𝐒𝐈𝐗𝐓𝐄𝐄𝐍 ⚡️ 𝐁𝐄𝐋𝐋𝐀
Passo a última levada da minha escova nos cabelos e ajeito a saída de praia branca amarrada em minha cintura. Hoje optei por um biquíni cortininha amarelo básico e calcei meus inseparáveis chinelos também brancos. Guardo todos os meus pertences necessários dentro da minha bolsa e a coloco sobre meu ombro logo depois. Mexendo em meu celular, aguardo Beatrice terminar de passar sua máscara de cílios, pois de acordo com ela, uma mulher "cilhuda" é uma mulher pronta pro dia. Não a contrariei. Optei por não usar maquiagem hoje pois estávamos indo para a praia, então não brinquei com a sorte e por acaso aparecer após um mergulho parecendo um cadáver.
Assim que ela terminou, descemos as escadas e nos direcionamos até a cozinha. Me deparo com uma mesa farta e a maioria sentada tomando café. Havia outros na sala, mas uma grande concentração se encontrava na mesa.
Beatrice e eu desejamos bom dia à todos e felizmente somos correspondidas. Vejo que há um lugar disponível do lado de Cameron e não perco tempo em me aconchegar no mesmo. Bia pega seu café e vai até a sala. Se não me engano, tinha visto Jack sentado no sofá. Tinha até mesmo me esquecido de perguntar como sua noite tinha ido, mas não perderia mais tempo em encher sua cabeça com isso. Eu admito, sou muito curiosa.
— Bom dia, belíssima. — Cam apoia seu braço na traseira da minha cadeira. Eu sorrio fraco.
— Isso é algum trocadilho com meu nome? — Pergunto, despejando um pouco de café em meu copo.
— Não consegui pensar em nada melhor. — Fez careta.
— Eu gostei. — Pisco um olho para ele, que o faz sorrir com o gesto.
Passo manteiga em um pedaço médio de torrada e passeio meus olhos sobre a mesa. Não me surpreende quando vejo Nate me encarando fixamente. Hannah não está ao seu lado e nem na cozinha. Provavelmente ainda não tinha acordado, o que é até chocante, já que nos últimos dias ela anda como uma mochila nas costas de Nathan.
Ele me lança um sorriso tímido e eu retribuo, mas não me preocupo em permitir o olhar por muito tempo. A noite passada acende flashes em minha cabeça. Eu não tenho, de verdade, paciência pra esse jogo que ele está fazendo. Pode parecer até mesmo instigante, mas no final sempre acaba da mesma forma. Não tenho mais idade pra joguinhos, sinceramente.
A entrada dos Grier na cozinha desperta todos. Por incrível que pareça, por maior que seja os números em sua conta bancária e a responsabilidade de ter trago todos pra essa casa, eles não agem com um pingo de arrogância. Troquei poucas palavras com Nash e ele foi super acolhedor comigo. Até então eu ainda não tinha puxado assunto com o Hayes. Mas também é algo que eu pretendo fazer. Já que ficaria duas semanas trancada com todo esse pessoal, nada mais justo do que fazer novas amizades. Talvez seja esse o objetivo.
Logo todos terminam de comer e se direcionam até o lado de fora da casa para acompanhar Nash. Pelo fato da praia ser em frente à casa, nós simplesmente atravessamos a rua e já estávamos com os dedinhos dos pés enterrados na areia quente. Alguns dos meninos trouxeram equipamento de surf e outros apenas alguns coolers com bebidas. Consigo ver Nash colocando guarda sóis no chão enquanto outros garotos iam pra frente da água se aquecer para começar à surfar. Um deles era Nate.
Eu franzo o cenho ao ver a cena dele retirando sua camisa e correndo atrás dos garotos com uma prancha. Sou sua melhor amiga há dois anos e nunca – repito, nunca – soube que ele surfava ou tinha visto. Nathan jamais sequer tocou no assunto comigo. Achava que nem de praia ele gostava muito. Jesus, nem eu sei o que estava acontecendo.
Ele finca sua prancha no chão e se aquece assim como os outros garotos. Consigo ver ele mexendo sua cabeça e seus olhos vidrando nos meus. Mais uma vez, ele sorri tímido e agora levanta suas duas mãos, formando um coração direcionado à mim. Eu reviro os olhos e ponho meus óculos escuros no rosto. Não sou obrigada, não mesmo.
