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𝐓𝐖𝐄𝐍𝐓𝐘 𝐎𝐍𝐄 ⚡️ 𝐁𝐄𝐋𝐋𝐀

A banda que abre o show faz muito barulho e agita todo mundo presente naquele local. A música é tão alta que o chão treme e os gritos da multidão sobressaem das vozes dos artistas. É realmente incrível. Eu amava estar no mesmo lugar que amantes da arte.

A ansiedade faz meu estômago revirar só de pensar no show do Bruno que aconteceria dentro de alguns minutos. Desde sempre eu o acompanho e sonhava em, um dia, poder comparecer à alguma apresentação. Nunca tinha vindo ao caso, até hoje. Portanto, me contentava em assistir lives e escutar os álbuns no repeat.

Como eu, todos presentes no camarote estavam com seus devidos copos de bebida. Até mesmo quem jurou de dedos cruzados que não iria encher a cara hoje. Mentiras e autoenganação de bêbado. Me identifico, aliás.

Chacoalho um pouco o drink de pêssego na minha mão e escuto o tilintar do gelo contra o vidro antes de repousa-lo em minha boca. Estou encostada na estrutura de ferro que possibilita a visão da multidão toda de cima. O único medo que eu tinha de camarotes altos era de, caso eu ficasse bem fora de controle, tivesse ideia de me debruçar sobre o ferro e cair do outro lado. Minha mente é um tanto quanto traiçoeira, confesso.

O cheiro do perfume conhecido que adentra minhas narinas indica que eu já não estou mais sozinha naquele canto. Logo, o braço tatuado contorna meus ombros e me abraça de lado. Não retiro meus olhos do palco onde a banda desconhecida – porém muito boa – se apresentava.

— Está tudo bem? — Sei que seus olhos estão em mim. Eu concordo com a cabeça.

— A banda é realmente muito boa. — Eu franzo o cenho, encarando a vocalista do grupo. — Ela parece ser bem nova.

— Acho que tem uns dezessete. — Arregalo os olhos. Tão nova e tão talentosa.

— Eles tem muita conexão entre si. Isso é bom demais num grupo. — Reforço os olhos, vendo que na bateria estava escrito o nome da banda. Julie and The Phantoms.

— É — Ele aperta o braço ao redor do meu pescoço. — Tipo eu e você.

Bato com o cotovelo em sua cintura e ele ri baixo. Nós ficamos em silêncio, apenas curtindo o resto da apresentação da banda antes do Bruno subir no palco. Não demora muito para que o guitarrista toque seu último acorde e toda a multidão grite. Céus, ele são mesmo muito bons.

— Somos Julie and The Phantoms! — A vocalista – que deveria ser a Julie – diz no microfone.

— Conta pra geral. — O outro guitarrista também diz, logo, atraindo mais gritos das pessoas.

A banda some do palco e todas as luzes se apagam. É questão de minutos para que os berros desesperados voltem com os leds roxos se acendendo junto com a presença de Bruno no palco. Assim como a multidão, eu também grito totalmente empolgada, erguendo meu copo no alto. Me seguro ao máximo pra não me auto beliscar. Parece até miragem. Puta que pariu, é ele mesmo!

Ele entra cantando Uptown Funk e Jesus, ele é realmente lindo como nos clipes e entrevistas. Me pego totalmente hipnotizada o observando cantar. Nem por isso eu me mantenho parada. Canto tão alto que sinto minha garganta arranhar, remexo o corpo e gravo vídeos do show. Posso dizer que zerei a vida.

Todos no camarote estão tão animados quanto eu. Canto abraçada com Cameron, Hayes, G, Hannah e mais o resto do pessoal. Não fico um segundo parada. A euforia no meu corpo é capaz de escorrer pelos olhos. Não agora, não estava afim de borrar minha maquiagem.

O álcool já fazia um bom efeito no meu sangue e me permito ficar mais agitada do que já estava. Paro de me remexer imediatamente quando aquela melodia invade meus ouvidos. Céus, é a minha preferida. Gorilla mexe com todos as minhas células e sem perceber, estou com um sorriso de orelha à orelha no rosto.

Mas, no mesmo momento, faço uma careta com a vontade horrorosa de ir ao banheiro que me sobe. Bufo irritada. Não podia nem curtir minha música favorita no show do cara que eu mais admiro. Eu odeio o álcool e seus efeitos.

— Vou no banheiro. — Digo meio embolada, pousando a mão no ombro da primeira pessoa que vejo pela frente. Por sorte, não é ninguém desconhecido.

— Eu vou com você.

— Não precisa, eu tô bem. — Respondo, tropeçando no meu próprio pé.

— Claro. — Ele, que estava com Hannah, diz algo em seu ouvido e logo vejo ela concordando.

Nate entrelaça seus dedos nos meus e Hannah dá um sorriso quando a olho. Então realmente ela tinha decidido mudar seu comportamento. Isso é bom, porque eu não suportava mais aquele clima de velório que ficava toda vez que estávamos os três no mesmo lugar.

