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"Eu posso te imaginar em minha mente, amor.
Toda a minha vida
eu nunca pensei que alguém me faria sentir tão pleno.
Mas aqui está você."
- Eyes off you
●○●
Ela estava séria, os cabelos presos em seu coque habitual e os lábios pintados por um tom nude de batom, o terninho cinza tinha sido sua escolha de hoje.
Mudei o peso do corpo de um pé para o outro, minha mãe nem ao menos tinha começado a falar, porém eu já conseguia ouvir seus gritos, minha cabeça latejava, talvez um reflexo da noite mal dormida.
— Eu posso explicar... — Sussurrei em uma forma de pedido. Ela precisava me escutar.
Todavia, ela se levantou, passou a mão pela saia grafite grudada ao corpo e suspirou. Ela parecia cansada, na verdade fazia séculos que aquela era a sua expressão cotidiana.
— Você acha que isso são horas de chegar em casa? — Foi tudo o que ela perguntou. Mas o seu tom de voz não era carregado por raiva e sim por decepção.
— Eu não estava..a festa foi..— Respirei fundo tentando organizar os pensamentos, porém ela nem deixou que eu terminasse, apenas ergueu a mão, a balançando para que eu parasse de falar.
— Estou decepcionada com você , (S/n). Eu não esperava isso e não consigo mais lidar com essa situação.
Abri a boca para falar algo, todavia ela apenas pegou a bolsa que estava em cima do sofá e saiu, nem ao menos bateu a porta de entrada, apenas a fechou com cuidado.
Aquilo tinha sido pior do que ela apenas gritar comigo.
Muito pior.
●○●
Meu corpo estava dolorido, minha mente estava cansada e latejava a cada segundo, mas eu não conseguia simplesmente deitar e relaxar, eu queria extravasar meu corpo, gastar até a última energia existente dentro de mim.
As palavras da minha mãe tinham sido duras e teriam me feito chorar se eu ainda tivesse alguma gota de água no corpo.
Tudo o que fiz foi tomar um banho gelado e demorado e quando sai enfiei um pouco de comida na minha boca, por mais que eu não estivesse com fome.
Assim que deu oito horas peguei minhas coisas e sai de casa, como sempre,a única coisa que poderia me ajudar e acalentar naquele momento era a dança, eu precisava dela.
Joguei minha mochila nas costas e respirei fundo, fitando por alguns segundos a casa do Kim antes de começar a andar. Eu estava sem celular, então nem ao menos poderia saber se Taehyung estava bem, precisava ir na casa de Lalisa para pega-lo, eu sabia que ela o guardaria.
Queria notícias dele. Saber se acordou, se estava bem... eu esperava que sim.
O ar estava agradável, muitas nuvens cobriam o céu e o sol não era um incômodo, pelo contrário.
Cheguei em frente ao estúdio de dança alguns minutos depois, tinha andado devagar, não estava com pressa.
A minha sorte era que ali sempre estava aberto, qualquer um que pagasse a mensalidade podia dançar em alguma sala vazia, fora dos horários de aulas normais.
Dei entrada e fui direto para o vestiário, me trocando e ansiando para começar a dançar.
Fui direto para a sala nove quando já estava pronta, aquela era minha sala típica de aula, mas como hoje era sábado, certamente estava vazia.
No entanto, quando a abri dei de cara com Yugyeom.
A sala estava com uma música alta, que era lenta e compassada. Ele parou de dançar assim que me viu.
Seus cabelos estavam grudados no rosto pelo suor, sua testa estava enrugada e seus olhos fitaram-me.
Apertei a maçaneta da porta, talvez fosse a vida me dando um empurrãozinho, afinal de contas, eu realmente precisava conversar com ele, me desculpar pela noite passada.
— Desculpa ter te atrapalhado.
— Não foi nada. — Ele deu de ombros e pegou uma toalha, secando o pescoço.
Entrei um pouco sem jeito e suspirei, passando a mão pela minha camiseta, notei que talvez eu tivesse herdado aquela mania da minha mãe.
