com tampa de cortiça.
Laura titubeou por um segundo mas pegou o tubo e sua varinha, que a encostou levemente na cabeça. Ela fechou os olhos e ficou um tempo em silêncio e puxou uma fila linha iluminada da cabeça, e colocou dentro do fraco.
- Pelo menos alguma coisa você sabe fazer. - Disse Sophia fechando o tubo e guardando no bolso da calça.
- Ela teria orgulho de você.
Sophia deixou cair uma lágrima e eu também não consegui evitar.
- Njal. - Disse Sophia se recompondo. A elfa apareceu um pouco distante da mesa. - Sente-se.
- Como pode convida-la...
- Calada! - Sophia pensou um pouco segurando a varinha e prosseguiu. - Njal eu vou fazer Narcisa esquecer desse momento e achar que vistoriou a casa inteira. Vou a posicionar próximo da lareira e você diz que teve autorização para saber o que ela queria mas que minha tia sumiu, sem deixar rastro. Diga que você está cuidando da casa por que ainda é leal a mim mas que estou de férias com amigos desconhecidos. Se ela se negar a ir ou fazer algo você a envia imediatamente para a mansão dos Malfoy e lacre a entrada e todo o terreno, com o máximo do seu potencial, eu irei fazer o mesmo caso precise.
- Somos Rosier! Não deveríamos estar nos escondendo!
- Pois bem, tia, vá se despedindo da sua casa, essa noite você vai embora. Saberá quando tudo estiver bem. Não se preocupa, seus bens ficarão com você e os meus comigo. Njal irá até você quando necessário mas não a use muito, ela pode virar um alvo. E sobre meu sangue... A linhagem dos Rosier acaba em mim, eu jamais terei um filho.
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