Me sento na cadeira de sol e assim que olho pra rua, posso ver Hannah e mais outra garota atravessando a mesma para chegar na praia. Minha irmã usa um chapéu de pescador em sua cabeça e traja um biquíni azul. A garota do seu lado era negra de pele clara. Seus cabelos cacheados se esvoaçam por conta do vento e ela usa um maiô da mesma cor do meu biquíni. Ela é extremamente linda, mas ainda assim eu não sabia quem era. Porém, assim que ela se aproxima de Nash e sela seus lábios, a luz em minha cabeça acende e eu me recordo de ele contando de sua namorada que também viria.
— Gente, essa é a Taylor, minha namorada. — Diz se aproximando com a mão no ombro da mesma. Ela sorri tímida pra nós. — Essa são Bella e Beatrice. A Hannah você já conheceu, ela é irmã da Bella.
— Bom dia, meninas. — Ela cumprimenta todas nós e se senta ao nosso lado. — Boo, você já passou protetor?
— Já, amor. Fica tranquila. — Ele beija delicadamente a sua testa e segue os garotos para jogar vôlei.
Hannah se senta conosco, mas apenas nos lançou um sorriso fraco e nem sequer deu bom dia. Só não podem dizer que a falta de educação é de família.
— Vocês são tão fofos. — Beatrice diz e Taylor sorri.
— Preciso ficar o lembrando o tempo todo de passar protetor, senão no fim do dia, ele fica todo se ardendo e choramingando pra eu passar pomada nele. — Seus olhos reviram e nós gargalhamos.
— Vocês viram o Nate? — Hannah pergunta.
Aponto com a cabeça pro mar e ela vira o rosto, vendo que ele estava se ainda se aquecendo para surfar. Ela abre um sorriso bobo. Meu Deus, que vontade de vomitar.
— Eu não sabia que ele surfava. — Bia levanta uma sobrancelha.
— Nem eu. — Hannah e eu falamos em uníssono. Ela me encara antes de abaixar a cabeça para abrir uma revista e eu franzo o cenho. Definitivamente eu não tenho mais paciência.
— E você? Passou seu protetor solar? — Pergunto pra minha irmã. Surpresa, ela levanta a cabeça novamente. Provavelmente não imagina que eu puxaria assunto com ela novamente.
— Sim. Eu sabia que você brigaria comigo. — Sorri levemente e eu retribuo.
Beatrice prende o riso de forma irônica e deita sua cabeça na cadeira de praia. Apesar de qualquer coisa, eu infelizmente nasci antes dela e agora estava sob sua responsabilidade. Se eu entregasse Hannah de volta pra mamãe cheia de queimaduras de sol pelo corpo, tenho certeza que ela arrancaria os próprios cabelos até fazer buracos no couro. Não pagaria pra ver de forma alguma.
Volto à olhar pra Nate, que logo cumprimenta o garoto ao seu lado – que se não me engano era o Shawn – e adentra o mar com sua prancha debaixo do braço. É questão de segundos para meu queixo desabar vendo ele pegar sua primeira onda. Seu equilíbrio e concentração em cima da prancha é chocante, pelo menos para mim que nunca tinha o visto surfar. As manobras que ele faz com aquilo em seus pés me deixa tonta. Agora eu me pergunto, será que ele passou protetor solar?
— Caralho — Minha amiga diz ao meu lado. — Ele surfa muito bem.
Seus olhos também estão fixos em Nathan. Assim como eu, está surpresa pela habilidade que ele tem com as ondas.
— Ele é bom em tudo que faz. — Hannah diz sorrindo enquanto o encara em cima daquela prancha. Eu puxo meus lábios numa linha reta e olho para Bia de soslaio, percebendo que ela já estava me encarando com a mesma expressão que eu.
Se isso teve um duplo sentido, eu imploro pra Deus que apague o que eu acabei de escutar.
Logo os meninos estão de volta na areia completamente encharcados e com as pranchas debaixo dos braços. Nate deixa a sua perto de onde os outros estavam e se aproxima de nós com Shawn ao seu lado.
— Não sabia que surfava tão bem. — Os cabelos claros da minha caçula se mexem conforme ela levanta da cadeira e abraça o pescoço dele. Arregalo meus olhos levemente ao ver ela o beijar na frente de todas nós. Shawn, ao seu lado, está da mesma forma que eu. Todo mundo sabe que ela é menor de idade, só se faz de idiota.
Preferia estar com vendas nos olhos agora. Não sou obrigada.
