21 - Preto no Branco.
☆ Cof cof agora são muitas emoções cof cof. Boa leitura amores.
"É óbvio que você está destinado para mim.
Cada pedaço seu se encaixa perfeitamente.
A cada segundo, cada pensamento.
Eu estou tão envolvido.
Mas eu nunca vou deixar isso na cara."
Littlle Mix - Secret Love Song.
Nunca vi uma semana ser tão longa. Fosse pelo cansaço de tantos compromissos, fosse pela enorme vontade de voltar pra Seoul. Eu apenas sentia que quanto mais ansioso eu estivesse, menos a droga da semana passava.
Fechei o notebook por um momento, depois de ter salvo meu arquivo, massageei o cenho com uma leve dor de cabeça, eu continuava e continuava e continuava sendo assombrado pelas minhas próprias memórias. Joguei meu corpo sobre o encosto da cadeira, soltando o ar dos pulmões. Me sentia irritado.
- Jungkook-ah, você quer um café? - Jin-hyung falou chamando minha atenção. Estávamos trabalhando em um balancete para apresentarmos amanhã, mas as coisas não estavam se encaixando e isso estava me deixando frustrado.
- Quero - falei. Definitivamente cafeína me ajudaria a me concentrar no que realmente importava, todo o resto podia esperar.
- Então vai comprar pra gente! - ele ordenou.
- Hyung! - o repreendi, porém conhecia meu Hyung o suficiente para saber que quando ele me perguntou se eu queria já era pensando em me mandar comprar.
- Que foi? Você também quer, nada mais justo. Aproveita e respira um pouco você parece estressado! - Ele não tirava os olhos do seu computador. Bufei chateado. Jin-Hyung era sempre assim! Dei-lhe um tapa na cabeça antes de sair da sala. Peguei o elevador e logo estava fora do prédio, filial da nossa empresa, caminhei vagarosamente ate a cafeteria mais proxima. Olhei para o painel vendo as opções de bebidas. Caramel Macchiato saltou aos meus olhos, não era essa a bebida que ela gostava? Balancei a cabeça afastando as lembranças dela para um canto.
Eu a estava evitando.
Eu precisava focar, minha vinda aqui tinha um propósito claro, precisávamos fechar o negócio com os chineses e se eu não focasse em fazer o meu melhor, as coisas poderiam dar errado. Sentei em uma mesa sozinho encarando o copo de café entre minhas mãos, suspirando. Eu continuava pensando nela. Pensando e pensando como se fizessem meses que não nos víamos.
O dia em que fomos inocentemente jogar sinuca e eu tive seu corpo tão proximo ao meu, eu não tinha percebido o quão longe eu tinha ido, ate estar lá, com seu rosto á centímetros do meu, ela estava tão ruborizada. Eu ri. É claro que aquilo não tinha sido arquitetado, eu apenas estava tentando ser natural com ela, mas talvez eu tenha passado um pouco do ponto, mas é porque ela era péssima jogando. Aliás esportes deviam ser banidos da vida dela.
A julgar pelo tornozelo torcido há algumas semanas atrás. Aquilo realmente me preocupou, eu pensei que tinha sido sério e fiz o que pude para ajuda-la, dei uma boa analisada nela no elevador para ver se ela não estava machucada, até mesmo a alimentei quando teimosamente ela não quis comer. A garota era minha responsabilidade, como o passar dos dias, desde de que casamos, eu percebi que cuidar dela se fazia necessário.
Ela me ajudou quando eu precisei, dando apoio ao meu avô no hospital e depois daquele dia eu quis retribuir á ela a gentileza. Será que em algum momento minhas gentilezas soaram para ela como outra coisa? Eu me fazia esse tipo de pergunta o tempo todo, as vezes ela me olhava com aqueles olhos grandes como se quisesse ver através de mim e algumas vezes eu me senti estranho sobre isso, quase como se eu fosse ser exposto apenas por retribuir o olhar.
Meu celular vibrou, tirei do bolso avistando a mensagem do meu Hyung.
"Você já voltou pra Seoul?" Jin-hyung idiota.
"Deveria." Respondi sem pensar.
"A Bin-ssi deve estar com saudades." Ele devolveu. Travei o celular, ele tinha que falar nela. Paguei pelo meu café e pedi um para a viajem. Jin-hyun era esse tipo de pessoa, que gostava de insistir nas coisas improváveis e que tinha cismado que eu e ela ficaríamos juntos, desde que tinha descoberto sobre nossa mentira.
