6|3
"Imagino seu rosto.
Você me diz olá
e então todos os dias ruins
não significam nada para mim,
com você."
- Winter Bear (V)
●○●
— Sério, ficaria bem mais legal se você usasse a perna assim no passo! — Yugyeom puxou a perna, tentando erguê-la no alto.
Coloquei a mão na barriga rindo, ele era péssimo quando o assunto era elasticidade.
— Não vou fazer isso. Deixa que essa parte da coreografia eu crio. — Declarei sentindo minhas bochechas doloridas.
— Aish, não ria! Eu só queria ajudar.
— Eu realmente aprecio sua ajuda. — Concordei com a cabeça e sorri. — Por favor Yugyeom, sempre me ajude.
— Agora sim. — Sorriu satisfeito.
— Menos nessas partes da coreografia, porque você é péssimo!
— (S/n)!
Voltei a rir e quando me dei conta ele já estava me balançando pelos braços, me pedindo para parar com um sorriso de escárnio nos lábios.
— Estou atrapalhando algo?
A voz grave surgiu na sala fazendo com que a risada que escapava dos meus lábios morresse.
Yugyeom tirou as mãos dos meus braços e eu me virei.
Taehyung estava encostado na porta, as mãos nos bolsos da calça e as sobrancelhas erguidas, sua expressão parecia neutra, porém eu conseguia ver a irritação que emanava dos seus olhos.
Tive que me controlar para não deixar meus olhos presos por muito tempo nas suas pernas, que estavam sendo exibidas em uma bermuda preta.
Ele só tinha conseguido entrar na sala porque estávamos sem a moça da recepção. A entrada de não alunos não era autorizada.
Não tinha passado muito tempo com ele desde ontem, quando ficamos na sua casa. Sentia meu estômago embrulhar de ansiedade, não tínhamos conseguido ficar muito tempo sozinhos na escola.
— Ah, você chegou! Faz tempo que está aí?
Achei que ficaria com muita vergonha e sem jeito de falar com ele depois de tudo que aconteceu, no entanto eu me sentia tão bem, algo quente martelava em meu peito e tudo que eu queria era estar mais perto dele.
— Acabei de chegar. Íamos sair, esqueceu?
— Claro que não. — Apressei-me em falar. — Só acabei perdendo a noção do tempo. — Olhei para o relógio preso à parede. — Já vou me trocar.
Taehyung concordou com a cabeça e seus olhos caíram sobre Yugyeom, que estava ao meu lado.
Yugyeom sorriu, as mãos atrás do corpo.
— Oi, Taehyung.
— Hm..Oi. — Respondeu e algo me dizia que aquela careta no seu rosto era para ser um sorriso.
— Certo. — Interrompi sentindo o clima estranho no ar. Virei -me para Yugyeom e sorri. — O ensaio foi ótimo, nos vemos semana que vem.
— Sim. Até semana que vem então. — Ele afirmou com a cabeça e se inclinou um pouco, beijando minha bochecha. — Podemos marcar de ensaiar em algum momento do final de semana também. Te mando mensagem.
Olhei com o canto dos olhos para o Kim.
— Claro! Conversamos depois. — Sorri e peguei minha bolsa, que estava no canto da sala. Andei até Taehyung, antes que ele se manifestasse e dissesse algo. — Vamos?
Peguei em seu braço e comecei a puxa-lo para fora da sala.
— Ele.. — Começou e suspirou alto. — Muito atrevido.
Revirei os olhos, era um ciúmes desnecessário. Passei no vestiário apenas para trocar de roupa, Taehyung ficou me esperando do lado de fora.
Quando sai ele estava encostado na parede, os braços cruzados e as sobrancelhas erguidas.
Ri e me aproximei.
— E essa carinha?
— "Te mando mensagem" — Ele imitou a voz de Yugyeom e bufou. — Já disse que não vou com a cara dele?
— Algumas vezes. — Sorri e neguei com a cabeça. — Agora pare de implicar com ele. — Declarei e passei meus braços ao redor do seu corpo, o abraçando. — Vai me dizer para onde vamos?
O Kim suspirou e rendeu-se, passando os braços ao redor de mim também.
— Não! — Sorriu. Seus labios próximos aos meus eram uma tentação e ele sabia disso. — Só vai saber quando chegarmos.
— Eu tenho que ao menos passar em casa e trocar de roupa. — Argumentei.
