
♛ Chapter 47♛
"E eu acho que você é louco também, eu sei
que você não tem mais jeito.
Provavelmente essa é a razão
pela qual nós nos damos bem."
— Melanie Martinez — Mad Hatter.
Michael Ronda
Acordei sentindo uma forte dor de cabeça, olho para o teto o encarando todo branco e o cômodo também.
Parecia que estava num quarto de hospital, olho para o lado e vejo a Annabelle colocando um pano úmido na minha testa.
Senti um pequeno incômodo no meu braço, vi que estava no soro.
— Ah, que bom que acordou, majestade — falou toda sorridente.
— O que aconteceu comigo? — perguntei.
— O senhor desmaiou, após o resultado do concurso — respondeu.
Ela olha para o lado como se tivéssemos sendo vigiados, apesar de ser da realeza, sabia que vários guardas estavam na porta para a minha segurança.
— A condessa falou algo pra minha senhora, eu a vi saindo do quarto e ela mudou a sua expressão, sentia que tinha algo muito errado — revelou.
— Como assim? — perguntei confuso.
— Não é segredo para ninguém que a vencedora seria a minha senhora, apesar de terem dito que o senhor majestade havia escolhido a condessa, não acredito nisso — respondeu.
Percebi que ela estava falando em códigos, me lembrei de uma conversa que havia tido com a Valu alguns dias atrás.
Era só me dizer algo em código, que sempre se remete a realeza, quando estivesse com problemas.
Então me lembrei, que constantemente ela me desejava um longo reinado e foi aí que percebi que ela estava tentando dizer que tinha algo errado.
— Pense no que lhe disse majestade sobre a minha senhora, agora preciso ir, meu turno acabou — falou, fazendo uma referência a mim e saindo em seguida.
Vejo a princesa Analice entrar no meu quarto, ela não estava tão elegante quanto na noite anterior.
Usava uma regata cropped branca, jaqueta e uma saia xadrez amarelo e preto e coturno de salto preto.
Seus cabelos estavam soltos num formato ondulado, delineado gatinho branco e um gloss com glitter nos lábios.
— Oie meu amor — falou se aproximando de mim e beijando a minha bochecha.
Limpo o meu rosto imediatamente com a palma da minha mão e a encaro com uma expressão confusa.
— Não sabia que meus beijos eram contagiosos, príncipe — falou com uma expressão divertida.
— Não é isso, é que.... — quando ia inventar alguma desculpa, ela me interrompeu.
— Sei que não sou quem deseja, mas posso lhe fazer muito feliz — falou tocando no meu rosto com carinho — Olha, não gostaria de lhe falar, pra não lhe ver triste, porém precisa saber que a Valentina lhe trocou pelo o seu guarda pessoal, um tal de Marcos — falou, jogando várias fotos em cima da cama.
Aquelas palavras foram como se eu tivesse levado uma facada no peito, não podia acreditar no que estava vendo.
Percebi que algumas eram antigas, ela era muito nova e outras atuais pareciam atuais.
Mas logo me lembrei de ter visto o Marcos aos beijos com Annabelle atrás do jardim e isso me tranquilizou um pouco, porque sabia que estava mentindo.
Precisava ganhar algum tempo pra poder falar com a Valentina, então fiz uma expressão triste.
— Sinto muito por isso, príncipe — falou me abraçando — Irei amar por nós dois e tudo vai ficar bem, nosso casamento irá ser tão lindo, em exato dois dias iremos unir nossos reinos — falou dando um beijo na minha bochecha e saindo.
Eu nada disse, pensava em um plano pra me encontrar com a Valentina e sabia muito bem quem poderia me ajudar.
Fui disperso dos meus pensamentos ao ver o médico entrando no quarto, reconheci ser o Dr. Willian Sevilla.
Percebi que no rosto dele tinha um sinal roxo, a mesma coisa que ele levou um murro na cara.
— Bom dia, majestade — falou fazendo referência a mim — Vejo que tudo não se passou de um susto e já vou lhe dar alta — falou todo animado.
— Ah, que bom — falei aliviado.
— Fico muito feliz que você escolheu a Valentina, ela é uma ótima garota, não digo isso por ela ser a minha afilhada — falou todo orgulhoso, enquanto estava preenchendo o meu prontuário — Tenho certeza que estão radiantes com a notícia que a Valéria está viva e que tudo não se passou de um terrível engano — falou.
Tudo na minha mente parecia um borrão, era muita informação pra ser processada em pouco tempo.
"Será que ele não assistiu todo o concurso? Como assim a Valéria não morreu?" me pergunto mentalmente.
— Ela me contou por cima, mas o que realmente aconteceu? — perguntei curioso.
— No dia que houve um vazamento de gás no lixão do Reino de illéa, por serem muitos alguns pacientes foram passado para o hospital local daqui — explicou, se sentando numa cadeira do lado da minha cama — Uma das enfermeiras trocou o prontuário das pacientes sem querer, Valéria e a garotinha tinha o mesmo problema, aí pela família não querer ver o corpo, a confusão ainda pior, Valéria veio para o meu hospital e fez a cirurgia, passou alguns dias aqui e por faz tempo que não vejo a menina, não a reconheci em imediato — justificou.
— Então o senhor terá que fazer uma nota oficial na imprensa, explicando o ocorrido — falei.
— A princesa Analice não quer exposição, parece que a garotinha que faleceu fazia parte do reino da família dela — explicou — Inclusive quando soube, informei a Analice e ela disse que falaria com a Valentina — contou.
