𝐂𝐀𝐏𝐈́𝐓𝐔𝐋𝐎 2. A caçada.
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"You'll never know what hit you."
— The Devil Within, Digital Daggers
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📍Marselha, França.
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OS ECOS do alarme ainda ressoavam em minha mente enquanto deixava o prédio. O plano perfeito agora estava em cautela, com mais um obstáculo. Com as chaves nas mãos de Alex, o acesso a informações que poderiam me levar a um novo nível na minha carreira seria inalcançável. Mas a frustração não era a única emoção que me consumia, havia uma certa adrenalina que eu não conseguia ignorar.
Mantive-me calma, respirando fundo de tempo em tempo. Desaparecer nas ruas de Marselha não foi uma tarefa complicada, mas a urgência do momento me empurrava para a próxima ação. As sombras eram minhas aliadas, e a noite, uma tela perfeita para meus planos. As ruas estavam movimentadas, mas isso não me incomodava. A multidão funcionava como um disfarce, e enquanto outros se distraíam com a vida noturna, eu buscava um lugar seguro para repensar minha estratégia.
Encontrei um pequeno café no canto de uma rua pouco iluminada. Era o tipo de lugar que passava despercebido, e a mistura do cheiro do café com o pão fresco me trouxe um breve momento de conforto. O sino que tocara avisando minha entrada não era tão silencioso e discreto como nos filmes, e me surpreendera sua presença. Não imaginava que isso mais se usavam.
Abaixei o capuz ao adentrar, e pude sentir o cheiro incrível de cappuccino quente. Naquela noite fria, suspeitava que seria o pedido principal do cardápio no dia.
Sentei-me em uma mesa afastada, mas mantive a cabeça erguida e o capuz puxado, mostrando temporariamente a lace¹ preta que tinha previamente colocado.
Notei meus pelos eriçados do braço ao pegar o celular. A tela iluminou meu rosto, e uma onda de tensão percorreu meu corpo. Era hora de entrar em contato com Viktor.
Viktor
Precisamos conversar.
²³:¹⁶
Digitei rapidamente, enviando a mensagem. Era um risco, mas eu não podia agir sem um plano.
O café estava quase vazio, e o barista olhou para mim com desconfiança. Quebrei o contato visual, mas o vi andar até minha mesa.
— Precisa de algo, senhorita? — Disse o garoto. Ele aparentava ser da minha idade, talvez um pouco mais velho. Seu avental com o seu crachá relevou seu nome, e tive que pensar em algo rápido.
— Mais um café, por favor, uhm... — Fingir ainda não ter lido seu crachá.
— William. — Respondeu, antecedendo minha fala.
— William! — Repeti com um sorriso no rosto, afastando quaisquer desconfianças que o garoto antes tinha de minha pessoa. Totalmente deduzível pela sua linguagem corporal.
Afastei o olhar, mantendo a atenção no telefone, até que ele vibrasse.
Viktor
A qualquer momento. É urgente?
²³:¹⁸
Urgente.
²³:¹⁸
Após minha resposta, enviei-lhe meu endereço. Em poucos minutos, ele chegou, sempre discreto, vestindo um casaco escuro que parecia fundir-se com a noite. Ele se sentou à minha frente, com uma expressão rígida, de preocupação provavelmente.
— O que aconteceu? — Perguntou, analisando meu rosto enquanto se acomodava no assento à minha frente e apoiando seus braços cruzados na mesa.
— Alex, para variar. Ele estava lá. E roubou a chave que eu consegui de Renard. — Respondi, sem rodeios. A frustração era palpável na minha voz.
— Ao menos decorou o número da chave?
— A-2743, mas sem a chave, o código é inútil.
— E sem o código, a chave é inútil. — Ponderou.
— Eu não posso permitir que ele interfira na minha próxima jogada. — Finalizei, ignorando sua fala e quebrando o contato visual que antes mantinha firmemente.
