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"Eu plantei uma flor que não pode florescer
Em um sonho que não pode se tornar real
Eu estou tão cansado desse
Amor falso."
- Fake love
●○●
A brisa suave batia contra o meu rosto enquanto meus braços apertavam-se ao redor de Taehyung. Aquela sensação boa estava de volta, eu gostava de andar de moto com ele, de alguma forma era libertador e por mim poderíamos ficar horas e horas na estrada.
Senti o cheiro salgado no ar e ao mesmo tempo o vento ficou mais forte, o sol já estava fraco no horizonte e mesmo que eu já soubesse naquele ponto para onde estávamos indo, eu não conseguia acreditar que aquele seria nosso último destino da semana.
Na verdade, até fazia sentido.
Os dias foram passando e cada vez as provações ficavam mais complicadas, na minha opinião, nada mais justo que o último dia fosse no pior do locais, onde meu medo triplicava.
O mar...
A orla estava vazia, era um lugar bem isolado e eu não sabia se muitos conheciam aquela região, as praias eram muito mais usadas que a região de orlas. E aquela, em específico, parecia abandonada, cristalizada e guardada.
Taehyung parou a moto e desceu, retirando o capacete. Ele estendeu a mão para mim e eu aceitei a sua ajuda.
Quando já estava livre do capacete, inspirei profundamente.
— Eu não acredito que me trouxe aqui.
As mãos dele percorreram meus braços até alçarem meus ombros. Ele olhava em meus olhos, sabia que tentava me passar segurança.
— Nosso último destino tinha que ser o mais importante, não acha? — Ele sorriu minimamente. — Acredito que você já está pronta. Não vamos entrar no mar ou algo assim, vamos apenas apreciar o por do sol.
O Kim tirou de dentro do compartimento da sua moto uma grande toalha, e em seguida retirou os tênis dos seus pés e os deixou ao lado da moto.
— Agora sua vez, tire os sapatos!
— Mas meus pés vão ficar cheios de areia. — Resmunguei e ele sorriu.
— Não seja fresca, vamos. A sensação é muito boa.
— Vai ter que me pagar um bom jantar depois disso tudo.
— Você que deveria pagar para mim, depois de todo o meus esforço e de te ouvir reclamar. — Rebateu.
— Você levaria o restaurante a falência, nunca vi alguém comer tanto. — Ri e ele me olhou feio.
— Não fuja do assunto! Tire os sapatos.
Suspirei relutante e os tirei, os colocando ao lado dos seus.
— Feliz?
— Muito. — Ele sorriu e se inclinou, pegando em minha mão.
Seus dedos entrelaçando-se no meus, já tão acostumados com aquele contato que era frequente entre nós.
Começamos a andar juntos, eu realmente não lembrava daquela sensação. A areia estava morna, levando em conta que o sol já não estava mais sobre ela, era macia e fofa. Olhei para os meus pés, os vendo afundar a cada passo.
— Eu não disse que a sensação era boa?
Levantei a cabeça e fitei o mar, ele já estava mais perto e as ondas quebravam em um barulho silencioso que era carregado pelo ar.
— Aqui já está bom. — O Kim declarou quando andamos mais um pouco, ele estendeu a toalha no chão e me puxou para sentar com ele.
— Você já tinha vindo aqui antes? — Questionei quando me sentei perto dele, nossos ombros se tocando.
— Já! Eu sempre gostei da praia, na verdade. E aqui nunca tem ninguém, gosto de ficar sozinho.
— Para quem gosta de ficar sozinho está passando muito tempo comigo. — As vezes passava na minha cabeça a sensação de que ele estava fazendo o que fazia por sentir obrigação, por pensar que como eu o tinha ajudado quando estávamos na sua casa, ele precisava me ajudar também. — Sinto muito. — Brinquei.
— Eu gosto da sua companhia, baby! Você não tem que sentir muito por isso. — Ele me empurrou de leve, usando o ombro. — Você é uma das poucas pessoas que merece o meu tempo.