Bem, era praticamente impossível....
— A gente pode conversar? — Arrisquei perguntar.
Para a minha surpresa ele riu e inclinou a cabeça para o lado.
— Por que está tão tensa, (S/n)? Não gosto que fique assim perto de mim. — Garantiu.
— Você não está com raiva de mim? — Questionei cautelosa.
— Jamais. — Ele se aproximou. — Eu acho que desde sempre eu deveria ter aceitado que você e o Tehyung tinham algo. No final eu só estava tentando nutrir esperanças. — Deu de ombros. — Você é uma menina incrível, (s/n), em todos os sentidos. Seria impossível não me apaixonar por você...
A confissão saindo dos seus lábios me fez contrair as sobrancelhas, eu não poderia retribuir o que ele sentia e no fundo já deveria ter dito isso, pois eu acho que sempre notei, apenas negava ser verdade.
— Yugyeom...
— Ei! Não preciso de uma rejeição formal. — Brincou empurrando meu braço de leve. — Tudo bem, quero apenas continuar sendo seu amigo, posso?
Ele sorria e aquilo aqueceu me coração. Esperava nunca perder a amizade dele e me sentia mal por não conseguir retribuir o que ele sentia por mim. Mas meu coração, mesmo que eu não quisesse, já pertencia a outra pessoa...
— Claro que pode! Ficaria muito feliz em ter a sua amizade. — Concordei. Ele balançou a cabeça, parecendo realmente contente.
— E o Taehyung? — Sua expressão ficou mais séria. — Ele está bem? Soube que tinha sofrido um acidente...
— Ele está melhor agora. — Afirmei.
— E você? Como você está? — Questionou ao me analisar.
Acho que a vida gostava de pregar essas peças de vez em quando, cruzar o caminho das pessoas, fazer elas terem amores platônicos, impossíveis, irreais... talvez fosse uma forma de aprendizado, talvez não, mas o que eu sabia era que eu e Yugyeom tiraríamos proveito disso.
A nossa amizade cresceria e de todas as formas, eu estaria ali por ele como sabia que ele estaria por mim.
Ele era um ótimo amigo e eu me esforçaria para ser também.
Minha cabeça estava cheia.
Eu me preocupava com a situação entre mim e a minha mãe, parecia que cada vez mais nos distanciávamos, parecia que quanto mais eu vivia, mais eu a machucava, mais eu era um fardo. E isso eu não queria.
Meu coração estava em pedaços.
Eu apenas esperava conseguir seguir em frente logo, ter um coração quebrado era horrível e pior do que eu pensava.
Eu estava aflita.
O final do ano estava próximo, o último ano de Jimin, Yoongi e...Taehyung. Temia só de pensar que com a saída deles da escola, nos distanciemos. Bem, isso já estava acontecendo entre mim e o Kim...
Mas eu não queria perder os três.
— Nada bem... — Confessei com um sorriso triste.
— Sabe o que sempre ajuda nesses momentos? — Ele pegou em minhas mãos. — Dançar!
Yugyeom sempre sabia a resposta certa.
●○●
— Você ainda está cismado com isso! — Acusei rindo.
Meus cabelos agora estavam presos em um rabo de cavalo, tínhamos dançado várias músicas para que eu conseguisse extravasar, não tinha resolvido todos os meus problemas, mas tinha me ajudado muito.
Estávamos agora aproveitando o tempo para ensaiarmos nossa apresentação.
A impressão era de que tínhamos nos conhecido ontem, eu mal podia acreditar que já estava tão perto do dia em que apresentaríamos.
— Claro que estou. — Ele declarou emburrado. — Eu gosto muito desse passo.
— Está bem... — Suspirei me dando por vencida. — Você pode encaixar ele em algum lugar da dança, se ficar legal, a gente usa.
— Sério? — Questionou feliz.
— Sério!
— Yah! Você é demais.
Ri negando com a cabeça.
Fui até o som e tirei a música para colocar outra, quando o silêncio se fez na sala, ouvi vozes altas vindo lá de fora.
