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Capitulo 1 - A primeira Vez

1456 palavras

Finalmente, o fim de semana havia chegado! Aquela semana parecia interminável. Também, eu inventei de trabalhar todos os dias na pizzaria do vovô. Ele precisava de ajuda, e eu, de dinheiro, já que um novo estabelecimento havia sido inaugurado na cidade e eu estava louca para visitar.

Uma livraria. Minhas amigas já tinham ido e fizeram questão de se gabar disso a semana inteira - apenas para me irritar. Eu era sempre a que nunca tinha tempo para sair com elas, ou estava trabalhando, ou estudando para ser alguém na vida.

Mas sábado era meu dia de folga, e eu finalmente poderia ir à tão aguardada livraria! Minhas mãos chegaram a suar de ansiedade e empolgação.

Pode parecer exagero ficar tão eufórica por causa de uma simples livraria, mas a cidade onde moro, Laranjeira, não tem shoppings nem hipermercados. O único lugar que vendia livros, por incrível que pareça, era a farmácia. A dona era uma amante de livros como eu, então, no início, havia um pequeno balcão com alguns exemplares. Infelizmente, as novidades eram raras; eu já havia comprado todos, e os novos demorariam a chegar.

Por isso, a abertura de uma livraria era um marco histórico para os amantes de livros da cidade - como eu.

Era pequena, de fato. Lembro que, antes de se tornar uma livraria, o local abrigava uma lanchonete meia boca, com mesas de plástico e um letreiro piscante que mal funcionava. Mas a reforma tinha feito milagres. Agora, o ambiente exalava aconchego. Lâmpadas grandes e redondas pendiam do teto, espalhando uma luz suave, como aquelas de casas elegantes. As estantes de madeira envernizada se alinhavam perfeitamente, o cheiro de verniz ainda misturado ao aroma das páginas novas. No fundo, alguns banquinhos de couro marrom haviam sido estrategicamente posicionados, convidando os leitores a se perderem ali por horas.

Eu conhecia a dona da livraria. Era a antiga bibliotecária da minha escola - uma mulher de óculos redondos e sorriso acolhedor. Assim que me viu, acenou com entusiasmo e prometeu um desconto em qualquer livro que eu escolhesse.

Meu coração disparou. Corri entre as prateleiras, deslizando os dedos pelas lombadas impecáveis, absorvendo o prazer de estar cercada por tantos mundos. Lá estavam todas as sagas que eu mais amava: Percy Jackson, Harry Potter, Jogos Vorazes, Divergente e A Maldição do Tigre. As capas reluziam sob a iluminação quente, algumas com texturas em relevo que eu não resistia a tocar. Em meio a tantos títulos familiares, um chamou minha atenção: Belleville, de um autor brasileiro. Peguei o livro com cuidado, sentindo o peso dele em minhas mãos, e separei outros que me intrigaram.

Mas então veio o dilema. Parada no corredor, olhei para minha cesta cheia. Eu não tinha dinheiro para levar todos. Suspirei, mordendo o lábio, enquanto tentava decidir qual deles seria o escolhido daquela vez.

Comecei a pensar que talvez não tivesse sido uma boa ideia vir com uma quantidade limitada de dinheiro. Talvez devesse guardar alguns livros, ou a maioria deles. Olhei para a cesta abarrotada até o topo e comecei a devolvê-los, um por um, aos seus lugares na estante, deixando apenas os que poderia pagar naquele momento.

Foi quando esbarrei em outro cliente, que eu nem havia percebido entrar. Era um garoto - embora, talvez, chamá-lo de homem fosse mais adequado, considerando seu rosto, que demonstrava maturidade, ainda que jovem. Ele era bem mais alto do que eu, vestia uma jaqueta preta e tinha o cabelo bagunçado, parecendo um ninho de passarinho. Cachos desleixados e cheios de frizz despencavam sobre sua testa, e, ainda assim, o que mais me chamou atenção foi o livro que ele avaliava antes de esbarrar em mim.

Orgulho e Preconceito. Um clássico da literatura britânica e da minha autora favorita de todos os tempos, Jane Austen. Dá para imaginar que não me contive ao vê-lo com aquele exemplar em mãos.

- Nossa, esse livro é muito bom! - Meu sorriso ia de orelha a orelha. - Persuasão também, é mais parado, mas tão incrível quanto! - Peguei o exemplar na estante e mostrei para ele. - Claro que Emma também é uma escolha a se considerar, mas assim, começa por Orgulho e Preconceito e se você não se apaixonar...

- Me pergunto seriamente em que momento perguntei a sua opinião. - Ele me cortou, sua voz soou tão rude que eu fiquei sem palavras para reclamar ou me defender.