— Já te falei o quanto você se acha?
— Algumas vezes. — Ele deu de ombros sorrindo.
Ficamos calados e eu me permiti observar o mar, mesmo de longe. Ele continuava parecendo grande, imenso, doloroso para mim, mas agora, não parecia mais tão assustador.
— Yah! Deixa eu te aquecer. — O ouvi resmungar e no instante seguinte ele tirou o seu casaco, passou por meus ombros e me puxou para perto, me apertando em seu braços. — Da próxima vez venha com um casaco.
— Você não me disse para onde vínhamos. Como eu ia saber que estaria frio?— Murmurei, na verdade estava um pouco enebriada pelo cheiro amadeirado proporcionado pelo seu casaco e pelos braços ao meu redor. — Você vai ficar com frio! Pegue seu casaco de volta. — Insisti e tentei me afastar, todavia ele não deixou, me abraçando com mais força.
— Eu não vou ficar com frio se você me abraçar também.
Ri e passei meus braços ao seu redor, o abraçando.
— Melhor agora?
— Muito. — Ele beijou minha testa e me arrumou em seus braços, possibilitando que eu encostasse minha cabeça em seu peito e observasse o mar.
Eu teria que ligar para a Lalisa.
Como eu poderia não me iludir quando ele era assim?
Como poderia não criar expectativas com ele me tratando daquela forma?
Era simplesmente impossível.
Eu era apaixonada pela forma como ele me olhava, como me permitia ser quem eu era sem temer julgamentos.
Adorava suas brincadeiras e o jeito que ele tentava sempre tirar minha paciência.
Eu precisava conversar com ele. Precisava saber se ele sentia o mesmo, se queria o mesmo. Eu não poderia continuar mais daquela forma.
— Tae? — Sussurrei.
— Sim?
— Posso te falar uma coisa?
— Claro!
Suspirei e mordi a ponta do lábio em nervosismo. Eu ficaria bem se sofresse uma decepção, certo?
Não seria o fim do mundo.
— Eu queria-
— Olhe! Olhe! — Ele me interrompeu, se afastando um pouco do meu corpo. — O sol está se pondo.
Foquei os olhos no horizonte, o alaranjado e o vermelho cobrindo o céu, a água parecia refletir, já não estava mais azul, e a impressão era de que pequenos brilhos flutuavam nela.
— Não é lindo? — Taehyung sussurrou.
— É perfeito.. — Tive que concordar.
Ficamos em silêncio mais uma vez, observando juntos a noite chegar.
Quando o céu já estava escuro e a estrelas começaram a se acender, uma por uma, o Kim levantou e me estendeu a mão.
— O que você está pensando em fazer?
— Vamos molhar os pés.
— Taehyung.. — Adverti.
— Veja! — Ele olhou para trás. — Está escuro, você não sabe onde o mar termina, onde começa o céu, onde é água, onde não é. Não é tão assustar assim, é? — Ele voltou a olhar para mim, balançando as mãos em minha frente.
Na verdade era sim, mas eu não queria apagar seu otimismo.
— Como você consegue sempre me convencer? — Bufei e segurei em suas mãos, ele me impulsionou e me levantou.
— Porque eu sou incrível e minhas propostas são sempre geniais.
— Vamos logo molhar os pés, ao menos assim você para de falar e se exibir!
Ele riu e segurando em minha mão, começou a me puxar em direção a água.
Esperei a sensação de pânico me invadir, as pernas fracas e o coração acelerado, porém nada disso veio.
De alguma forma eu me sentia mais forte, mais confiante.
Chegamos na beirada, a água vindo em nossa direção.
— Parece que eu estou levando uma criança pela primeira vez para ver o mar. — Taehyung comentou. — É emocionante.
— Cale a boca. — Ri.
A água veio e tocou em meus pés, estava gelada, mas calma e brilhante, banhada pela escuridão.