Eu e Yugyeom nos entreolharmos, o único barulho que geralmente tinha naquela propriedade era de música e algumas vezes a voz alta dos professores de dança.
Mas aquele barulho...aquilo era uma gritaria.
— O que está acontecendo lá fora? — Ele questionou em pensamentos altos.
Yugyeom andou até a porta, a abrindo.
Eu fui logo atrás dele, o acompanhando pelo corredor.
— Você não pode entrar aqui! — A voz de Hina estava estridente, ainda que um pouco nervosa. Ela era tímida e um pouco desajeitada, trabalhava como secretária do estúdio de dança desde que eu me lembro. — Só alunos podem entrar. — Deixou claro.
— Eu me matriculo nessa merda, só preciso que você me deixe entrar e me diga o número da sala em que ela está!! — A voz grave e impaciente preencheu meus ouvidos e eu parei no meio do caminho. Talvez eu sentisse tanta falta dele que estava até mesmo ouvindo sua voz.
Dei impulso no meu corpo e continuei seguindo Yugyeom até chegarmos na entrada.
Hina estava em pé atrás do balcão, seu rosto estava levemente vermelho, certamente de nervosismo.
E no final das contas, eu não estava ficando tão louca assim.
Taehyung estava parado em frente ao balcão de mármore, ele usava uma muleta do lado direto, enquanto o pé estava um pouco erguido, apenas enfaixado. Ele gesticulava com as mãos.
— Taehyung? — Minha voz deixou claro o quanto eu estava confusa.
Ele se virou no mesmo instante.
O curativo ainda estava na sua testa, o pequeno corte em seu queixo estava um pouco roxo agora.
— (S/n)! — Ele se mexeu bruscamente e quase caiu ao tentar apoiar o pé direto no chão. — Porra.. — Resmungou.
Dei um passo para a frente, erguendo as mãos para ajudá-lo.
— Você está bem? O que está fazendo aqui? Era para você estar no hospital!! — Eu estava confusa e preocupada ao mesmo tempo.
Ele apenas ergueu a mão e segurou uma das minhas entre a sua palma, fazendo com que eu me aproximasse um pouco mais dele. Seus olhos estavam carregados de palavras que a sua boca não parecia ter a capacidade de dizer, afinal de contas, ele ficou calado.
— Eh... — Ouvi Yugyeom pigarreando atrás de mim. — Hina, preciso que você me ajude lá na sala de dança.
— Mas eu não posso sair daqui! — Ela afirmou.
Percebi com o canto dos olhos que ele andou até ela.
— Eu realmente preciso da sua ajuda. — As palavras foram ditas com bastante veemência e ele arqueou as sobrancelhas.
Hina suspirou e olhou algumas vezes para mim e Taehyung antes de seguir Yugyeom pelo corredor.
Meus olhos voltaram a focar em Taehyung. Ele estava apreensivo...
Vê-lo novamente, sentir o toque da sua pele na minha, tê-lo tão perto de mim...
Respirei fundo. Meu coração já batia acelerado.
Eu sentia tanta falta dele!
— O que você está fazendo aqui? — As palavras saíram sussurradas, como se eu temesse falar alto e descobrir que tudo aquilo era fruto da minha imaginação. — Você só recebe alta do hospital daqui a três dias!
— Foda-se o hospital. — Murmurou. — Acordei fazem algumas horas e só consegui fugir daquele lugar a poucos minutos. Você tem noção do quanto te procurei? Eu te liguei um milhão de vezes, fui até a sua casa..mas agora, finalmente te encontrei. E só de pensar que você passou a noite toda ao meu lado e eu nem pude falar com você...— Ele entrelaçou seus dedos nos meus, apertando minha mão.
— E por que você queria me encontrar?
Meu coração batia tão forte que eu temia que ele simplesmente escapasse pela minha boca.
