" As cicatrizes servem como lembretes
do nosso sofrimento e deixam a pessoa
decidida a nunca mais ser ferida.
E mais difícil o processo pra ficar
bem de novo, a dor pode passar,
Dizem que a passagem do tempo
cura todas as feridas, mas quanto
maior a perda, mais fundo é o corte"
- Klaus Mikaelson

Valentina Zenere

No caminho, minha irmã contou tudo que aconteceu no hospital,ao meu ver o meu padrinho não teve nada haver.

Mas não entendo como a princesa Analice entrou em tudo isso, mas neste momento só quero aproveitar a minha irmã.

Marcos retirou o seu casaco e mandou cobrir a cabeça da minha irmã, para não haver nenhum alarme até resolver toda a confusão.

Minha irmã não perguntou nada que fizemos, mas tenho certeza que ela estava bem desconfiada.

Por sorte naquele horário estava tranquilo a vila, afinal todos estavam em seus trabalhos.

Fui rapidamente na frente, pra poder abrir a porta da minha casa, sabia que os meus pais nesse horário devem estar ocupados na horta.

Marcos guiou a minha irmã pra dentro e fechou as cortinas, ao adentrar mais, vejo os meus pais sentados no sofá vendo TV, provavelmente estavam acompanhando o concurso.

Minha mãe estava usando um vestido simples de mangas longas listrada preto e branco de mangas longas e seus cabelos estavam presos em um coque alto.

E o meu pai estava usando camiseta simples branca e calças de tactel preta.

Ao ver a minha irmã, correram para abraçá-la, ambos choravam muito e a enchia de beijos.

- Mãe, pai - os chamei, vendo eles vindo em minha direção me abraçar e depois o Marcos, ambos nos agradeceram.

- Não entendo porque todo mundo está ficando emotivo de me ver - Valéria falou toda confusa.

- É normal, maninha - falei acariciando o rosto dela - Você estava no hospital por muitos dias, finalmente voltar pra casa é como se fosse uma grande vitória - falei, vendo ela concordar com a cabeça.

- Vou tomar um banho e dormir, estou um pouco cansada - avisou.

- Vou preparar algo pra vocês três comerem - Minha mãe avisou.

Fui com a minha irmã até o quarto e fiz um sinal para o Marcos,para que pudesse contar aos meus pais o que tinha acontecido.

Por sorte eles não doaram nada para minha irmã, então tudo estava do jeito que ela deixou.

Alguns minutos depois....

Minha irmã não quis comer, apenas foi dormir, estava muito cansada.

Era natural a situação dela, Valéria apesar de tão nova, passou por muita coisa.

Havia aproveitado esse tempo, pra tomar um banho, tirei toda aquela maquiagem e lake do meu cabelo.

Optei em apenas vestir um pijama, que era uma regata rosa que tinha a estampa de flores brancas e uma calça moletom rosa.

Estava indo em direção a cozinha, onde os meus pais estavam, quando ouvi o meu nome, resolvi me esconder pra ouvir a conversa.

- Valu, sempre mostrou ser egoísta e que passaria por cima do que fosse pra sair dessa vida, mas vendo que se sacrificou pela irmã, mostra que ela é muito mais do que uma mulher ambiciosa e sim que nunca abandonaria a família- Minha mãe falou com um belo sorriso no rosto.

- Minha filha sempre foi uma garota extraordinária, ela fará o seu nome, sem ajuda de nenhum homem - Meu pai falou todo orgulhoso.

Resolvi parar de ouvir a conversa e tentar fazer parte, realmente a falsa morte da minha irmã, fez todos mudarem.

- Minha irmã dormiu - avisei, me sentando ao lado do meu pai.

- Não é justo que você não fique com um príncipe - Meu pai falou num tom irritado - Amanhã irei tirar essa história a limpo com o compadre e depois vou falar pessoalmente com o príncipe - falou decidido.

- Sabe de uma coisa pai? Não podemos mexer com essa gente, vai acabar sobrando para nós, o que teremos de fazer é tentar resolver toda a situação da minha irmã e viver em paz - aconselho.

Por mais que eu queira estar nos braços do meu amado, tinha feito um acordo com a princesa Analice, então tenho que cumprir.

A não ser que o príncipe chegue perto de mim, aí o acordo muda de figura, torço pra ele ter percebido que havia algo errado.

- A filha de vocês tem razão, sem provas concretas, não podemos fazer nada - Marcos falou.

- Primeiro não podemos deixar a minha irmã sair de casa, até resolvemos essa pendência dela estar viva - falei.

- Tenho um amigo que pode nos ajudar secretamente quanto a isso - Marcos sugeriu.

- Mas o que vamos falar aos outros, quando virem ela? - Minha mãe perguntou preocupada.

- A verdade mãe, que confundiram ela com outra criança, por causa que estava cheio de tubos e como nós não quisermos ver o corpo, contribui para toda a confusão - falei calmamente.

Ficamos um bom tempo discutindo como iríamos reagir a partir de agora, o que foi decidido era que iremos cortar os laços com os meus padrinhos.

Apesar de ainda não ter certeza se a minha madrinha e a Karol tem algo haver com todo esse complô.

Já estava ficando tarde, o dia havia sido muito cheio pra todos, era bom ter um descanso.

Uma forte tempestade se fazia presente no reino, parecia que iria durar até a manhã seguinte.

- Marcos se quiser pode dormir na minha cama, sei que sua mãe se mudou da vila, não é bom sair no meio dessa tempestade - sugere.

- Obrigado, Valu - agradeceu - Mas só se seus pais estiverem de acordo, não quero incomodá-los - falou meio sem graça.

- Você é de casa Marcos - Meu pai falou tocando o ombro dele.

- O sofá é muito duro, pode ir descansar lá - mandou.

Entreguei cobertores para o Marcos e em seguida me deitei ao lado da minha irmã, que dormia profundamente.

Abracei ela, senti o seu cheiro e te-la nos meus braços de alguma forma, fazia-me sentir menos mal por ter aberto mão do Michael.

No dia seguinte...

Acordei e vi que o Marcos e nem a minha irmã estava no quarto, me levanto rapidamente e vejo que ela estava com na cozinha mexendo no meu celular.

Seus olhos estavam cheios de lágrimas, ela acabou descobrindo alguma coisa e foi da pior maneira possível.

- Porque está com essa carinha de choro? - perguntei me aproximando dela e se sentando do seu lado.

- Estava vendo as postagens do twitter no site oficial do concurso, vi que falaram que eu tinha morrido, a noite de ontem foi a última fase do concurso e o príncipe escolheu a princesa Analice - respondeu.

- Você foi dada como morta, foi um engano, provavelmente quando falou com o meu padrinho, ele viu o erro e por isso me ligou - expliquei, vendo ela me encarar um pouco mais calma - Eu não era apta para ser a rainha, mas agradeço você por ter me proporcionado uma experiência incrível - falei me levantando da cadeira e lhe dando um forte abraço.

Queria ter lhe contar a verdade, mas sabia que se sentiria culpada e afinal, ela ainda é uma criança, não merece carregar esse grande fardo.