
♛ Chapter 35♛
"Alerta gatilho: Este capítulo contém cenas de luto, se caso lhe servir de gatilho, aguarde o próximo capítulo para ler."
"O que quer que aconteça amanhã, tivemos hoje. "
— Um Dia (2011).
Valentina Zenere
Meu padrinho aconselhou que fossemos pra nossa casa, não tinha mais sentido ficar no hospital.
O hospital estava numa correria porque teriam que transferir uma criança para o hospital do meu padrinho, porque lá não havia recursos para tratar a paciente.
Ele disse que resolveria tudo na questão do enterro da minha irmã, ninguém teve coragem de ver pela última vez o seu corpo.
Todos estávamos abalados demais com a perda da minha irmã.
Marcos nos levou até a vila, por ser madrugada estava tudo bem vazio, então escaparemos das especulações dos fofoqueiros da vila.
Fui direto para o meu quarto, tomei um banho rápido apenas pra poder tirar toda aquela produção do concurso.
Visto o meu pijama das meninas super poderosas que a tempos não vestia, era da docinho, automaticamente me lembrei do Michael.
Ele deveria estar aqui comigo, apesar do Marcos estar comigo, sentia falta dele.
Me deitei na cama que era da minha irmã, abracei os lençóis sentindo o cheiro dela e acabei dormindo chorando.
No dia seguinte.....
Acordei ouvindo barulhos altos vindo da porta, parecia que tinha algo sério acontecendo.
Me levanto rapidamente e vou até a sala pra ver o que estava acontecendo.
As cortinas estavam fechadas e os meus pais no centro abraçado, ambos encaravam uma foto da minha irmã.
Me segurei pra não começar a chorar novamente, parecia que estava dentro de um pesadelo sem fim.
— Pai, o que está acontecendo aqui? — perguntei preocupada.
— Os repórteres estão na porta, já sabem o que aconteceu com a sua irmã e querem uma declaração sua — Meu pai respondeu.
— Bando de abutres, nem respeitam o nosso luto — falei num tom irritado.
Peguei um casaco que ficava pendurado na porta, iria sair lá fora e falar umas boas verdades pra eles, mas fui impedida pelas mãos da minha mãe, segurando o meu braço.
— Você não pode dar um show pra eles, você ainda está no concurso, deve zelar pela sua imagem — me lembrou.
Eu sabia bem porque ela estava dizendo isso, mesmo ela não ter me apoiado desde do começo, sabia que a minha irmã queria que eu vencesse.
— Irei ligar para o Marcos agora mesmo para ele dar um jeito nisso — falei, indo até o meu quarto.
Peguei o meu celular que estava dentro da gaveta, ele estava desligado, mas por sorte a minha irmã o deixou carregado.
Marcava 8 horas da manhã no celular, torci pra ter o número do Marcos salvo na agenda.
Por sorte encontrei o número dele, provavelmente foi a minha irmã que o salvou.
Ela fazia tanta falta aqui, queria tanto ter visto a sua apresentação e ter dito o quanto estava orgulhosa dela.
Liguei para ele a cobrar, não tinha créditos, por sorte começou a chamar, no terceiro toque fui atendida.
" — Oie bom dia, Valu — falou do outro lado da linha, parecia que tinha acabado de acordar.
— Oie bom dia, Marcos, me desculpe por lhe ligar, mas tem um monte de repórteres na porta da minha casa e estão incomodando muito — falei.
— Não se preocupe, irei resolver tudo em 10 minutos — avisou.
— Obrigada, Marcos — agradeci.
— No que precisar irei lhe ajudar, saiba que eu estou aqui pra isso — falou — O enterro da sua irmã será às 10 da manhã no novo cemitério, irei buscar vocês de carro — avisou.
— Ok — concordei"
Finalizei a ligação, eu não queria ficar falando com ele, sabia que perguntaria se eu estava bem e teria que mentir que sim.
Aviso aos meus pais, ambos estavam com os olhos vermelhos, parecia que tinham chorado a noite toda, assim como eu, mas tentavam se manter fortes na minha presença.
Não sentia fome, abri o meu guarda roupa, vendo que estava um pouco bagunçado as minhas coisas, provavelmente porque ela andou mexendo.
Foi difícil achar roupas que não fossem brilhosas, por sorte encontrei um vestido simples preto, as mangas dele tinha renda e uma sapatilha simples preta.
Me encaro no espelho e olho meus cabelos, me lembrei que a minha irmã vivia me chamando de Mérida do filme "Barbie Vida De Sereia", quando éramos pequenos, ela insistia que eu fizesse mexas rosas, mas nunca fiz.
Irei fazer isso, depois do seu enterro, irei ao salão e realizei o seu pedido, mesmo sendo meio tarde, tenho certeza que lá de cima ficará feliz.
