
ᥫ᭡ 018
— O QUÊ!? OUTRA GAROTA? COMO assim? — disparo a perguntar, estou perdida na conversa, principalmente sobre o meu papel no meio disso tudo. O que ela está tentando insinuar?
— Sim, outra garota — ela diz. Sua voz está trêmula, como se lhe falta força e coragem para dizer. — Você, Jiyoon.
Eu dou risada, mas é de desespero.
De todas as milhares de pessoas no mundo, ele com certeza não está apaixonado por mim. Não estou falando isso como "eu não sou boa o suficiente", porque sei muito bem o meu valor. O que estou querendo dizer é que, não há a chance de ele estar apaixonado por mim porquê só há espaço para um sentimento de cada vez, e no momento, é ódio mútuo.
— Eu? — certifico-me se é realmente sério todo este papo.
— Sim, você.
— Yujin, eu não acho que tenha um outro alguém nessa história. Mas se houver, eu te asseguro de que não sou eu.
Ela não parece convencida pela minha resposta, mesmo que seja a única verdade plausível. Eu não presencio o relacionamento deles de perto, nem quero, então não posso opinar sobre o motivo do término. O que posso garanti-la é que, em nenhum momento eu contribui com algum tipo de sentimento que não seja negativo.
Ele e eu não nos suportamos, é apenas isso o que há. Sem clima, sem tensão, sem segundas intenções. O máximo que poderemos dividir um com o outro algum dia é o primeiro pedaço do bolo de aniversário de Chan. Dele eu não quero nada que não seja distância. Não suporto ficar nem no mesmo cômodo que ele.
— Você acha que eu sou idiota? — ela pergunta, soando tão rude como se eu houvesse acabado de a insultar, quando sou eu quem está tentando ser sã no meio desta conversa. — Eu posso ser ingênua algumas vezes, mas não sou estúpida. Acha que não percebo quando vocês começam a se olhar por uma eternidade? Está perfeitamente claro para mim que vocês dois se gostam.
— Honestamente, eu não acho que você seja idiota, ingênua ou estúpida, eu acho que você é uma tremenda de uma louca — se ela está me tratando assim sem motivo, agora eu darei a todos os motivos possíveis para fazer.
Yujin e eu nos dávamos bem quando tudo isso começou, ela era a melhor dos dois no casal. Baek parecia divertida, fofa e gentil, mas, assim como o namorado, era apenas uma máscara por todo este tempo. Eu fui educada e policiada o tempo inteiro, mas se mesmo assim ela foi tão sem noção, agora eu vou tratá-la do mesmo modo. Eu não estou com saco para aturar a reação de uma criança mimada que pela primeira vez na vida parece ter recebido um "não".
— Você está alucinando, criança. Está vendo coisas onde não tem. Hyunjin e eu somos como veneno um para o outro, deixe muito perto e vamos acabar nos matando.
Ela não quer ouvir nada do que eu digo, só há uma verdade na sua mente. Baek está irredutível, parece estar entrando em um surto psicótico, em um colapso mental. Suas mãos deslizam pelo rosto de forma esquisita, me assusta, ela não parece em bom estado mental.
— Eu gostava de você, Jiyoon — ela diz ao erguer a cabeça para me olhar. — Eu pensei que pudéssemos ser boas amigas, mas você o tirou de mim!
Eu? Mas eu estou apenas existindo.
Cada segundo, cada palavra, eu perco mais a paciência. Eu não acordei às cinco da manhã para ouvir esse papinho não. Se o relacionamento dela fracassou, o problema é deles dois, não meu. Não quero que me envolvam nesse triângulo amoroso que existe apenas na cabeça dela. Estou farta de tudo.
— Ah, tenha santa paciência! — eu perco o restinho da que eu tinha. — Eu não tenho cabeça para aturar esse papinho, já te disse que não há absolutamente nada entre ele e eu. Você acredite no que você quiser, não sou a responsável pelas suas alucinações.
— Você não pode apenas admitir de uma vez? — ela interroga. — Você negar, quando eu já sei a verdade, só torna as coisas piores.
— Eu não tenho nada para admitir! — falo ríspida. — Também não tenho mais nada para fazer aqui, passar bem!
Dou às costas para ela. Eu não tenho saúde, sossego, paz, saúde mental. Não tenho um minuto de folga. Cansei dos dois, eles me dão nojo, são um pior que o outro. Eu opto por me retirar antes que perca a minha sanidade. Necessito reservar os meus 13% de saúde mental.
— Ah, não. Você não vai escapar de mim assim tão fácil! — ela diz, me segurando pelo braço.
Tento puxar meu braço de volta, mas a danada consegue ser mais forte do que o esperado. Ela está segurando o meu braço com uma força que passa a ficar desconfortável e doloroso, seus dedos já afundam na minha pele, deixando-a vermelha. Eu estou ficando doida para fazer o mesmo com a minha mão na cara dela.
