ㅤㅤ— Já tem algum lugar em mente? — perguntou, vendo-o fechar a loja.

ㅤㅤ— Claro que tenho, você deveria imaginar. — brincou, terminando o que estava fazendo e guardando as chaves consigo.

ㅤㅤ— Estou ansioso.

ㅤㅤ— Calma, garoto. Nem parece que vamos curtir. — Balançou as chaves nos dedos, seguindo o caminho ao lado dele, que o seguia.

ㅤㅤ— É apenas um dos meus traços. — disse, mexendo nos próprios dedos, como se quisesse imitá-lo. — Acho que vamos poder nos conhecer melhor hoje.

ㅤㅤ— Isso é bom. Desde que chegou que eu penso que é uma pessoa interessante, Choi. — disse, mas ele o olhou de uma forma estranha. — E-e olha só, temos o mesmo sobrenome.

ㅤㅤ— Talvez somos irmãos perdidos! — brincou, empurrando seu ombro de leve.

ㅤㅤ— É aqui. — disse ao empurrar a porta do estabelecimento.

ㅤㅤ— Mais um lugar caro, senhor Choi? — brincou usando seu sobrenome.

ㅤㅤ— Não é tão caro assim. Olha, aquela mesa está vazia. — Pegou seu pulso e o puxou para a mesa com Soo-bin aceitando o contato do novo amigo.

ㅤㅤAssim que se sentaram, pediram dois chopes e começaram a beber cedo, sem se importarem de acabarem a noite bêbados demais. Afinal, era a primeira vez que saíam juntos para beber, tinha que ser uma noite histórica.

ㅤㅤ— Quando eu tinha oito anos, — ele começou a contar depois de uns bons goles — eu vi uma tartaruga na beira de um lago enquanto eu passeava com meus pais. Por algum motivo, eu cismei que ela precisava de ajuda. Então, eu gritei "Eu vou salvar você, tartaruga!" e saí correndo para dentro do lago. — Nessa parte da história, Yeon-jun já estava rindo. Nem sabia se era efeito da bebida ou não. — Só que eu não vi que o solo era basicamente lama pura. Então, quando dei o primeiro passo na beira, afundei até os joelhos. Eu comecei a ficar em pânico, comecei a me mexer tentando sair, mas quanto mais me mexia, mais afundava. Minha mãe gritou: "Soo-bin, fica parado!", mas eu respondi: "Não posso, a tartaruga precisa de mim!". — Yeon-jun gargalhava. — No fim, meu pai teve que me puxar de volta pela camisa, com metade do corpo coberta de lama e uma tartaruga nas mãos, que provavelmente estava me odiando. Meus pais ainda tiraram uma foto de mim todo sujo de lama com ela, com uma expressão de orgulho por "tentar salvar a tartaruga".

ㅤㅤ— Caralho... Eu não poderia imaginar o quão longe um garotinho poderia chegar para tentar salvar uma tartaruga que nem precisava de ajuda. — disse, se recuperando depois de tanto rir. Garçom, por favor, mais dois chopes.

ㅤㅤ— Até hoje minha mãe chama isso de "A missão heroica que ninguém pediu". — disse, rindo junto com ele.

ㅤㅤO som da risada de Soo-bin era algo que ficaria agarrada na cabeça de Yeon-jun, era como se fosse satisfatório ouvi-lo rindo daquele jeito.

ㅤㅤ— Quer saber? Vamos dançar? — perguntou, animado. Parecia que está até suando.

ㅤㅤ— Dançar? Não tem medo de acabar vomitando, garoto? — perguntou, debruçando-se em cima da mesa enquanto analisava a pista e pensava se era uma boa ideia.

ㅤㅤ— Deixa disso. — Ficou de pé de uma vez só, segurando sua mão solta em cima da mesa. — Vamos dançar.

ㅤㅤ— Sério?! — perguntou sem nem perceber que já estava sendo arrastado pelo próprio até a pista de dança.

ㅤㅤSoo-bin não disse nem uma palavra, apenas viu Yeon-jun arriscar-se no pouco de dança que sabia, enquanto ele dançava desajeitadamente, sem se importar se o álcool falava por ele ou não. Estava tão animado que Yeon-jun nem se preocupava mais em estar passando vergonha, estava apenas feliz por esse momento, ambos rindo juntos um do outro.

ㅤㅤ[...]

ㅤㅤNo dia seguinte, Yeon-jun sentia a dor da ressaca martelando em sua cabeça. Mas sabia que tinha valido a pena cada momento, tinha sido uma noite inesquecível para ele, daquelas que ele não esqueceria com uma dor de cabeça qualquer.

ㅤㅤ— Eu vi você e o Soo-bin saindo juntos ontem. — seu outro colega de trabalho, Kai, disse, enquanto ele estava sozinho no balcão.

ㅤㅤ— Viu? — parecia surpreso.

ㅤㅤ— Por que está tão surpreso? Isso é estranho. — Ele riu. — Sim, eu vi vocês fechando a loja e indo para um bar aqui perto. Happy hour, é?

ㅤㅤ— Sim, a gente... resolveu curtir um pouco, aproveitando que ele tá começando agora. — disse, olhando-o organizar as coisas de longe, até perceber o que estava falando. — A-ah, desculpe por não ter te chamado, eu...

ㅤㅤ— Relaxa, cara. — Deu um tapinha no seu braço. — Sei que vocês estão se dando muito bem. Fico feliz por isso. É bom ver uma amizade assim.

ㅤㅤKai foi embora, mas o termo "amizade" ficou na sua cabeça. Será que era isso que eles tinham? Amizade?