— Você sabe que ele é uma constante. Ele nunca vai parar de tentar te superar, William não permitiria. — Viktor ponderou, referindo-se ao pai de Alex.
— Cuidado, o barista pode pensar que está falando com ele. — Ironizei o aviso, e Viktor parece ter notado a piada.
— Precisamos de uma nova abordagem. — Disse, mudando de assunto.
Pensei por um momento, lembrando da interação até que recente. Alex não apenas me conhecia, ele parece saber como eu penso. Isso era o que tornava cada encontro tão desafiador. Um sorriso provocador se formou em meus lábios, quase imperceptível.
— Vingança está na minha lista de palavras favoritas, Viktor. Não posso deixá-lo ganhar essa, e não deixarei. — Afirmei, firme.
Viktor inclinou-se à frente, seus olhos fixos nos meus.
— Certo, mas tenha cuidado. Isso significa que você precisa ser mais estratégica. Se você tentar confrontá-lo sem um plano, poderá acabar em uma situação ainda pior. Lembre-se do que está em jogo.
Não contestei sua fala, Viktor tinha razão. Alex não era apenas um rival, eu reconhecia suas habilidades. Ele é oponente inteligente, e subestimá-lo poderia ser um erro. A batalha não era apenas física, havia um jogo psicológico envolvido.
— E se eu o atraísse? — Sugeri, um plano começando a se formar em minha mente. — Eu poderia usar a chave que ele roubou como isca. De alguma forma, fazer com que ele acredite que tem a vantagem.
Viktor arqueou uma sobrancelha.
— E como planeja fazer isso?
Durante alguns segundos, paramos de falar para esperar William cuidadosamente colocar meu café na mesa, retirando também a antiga xícara.
O agradeci antes de responder Viktor.
— Diremos que Renard fala demais em telefonemas. Antes que eu o matasse, descobri por meio da ligação que os Romanov têm um novo carregamento de armas chegando na cidade. Se eu fizer parecer que estou interessada, posso chamá-lo para a armadilha.
A ideia parecia arriscada, mas era exatamente o tipo de desafio que me fazia sentir viva. Viktor considerou, balançando a cabeça lentamente. O homem à minha frente é um homem de meia-idade, com barba e cabelo grisalhos bem cuidados, aparentando estar na faixa dos quarenta e poucos anos. Porém, apesar das feições comuns, porém marcantes, seu olhar sério e firme denotava sabedoria. Eu confiava nele, e ele em mim. E, ao analisar sua aprovação quanto à minha ideia, pude sentir uma determinação crescente dentro de mim.
— Isso pode funcionar, mas você deve ser cuidadosa. Alex não é um idiota. Ele pode perceber que é uma armadilha.
— Eu sei. Mas estou disposta a correr o risco. Eu sempre estou. — Minha voz era firme, e nos meus lábios acomodava-se um sorriso ladino.
Viktor assentiu, parecendo satisfeito com minha determinação.
— Bem, se você está decidida, vamos reunir mais informações. Você vai precisar de uma base sólida para essa armadilha. — Viktor olhou as redondezas antes de continuar, mas sua resposta parecia rígida. — Me segue.
E então, Viktor se levantou e andou em direção à porta. Também me levantei da mesa, e me apressei para pagar o que eu havia consumido.
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— Por que a pressa na cafeteria? — Questionei Viktor, que agora dirigia no limite da velocidade permitida, mas não respeitava os semáforos.
— Não o viu? — Questionou, e eu franzi as sobrancelhas confusas.
— Não... Quem?
— Não interessa. Só lhe interessa de que ele é aliado da Casa Romanov. Estava sentado na mesa mais distante da nossa, vestimentas e capuz preto, provavelmente escondendo uma escuta.
Rapidamente olhei para o retrovisor, para certificarmos de que não estávamos sendo perseguidos. Nada.
— Acha que ele nos escutou?
— Não. Ele não estava lá para isso.