Minha respiração fica mais pesada com a raiva que se acumula no meu corpo, eu irei perder não só a paciência, como a cabeça e o controle. Suspensão, expulsão, nada parece me importar, no calor do momento eu só quero partir para cima dela e acabar com essa palhaçada.
Eu penso em levantar a mão, mas, não posso confirmar ainda se por sorte ou azar, ele aparece, o causador de toda essa discussão, Hwang Hyunjin. Quando vê a cena, Yujin me segurando pelo braço e as dezenas de alunos nos observando pelas janelas das salas, ele corre até onde nós duas estamos.
— BAEK YUJIN! — Hyunjin grita o nome da sua ex-namorada. — O que pensa que está fazendo!? — ele pergunta em plena fúria. — Solta ela, agora!
Ela obedece. A garota finalmente me solta. Durante nenhum momento ela teve os seus olhos marejados, mas foi apenas olhar para Hyunjin que seus olhos se encheram de lágrimas. Por um momento achei que fosse se iniciar uma ceninha de choro, seria o delírio da plateia. Mas ela não consegue atuar tão bem para fazer as lágrimas descerem.
— Foi por causa dela, não foi? — Yujin questiona com os olhos cheios de lágrimas, apontando o dedo para mim. — Me fala! Foi ela, eu sei que foi.
— Do que está falando? Perdeu o juízo? — ele debocha. — Você quer mesmo que eu exponha aqui e agora todas as merdas deste relacionamento idiota?
Eu saio de foco. A discussão passa a ser sobre os dois, o que eu deveria estar grata, se eu pudesse sair daqui.
A cada palavra que esses dois dão eu quero sumir, ir para longe. Mas eu apenas não consigo me mover. Como eu me meti nesse triângulo amoroso sendo que a única coisa que eu tenho feito nos últimos dias, que envolva o Hwang, é odiá-lo?
— Yujin-ah, eu terminei o namoro porquê não sinto nada por você — ele diz.
Cochichos e mais cochichos, o que eu estou tentando evitar é exatamente o que eu ouço. Pessoas fofocando pelas janelas e digitando com volúpia nos seus celulares, provavelmente enchendo a escola inteira da ceninha nos corredores e me envolvendo no meio da discussão.
Onde estão os professores quando se precisa deles? E os educadores que estão em sala, por que não fazem nada?
Eu estava torcendo para Chan ignorar o meu pedido e me tirar daqui, mas ele é respeitoso até de mais. Neste momento eu já pedi a Deus, Buda ou quem for, para me salvar da situação em que me encontro.
— Mas você me disse que... — ela tenta encontrar uma forma de amenizar a situação.
— Eu disse que iria dar uma chance para nós dois porquê você praticamente me implorou — ele joga a merda no ventilador. — Você espalhou o boato de que estávamos namorando e eu só aceitei tudo isso para não te fazer passar por mentirosa. Mas que se dane, todos já sabem mesmo.
— Mas, amor... eu te disse, eu te amo!
— E o que você esperava que eu fizesse? Que mentisse para você e dissesse que também sinto o mesmo? — meu Deus, me salva, me tira daqui. — Sinto muito se você queria viver assim, mas eu não irei me cercar de mais e mais mentiras. Quanto as coisas que você me disse, não posso fazer nada sobre. Eu nunca pedi pelo seu amor, ou disse que te corresponderia da mesma forma. Se pensou que eu te amava, você mesma se enganou, porque eu nunca te disse isso.
— YA! Hwang Hyunjin...! — ela grita. Agora as lágrimas caem, mas não penso que sejam falsas.
— Não, me escute! — ele fala, completamente autoritário. — O desastre que fomos nós dois não tem nada a ver com Jiyoon. Tente gastar a sua energia com algo melhor do que encher a porra do meu saco!
— Você... EU TE ODEIO! — ela grita aos prantos, correndo para longe.
— Então entra para a fila! — ele fala de volta.
Wow.
Hyunjin assopra o ar preso em seus pulmões. Ele me olha e penso que ele pode gritar, não comigo, mas pelo que aconteceu. Continuo como no início, sem saber como reagir àquilo, estou confusa e envergonhada também. As pessoas olham para nós dois e não param de fofocar.
Eu poderia até dizer que estou feliz que o assunto sobre o desmaio não vai ser nem lembrado, mas agora sei que o espetáculo que acabamos de fazer ficará gravado nas memórias deste colégio. O encaro, não sei se devo agradecer ou não. Ele me tirou desta situação, mas também foi quem me colocou. Bem, acho que foram as paranóias de Yujin, então não custa dizer um "obrigada".
— Eu... obrigada, eu acho — agradeço, metade perdida, metade constrangida.