— Está muito gelado! — Taehyung constatou. — Você pode ficar gripada, não foi uma boa ideia.
Ele tentou me puxar, mas eu permaneci no mesmo lugar. Meus olhos fitando o mar.
— Talvez eu nunca vá conseguir nadar e me sentir completamente bem na praia ou na piscina, mas essa é a primeira vez que eu não sinto desespero, na verdade é a primeira vez que me sinto bem. — Levantei a cabeça e o olhei. — Obrigada, sério. Por tudo. Agora a água não parece mais tão assustadora assim.
Ele sorriu, parecendo realmente feliz por saber aquilo, se inclinado sobre mim ele ergueu as sobrancelhas.
— E qual o meu prêmio? — Cada vez mais ele aproximava seus lábios dos meus.
— Seu prêmio? — Sussurrei e ele concordou com a cabeça. Nossos lábios estavam quase se tocando.
Afastei-me dele e chutei a água, fazendo com que ela respingasse nele. Taehyung me olhou indignado enquanto eu ria.
— Nada de prêmio para você seu interesseiro. — Declarei rindo.
— Yah! (S/n). — Olhou-me emburrado. — Eu não mereço ao menos um beijo?
— Hm.. — Coloquei a mão no queixo pensativa.— Se conseguir me pegar, quem sabe.— Dei de ombros e antes que ele conseguisse raciocinar, sai correndo.
— (S/n)! — Bradou em meio a um lamúria. — Volte aqui, você é muito difícil e cruel comigo.
Ri enquanto o vento e a brisa do mar batiam em meu rosto.
Aquela era uma sensação muito boa.
Agora eu tinha novas e boas lembranças para substituir as antigas.
●○●
Já era tarde quando Taehyung parou a moto em frente à minha casa e eu desci. Esperava que minha mãe ainda estivesse no trabalho ou até mesmo que tenha ido dormir sem conferir que eu estava na cama, ela ficaria irritada se soubesse que passei tanto tempo fora e nem ao menos avisei.
Bem, a culpa total nem era minha, eu não sabia que demoraria tanto.
Entreguei o capacete para Taehyung e ele sorriu para mim, ainda sentado na moto ele usou a mão para agarrar minha cintura e me puxar para perto.
— Eu só queria agradecer. — Declarei.
— O prazer foi todo meu.
Ele piscou para mim e me beijou. Quando ele se afastou, com um selar estalado, eu só queria que ele se aproximasse novamente.
Talvez aquele fosse o momento...
A hora certa para falar com ele sobre o que eu sentia. Eu estava pronta!
— Ah, nem te falei. — Ele iniciou antes que eu começasse a falar.
— O que foi?
— Minha mãe ligou hoje, vou pegar minhas irmãs amanhã cedo e elas vão ficar até quinta.
— Isso é ótimo! — Sabia o quanto ele estava animado.
— Espero que eu consiga cuidar delas direito. — Falou sem jeito.
— Consegue sim. — Afirmei.
— E tem mais uma coisa. — Inclinei a cabeça o observando, esperando que ele continuasse a falar. — Eu decidi, não vou mais pedir a emancipação, graças a você eu percebi que não preciso me afastar deles e...eu quero tentar, sabe? Quero fazer parte da vida deles novamente.
Meu coração vacilou.
Por um lado eu estava feliz, muito na verdade. Era tudo que eu mais queria para ele, porém se ele não queria mais se emancipar, não precisaria de mim para fingir ser sua namorada.
Eu precisava falar com ele.
— Tae.. — Sussurrei.
— Então depois que eu falar para os meus pais que não quero mais me emancipar, não precisaremos mais fingir nada para eles! Não precisaremos continuar com isso. — Declarou rapidamente.
Então, meu coração parou.
"Não precisaremos continuar com isso."
Senti todas as palavras que eu queria contar para ele, se esconderem dentro de mim. Senti-me tão mal, tão horrível por ter pensado, ao menos por um momento que eu e ele, nós, poderíamos ser algo.