Estava distraidamente enrolando os fios de cabelo da sua nuca em meus dedos, o Kim roçou os lábios nos meus.
— Não vai precisar não. Vai por mim.
Como em todos os dias daquela semana, o brilho ansioso estava em seus olhos.
Era um brilho diferente, como uma estrela distante que de tempos em tempos aparece no céu, era um brilho forte e vivo, mas que por muitas vezes cismava em se esconder por trás das nuvens.
Agora, quando eu olhava para os olhos dele, ficava feliz em perceber que aquelas nuvens não cobriam mais seu olhar, ao menos para mim, ele mostrava o seu brilho particular.
— Você está me ouvindo? — Ele riu e me apertou contra si. — Você não me responde.
— Desculpa...Estava distraída.
— Eu sei que minha beleza te deixa um pouco desnorteada, marrentinha.
— Yah! Você é muito narcisista.
— Eu sou realista!
— Narcisista.
— Realista!
— Narci- — Antes que eu conseguisse falar seus lábios cobriram os meus.
Eu já estava acostumada com o gosto mentolado do seu beijo, era refrescante. Podia passar horas, se não fosse pela falta de ar, com sua boca sobre a minha.
Ele deixou um selar contido na ponta do meu queixo antes de se afastar.
— Você não pode me calar sempre que quiser com um beijo. — Contestei em um sussurro.
— Não posso? — Ele arqueou as sobrancelhas.
— Não!
— E por que não?
— Porque eu pre- — E mais uma vez, com um sorriso no rosto, Taehyung levou seus lábios aos meus.
●○●
— Cinema. — Tentei adivinhar pela quinta vez para onde ele me levaria.
— Qual a ligação entre cinema e água, (s/n)? — Taehyung riu.
Ele estava com os olhos concentrados na estrada. Enquanto eu o observava notei que aquele era um dos meus passatempos preferidos: observar o Kim dirigindo e vê-lo batucando os dedos no volante de acordo com a música.
— Nenhuma. — Suspirei frustada. — Mas eu não sei mais.
— Essa não é tão fácil!
Remexi-me no assento do carro, tínhamos saído da estrada principal e agora o carro ia a toda velocidade para o interior.
Inclinei a cabeça para o lado.
— Não estamos indo para a casa da sua família, né? — Só aquela ideia me deixou um pouco nervosa.
— Não. Não mesmo.
— Mas estamos indo praticamente na mesma direção. — Olhei pela janela, eu lembrava daquela região.
— O local para onde vamos é perto de lá.
— Um lago? — Arrisquei mais uma vez.
— Não! — Taehyung riu. — Você é péssima no jogo de adivinhação.
— Não sou não.
Passou mais um tempo até que o Kim entrou em uma estrada de terra, mais uma vez me lembrando da mansão da sua família. Porém, quando chegamos no nosso destino, me surpreendi ao ver uma casa modesta, mas muito bonita, no meio de um pequeno bosque.
A casa tinha tons pastéis e se infiltrava entre as árvores, ela tinha uma aura acolhedora e de alguma forma me relaxava estar ali.
O que me surpreendeu foi ver a pequena figura de uma senhora parada na porta de entrada, os cabelos soltos esbranquiçados iam até o ombro e suas mãos estavam sendo apertadas perto do peito em alegria.
Era a avó de Taehyung.
— Viemos para a casa da sua avó! — Comentei animada.
Mesmo que não soubesse o que aquilo tinha de ligação com a superação do meu trauma, eu tinha ficado muito feliz. Desde o dia em que a conheci eu tinha gostado dela, a avó de Taehyung era uma senhorinha doce e muito amável.
— Sim, e um dos motivos é que ela me ligava todo dia para perguntar quando eu traria minha namorada bonita para visitá-la. — Revirou os olhos com um sorriso.
Ele estacionou e eu tirei o cinto.
— Namorada bonita. B.O.N.I.T.A — Destaquei sorrindo.
— Ela precisa comprar novos óculos, não a culpo. — Brincou.
Dei um pequeno soco em seu braço antes de abrir a porta do carro.
— Idiota. — Resmunguei enquanto ele ria.
Saímos do carro e a avó de Taehyung andou até nós, ela usava um vestido azul e sobre ele um avental.
— Finalmente chegaram! Acabei de terminar o bolo. — Sorriu e abriu os braços para mim. — (S/n)! Que bom que veio.
Ela me abraçou e eu retribui. Seu abraço era reconfortante, como se ela fosse um calmante.