— Não me agradeça, nem se sinta especial. Eu só quis evitar uma confusão maior, não quero o meu nome como alvo de fofocas outra vez. Eu não quero que você pense agora que sou seu amiguinho e que pode ficar perto de mim. Eu não quero que você se aproxime.
Que grande filho da puta, eu não sei porquê eu esperei algo vindo dele. Hyunjin é Hyunjin, sempre será.
— Você não poderia simplesmente ter aceitado a minha gratidão sem ser um completo babaca? — interrogo.
— Assim como disse a ela, eu não quero viver de mentiras — ele fala. — Não precisamos fingir que nos suportamos, se não vai com a minha cara não há motivos para ser grata.
— Quer saber? Acho que agora eu entendi — falo, assoprando o ar que me falta de tão estressada que estou. — Agora eu finalmente entendo porquê você não gosta do meu namoro com Chan. É que você tem medo de que eu seja com ele, uma grande filha da puta, assim como você é.
— Como é que é? — ele pergunta entredentes, se aproximando de mim para olhar fundo nos meus olhos. — O que está dizendo?
— Eu apenas me questiono o quão hipócrita alguém consegue ser? — eu dou um passo na sua direção. Não me importo com o quão próximo estamos, quero poder esfregar tudo que penso na cara dele. — Você vive dizendo que não gosta do meu namoro com o seu melhor amigo, diz que eu vou machucá-lo e depois age assim com a garota que costumava chamar de namorada. Não soa similar para você?
— Sabe qual a diferença entre você e eu? — ele questiona. — É que desde o início eu nunca fingi que gostava dela, mas você faz isso com louvor. Você mente, por que você mente?
— Eu não estou mentindo, Hyunjin! — esbravejo. — Você sabe o que isso realmente parece? Que você está frustrado, está irritado com o fato de que pela primeira vez na sua vida aparece alguém que não dá a mínima para a sua existência e agora você precisa arranjar algum motivo para me odiar. Mas eu entendo como deve ser difícil para você ter que lidar com a rejeição.
— Frustrado porquê você não gosta de mim? — ele ri, debocha da minha cara. — Veja só quem está se enganando aqui.
— Você pode continuar sendo infantil e tentar me tirar do sério o quanto quiser, não me importo mais — digo. — Eu estou com Chan e é ótimo, não vai ser você quem vai acabar com isso.
— Você parece toda cheia de si agora, mas agiria da mesma maneira se eu o obrigasse a ter que ele escolha entre você e eu?
— Não tenho medo das suas ameaças, Hyunjin, tampouco das bobagens que você tanto fala. Estou segura do que ele sente por mim e das crenças dele. A verdadeira pergunta aqui é: Você ainda agiria com a mesma confiança sabendo o que Chris pensa a respeito dessa pressão psicológica que está fazendo? Um bom amigo não te obriga a escolher, ele fica feliz por você.
— Como você consegue ser tão insuportável? — sem ter como se defender, ele me ataca. — Eu não aguento nem olhar para você. Espero que você se afogue nas suas mentiras!
— 너의 똥통에 우산을 넣고 열어줄게¹!! — eu digo, e estou quase para fazer isso mesmo.
— O que diabos está acontecendo aqui!? — o inspetor dá o ar da graça. Ele interroga, tranquilo como um vulcão.
As cabeças curiosas nas janelas voltam para as suas salas ao presenciar a ira do senhor com bigodinho escroto. Um silêncio jamais presenciado nessa escola foi estabelecido com a sua chegada, até mesmo Hyunjin e eu ficamos imóveis, em linha reta na parede e de cabeça baixa.
— Senhor Hwang, Senhorita Yang — ele para em nossa frente, sua voz fria causa pânico. Engoli em seco. Acho que me dei mal. — Para a sala, ou para a diretoria? Vocês que escolhem.
A escolha foi óbvia, não teve hesitação. Nós dois nos desculpamos e entramos na sala de aula, indo direto para os lugares de sempre.
Yongbok, do meu lado, não me fazia perguntas, mas julgava até a minha alma com aquele olhar. Teríamos uma longa conversa cedo ou tarde, eu preferia tarde. Iremos para a casa da mamãe hoje e eu sei que o assunto surgirá em algum momento, assim como sei que tentarei fugir dele em todas as oportunidades.
Honestamente, eu estou cansada. Ficar sempre armando confusão com Hyunjin não me leva à nada, o estresse não me faz bem algum. É chato, entediante. Mas será que algum dia isso irá parar? Será que haverá algum dia em que ele e eu poderemos ficar no mesmo ambiente sem essa necessidade doentia de brigar com o outro? Eu espero que a resposta seja sim, porquê, para mim, não há nada pior do que viver discutindo com ele.
Glossário
너의 똥통에 우산을 넣고 열어줄게¹: "Vou colocar um guarda-chuva no seu cu e abri-lo".
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