11 - Bolsa de soro caindo em gotinhas.
☆ Opa, oi! Voltei. Tenham uma boa leitura amores. Cruzes Jeon Jungkook é lindo demais.
"Conte-me seus segredos, faça-me suas perguntas.
Oh, vamos voltar para o começo.
Correndo em círculos, lançando a moeda.
De cara numa ciência à parte."
Coldplay - The Scientist
Primeiro fomos ao restaurante almoçar. E rodeados de pessoas que provavelmente conheciam o Jungkook me vi participando novamente da atuação que era esse casamento. Cheguei a dar comida na boca dele, mesmo queimando de vergonha e depois me senti patética por isso. A gente não conversou muito,quer dizer sobre nada relevante. Eu estava guardando minhas perguntas para quando finalmente chegássemos em casa.
No carro o caminho foi guiado apenas pelo som da música no rádio. Nada mais. Passei todo o tempo olhando os belos prédios de Seoul a nossa volta. Pegamos o elevador e enfim estávamos em casa. Ele se jogou no sofá despojadamente passando a mão na barriga, provavelmente se sentindo satisfeito depois de comer muito e como comia!
- Então... o que exatamente quer saber? - fui surpreendida pelo fato de ele ter iniciado a conversa, mas não parecia curioso sobre o que eu de fato queria saber.
- Bom... - me ajeitei no sofá de frente para ele. - Primeiro de tudo quero saber porque temos que mentir até para os seus amigos. - Ele suspirou.
- Porque preciso que todos achem que estamos mesmo casados. - respondeu sem me olhar.
- Por que precisa? - incitei.
- Porque as pessoas têm que me ver como um homem adulto e não como um jovem. E o casamento é o maior símbolo de um homem já crescido. - explicou.
- Por que as pessoas têm que te ver assim? - ele suspirou novamente, estava claro que ele não queria dizer os reais motivos. O celular dele tocou no momento em que ele separou os lábios pra falar. Ele checou quem era e rejeitou a chamada.
- Porque... Para que eu seja o presidente da empresa... - o celular tocou se novo o interrompendo. Ele levantou o dedo pedindo para que eu esperasse e atendeu a chamada. - O que foi secretário Kang? - ele parecia irritado. Suas sobrancelhas se uniram em uma só vincadas de aparente preocupação. - Quê? Como? - ele alarmou me dando um susto. - Eu vou pra lá agora! - ele levantou indo em direção do elevador de imediato.
- Ei! - o chamei indo atrás dele. Ele apertou o botão do elevador. - O que houve?- perguntei sentindo que algo estava realmente errado.
- Meu avô teve um infarto - ele falou encarando os números do elevador indicando que estava subindo. - Vai droga - vociferou.
- Como? Como assim? Ele tá bem? Ele tá aonde? - perguntei tudo de uma vez só entrando em pânico, ele permaneceu calado. Corri de volta para o sofá e peguei minha bolsa. A porta do elevador abriu e eu corri para entrar.
- O que está fazendo? - ele perguntou.
- Estou indo com você - bati no botão para que a porta fosse fechada.
- Não precisa. - Disse.
- Mas mesmo assim eu vou - falei com convicção para que ele entendesse que Sim! Eu iria e ninguém me impediria. Ele tamborilou o pé no chão parecendo impaciente e passou pelas portas do elevador como um foguete em direção ao carro. Tive que correr para acompanha-lo.
E lá estava ele dirigindo como um louco seu conversível vermelho, pelas avenidas de Seoul em direção ao hospital, sua expressão era séria enquanto segurava no volante, mas eu sabia que ele não estava concentrado no trânsito. Não mesmo.
- Jungkook diminui a velocidade - exigi. Ele não falou nada, nem parecia ter me ouvido. - Jungkook - o chamei novamente. Ele me olhou rapidamente. - Diminui a velocidade do carro. Agora!
- Tenho que chegar lá logo - falou sério.
- Eu sei. Mas é melhor chegar lá logo ou vivo? Diminui a velocidade ou você vai matar nós dois - falei. E aos poucos percebi a velocidade do carro reduzir. Mesmo que pouco. Não esperava que ele fosse me ouvir e fiquei surpresa por ele ter atendido a mais esse pedido.
Não demorou muito e estávamos no hospital. De novo tive que correr para acompanhá-lo, da recepção até um corredor em uma área vip do hospital. O secretário Kang já estava lá e foi bombardeado de perguntas vindas do Jungkook. O Sr. Jeon tinha sido encontrado no chão, 5 minutos depois de ficar sozinho na sala, o que significava que o atendimento tinha sido rápido. Ele tinha passado por exames e nesse momento estava no quarto sedado.
O médico deixou que o Jungkook entrasse. Alguns minutos depois o médico pediu para que chamassem o Jungkook até a sala dele e o secretário Kang me pediu para que eu ficasse no quarto com o Sr. Jeon. Foi o que eu fiz.
Ele estava deitado em uma maca grande e aparentemente confortável e tinham uns aparelhos medindo os batimentos cardíacos e uma bolsa de soro caindo em gotinhas direto para a veia da mão dele. O velho parecia abatido.
- Kook... - o Sr. Chamou. Olhei para ele. Não esperava que ele fosse acordar.
- Ele está com o médico, volta já - falei. O Sr. Riu fraco dando uma tossida logo em seguida. Esse velho não estava bem ontem a noite? O que tinha acontecido? Franzi o cenho sem entender.
- Eu estou velho mesmo - ele riu de novo. - Infarto? - questionou como se já imaginasse. Eu ascenti. - Esse médicos nunca erram...
- O Sr... Como... Como está se sentindo? - Eu estava sem jeito de falar com o velho.