— É muito bom ver a senhora. Está linda como sempre.
Ela me soltou do seu aperto e se afastou, me analisando.
— Ah, obrigada minha querida. Você que é. — Sorriu e balançou a cabeça. — Tão bonita...
— O neto bonito está aqui também, não esqueça dele. — Taehyung falou, arrancando um sorriso grande dos lábios da senhora.
As pequenas rugas ao redor dos olhos a deixavam ainda mais adorável.
— Meu filho, eu estava com tanta saudades de você. — E foi a vez dele de receber um abraço.
Taehyung fechou os olhos enquanto sua avó o abraçava e quando os abriu, eu vi o brilho lá novamente.
Sabia que ela, além de mim, talvez fosse a única que conseguisse vê-lo.
— Eu também estava.
— Então venha mais vezes me ver. — Ela retrucou e se afastou dele. — Mas vamos entrar, fiz várias coisas gostosas. Vamos!
A Sra.Kim apressou o passo e Taehyung usou a mão em minha cintura para me conduzir à entrada da casa.
— Você deveria ter me dito que estávamos vindo para a casa da sua avó. — Reclamei. — Olha o meu estado, Taehyung. Estou horrível.
Ele negou com a cabeça.
— Minha avó nunca mente, você devia escutar mais vezes o que ela diz. — Arqueei as sobrancelhas tentando entender o que ele falava. — Você está sempre bonita.
●○●
A casa era decorada com apreço, parecia que cada fotografia, cada detalhe, cada móvel tinha sido feito exatamente para estar ali. Era realmente uma casa de vó.
Percebi que Taehyung ficou um pouco desconfortável quando entramos, as paredes eram lotadas de foto e claro, o irmão dele estava em muitas delas.
Quando notei isso peguei sua mão entre a minha e entrelacei nossos dedos, para que ele soubesse que eu estava ali.
Ele parecia ter entendido, pois sorriu.
— Vamos comer lá fora? A tarde está agradável. — Ela nos levou até a cozinha. — Ah, Tae, comprei o que você me pediu e deixei lá em cima. — Piscou para ele e eu soube que ambos estavam aprontando algo.
— Certo. Vou lá pegar. — A animação voltou para seu corpo e ele desentrelaçou nossos dedos. — Encontro vocês lá fora.
E antes que eu pudesse perguntar qualquer coisa, ele se afastou e sumiu por uma das portas.
— (S/n)? Tem uma grande mesa lá fora, poderia me ajudar a levar as cosias para lá?
— Claro! — Confirmei com a cabeça e me aproximei dela.
A bancada estava coberta de bolos, salgados e outros doces. Era de salivar.
Peguei alguns pratos enquanto ela pegou outros, a segui para fora da cozinha, por uma porta lateral que dava para o jardim. Era um local amplo, cheio de flores e até mesmo uma horta, porém o que me chamou a atenção foi a grande piscina que enfeitava boa parte do local.
Eu mataria Taehyung se a ideia dele para o dia de hoje fosse o que eu estava pensando.
Mordi a ponta do lábio, um pouco nervosa com o pensamento e coloquei os pratos sobre a mesa, que ficava embaixo de uma grande cerejeira.
— Espero que goste dos doces. — Comentou sorrindo e indicou um dos bancos para que eu me sentasse.
— Tenho certeza que vou gostar.
Ela sentou e ergueu a mão para mim, um pouco incerta, a peguei.
— Antes que meu neto volte eu queria falar com você.
— Ah, sim..Claro. — Confesso que a forma com a qual ela falou, me deixou um pouco nervosa.
— Eu queria lhe agradecer. — Ela sorriu. — Faz tanto tempo que o Tae não vem aqui, desde a morte do.. — Pausou e eu vi quando as lágrimas começaram a se acumular em seus olhos. — Enfim, eu sentia falta do meu neto aqui e desde que ele encontrou você, desde que estão juntos, eu vejo uma mudança nele. Voltei a ver o brilho nos olhos do menino que eu tanto amo.
O brilho.
Ela também via.
— A senhora não precisa me agradecer. — No fundo, me sentia um pouco culpada. Era tudo apenas..fingimento.. e tanto ela quanto a mãe de Taehyung pareciam tão gratas a mim.
— Preciso sim. — Ela murmurou apertando minha mão.
— O amor da vida de vocês voltou! — Taehyung falou alto, atraindo nossa atenção.