— Eu precisava te ver, precisava ao menos tentar conseguir o seu perdão. Eu fui um idiota! Eu menti para você. Eu estava com medo. — As palavras saíram da sua boca rápidas e nervosas. — Eu precisava te encontrar para dizer que — Ele respirou fundo, passou a língua pelo lábio inferior e soltou as palavras. — eu te amo!
Arregalei os olhos.
Neguei com a cabeça, eu não devia ter escutado direito.
Não fazia sentido.
— Eu te amo! — Ele reafirmou, como se visse a dúvida em meus olhos, ele soltou minha mão e apoiou a sua palma no meu queixo, forçando-me a olhar para ele, sem desviar os olhos. — Marrentinha... — Ele soltou uma risada triste e aliviada ao mesmo tempo, como se precisasse dizer isso, mas temesse que já fosse tarde. — Acho que você é a única que não tinha percebido o quanto eu te amo. — Ele negou com a cabeça. — Mas essas três palavras não são tudo, são só palavras. Palavras podem ser desmentidas, podem ser distorcidas. Mas isso... — Ele levou minha mão para o seu peito, eu conseguia sentir seu coração batendo sobre o tecido. — Isso aqui nunca vai mudar. Meus sentimentos, tudo dentro de mim. Isso que sinto é mais forte do que qualquer "eu te amo" na terra.
Minha visão embaçou com as lágrimas, eu mal conseguia enxerga-lo.
Funguei e com a outra mão limpei meu rosto.
— Taehyung, por favor, não fale algo assim. — Murmurei sentindo meu coração apertado. Aquelas palavras eram tudo o que eu mais queria ouvir. — Eu não aguento mais ter meu coração partido.
Ele me puxou pelo pulso, encostando minha cabeça em seu peito. Funguei mais uma vez e logo senti sua mão acariciando meus cabelos, ele ainda tentava se apoiar com o pé machucado.
— Eu fui um imbecil, (S/n). Tudo que eu mais queria era que você se sentisse como eu, que quisesse estar comigo como eu quero estar com você. Mas quando você disse que me amava, eu fiquei com medo. Temi tantas coisas... — Ele suspirou, me apertando mais contra ele. — Realmente achava que se eu fosse feliz estava fazendo algo terrível, que eu não merecia ser feliz pelo que aconteceu com o meu irmão. Mas quando eu sofri o acidente ontem, quando fiquei deitado no asfalto, sem sentir meu corpo e minha cabeça latejando..eu realmente achei que ia morrer e notei que tudo o que eu desejava era que você fosse feliz, eu me arrependi muito naquele momento de ter deixado você fugir de mim. Entretanto, eu notei que eu só queria que todos que eu amava
fossem felizes.
Ele me afastou um pouco dele e passou o dedo carinhosamente pelas minhas lágrimas, as limpando.
— Depois do que passei, depois de tudo, não tenho dúvidas de que meu irmão também desejava o mesmo, que eu e todos que ele amava fossem felizes. E eu quero ser feliz, mas jamais conseguirei ser feliz sem você. Sem você eu não sou nada, (S/n). — Seu polegar passou pelo meu lábio. — Você é minha marrentinha, a pessoa que eu amo. E eu sei que eu sou um babaca desgraçado e que não mereço você. Mas eu sou egoista e quero te ter comigo, quero você ao meu lado mesmo sabendo que eu sou todo fodido. Eu te amo e só quero que você me dê uma segunda chance...por favor.
●○●
Hmmm...será que vai ter segunda chance?
Oi, amores da minha vida! Já estava com saudade de vocês 💜
Como estão? A semana foi boa?
Eu já estou louca pelo final de semana, sério.
Espero que tenham gostado do capítulo de hoje e possam finalmente perdoar nosso amado Taehyung! :')
Contem-me aqui nos comentários, ein? Amo lê-los hahaha
Aaaaaa o grupo foi criado!!! O Link vai ser colocado na minha bio
(E gente eu mal entro no whatts então se eu demorar para responder lá, desculpa. Amo vocês 💜)
Vamos ficando por aqui.
Até logo! Beijos
By: leticiaazeneth ❤️
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