Ele simplesmente pegou Persuasão da minha mão, Emma e outros dois livros da Jane Austen e saiu andando, como se nada tivesse acontecido. Segui até o caixa atrás dele, xingando mentalmente pela maneira como ele tinha falado comigo. Por que teve que ser tão rude? Eu só fiz um comentário despretensioso com a intenção de ajudar!

Não devia ter sido tagarela? Talvez. Mas poxa vida, eu disse algo errado? Só estava empolgada, compartilhando meus conhecimentos literários com outro amante de livros! Quem diria que eu poderia me esbarrar com um rabugento dentro de uma livraria?

Enquanto pensava, não parava de roer as unhas em agonia. Só o fato de ele estar na minha frente já me dava vontade de puxar aquele cabelo até ele gritar e me pedir desculpas! Mas me contive. Respirei fundo, peguei minha carteira e comecei a separar o dinheiro para pagar os livros que escolhi. Afinal, logo estaria fora dali, com um dia inteiro pela frente para me perder em histórias com homens deslumbrantes e corteses.

- Um amante de clássicos, hein? - A dona sorriu, super simpática. Eu tive pena dela, já que ele nem respondeu, apenas pegou a carteira de forma desinteressada.

- Deu oitenta e cinco. Vai querer um marca-página?

- Não. Quanto fica com os livros dela também? - Apontou para mim, e eu me aproximei para entender do que ele estava falando. Então, vi quando ele entregou mais uma nota de cinquenta.

Pagando pelos meus livros!!!

- Peraí, cara... - Foi o que eu disse, cruzando os braços. - Por que está pagando pra mim?

Ele achava que eu ia roubar? Ou comprar fiado? Deus, ele devia achar que eu sou muito pobre! Deve ter me visto devolvendo os livros para as prateleiras depois de conferir o dinheiro que tinha na carteira. Céus, que vergonha!

Tenho que aprender a controlar minhas emoções e deixar de ser tão impulsiva... Olha onde isso me levou! Um estranho estava com pena de mim.

O mais surpreendente foi a reação dele. Nem sequer me olhou, apenas deu as costas e saiu com sua bela sacola recheada de livros da minha autora favorita. Eu não ia deixar isso passar, de jeito nenhum!

- Ei, cara, tô falando com você! - Gritei e corri para impedi-lo de sair. Catei meu dinheiro amassado e estendi na frente dele. - Não preciso do dinheiro de estranhos! - Fuzilei-o com o olhar.

- Se sou um estranho, por que falou comigo? Sua mãe não te ensinou a não falar com estranhos? - Ele abriu um sorriso debochado. - Se me der licença, está obstruindo a passagem.

Meu queixo foi parar no chão quando, sem nenhuma cerimônia, ele me empurrou para o lado, abriu a porta de vidro e saiu em direção ao outro lado da rua. Se eu não tivesse um pingo de dignidade, teria corrido atrás dele e esbofeteado sua cara.

Fiquei parada ali por alguns segundos, tentando processar o que tinha acabado de acontecer. O frio da cesta com meus livros pesava na minha mão, mas minha mente ainda estava fervendo. Que tipo de pessoa simplesmente paga pelos livros de outra e sai andando como se tivesse feito a coisa mais banal do mundo? Ele sequer olhou para trás, sequer esperou um agradecimento - não que eu fosse agradecer, afinal, eu não pedi nada, ele fez porque quis.

Bufei, ajeitando a alça da bolsa no ombro e marchando de volta as estantes, peguei mais dois livros e voltei ao caixa, a dona me olhou com um sorriso gentil e disse:

- Ainda bem que ainda existem cavalheiros hoje em dia. - Ela pegava meu troco quando continuou. - Teve muita sorte, né.

Forcei um sorriso para não parecer rude. Mas sorte não era bem a palavra que eu usaria para definir aquela interação... Talvez humilhação? Desdém? Pena? Fosse qual fosse, sorte não estava na lista.

Quando sai, meus olhos instintivamente buscaram por ele na rua, mas tudo o que vi foram desconhecidos indo e vindo, apressados, indiferentes ao drama que eu acabara de viver. De alguma forma, isso me irritou ainda mais. Como aquele sujeito podia simplesmente desaparecer depois de me deixar tão indignada?

Estava revoltada até metade do caminho para casa, até que finalmente a ficha caiu. Eu tinha conseguido comprar quatro lindos livros novos, com apenas cinquenta reais. Vou ignorar a parte que dois deles não fui eu quem pagou. E, bem... eu realmente queria aqueles livros. Talvez, no fundo, parte de mim estivesse satisfeita. Mas jamais admitiria isso em voz alta.


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