A avó dele apenas sorriu para mim antes de soltar minha mão.
— Esse menino é muito convencido. — Ela acusou.
— E a quem eu puxei? — Comentou com um sorriso divertido. — Puxei a senhora!
— Moleque atrevido! — Ela riu e começou a distribuir os pratos sobre a mesa.
Taehyung sentou ao meu lado e colocou uma sacola sobre o meu colo.
— Não abra ainda. — Advertiu.
— Am? — Olhei para o embrulho sobre as minhas pernas. — Mas eu sou curiosa.
— Eu sei! — Destacou em um tom divertido.
Bufei e voltei a atenção para a avó dele, que agora estava cortando pedaços de bolo.
Passamos um bom tempo ali, sentados embaixo da árvore enquanto a avó dele contava algumas das coisas que Taehyung aprontava quando mais novo, de acordo com ela, os cabelos brancos em sua cabeça eram culpa dele e não da idade.
Foi um momento muito bom, a comida estava simplesmente perfeita e era muito bom rir na companhia dos dois.
— Agora eu preciso entrar. — Ela se manifestou depois de um tempo. — Essa velha aqui precisa esticar as pernas na cama, não aguento mais passar tanto tempo assim.
— Velha? — Taehyung estalou a língua. — A senhora parece ser minha irmã.
A Sra.Kim riu e se levantou.
— Só por conta disso eu vou preparar alguns pedaços de bolo para você levar.
— É por isso que eu te amo. — O Kim sorriu.
— Eu também te amo. — Ela passou a mão pelo avental. — Fiquem a vontade, qualquer coisa eu vou estar lá dentro.
— Mais uma vez, obrigada. — Falei antes dela sair.
Taehyung fechou os olhos e jogou a cabeça para trás, o rosto virado para o céu e os lábios erguidos em um sorriso.
— Vir aqui me faz tão bem. — Comentou.
— Então venha mais vezes!
— É.. — Ele suspirou e sentou ereto, tentando conter o sorriso. — Agora você pode abrir a embalagem.
— Yah! Finalmente. — Peguei a sacola que eu tinha deixado no chão e coloquei sobre a mesa, a abrindo. Minhas sobrancelhas se arquearam ao ver o conteúdo. — Mas nem morta. — Declarei.
— (S/n)... — Taehyung choramingou.
— Você deve ter se drogado para achar que eu vou vestir esse biquíni e entrar na piscina. — Continuei olhando para o tecido dentro da sacola. — E quando caralhos você comprou isso?
— Minha avó comprou. — Ele deu de ombros sorrindo.
— Sua avó?
— Sim! — Ele riu. — Foi engraçado ela tentando me mandar as fotos de todos os biquínis da loja por mensagem.
— Não acredito que você a fez comprar um biquíni.
— Ela achou que eu queria agradar minha namorada bonita. — Aproximando-se de mim, ele colocou a mão no meu rosto e selou nossos lábios. — Agora você faz a sua parte e o veste.
— Taehyung.. — Suspirei. — Não vou entrar em uma piscina.
— Eu te trouxe para o meu local preferido no mundo, aqui eu tive as melhores memórias da minha vida e fui a criança mais feliz. Somos só eu e você aqui, ninguém mais, a piscina é toda nossa e eu vou estar com você, como sempre. — Ele tirou a mão do meu rosto e a estendeu para mim. — Confia em mim?
Virei a cabeça e fitei a água, calma e translúcida, da grande piscina. O sol estava quente, porém a sombra da árvore o abafava. Seria um ótimo dia para nadar, claro, para quem gostasse.
Quando voltei a olhar para o Kim, ele ainda tinha a mão erguida em minha frente, os olhos pidões e a boca entreaberta.
Suspirei e coloquei minha mão sobre a sua.
— Confio.
●○●
E chegamos ao fim de mais um capítulo aaa
Hoje o dia foi tenso, minha cachorrinha passou por uma cirurgia e eu fiquei acompanhado ela :(
Desejem melhoras para ela pfv, sei que com o amor de vocês ela vai ficar bem.
Espero que tenham gostado do capítulo de hoje, não se esqueçam de me contar aqui nos comentários, não é novidade que eu amo ler os comentários de vocês.
Desculpem qualquer erro, não tive tempo de revisar, todavia queria postar o capítulo para vocês já que não teve atualização segunda!
Obrigada por estarem acompanhando.
Até semana que vem! Bjs
By: leticiaazeneth
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