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Desligo meu secador de cabelo e passo os dedos entre meus fios secos e volumosos. São cinco da tarde. O sol já está se pondo e depois do dia cansativos, absolutamente todo mundo da casa estava dormindo para se preparar pra noite. Tentei ser igual à todos, mas não preguei os olhos. Não sou muito boa em dormir durante o dia.
Ajeito o short de moletom que eu trajo em meu corpo e calço meus chinelos, dando uma última olhada em Beatrice dormindo na sua cama antes de me retirar do quarto com a chave. A casa está um completo silêncio. O dia foi realmente bem aproveitado, por isso, todos estavam mortos de exaustos. Teve surf, vôlei, altinha, um pouco de briga de galo no mar e bronze. Sinto vontade de rir ao lembrar que provavelmente nenhum desses garotos se preocupou em passar protetor solar no rosto ou corpo. Logo logo, estariam se ardendo como camarões no óleo quente.
Desço as escadas evitando fazer barulho e chego até o primeiro andar. Caminho até a cozinha e ainda silenciosamente, faço um pouco de café e o despejo já pronto em uma xícara. Logo após, me direciono à área de lazer, onde a piscina permanece intacta e as cadeiras com mesas também se mantém intocáveis. Ainda não tínhamos nos preocupado em aquietar em casa. O pessoal gosta mesmo é de uma rua.
Me sento em uma das espreguiçadeiras e vejo o alaranjado do céu refletindo contra o mar. Ainda no final de tarde, algumas pessoas caminham tranquilamente pela praia. É um momento de paz. O vento que o mar emite e bagunça levemente meus fios fazem eu fechar os olhos, sentindo também a fumaça quente saindo do café entrar em contato com meu rosto. Essa é minha definição de sossego.
Dou um gole em minha bebida e sorrio com aquela vista. Todo mundo devia ter a oportunidade de ficar em paz como eu estou nesse momento. Na maioria das vezes, ficamos tão cegos com os "problemas" que não enxergamos o que tá bem embaixo do nosso nariz. A paz está nas coisas mais simples.
Torço o nariz levemente ao sentir um cheiro diferente. Eu conhecia, sabia do que era. Nego com
a cabeça e viro o rosto para o lado, percebendo que não estou sozinha como pensava. A fumaça que sai do cigarro se espalha pelo ar e é recorrente. Ele faz tanto silêncio que parece estar tão sossegado quanto eu.
Ele está há uma espreguiçadeira de distância. Seu olhar está fixo no céu e eu me mantenho encarando ele. Paro pra analisar seus detalhes. Assim como mais cedo, ele ainda está sem camiseta. Seus cordões de mantém fortes no pescoço e sua pele está levemente avermelhada. Eu seguro a risada por um instante.
Nate vira de lado na espreguiçadeira e me olha. Seu olhar sustenta no meu e ficamos assim por algum tempo, apenas se encarando em silêncio enquanto anoitecia. Seu baseado queimava entre seus dedos e eu desci a vista para seus ombros vermelhos.
— Você não passou protetor solar, não é? — Subo para olha-lo novamente.
— Você não me lembrou.
Rio fraco. Ele faz o mesmo e dá mais um trago antes de apagar seu cigarro no chão.
Nate chega um pouco pro lado e bate sua mão contra a espreguiçadeira. Mordo meu lábio inferior e mesmo pensativa, engatinho até ele e me ponho deitada na sua frente. Sua mão pousa nas minhas costas e a outra acaricia meu rosto. Tenho certeza que minhas bochechas coram.
— Odeio ficar nesse clima com você. — Acaricia meu rosto com o polegar.
— Você sabe que eu não te cobro nada, Nate. Nunca. — Suspiro. — Você só precisa ter mais responsabilidade. Isso não é um joguinho que você se diverte e sai a hora que quer. A minha irmã de dezessete anos tá no meio das suas loucuras.
— Eu não tenho nada com a Hannah, Bella. Se depender de mim, nunca terei. Tô me divertindo mas não sou nenhum filho da puta. — Eu respiro fundo.
Me mantenho em silêncio e não quebro o contato de seu carinho em meu rosto e nossa troca de olhares. Aproximo nossos rostos e corpos ainda mais e consigo ver os lábios dele entreabertos. Encaro seus olhos por alguns segundos e beijo sua bochecha, deitando minha cabeça em seu peito e fechando os olhos ao escutar seu coração bater. Nate suspira e me abraça com força, assim como faço com ele.
Eu não iria perder o meu melhor amigo.
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100% bella stan
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