Analisei seu rosto por mais alguns segundos antes de tirar seus braços que estavam ao meu redor e me afastar. O Kim arqueou as sobrancelhas e me observou.
— Ótimo.
— O que foi? Está bem?
— Claro. — Apertei minhas mãos e mordi a ponta do lábio. — Preciso entrar, já esta tarde.
— Mas... — Ele continuava me analisando, parecendo confuso.
— Até depois.
Agradecia por amanhã ser sábado e eu não precisar ir à escola, sentia meu corpo dolorido, cansado, enquanto uma rachadura crescia no meu coração.
Era uma decepção amorosa?
Sem esperar ele falar eu entrei em casa.
Tudo que eu queria era ir para debaixo das cobertas, afundar e nunca mais sair.
Andei até a escada e subi, quando cheguei no corredor dos quartos minha mãe apareceu na porta do quarto dela.
— (S/n)? — Ela usava sua camisola, os cabelos presos e o rosto inchado, ela estava dormindo. — Você chegou agora? Achei que estava dormindo no seu quarto. — Olhou-me confusa.
— É...am.. — Vacilei. — Eu saí e esqueci de avisar.
— Não é a primeira vez. — Falou irritada. — Você não me conta mais nada, faz o que quiser e só quando lembra me avisa? Estou cansada disso.
Senti as lágrimas chegarem aos meus olhos.
Ela estava cansada?
— D-desculpa. — Murmurei, vi seu rosto ser tomado de espanto pela minha reação. Eram muitos sentimentos correndo dentro de mim naquele momento. — Eu sinto muito. Por tudo.
— (S/n)? — Ela deu um passo para a frente. — O que foi, filha?
— Nada. — Declarei. Os lábios prensados para impedir que eu chorasse.
Seus olhos me fitaram confusos, mas eu vi que eles tentavam esconder o que ela sentia de verdade, o que eu sabia que a consumia todos os dias: o medo que eu descobrisse.
Eu via aquele medo em seus olhos desde sempre, porém só fui descobrir o que eles significavam naquele dia, nas nossas férias na praia.
As vezes eu me perguntava, será que ela tinha noção de que eu já sabia?
— Isso não vai se repetir. Me desculpa.
Declarei antes de dar as costas e entrar no quarto.
Sentei-me no chão e respirei fundo, o peito dolorido.
Era difícil, muito difícil.
Por anos me senti enclausurada, vivendo uma vida que não era minha, sendo um fardo para alguém que eu realmente amava e considerava. Eu não queria ser a responsável por causar tanta preocupação na minha mãe, ela não merecia. Não mesmo.
Mas o que eu podia fazer?
Ir morar com meu pai? Conviver com a nova família que ele criou?
Por um momento, quando comecei a conhecer o verdadeiro Taehyung, quando o sentimento por ele começou a nascer dentro de mim, eu realmente achei que as coisas poderiam ser diferentes.
Eu poderia superar tudo estando com ele, não?
Sim, ele tinha me ajudado a superar um trauma grande, a enfrentar algo de frente.
Mas no fundo, eu sabia que ele jamais conseguiria mudar a realidade da minha vida.
Ninguém poderia.
E para piorar a situação, eu o estava perdendo também.
Na verdade, como eu poderia perdê-lo?
Tudo não passou de fingimento!
●○●
E chegamos ao fim aaaa
Quanta tensão!
Eu já usei "Fake love" no início de outro capítulo, porem acredito que não tenha letra melhor para esse capítulo.
Gente!!! "UVNC" chegou a 63 mil vizualizações, eu não acredito. Estou muito feliz, sério. Obrigada, de coração.
Espero que tenha gostado do capítulo de hoje, estou louca para ler os comentários de vocês, não se esqueçam de me contar o que acharam!
Teorias e mais teorias kkk
Amo vocês. Até logo
Bjs
By: leticiaazeneth ♥️
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