Como se fosse nos desenhos, quando acende uma lâmpada na cabeça do personagem quando ele tem uma ideia, senti que o mesmo aconteceu comigo.
Tenho certeza que a princesa chantageou a Valentina com aquela tem mais precioso na vida que era a sua irmã.
Por isso ela desistiu de mim, afinal ela só entrou no concurso por causa da sua irmã.
Quando o doutor ia falar algo, escutamos uma voz no interfone do hospital, avisando a solicitação da presença dele.
— Irei avisar aos seus guardas sobre a sua alta, foi um prazer conversar com o senhor majestade — falou se levantando da cadeira, fez uma referência a mim e saiu.
Vejo a minha mãe entrando no meu quarto, ela estava usando a mesma roupa da noite anterior, parecia que ela dormiu aqui no hospital e era visível às suas olheiras.
— Não devia ter ficado aqui comigo, mãe — falei, vendo ela se aproximar de mim.
— Você sempre será o meu bebê e por isso nem veem ficar bravo por ter ficado com você — falou tocando na minha testa.
— Obrigada por sempre cuidar de mim, mãe — agradeci lhe dando um beijo na bochecha — Trouxe alguma roupa pra mim? — perguntei.
Ela me entregou uma sacola marrom, agradeci e corri até o banheiro para me trocar.
Aproveitei que havia um chuveiro e tomei um banho rápido, ao terminar vesti uma camiseta azul claro, calças jeans num tom escuro e um all star preto.
— Mãe, preciso passar num lugar antes, depois me encontro com a senhora, tá bom? — pedi.
— Não importa a decisão que tomar, estarei aqui pra lhe apoiar — falou tocando no meu ombro.
Mandei um guarda real levar a minha mãe até o castelo e o outro me levou em direção a vila onde a Valentina morava.
Por sorte naquele horário era menos movimento, pedi para o motorista dar uma volta pela vizinhança e voltasse depois de cinco minutos.
Vejo a Valentina na porta da sua casa com duas pessoas que não reconheci de imediato, mas ao me aproximar mais, reconheci apenas a Giovana ao lado de um rapaz alto e moreno.
Giovanna estava usando um vestido de mangas finas branco que vinha na altura dos joelhos e um salto preto.
Já o rapaz usava uma blusa de mangas longas azul claro, calças jeans num tom escuro e alguns detalhes de rasgo no joelho e um coturno preto.
No chão ao lado deles tinha três cestas básicas, era eminente a expressão desconfortável no rosto dela.
— Devia aceitar a cesta básica, agora que não está mais no concurso, sua família vai passar muita fome — Giovanna debochou dela.
— Não devia falar assim da sua rainha, senhorita Agreste — falei surgindo por trás dela.
Ambos me olharam surpresos, passo no meio deles e fico ao lado da Valentina.
Seguro em sua mão, pra tentar lhe passar uma certa segurança.
— Meu noivo tem razão, dê as cestas pra quem realmente precisa e graças a Deus a minha família nunca passou fome — Valentina falou toda sorridente.
Giovanna nada disse, apenas saiu toda raivosa e o rapaz ia sair com ela, mas Valentina foi mais rápida, soltando a minha mão e indo até o rapaz, que estava com um carrinho com as três cestas.
— Pablo — Valentina o chamou, indo em sua direção.
Ele automaticamente parou e olhou pra ela com um sorriso debochado.
— Sei que não fui uma boa namorada, mas você merece algo bem melhor que a Giovanna, só de ter trazido cesta básica com o objetivo de pra tentar me humilhar mostra quem realmente ela é — falou, tocando gentilmente no ombro dele.
— Desde do começo, sabia que não o amava, mas ter você do meu lado me fazia sentir poderoso, afinal era a garota mais bonita do colégio — falou com um certo tom de tristeza na voz — Obrigada pelas gentis palavras e pelo tempo que ficamos juntos — falou lhe dando um abraço e saiu, deixando as cestas básicas para trás.
— Melhor você entrar, não pode ficar aqui fora, vai chamar muito a atenção — falou me fazendo entrar na sua casa.
Ela pegou o carrinho que tinha a cesta básica e guardou num canto.
— Vou pedir para o Marcos distribuir depois — falou — O que está fazendo aqui? — perguntou confusa.
— Já sei de tudo que aconteceu e vim aqui, pra lhe dizer que ninguém irá tomar o seu lugar de rainha, afinal é a única que aceitou — falei me aproximando dela e lhe dando um selinho.
— Senti falta sua, meu príncipe — falou.
— Eu também, minha rainha — falei acariciando o rosto dela.
— O Marcos foi falar com você? — perguntou surpresa.
Não a julguei por ela ter pedido ajuda pra ele, afinal naquele momento, ele era o único que lhe podia ajudar.
— Na verdade foi o Dr. Sevilha, ele me contou tudo que havia acontecido com o lance da sua irmã — falou.
— Que maldito, ajudou a princesa Analice e ainda tem coragem de contar — falou raiviosa.
— Pelo o que contou, ele só avisou ela primeiro, porque a família dela pagou todo o hospital achando ser outra garota, tenho certeza que a princesa soube bem aproveitar a situação a seu favor — explicou.
Ela olhou com uma expressão que se sentia culpada, por ter julgado mal o seu padrinho.
— Quando meus pais chegarem, irei contar a eles sobre o mal entendido — falou.
— Bom, agora que tudo foi esclarecido, melhor falarmos sobre nós, minha rainha — falei, colocando a mecha do seu cabelo atrás da orelha.
Me aproximei ainda mais dela, íamos nos beijar, mas ao ouvirmos a voz da sua irmã, nos separamos rapidamente.
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