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Park Jimin

Tem uma pedra dentro do meu sapato e isso me dá muita agonia.

Eu só queria sentar no chão, tirar essa pedra e calçar o sapato de volta. Mas não posso fazer isso, todos os padrinhos tanto da parte de Namjoon, quanto de Seokjin já estão enfileirados organizadamente esperando apenas a hora de entrar na igreja.  E como eu não sei quando "essa hora" chegará, melhor não arriscar entrar pulando em um pé só na igreja.

— Você vai abrir uma cratera no chão de tanto se mexer! — sussurrou Jungkook no meu ouvido. Seu hálito com cheiro de bala de hortelã fez cócegas no meu pescoço.

Analiso Jeon discretamente. Meu coração aperta mais uma vez ao ver que ele cortou o cabelo, agora não passa de sua nuca. Claro que eu entendi a vontade repentina de mudança que o atingiu. Mesmo depois de dois anos, o fantasma de Taehyung paira em nossas vidas. Aém de mim e das cicatrizes agora eternas em sua pele, Jungkook não queria ter nada que o lembrasse daquele dia horrível. Infelizmente seu cabelo fez parte da mudança. Ele continua lindo e atraente, mas ainda estou me acostumando.

O terno negro bem passado faz um contraste adorável com sua pele alva. Todo o conjunto – desde o relógio de ouro em seu pulso até os sapatos de couro bem lustrados –, o deixam com uma aparência mais velha e madura. Jeon está realmente crescendo, mordo o interior da minha bochecha me sentindo uma mãe orgulhosa.

— Você está lindo. — sussurro de volta.

— Essa é a milésima vez que você fala isso, Minie. — contenho um sorriso ao encarar minhas unhas. — Mas pode repetir o resto do dia, eu não vou me cansar. — termina com um sorriso ladino.

Uma limosine para na calçada. Viramos quando Kim Seokjin desce do veículo. Dizer que meu melhor amigo tem a beleza de um deus é quase um eufemismo. Seus cabelos estão cuidadosamente penteados para trás, o terno branco feito sob medida o deixa com uma aparência leve e jovial. Nossos olhares se encontram brevemente quando ele me acha na fila. Seokjin ergue uma mão em aceno acompanhada de um sorriso capaz de roubar o brilho do sol, denunciando toda a sua felicidade. Claro que talvez eu esteja exagerando e seja apenas um amigo babão.

O observo entrelaçar o braço com o de sua mãe, que usa um longo vestido vermelho, deixando claro de onde a beleza de seu filho saiu.

Um a um, os pares de padrinhos entram na igreja. Aqueles convidados por Seokjin ficam à direita do altar, os convidados por Namjoon à esquerda.

Apesar do casamento não ser meu, sinto um frio na barriga ao entrar no ambiente. A perspectiva de um dia ser o meu casamento me deixa levemente tonto.

E lá está Namjoon, meu antigo superior, depois que foi afastado da delegacia por ter escondido a gravação de Alice, o Kim teve que arranjar outro emprego, trabalhando em um caixa de supermercado porque não queria frustrar todos os planos para o próprio casamento. Três meses se estenderam para dois anos, mas enfim eles tinham o que precisavam. E aqui estamos nós.

Os dedos de Namjoon brincam nervosos pela barra do terno negro. Assim como Seokjin, seus cabelos estão penteados para trás. Meu amigo dá leves pulinhos nervosos ao lado do padre, seu sorriso de covinhas só aumenta a cada minuto.

— É errado eu dizer que o Namjoon tá um puta gato hoje? — sussurra Jungkook assim que nos posicionamos do lado direito da igreja.

— Não pode falar palavrão dentro da igreja. — o repreendo no mesmo tom. — Mas, caralho! Que homem! — Jungkook me belisca forte enquanto tento não rir.

— Hipócrita. — ele sibila empinando o nariz.

— Fique calmo, querido — Jeon sorri. — ou você vai acabar respirando o oxigênio da terra toda com essas ventas de boi. — Jungkook faz uma careta e eu rio baixinho levando a mão esquerda dele até minha boca e deixando um beijo estalado.

