𝟷𝟼. 𝚃𝚒𝚖𝚎𝚍 𝚘𝚞𝚝
𝐼 𝑤𝑎𝑘𝑒 𝑢𝑝 𝑠𝑐𝑟𝑒𝑎𝑚𝑖𝑛𝑔 𝑓𝑟𝑜𝑚 𝑑𝑟𝑒𝑎𝑚𝑖𝑛𝑔
𝑂𝑛𝑒 𝑑𝑎𝑦 𝐼'𝑙𝑙 𝑤𝑎𝑡𝑐𝘩 𝑎𝑠 𝑦𝑜𝑢'𝑟𝑒 𝑙𝑒𝑎𝑣𝑖𝑛𝑔
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O corredor até o laboratório médico parecia infinito, cada passo ecoando pelos azulejos brancos, carregado com o peso do desespero e do medo.
Fitz e Simmons apressavam-se à frente, carregando o corpo inerte de Lis em uma maca improvisada, enquanto Steve e Tony os seguiam, os rostos pálidos e os olhos cheios de pânico. Tudo ao redor parecia se dissolver em um borrão de luzes fluorescentes e portas metálicas; a realidade estreitava-se em torno do som irregular dos equipamentos médicos e da respiração ofegante deles.
O corpo de Lis se contorcia em espasmos violentos, os músculos enrijecendo como se fossem aço sob tensão.
Era como se a radiação das Joias do Infinito estivesse queimando-a de dentro para fora, seus nervos sendo consumidos pela energia devastadora.
Seus lábios, já arroxeados, tremiam incontrolavelmente, e sua pele, pálida e úmida, brilhava com um suor frio. Os monitores apitavam com A e os pulsos descoordenados que registravam traçavam uma linha tênue entre a vida e a morte.
Tony mantinha os olhos fixos em Lis, como se tentar compreender o que estava acontecendo pudesse de alguma forma salvá-la.
As suas mãos tremiam, e ele sentiu um frio gélido subir pela espinha, um frio diferente daquele da batalha. O medo de perdê-la apertava seu peito com força, como um peso que sufocava qualquer resquício de esperança.
— Fitz, Simmons, façam alguma coisa! — sua voz saiu rouca, quase engasgada. Ele se adiantou para ficar ao lado dela, os olhos fixos no rosto que lutava pela vida.
— Estamos tentando! — respondeu Simmons, com a voz carregada de tensão, as mãos se movendo com rapidez para ajustar as injeções de medicamento e regular os sinais vitais. — Não sabemos por que a radiação está reagindo assim com ela.
Steve estava logo atrás, os passos pesados como se o chão estivesse prestes a ceder.
Ele sentiu-se impotente como nunca antes, incapaz de lutar contra esse inimigo invisível que atacava Lis de dentro.
Ele não conseguia tirar os olhos do rosto dela, do movimento brusco de seu peito que subia e descia em convulsões frenéticas.
Tudo o que ele queria era segurá-la e prometer que ela ficaria bem, mas ele sabia que não tinha o direito de fazer isso. Sabia que havia falhado em protegê-la.
— Ela vai morrer? — Steve perguntou, a voz baixa e falhando, enquanto uma onda de pavor absoluto atravessava seu corpo.
Ele olhou para Simmons com uma súplica muda, esperando, desesperado, que ela dissesse algo, qualquer coisa que o tirasse daquela realidade aterradora.
— Não sei... — Simmons respondeu com a voz frágil, como se estivesse prestes a quebrar também. — Ela está reagindo de uma forma que não conseguimos prever.
Lis então deu um último espasmo antes de seu corpo relaxar, os monitores continuavam apitando desordenadamente, enquanto os cientistas trocavam olhares incertos.
Steve e Tony mantinham-se próximos, os corações acelerados, sem saber se aquele súbito silêncio era um bom ou um mau sinal.
Eles precisavam de uma resposta, precisavam de um milagre, mas naquele momento, tudo o que tinham era um medo esmagador de que a luta de Lis estivesse chegando ao fim.
Tony agarrou o braço de Steve com força, o olhar carregado de raiva e desespero enquanto o arrastava para longe do corredor.
Seus dedos apertavam o tecido do uniforme, tremendo com uma mistura de frustração e medo que ele mal conseguia conter.
— Que merda está acontecendo, Steve?! — Tony exigiu, sua voz se erguendo em um tom que soava quase estridente. — Em um segundo, nós estávamos lutando contra Thanos e no outro estamos de volta... mas ela... — sua voz falhou ao mencionar Lis, seu olhar desviado por um momento para o corpo imóvel da irmã, ainda cercada por Fitz e Simmons. — Ela está morrendo! O que vocês fizeram?!