Com o apoio de Nathan, me direciono pra fora do camarote e só percebo que atravessamos aquela multidão ao chegarmos na frente do toalete feminino. Peço pra ele me esperar na porta. A cena de eu me agachando pra urinar definitivamente não é agradável.

Ainda dentro da cabine, consigo escutar as batidas lentas da música. O som que ecoa pelo banheiro se mescla com o álcool agindo no meu cérebro e me dá a reação que eu tanto lutava contra. Merda, agora não. Hoje não.

Apresso os passos pra fora da cabine quando termino minhas necessidades e paro em frente ao espelho, apoiando minhas mãos na bancada branca e encarando meu próprio reflexo. Escorrego os olhos por todo o meu corpo, acompanhando meus dedos que automaticamente deslizam pelo decote do vestido vermelho que trajo. Mordisco o próprio lábio inferior e respiro fundo, sentindo aquela mesma sensação de queimação entre as coxas. Juro por Deus que nunca mais eu bebo.

— Bella? — Olho pro lado ao escutar meu nome, vendo Nate encostado no batente da porta com os braços cruzados. — Está tudo bem?

Conto de um até dez mentalmente e passo a língua nos lábios. Tento controlar meus pensamentos e instintos, mesmo que pareça que meu corpo funciona sozinho.

sim, eu tenho um punhado de seu cabelo
mas você não parece estar assustada
você está sorrindo, me dizendo: papai, é tudo seu
porque você sabe como eu gosto, você é uma amante safada

— Vem aqui. — Por mais suave que minha voz saia, é como uma ordem. Ele sabe disso.

Com as mãos enterradas na calça larga, Nate caminha calmamente até mim. Antes mesmo que ele pudesse dizer qualquer coisa, o empurro contra a parede e pouso as mãos em seu peito coberto pela camisa. Isso não me impede de passar as unhas por todo o seu tronco. Seu suspiro ecoa pelos meus ouvidos e noto seu semblante confuso. Isso me faz sorrir.

se os vizinhos chamarem a polícia
chamarem o xerife, chamarem a SWAT, nós não paramos
continuamos mandando ver enquanto eles batem à nossa porta
e você está gritando: me dê isso, amor
me dê isso, filho da puta

— Bella... — Nego com a cabeça.

Enrolo o fino cordão de ouro que ele carrega no pescoço na ponta dos dedos e o puxo pra mim, fazendo com que o pescoço de Nate vá levemente pra frente e fique à centímetros do meu. Sua respiração pesada bate contra meus lábios e, mais uma vez, eu sorrio com os dentes fincados nos lábios.

olha o que você está fazendo, olhe o que você fez
mas nessa selva você não pode correr
porque o que eu tenho para você
eu juro que é mortal, você estará batendo no meu peito
bang, bang, gorila

Deslizo as mãos pra dentro da sua camisa e arrasto as unhas pelo seu peito e abdômen. O meu corpo está em modo avião, apenas obedecendo aos comandos do ambiente e nem sequer mais pensando no que é certo ou errado. Pra mim, a maior certeza que tenho na vida é que Nathan sabe me foder muito bem. Uma qualidade dessa não é de se jogar fora.

oh, sim
você e eu, querida, fazendo amor como gorilas
oh, sim
você e eu, querida, fazendo amor como gorilas

Assim como eu estava quando Bruno subiu no palco, Nate está hipnotizado com os olhos vidrados aos meus. É como se eu fosse a Medusa e tivesse o petrificado completamente. Bem no fundo da imensidão castanha e um tanto quanto escura, consigo ver uma labareda aumentando cada vez mais que eu o toco. Somos fogo e gasolina. Ele parece uma bomba relógio e eu era a única plateia desse teatro, ansiando para que tudo explodisse.

aposto que você nunca se sentiu tão bem, tão bem
eu faço o seu corpo tremer como deveria, deveria
você nunca vai ser a mesma, querida, depois que eu tiver acabado com você
Ooh, ooh, ooh, ooh, ooh

Dou um passo pra trás para me afastar dele. Num piscar de olhos, Nathan agarra o meu pescoço com sua mão e aperta seus dedos contra a minha pele, ainda com seus olhos presos aos meus e sua boca há milímetros da minha.

— Vamos pra casa. — Sua voz está mais rouca do que nunca. — Agora. Eu não tô pedindo.

oh, você comigo, querida, fazendo amor como gorilas
oh, sim
você e eu, querida, transando como gorilas

Eu gargalho baixo, logo mordendo os lábios mais uma vez e concordando lentamente, sem tirar meus olhos dos dele. Nate aperta suas mãos na minha cintura e pega seu celular, digitando alguma coisa e logo o pondo no bolso de volta. Tinha avisado pra Nash que estava me levando pra casa, pois não me aguentava em pé.

oh, sim
você e eu, querida, fazendo amor como gorilas

De fato... Eu não me aguentaria mais em pé.



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cabaré modo on ativado

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