A música típica de casamentos começa a tocar. Todos os presentes levantam, dezenas de pares de olhos estão voltados para a porta de onde algumas crianças entram espalhando rosas pelo chão. Olho de esgueira para Namjoon, ele torce as mãos com tanta força que tenho medo de que as quebre antes que Jin entre na igreja.

Então Seokjin entra. Ele trás um buquê de rosas na mão, se Jin está nervoso, consegue esconder muito bem. Por outro lado, ao olhar novamente para Namjoon, o observo subitamente calmo. Sua boca está levemente aberta, o olhar que ele lança a Seokjin é tão íntimo que desvio o meu, como se eu tivesse sido pego vendo algo que não deveria.

A mãe de Seokjin o entrega para Namjoon com um abraço, a mulher chora silenciosamente. Jungkook deita a cabeça no meu ombro enquanto assistimos o padre falar por algum tempo. Depois dos votos trocados, o padre anuncia que eles já podem se beijar. Os clicks das fotos preenchem o ambiente nesse momento. Namjoon puxa Seokjin suavemente pela nuca antes de beijá-lo.

— Quando a gente casar, eu quero vestir o terno preto. — devaneia Jungkook ao meu lado.

— Você pode vestir o que você quiser, meu amor. — acaricio as mãos dele vendo Namjoon e Seokjin seguirem para a porta da igreja enquanto cumprimentam as pessoas ao passar.

— E se eu não quiser vestir nada? — ele provoca forçando uma expressão pensativa no rosto.

— Então eu peço encarecidamente que reconsidere essa ideia momentaneamente. Eu juro que você não vai precisar usar nada quando estivermos sozinhos. — dou leves batidinhas na cabeça dele ao levantar.

— Vou pensar nisso. — Jungkook também levanta. — Hora da festa! — ele agita os braços animadamente. — Eu vou comer até sentir vontade de vomitar, aí eu vomito e volto pra comer mais!

— Não seja tão sem noção. — falo passando um braço pelo ombro dele.

— Aish. — ele murmura, fazendo um biquinho adorável.

Na porta da igreja encontramos os recém casados. Abraço ambos fortemente, desejando tudo de bom para a vida deles.

— Você fica bem de azul marinho. — diz Jin e eu olho para meu terno da cor mencionada pelo homem.

— É, mas eu fico bom com todas as cores, então... — dou de ombros. Namjoon faz uma careta, Jin revira os olhos e Jungkook abafa uma risada.

—Onde vai ser a lua de mel? — pergunta Jungkook cruzando os braços.

— Jin insistiu em irmos para o Brasil. Ele quer visitar as praias do nordeste brasileiro, além de comer churrasco e um tal de pão de queijo. Basicamente fui ameaçado caso esse não fosse nosso destino de viagem. — Seokjin bate no ombro de Namjoon enquanto ri.

— Falando assim até parece que você não quer ir. — retruca Jin erguendo uma sobrancelha.

— Com você eu vou até pro inferno. — Namjoon dá um selinho no marido que fica com as bochechas vermelhas.

— Bem, nada de inferno por hoje! Só bençãos! Não deveríamos estar indo para o salão onde vai ser a festa? — pergunto puxando Jungkook. — Nos vemos lá, ok? — ambos concordam se afastando com um aceno.

— Qual a probabilidade da gente conseguir entrar na mala deles pra ir para o Brasil? — pergunto entrando no carro.

— Altas para você, com esse tamanho! — Jungkook riu e uniu o polegar e o indicador em um gesto errôneo da minha altura.

— Muito engraçado você! — murmuro ligando o carro.

— Ei, Jimin-ah! — olho para Jeon fingindo estar bravo. — Eu te amo. — ele se inclina no banco e me beija.

— Eu também. — retruco passando o polegar pela bochecha dele.

— Você também o quê?

— Eu também me amo, óbvio. — Jungkook bufa e se afasta para o próprio assento. Rio e o puxo pela gravata do terno. Quando nossas bocas estão quase se tocando, eu completo:

— Eu também amo você, Jeon Jungkook.

Esse foi o último conto! Obrigada pelo feedback de todas as histórias! Espero muito que tenham gostado!💙

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