Steve respirou fundo, sentindo o peso esmagador das palavras de Tony, como uma lâmina fria pressionando contra a própria culpa.
Ele sabia que o que estava prestes a dizer não seria suficiente, que as respostas não trariam a Lis de volta para uma condição segura. Mas ele não podia mentir para o homem que estava diante dele, com o olhar em chamas.
— Eu... — Steve começou, com a voz baixa e hesitante, os olhos azuis tentando encontrar os de Tony. — Não dá para explicar tudo agora.
— Você vai explicar agora, Rogers. Pode ir começando. — Tony bufou sem paciência, passando a mão no rosto que ainda estava sangrando da batalha.
— A Lis... Nós... Na linha do tempo original... você morreu. Você se sacrificou para salvar todo mundo. E a Lis... ela... — Ele parou, engolindo em seco. — Ela decidiu voltar para essa batalha, Tony. Ela queria te salvar.
Por um instante, houve um silêncio congelado entre eles, o som distante dos monitores e das instruções dos médicos enchendo o vazio.
Mas, de repente, o rosto de Tony se contorceu em um misto de descrença e fúria, e ele soltou Steve, dando um passo para trás como se o toque do amigo o queimasse.
— Você só tinha um trabalho! — Tony explodiu, o peito subindo e descendo rapidamente, a voz quebrada e cortante. — Um maldito trabalho, Rogers! Manter ela segura. Mantê-la feliz. E de novo... de novo, você falhou!
O tom de acusação atingiu Steve como um soco, mas ele manteve-se firme, embora sentisse o nó em sua garganta apertar ainda mais.
— Eu não sabia o que ela ia fazer, Tony. — respondeu ele, a voz tensa, mas controlada, tentando manter a calma diante da tempestade que se formava nos olhos de Tony. — Ela não me contou tudo. Eu pensei que...
— Não me venha com essa! — Tony interrompeu, dando um passo à frente, os olhos brilhando com um ressentimento profundo. — Você deveria ter impedido. Não importa se você sabia ou não o plano completo! Ela estava abalada e você deveria ter visto isso. Você deveria ter feito alguma coisa, mas em vez disso, você só a deixou seguir em frente com essa ideia estúpida!
Steve sentiu o impacto das palavras como um golpe direto no estômago.
Ele sabia que Tony tinha razão; havia falhado em proteger Lis e essa falha pesava em sua consciência. Mas o que ele poderia ter feito? Ele confiava nela, sempre confiara, mesmo quando não concordava com suas escolhas.
— Eu pensei que ela sabia o que estava fazendo... — murmurou, sua voz falhando no final da frase, sentindo-se repentinamente pequeno diante da intensidade da dor de Tony.
— Então parabéns, Capitão! — Tony gritou, as palavras saindo como lâminas afiadas. — Porque agora a pessoa que você diz amar está morrendo! E tudo o que você fez foi ajudar a enterrar mais uma pessoa que eu amo!
A raiva e a culpa nos olhos de Tony eram tão palpáveis quanto a dor que vibrava no ar. Steve não sabia o que dizer. Porque, no fundo, ele também se culpava por estar ali, por ter seguido Lis nessa missão desesperada, e por não ter feito mais para impedi-la.
O corpo de Lis começou a tremer incontrolavelmente, os músculos se contraindo com força enquanto a convulsão a dominava por completo.
Sua pele estava tão pálida quanto papel, os lábios arroxeados e os olhos fechados com uma expressão de dor profunda. O monitor cardíaco disparava com alarmes ensurdecedores, enquanto Fitz se aproximava rapidamente, tentando segurar os ombros dela para que ela não caísse da maca.
— Ela está piorando! — Fitz gritou, os olhos arregalados enquanto olhava desesperado para Simmons, que manipulava freneticamente os controles e instrumentos médicos.
— Segura ela firme! — Simmons ordenou, a voz soando tensa e urgente. Ela tentava estabilizar os sinais vitais de Lis, mas tudo estava se deteriorando rapidamente.
Enquanto isso, Tony e Steve continuavam parados no meio do caos, suas respirações aceleradas, mas incapazes de se mover. O olhar de Tony oscilava entre o rosto contorcido de Lis e Steve, que parecia perdido em culpa e dor.