— Então para quê?
— Movimentação, e talvez a linguagem corporal esteja incluída nisso também. Você não tem ideia do quanto você pode descobrir de uma pessoa apenas com os movimentos de seu corpo, Scarlet. Ele queria saber se temos um plano.
— E descobriu?
Aguardei uma reposta, encarando-o enquanto ele encarava a rua e, de vez em quando, o retrovisor.
— Não.
Após longos minutos de corrida, com Viktor dando voltas em lugares que normalmente não passaríamos apenas para ter certeza de que realmente não havia ninguém, o mesmo quebrou o silêncio que antes de instaurava no carro.
— Você tinha o visto ao entrar na cafeteria? — Questionou, e eu sabia a quem ele se referia.
Hesitei alguns segundos para respondê-lo.
— Não. — Respondi em um tom baixo.
Viktor bufou, e quase pude sentir a reprovação que ele guardava na língua.
— Melhore. — Foi tudo o que disse.
Depois de mais algum tempo de completo silêncio, paramos em um beco escuro e fechado, de frente para um bar no qual imaginei estar cheio de homens. Levaram-se bons 10 minutos para que Viktor se certificasse de que o carro não teria um rastreador escondido em algum lugar.
Após procurar em todo e qualquer canto, adentramos no bar.
— Acabei de tomar dois cappuccinos, não sei se deveria misturá-lo com gin. — Confirmei para o homem ao meu lado. Viktor não me respondeu.
Uma vez dentro, notei que não se tratava de um bar comum. Além das inúmeras bebidas alcóolicas, vinho também era oferecido com garçons, mas isso apenas na área Vip, onde Viktor conseguiu que permitissem nossa entrada.
Diferentemente da área Não-Vip, ali haviam mulheres seminuas, dançando lentamente no pole-dance enquanto chuva de notas altas caíam sob elas.
Passamos por elas também.
Após sentarmos na mesa que nos esperava, dei-me de cara com outros recrutas da Casa Caccini. A minha Casa.
A conversa entre todos rapidamente se transformou em uma troca de planos e estratégias. Montamos um esboço do que precisaríamos fazer: investigar o carregamento de armas, coletar dados e, principalmente, rastrear os movimentos de Alex sem que ele percebesse.
Horas se passaram, e quando nos separamos, a brisa fresca da noite me atingiu. As ruas estavam mais tranquilas agora, e o céu se enchia de estrelas pela madrugada que as envolviam. Eu precisava de um local para me esconder enquanto organizava meu plano. Decidi ir ao meu esconderijo, um apartamento pequeno e discreto no centro da cidade, onde poderia monitorar os movimentos sem ser vista.
Assim que entrei, uma onda de alívio percorreu meu corpo. O lugar era simples, mas tinha tudo o que eu precisava: computadores, mapas e armamentos. Conectei o computador e comecei a pesquisar tudo sobre os Romanov e o carregamento. A cada clique, a ansiedade crescia, mas a determinação também.
Uma notificação piscou na tela, e meu coração acelerou.
Era um alerta sobre um encontro suspeito, algo que poderia estar ligado ao carregamento. O nome do lugar me era familiar: o armazém no porto. A oportunidade de dar um golpe em Alex estava à vista.
— Bingo. — Murmurei para mim mesma, preparando meu equipamento. O plano estava tomando forma, e, a partir daquele momento, eu seria a caçadora, e não a presa.
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𝔓𝔞𝔩𝔞𝔳𝔯𝔞𝔰: 1748
Por favor, deem opiniões sobre o capítulo!!🤧💕
🅳🅸🅲🅸🅾🅽Á🆁🅸🅾:
[¹] Lace: material fino e transparente, parecido com uma tela, usado na confecção de perucas para criar uma aparência mais natural. Esse material é colocado na parte da frente da peruca, onde a linha do cabelo começaria, e é onde os fios são cuidadosamente presos à mão.
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