Minha mentira.
Minhas mentiras.
Ele insistiu tanto perguntando coisas triviais sobre ela, coisas que eu não sabia responder. Coisas que não tinham vindo no relatório sobre ela, coisas que a gente não falava sobre, eu acabei me contradizendo e foi ai que ele me pegou. Vencido, acabei contando a verdade e em troca ganhei uma vingança constrangedora. Aquele filho da puta!
Me fez beijar a garota na frente de todos, fez de uma forma que eu não podia recusar. Eu não pude recusar. Eu a beijei, duas vezes naquela manhã, e não significou muito, eu estava queimando por dentro com tanta vergonha, só conseguia pensar na vergonha que aquilo era, em como ele estava zoando comigo brutalmente, e os socos que eu dei nele depois foram fortes o suficente para ele entender que tinha passado de todos os limites.
Mas naquele mesmo dia outra coisa queimou. Meu peito. E eu não imaginei que seria assim, como em 24 horas meu corpo reagia de formas tão diferentes? Eu estava me odiando por isso. Era óbvio que era unilateral e era óbvio que precisava ser superado, mesmo que eu não entendesse certas coisas.
Pousei o café na frente do Jin-Hyung entregando a conta pra ele, ele me devia um café e eu cobraria depois.
- Seu avô estava falando que hoje é o aniversário da Bin-ssi, isso é verdade? - ele perguntou tirando um gole do café, abri meu notebook. Era, era verdade. Mas eu estava tentando não pensar nisso, Jin-hyung não me ajudava no processo de não pensar nela. E eu quis tapear ele de novo.
- É? Não sei - falei. Dando de ombros.
- Você não deveria ir ver ela? - o encarei. Deveria? Eu até queria ver seu rosto, mas ser traído pelos meus proprios sentimentos estava sendo péssimo de forma que ver seu rosto me parecia uma pessima idéia nesse momento.
- Hyung, estamos em Hong Kong fazendo negócios, acha mesmo que tenho tempo pra ir na Coréia só olhar pra cara dela e depois voltar? - perguntei. - Passagens aéreas são caras sabia?
- Ah! Seu muquirana! Coitada da garota Jungkook-ah. To com pena dela por estar ao lado de um insensível como você. - Ele ficou de pé, saindo da sala em seguida. Eu me sentia um idiota.
Patético.
Um idiota patético.
Joguei minhas costas no encosto da cadeira girando a mesma, bufando chateado, pior, eu nem sabia porque estava tão chateado.
- Kookie - virei minha cadeira para encarar a Min Hye.
- Não acha que devia ser mais formal comigo na hora do trabalho? - perguntei áspero.
- Desculpa... eu... - suspirei. Ela não tinha culpa dos meus problemas.
- Não, desculpa eu... Desculpa - falei envergonhado.
- Você está bem? Que tal se fôssemos almoçar só nós hoje? - ela perguntou sorrindo.
- Tudo bem - falei sem prestar muita atenção nela. Ela sorriu largando os papéis que trazia em mãos e saiu da sala, voltando na hora do almoço para sairmos.
A Min Hye era como uma irmã para mim, mas baseado em como a minha mente estava turva nesses ultimos dias, eu não prestava atenção em uma mísera palavra dela e meus "sins", "claro" e "hums" pareciam ser suficientes para manter a conversa que tinhamos nesse momento. Conversa que ela conversava só.
As malditas palavras do Jin-Hyung não saiam da minha cabeça.
"Coitada da garota Jungkook-ah. To com pena dela por estar ao lado de um insensível como você." Eu era insensível? Eu me achava um cara tão legal.
Suspirei.
Tudo bem. Eu não era tão legal assim, mas nunca admitiria isso. Eu não estava respondendo suas mensagens essa semana, não por falta de vontade, mas por falta do que dizer. As mensagens dela era tão objetivas.
"Tudo ok por aqui."
Simples e objetiva. Cortava qualquer possibilidade de resposta. Ao menos alguem me ajudava no processo de evitar pensar nela, ela mesma fazia esse trabalho para mim. Era óbvio que isso era unilateral!
- Você parece tão distante esses dias! - a Min Hye falou. - Está mais calado que o habitual.