— Saiam! — Simmons gritou, virando-se por um instante para fitar os dois com olhos flamejantes. — Vocês estão apenas atrapalhando! Não dá para salvar ela com vocês dois aqui brigando!
Aquelas palavras pareceram cortar o ar ao meio. Tony se afastou, recuando para fora do laboratório, com o olhar ainda fixo em Lis enquanto a convulsão começava a diminuir lentamente.
Steve seguiu logo atrás, como se estivesse preso em um pesadelo do qual não conseguia acordar, o som dos alarmes ainda ecoando em seus ouvidos.
Ao sair do laboratório, Rogers não viu para onde Tony foi, ele apenas desabou na cadeira, os ombros curvados pelo peso insuportável da culpa.
Seus olhos se fixaram no chão frio, mas a mente estava em outro lugar – em Lis, em todos os momentos que passaram juntos, e na sensação inevitável de que a estava perdendo outra vez.
Ele se lembrava do vazio que o consumiu por cinco anos, uma dor que nenhuma batalha ou missão conseguira apagar. Ter Lis de volta foi como respirar novamente após quase se afogar, uma segunda chance para tudo que ele temia nunca mais recuperar.
E agora, esse milagre estava se esvaindo, escapando por entre seus dedos. Era como se o universo estivesse tirando ela dele, não apenas uma, mas duas vezes.
Cada batida do seu coração parecia pesar mais, e o eco de sua própria falha ressoava com força na mente.
Thanos arrancá-la de seus braços. E agora, mesmo depois de um milagre que a trouxe de volta, ele estava falhando em protegê-la novamente.
Porque, no fundo, sabia que havia algo que poderia ter feito para evitar isso. Algo mais que deveria ter dito para impedi-la.
Steve respirou fundo, mas o ar parecia faltar. Ele estava começando a aceitar o que parecia inevitável – a verdade de que, mais uma vez, estava prestes a perder a mulher que amava.
Ela estava lutando pela vida e ele parado ali, se perguntava se teria forças para encarar essa perda mais uma vez. Porque não sabia como viver num mundo onde, uma vez mais, Lis não estivesse ao lado dele.
Tony estava ali, de pé no corredor, encarando a porta do laboratório como se fosse um abismo.
Tudo que conseguia sentir era o peso esmagador da confusão e da culpa.
Ele ainda não havia tido tempo de pensar em Pepper e Morgan – como elas reagiriam ao vê-lo? Para elas, ele havia morrido heroicamente. E agora, estaria de volta, mas a um custo terrível que ele jamais teria aceitado.
O reencontro com sua família deveria ser emocionante, um milagre, mas o amargo gosto da realidade fazia tudo parecer errado.
Ele estava vivo porque Lis, sua própria irmã, resolveu assumir o sacrifício que ele estava disposto a fazer. Tudo para que ele pudesse voltar. A mesma Lis que ele sempre prometeu proteger, mesmo quando mal a conhecia e por quem teria dado a vida sem hesitar.
Era revoltante como o sangue Stark parecia carregar essa maldita tendência ao altruísmo, essa propensão inflexível de se sacrificar por um bem maior.
Ele via agora que Lis tinha a mesma veia teimosa que ele, a mesma necessidade de ser o escudo para os outros.
Tony apertou as mãos em punho, o rosto contorcido em uma mistura de raiva e impotência. Ela tinha feito o que ele faria, o que ele fez – e isso o deixava devastado.
A diferença era que ele não conseguia suportar que ela tivesse tomado essa decisão. Que ela estivesse naquele laboratório, lutando pela vida, enquanto ele estava aqui, vivo, porque ela resolveu fazer a escolha mais difícil.
E ele não sabia se conseguiria perdoá-la por isso.
Fitz e Simmons saíram do laboratório com expressões sombrias. Eles não precisavam dizer nada para que Tony e Steve entendessem a gravidade da situação, mas ainda assim, Simmons falou, com a voz embargada:
— Fizemos tudo o que podíamos. Estabilizamos o corpo dela, mas a radiação das Joias do Infinito é devastadora demais. Um ser humano simplesmente não consegue suportar tanta energia. Para ser honesta, já era para ela ter morrido... Não sabemos como ela conseguiu resistir até agora, mas... — ela hesitou, o olhar cheio de uma tristeza resignada — é apenas uma questão de tempo. Não há mais nada que possamos fazer.
As palavras pareceram ricochetear nos ouvidos de Steve e tudo ao seu redor ficou embaçado. Ele se levantou lentamente da cadeira, a respiração irregular.