Era hora do enterro, muitos de nossos conhecidos vieram, até mesmo as meninas do concurso, nunca imaginei que me sensibilizaria com a minha situação.
Por sorte Marcos conseguiu que os jornalistas não se fosse e principalmente que fosse feito tudo de caixão fechado.
Era dor demais ter a minha última lembrança dela deitada num caixão, queria me lembrar dela sorrindo.
Foi tudo bem rápido, recebemos abraços de pessoas nos confortando, mas as lágrimas insistiam em cair.
Meus padrinhos e a Karol vieram, fiquei um bom tempo abraçado com eles e chorando.
Quando tudo acabou, pedi para o Marcos levar os meus pra casa, ficaria mais um pouco ali.
Fiquei encarando a lápide dela, até agora não consigo acreditar que a minha irmãzinha se foi, a pobreza a tirou de mim.
"Valeria Zenere
2013 - 2024
Filha e irmã amada.
Viverá para sempre em nossos corações."
Vejo um jovem se aproximando de mim, ele não parecia ser colega da minha irmã na escola pública, pelo relógio no pulso percebi que era de boa família.
Ele tinha olhos azuis, cabelo castanho penteado perfeitamente com gel, usava um sobretudo preto, calças jeans num tom escuro e um coturno preto.
— Ela era uma garota admirável, pena que não tive tempo pra falar com ela novamente — falou se agachando e deixando uma flor chamada "Valeriana officinalis" na lápide .
Aquelas flores eram muito caras e de acesso na região, a teoria dele ser rico ficava ainda mais forte.
— Você a conhecia de onde? — perguntei curiosa
— Ela me ajudou uma vez escapar de uns paparazzi em um show, desde de então não consegui tirar ela da minha cabeça, fui até vê-la no concurso da TV — falou com um olhar distante.
Me lembrei do show da "Roller Band", havia boatos que o príncipe Gilbert Schreave do Reino de Illéa estava presente e fazendo uma farra com os amigos.
Rapidamente fiz uma referência a ele, em sinal de respeito, mesmo sendo de outro Reino, era o certo a ser feito.
— Não precisa se curvar a mim, não me aproximei antes para não causar um certo tumulto, me trate normalmente por favor — falou, colocando os óculos escuros — Sua irmã foi a única garota que não gostou que a chamasse de querida — falou com um sorriso triste no rosto.
— Vocês príncipes e a mania de chamar nós mulheres de querida, achando que todas vão gostar — falei irônica.
— Vocês duas têm o mesmo gênio, enfim foi um prazer conhecer você senhorita, espero lhe ver numa próxima vez em outra situação melhor — falou colocando as mãos em seus bolsos — Descanse em paz, Valéria — falou olhando pela última vez no túmulo de minha irmã e saiu.
Foi meio estranho o que aconteceu, mas resolvi não pensar muito naquilo, tinha que aceitar certas coisas da minha irmã, não sabia.
Parece que o destino das mulheres Zenere é cruzar pessoas da realeza.
Fui dispersa dos meus pensamentos, ao sentir um forte abraço vindo por trás de mim.
Olho para os braços dele, vendo que estava com um terno preto e pelo cheiro do perfume, eu sabia bem quem era.
— Oie meu docinho — sussurrou no meu ouvido — Meus sentimentos pela sua perda, sinto muito minha rainha — falou beijando a minha bochecha com carinho.
— Obrigada por ter vindo — falei virando o meu corpo e lhe dando um forte abraço.
— Me desculpe por chegar tarde, não queria chamar muito a atenção — falou olhando para o túmulo da minha irmã e deixando um lindo arranjo de girassóis.
— Descanse em paz, irmãzinha — falei beijando as pontas dos meus dedos e encostando no túmulo.
— Descanse em paz, minha cupido — falou — Obrigada por me fazer conhecer a sua irmã — falou tocando no meu ombro com carinho.
— Sei que a sua vida é corrida, mas fico muito feliz por arrumar um tempo pra mim, sei que o Marcos teve a sua ajuda em tudo — falei, saindo de perto do túmulo da minha irmã.
— Prometo sempre cuidar de você e do seu bem estar — falou acariciando o meu rosto com carinho — Eu amo você, Valentina — falou beijando a minha testa.
— Eu também amo você, príncipe Michael — falei forçando um sorriso.
Suas mãos acariciavam meu cabelo com carinho, meu pescoço
Depois acariciaram as laterais do meu rosto enquanto ele sentia meu cheiro e me beijava. Um beijo apaixonado, completo, intenso.
Mesmo em meio a tanta dor, eu sabia que a minha irmã cuidava de mim lá de cima, afinal ela me fez ajudar a conhecer o amor da minha vida.
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