
♛ Chapter 14♛
" Um trovão e relâmpago explodiu e encheu o céu.
Olhando a partir desta janela,
Mil rios que correm pela minha porta
Permanece em uma ilha, procurando por alguém."
— Rain is Falling – Electric Light Orchestra.
Valentina Zenere
Após terminar de comer, fui escovar os meus dentes e depois me despedi da minha irmã.
— Ganha o concurso, tá bom? — pediu.
— Vou tentar, irmãzinha — falei dando um beijo na testa dela.
— Até logo — falou — Ah, posso falar com o Marcos? — pediu.
— Pode sim — concordei, vendo ele me encarar e sorrir.
Fui andando em direção pra rua, Marcos ficou menos de cinco minutos falando com a minha irmã.
Ela não disse nada, apenas abriu o carro pra mim entrar e em seguida entrou.
No caminho todo foi tudo bem silencioso, ele não quis falar comigo, então nem insisti.
Ele parou o carro na porta da clínica do meu padrinho, o encarei com uma expressão confusa.
— Antes de ir para o concurso todas as candidatas devem fazer um exame médico — avisou.
Nada disse, apenas concordei, entrando dentro do consultório do meu padrinho.
Ele estava com o seu típico conjunto azul claro e o jaleco branco do seu lado tinha um casal de enfermeiros.
— Oi, padrinho — falei lhe dando um forte abraço.
— Oie afilhada — falou retribuindo o abraço — Você está muito linda, cresceu bastante — me elogiou.
— Obrigada — agradeci.
Os enfermeiros trouxeram uma bandeja com agulhas e um recipiente, eu já sabia que eles iam tirar o meu sangue.
Ele pediu para que o Marcos ficasse do lado de fora da salinha e que me sentasse numa cadeira de frente pra ele.
— Fico muito feliz em saber que consegui entrar no concurso — falou com um belo sorriso, apenas sorri de volta pra ele — Preciso lhe fazer algumas perguntas e tirar um pouco do seu sangue para alguns exames — avisou — Você precisa assinar alguns papéis estando ciente que sua amostra de sangue será usada para fazer todo tipo de exame — explicou.
— Tá bom — concordei.
Ele me entregou um papel, fiz uma rápida leitura e em seguida assinei.
Tiram o meu sangue e depois me pediram um exame de urina, nem perguntei pra que tantos exames, afinal estava no regulamento do concurso.
Os enfermeiros saíram com as amostras para ter os resultados o mais rápido possível.
— Agora irei fazer algumas perguntas são as regras da seleção, então se caso não sentir confortável, me avise, mas peço que seja mais sincera o possível — avisou, me encarando seriamente — Lembre-se que o homem que está aqui na sua frente, não é seu padrinho e sim o médico responsável pelo concurso — falou calmamente.
— Tá bom — concordei.
— Você é virgem? — perguntou.
— Não — respondi sinceramente.
Não havia o porquê mentir, afinal todos sabem que eu namorei durante anos com o Marcos, então era lógico que algo iria acontecer entre nós.
— Tem alergia a algum medicamento? — perguntou.
— Não — respondi.
— Pretende ter filhos futuramente? — perguntou.
— Sim — respondi.
É claro que se fosse me casar com o rei, teria que dar muitos filhos a ele.
Meu padrinho fez mais algumas perguntas e depois encerrou, sempre anotando tudo na sua prancheta.
Depois que me despedi do meu padrinho, Marcos estava falando com uma das enfermeiras, tive a leve impressão que ela estava dando em cima dele.
Fiz um barulho para que eles notassem a minha presença, ele se despediu dela dando um beijo em sua bochecha e fomos em direção ao carro.
— Não devia ficar flertando em expediente — falei parando na frente do carro.
— Devo interpretar isso como um certo ciúmes, senhorita Zenere? — perguntou num tom de provocação.
Resolvi nem responder a provocação dele, apenas vi ele abrindo a porta do carro pra mim.
— Conversei com os organizadores do concurso, eles me deram no máximo 30 minutos pra chegar com você lá — avisou — Então seja breve ao se despedir dos seus pais — pediu.
— Tá bom — concordei.
Em poucos minutos chegamos no serviço do meu pai, ele estava do lado de fora conversando com um homem de terno.
Percebi que o meu pai estava com o seu macacão azul claro, braços e algumas partes do corpo sujo de graxa.
Desço do carro rapidamente, o homem se despede do meu pai, então era a minha chance de falar com ele.
— Pai — o chamei.
— Oi filha — falou todo sorridente.
— O que aconteceu? Porque está aqui? — perguntou surpreso.
— Pai, a minha irmã me inscreveu em um concurso "Tudo Pela Coroa" e fui uma das selecionadas — falei.
— Parabéns filha, boa sorte — desejou.
— Obrigada, pai — agradeci — Agora tenho que ir, até logo, pai — falou dando um leve beijo na sua bochecha e saindo rapidamente.
Pude perceber as suas lágrimas por nos separamos, mas ao mesmo tempo tinha um sorriso orgulhoso nos lábios.
Fui a pé mesmo no serviço da minha mãe, estava na rua na frente, apertei o interfone e mandei chama-lá.
A fábrica que a minha mãe trabalha era muito famosa no reino, era um enorme barracão de 3 andares e tinha até um interfone com um escritório próprio.
Ela apareceu com uma cara de poucos amigos, estava com uma camiseta preta de mangas longas e sem nenhuma estampa, calças jeans num tom claro e os seus cabelos estavam amarrados num coque alto.
— Já disse pra você não vir ao meu trabalho — falou num tom irritado.
— Eu sei que você me odeia, mãe — falei como se fosse algo que não me afetasse — Mas só vim me despedir de você, porque agora só irá me ver pela TV — falei vendo ela me encarou confusa — Aquela que está aqui na sua frente não é somente a sua filha, mas também uma das participantes do concurso "Tudo Pela Coroa" — falei toda sorridente.
— Você realmente não conhece a palavra limites, Valentina — falou num tom irônico — Não sabia que a sua ambição a levaria tão longe, não era segredo pra ninguém que ia querer um homem rico, mas almejar o reino é demais pra você — falou com um certo ódio na voz.
Me viro de costas, não queria que ela visse as lágrimas que insistiam em querer cair.
— Um dia serei uma mulher muito rica, sairei dessa maldita vila e levarei a minha irmã junto comigo — falei saindo de lá rapidamente, antes que ela pudesse me dizer algo que me machucaria ainda mais.
Sequei com as pontas dos meus dedos as minhas lágrimas e em seguida segui em direção ao carro, Marcos estava mexendo no celular, ao perceber a minha presença parou e me encarou.
— Vamos? — perguntou.
— Sim — concordei.
Ao entrar no carro percebi que começou a chuviscar, a maneira que íamos nos afastando do bairro, a chuva ficava ainda mais forte.
A única coisa que desejava com todo o meu coração, era nunca mais voltar para aquele lugar e mudar de vida.
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