- Hum, estou preocupado - fui sincero.
- Com a Eun Bin-ssi? - esse nome não saia da boca das pessoas ou era impressão minha? Por que tudo tinha que envolver ela? Eu me sentia irritado mesmo sabendo que em parte minhas preocupações envolviam ela.
- Não - respondi rapidamente. - Estou preocupado que esta faltando um relatório importante para fecharmos o balancete e ninguém do escritorio de Seoul manda. - era verdade.
- Hum, tem gente incompetente em todo lugar - ela soltou.
- Tudo bem, eu vou resolver isso - falei, terminando de colocar minha comida para dentro.
Respirei fundo me colocando mais uma vez na frente do meu notebook, vasculhei alguns arquivos que me ajudariam a resolver meu problema com o balancete e comecei a focar. Aquilo era realmente importante.
- Jungkook-ah parabéns você vai pra Seoul! - o Jin-hyung entrou na sala de reunião onde estavamos instalados, falando.
- Que? - perguntei surpreso.
- Os documentos que estão faltando precisam estar aqui, você vai buscá-los - ele apontou para mim.
- Hyung! Eu tenho coisas pra fazer e...
- Sem essa, está decido, quem vai é você, amanhã de manhã cedo você volta e de tarde temos a reunião... Vai dar tudo certo. - Ele sorriu dando-me um piscadela. -Ah, sim, antes que eu esqueça, você aproveita e fica com sua esposa no dia do aniversário dela... - ele me deu as costas e começou a sair da sala.
- Hyung! - gritei. Ele se virou para mim na porta, pôs a mão na boca e soltou um beijo aéreo em minha direção.
- Depois você me agradece! - falou já no corredor. Jin-Hyung era inacreditável! Meu Deus.
Eu Jeon Jungkook, não sentia medo de nada. Mas naquele momento senti meu estomago revirar em ansiedade. Os pensamentos unilaterais tomando conta de mim. Não era como se eu estivesse indo para a forca, mas era assim que eu iria me sentir quando eu visse ela,ok a corda no pescoço, tinha certeza. Eu não era do tipo dramático, gostava de tudo preto no branco, mas a Eun era uma confusão só, eu não conseguia decidir se ela era preto ou branco ou uma mistura dos dois. Só sabia que agora eu teria que encarar de frente as coisas que estava evitando durante essa semana.
A distância faz coisas engraçadas. Eu não me sentia assim do dia do beijo até o dia da viajem. Eu tentei ser normal, tentei fingir que não tinha acontecido, tentei seguir a vida sem demonstrar como aquilo tinha mexido comigo, porém com a distância algo tinha mudado.
Algo tinha realmente mudado.
Eu de repente percebi que não sabia fingir que estava tudo bem. Eu não sabia se saberia fingir que estava tudo bem. Porque eu não sabia se estava tudo bem.
Agora a frustração desconhecida mostrava a cara, meus sentimentos de frustração estavam fortemente ligados ao fato de que com a Eun eu não podia prever o futuro, eu não podia ver adiante porque ela era uma incógnita, um enigma, um problema que eu não conseguia resolver.
Encarei meu relógio de pulso inúmeras vezes, calculando que horas eu chegaria em Seoul. Pareceu ser uma viajem muito mais longa do que realmente era, de novo me tornar ansioso não estava ajudando em nada. Liguei para o motorista ir me buscar assim que cheguei a Incheon, fui direto para a empresa buscar os documentos, esse afinal tinha sido o objetivo não é mesmo? Pegar os benditos documentos?
Eu sabia, eu sabia que no fundo, talvez nem tão no fundo assim, o Jin-Hyung fazia parte do esquadrão dedicado a me unir a Eun Bin. E sabia que esses documentos eram um pretexto, mas por que eu me sentia esquisito sobre isso? Talvez porque eu mesmo tenha pensado em um pretexto e não tenha encontrado um? Ou porque o pretexto funcionou e agora eu estava indo para casa encontra-la? Era estranho não entender o que se passava com meu corpo, que nesse momento reagia sozinho em antecipação.
Eu a veria.