Seus punhos se apertaram ao lado do corpo e ele teve que reunir toda a força de vontade para não esmurrar a parede mais próxima.
Tony fechou os olhos por um instante, como se quisesse bloquear a dor e a raiva que o tomavam. Ele encarou Simmons, com a voz quase inaudível:
— Não pode ser. Não tem mesmo nenhuma esperança? Nada experimental, nenhuma ideia maluca que a gente ainda não tentou?
— Eu sinto muito, Tony — disse Fitz, com pesar. — Fizemos todos os procedimentos possíveis, mas a radiação está consumindo o corpo dela de dentro para fora. Não é algo que a ciência pode reverter.
O silêncio que se seguiu foi sufocante, enquanto Steve e Tony absorviam a dura realidade.
Não havia mais alternativas, nenhum último recurso. Lis estava morrendo e tudo que eles podiam fazer era assistir enquanto o tempo se esvaía, lentamente, levando-a embora.
Steve despertou com um sobressalto, o corpo rígido e o coração disparado, como se tivesse sido puxado de volta à realidade por um choque violento.
Ele estava na mesma cadeira, do lado de fora do laboratório, a cabeça pendida para frente e os músculos doloridos por permanecer tanto tempo na mesma posição.
Não fazia ideia de quando ou como havia adormecido; apenas sabia que ninguém o acordara. Quando olhou para a janela no fim do corredor, viu a escuridão lá fora e o pânico o atingiu como uma onda gelada.
A noite tinha caído. O dia havia se esvaído enquanto ele estava ali, indefeso e inconsciente. Horas. Muitas horas haviam se passado.
Uma sensação de desespero começou a crescer em seu peito, um nó apertado que quase o sufocava.
E se Lis tivesse partido enquanto ele dormia? E se o tempo dela tivesse chegado ao fim sem que ele estivesse lá para segurar sua mão?
Ele se levantou com pressa, os movimentos desajeitados e desesperados, como se o chão estivesse se movendo sob seus pés.
A ideia de que Lis pudesse ter ido embora sem que ele tivesse tido a chance de se despedir, de estar ao lado dela no último momento, o assolava com uma culpa profunda.
Steve correu pelo corredor, quase tropeçando nos próprios pés, sentindo o gosto amargo do medo em sua garganta.
Era insuportável pensar que ele poderia ter perdido aqueles preciosos últimos momentos por causa de algo tão trivial quanto o sono.
Seus dedos se fecharam ao redor da maçaneta do laboratório e ele hesitou por um segundo, respirando fundo antes de girá-la e entrar, como se o próximo instante fosse determinar se o pior de seus medos havia se concretizado.
Steve abriu a porta com um ímpeto desesperado, mas o que encontrou do outro lado foi um ambiente silencioso e perfeitamente limpo.
Cada superfície estava impecavelmente esterilizada, as luzes frias refletindo no brilho metálico dos equipamentos.
Não havia sinal de vida, nenhum indício de que horas antes aquele lugar abrigava uma luta pela sobrevivência.
O vazio o atingiu como um soco no estômago, e ele sentiu o tremor começar nas mãos, um calafrio subindo pela espinha.
Ele saiu em passos rápidos, quase tropeçando ao passar pela porta. As paredes do prédio pareciam se fechar ao seu redor enquanto ele corria pelos corredores intermináveis da S.H.I.E.L.D., procurando freneticamente qualquer sinal de Lis, de Tony, de Fitz, de Simmons, de alguém que pudesse lhe dizer o que havia acontecido.
O complexo, embora menor que o Triskelion, parecia um labirinto sufocante, com seus corredores idênticos e curvas confusas.
Ele se movia como se estivesse no escuro, a visão embaçada pelo medo crescente.
Não conseguia pensar direito, só sabia que tinha que encontrá-la. Não havia outra possibilidade além de encontrá-la viva.
Ele se chocou com alguém no caminho, e apenas quando uma mão forte segurou seu ombro, ele percebeu que havia trombado com Bucky.
— Steve, o que aconteceu? — Bucky perguntou, os olhos estreitados em preocupação ao ver o desespero estampado no rosto do amigo.
Mas Steve não conseguiu responder. As palavras se embolaram em sua garganta, sufocadas pela ansiedade.
O Capitão apenas balançou a cabeça e continuou correndo, o pânico agora tomando conta de cada fibra de seu ser. Ele tinha que encontrar Lis, precisava saber que ainda havia tempo, que ele não tinha falhado com ela. Não de novo.
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