Ou talvez não. Talvez ela já estivesse dormindo. Eram quase 10 da noite já. De qualquer forma eu a espiaria dormindo e isso vinha sendo algo corriqueiro desde o dia do beijo. Eu sempre a assistia dormir, quando podia claro. Desde o dia do beijo que eu despretenciosamente deitei na cama para dormir, mesmo meu avô não estando em casa, eu sempre ia pro quarto nos dias combinados e mesmo quando meu avô não estava lá, eu ainda ia e ficava esperando pelo dia em que ela me chutaria do quarto, mas esse dia não chegou.
E eu não entendia ela. Não sabia o que suas atitudes significavam. Ela não era nem preto nem branco, ela era um borrão, confuso e indecifrável.
Quando finalmente o elevador abriu as portas e eu estava em casa, meu estômago se contraiu em uma ansiedade mista e meu coração acelerou. Deus eu sentia como se fosse sufocar! Mas que sentimento estranho! Assim que coloquei o pé dentro de casa meu celular tocou e em seguida ouvi o barulho de copo caindo no chão e vidro espatifando-se ara todo lado, vindo da cozinha. Corri imediatamente para lá.
Paralisei bem em frente a ela.
Seus olhos enormes me encaravam, ela estava tão surpresa que era impossível de esconder. Ela sempre tinha sido tão bonita assim?
- Está... Tudo bem? - falei a primeira coisa que quis sair por conta própria. Encarei o copo do chão em pedaços, depois me voltei para ela.
- O que faz aqui? - sua pergunta foi tão repentina e soou tão indignada, era como se ela contasse com tudo no mundo, menos comigo ali naquele exato momento.
- Precisei de uns documentos - falei rapidamente, sim, esse era meu pretexto para estar ali e eu o usaria. Vendo como ela pareceu confusa com minha resposta, tentei concertar um pouco a merda toda falando meu outro pretexto para estar de frente para ela nesse exato momento. - E... é... É o seu aniversário. Quer ir á algum lugar? - eu hesitei diante das palavras, porque falar aquilo me fazia parecer fraco. Definitivamente soava como se eu estivesse lá por causa disso também. Mesmo sabendo que em partes esse era um dos motivos, isso não precisava ficar claro para ela, mas eu já tinha soltado... Enfim, estava sem concerto.
- Quero - ela respondeu prontamente, sem pensar. - Não aguento mais ficar aqui. - sorriu tristonha para mim. - Preciso... Só me trocar - ela fechou os olhos por um segundo e só então eu pude perceber. Ela usava uma camiseta muito parecida com a minha, para não dizer idêntica. Medi ela com o olhar sem hesitar percebendo que de fato era minha camiseta, a julgar pelo tamanho da blusa no corpo esguio dela, parecia uma espécie de vestido, e imediatamente soube que esse era o estilo dela que eu mais gostava, vestida com minhas roupas. Soltei um riso involuntário, não conseguindo conter a satisfação que nesse momento tomava conta de mim. Aquilo, aquele sentimento talvez não fosse unilateral, aquela blusa que ela usava tinha que significar alguma coisa.
Talvez a Eun nem fosse preto, nem branco, talvez ela fosse todas as cores. Mas eu estava tão acostumado com a mesma cartela de preto e branco que não conseguia captar todas as demais cores que ela emanava, por isso seus pensamentos e ações eram um mistério para mim e por esse mesmo motivo eu estava assustado com o que eu vinha sentindo e quis fugir. Eu ainda estava fugindo certo?
Juntei os cacos de vídeo espalhados pelo chão da cozinha enquanto ela trocava de roupa. Tentando reorganizar meus pensamentos bagunçados pelo pequeno momento de ilusão da minha parte. Merda! Eu não sabia lidar com isso. Eu nunca tinha passado por isso antes e era impossível não criar expectativas.
Ela voltou vestida em um casaco Verde, com os cabelos castanhos pendendo dos dois lados dos ombros, até maquiagem nesse pequeno espaço de tempo ela tinha passado, eu notei apenas porque maquiada os olhos dela ficavam maiores e eu achava fofo. Ela era toda fofa.
- Aonde vamos? - perguntei, respirando fundo calmamente. Deixando na mão dela o nosso destino. De certa forma eu sentia que não era apenas metaforicamente falando.
- Me leve aonde eu posso desfrutar de um bom soju essa noite - franzi o cenho perplexo. Álcool? Então era isso? Aonde no mundo que sentimentos confusos e álcool juntos poderiam ser uma boa idéia?
Respirei fundo sabendo que talvez aquela fosse ser uma longa noite de cores indecifráveis para mim.
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