- Me sinto como se a qualquer momento eu fosse morrer... Mas me senti a vida toda assim então... - ele falou vagarosamente e me encarou. - Preciso que você cuide do Jungkook-ah pra mim. - ele mudou bruscamente o assunto, desviei o olhar surpresa com o assunto repentino. - Os cães querem a cabeça dele, mas você minha jovem, você é a salvação dele.
- Não... Não entendo... - toda aquela conversa era estranha demais e repentina demais.
- Jungkook precisa de uma mulher forte ao lado dele, e você - ele apontou pra mim - Você é a melhor pra isso. A vida toda ele foi sozinho, eu cometi o erro de querer protege-lo do mundo, das pessoas... - ele suspirou - Ele perdeu os pais muito cedo e eu tive medo de perder ele também. Imagina, perdi esposa, filho e nora de uma vez só... Eu não queria perde-lo também. - Eu não entendia muito bem o que o Sr. mais velho falava. Ele pareceu perceber minha confusão. - Eles morreram em um acidente de avião. Só o Jungkook sobreviveu. Só machucou o rosto. Foi um milagre... Na época todos disseram que era impossivel ele ter sobrevivido à tamanha tragédia.
Eu não sabia disso. Ele era órfão?
- O Jungkook não sabe lidar com outras pessoas e eu fiz ele casar com você para ele aprender isso. Você minha jovem é quem vai despertar nele a vontade de viver apaixonadamente. Só uma mulher pode fazer isso por um homem. - pisquei surpresa. - Ele precisa provar pro mundo que esta preparado para assumir uma empresa tão grande e... casamento, filhos, responsabilidades... É o primeiro grande passo. - seriam esses os reais motivos para termos casado? Ele falou que precisava ser visto como um homem diante das pessoas. Então ele tinha casado comigo pra parecer assim, um homem que consegue sustentar sua família. Um homem responsável? Mesmo que fosse só uma mentira?
- Mas... O Sr... sabe que... - Eu não conseguia encontrar palavras para expressar o quão confusa eu estava nesse momento. Jungkook era frio comigo porque não sabia lidar comigo. Nesse momento só conseguia pensar em quão perdido ele devia estar com toda essa situação de casamento. E em como eu era teimosa e o tirava de sua zona de conforto.
Os amigos o conquistaram e não o contrário. Se eu quisesse conviver em paz com ele eu teria que conquistar sua amizade? E se eu não quisesse? Iríamos viver nisso pra sempre? Minha cabeça girou com tantas informações.
- Eu sei. - o velho falou. - Eu sei que você não ama ele. Mas vai amar - ele riu fraco de novo. - Vocês dois combinam tanto que chego a pensar que esse casamento mesmo sem ajuda acabaria acontecendo do mesmo jeito. - eu não via como isso seria possível. Eu e ele éramos extremos, opostos, polos diferentes, não tinha como mesmo.
A porta do leito abriu nesse momento e o Jungkook passou por ela.
- Vô - ele se colocou do lado da cama pegando a mão do avô. - O Sr. Está bem? - de repente para mim o Jungkook virou um garoto indefeso. Aquela era a única família dele. Se resumia ao seu avô que agora estava deitado em uma cama depois de um infarto que talvez pudesse ate mesmo ter matado ele. Nesse exato momento percebi que ele tinha uma pequena cicatriz no rosto, bem no alto da bochecha, mas que era ofuscada por algo que eu chamaria de beleza independente dê...
Agora estava tudo muito claro na minha cabeça, ele estava comigo pra manter um status, aproveitou o fato do meu pai estar devendo e fez essa troca. Novamente eu saí do status de seguro financeiro e voltava para o status peça de troca, entre interessados em comum. Quantas responsabilidades ele carregava sobre os ombros afinal?
Novamente aquela chama da curiosidade me tomou. Quanto mais eu descobria, mais havia para descobrir, quanto mais eu sabia sobre ele, menos eu sabia.
- Sim meu filho - a voz do Sr. Jeon me tirou de meus pensamentos. - Não é como se fosse uma novidade não é mesmo? - ele sorriu tentando fazer graça da situação.
- Vô é sério, eu não quero mais que o Sr. trabalhe - Jungkook repreendeu o velho.
- Bobagem... Vou morrer fazendo o que eu gosto. Não vou ficar pra escanteio... - uma enfermeira rompeu pela porta informando que precisava levar o Sr. Jeon para exames. O Jungkook assentiu e deixou que levassem o velho. Jogou seu corpo na poltrona perto na parede, suspirando pesado. Eu não sabia se era o melhor momento, mas eu precisava falar algo.
- Ele vai ficar bem - falei. O Jungkook sequer me olhou. - Eu... sinto muito... - Eu me referia a todas as suas perdas. - Por tudo. - ele precisou me encarar, talvez não entendesse o que eu queria dizer. - Seu avô me falou tudo.
- O que ele falou? - ele se ajeitou na poltrona se inclinando para frente e pousando os braços nos joelhos.
- Sobre seus pais, sobre a empresa... Sobre porque você casou... - Eu estava em pé de frente para ele recostada na maca onde o velho estava deitado antes. Ele ficou em silêncio por um tempo. Caminhei até a janela do quarto e separei as persianas para encarar a tarde nublada de Seoul.
- Estão tentando me boicotar na empresa há algum tempo já, tendo em vista que eu sou o único herdeiro das principais ações da empresa... - ele falou. Não o olhei. - Eles dizem que não tenho capacidade para gerir tamanho negócio por causa da minha pouca idade, é muito dinheiro em jogo e centenas de milhares de funcionários... - teria sido a primeira vez que eu o ouvia falar tanto? Me virei para olha-lo, ele encarava o chão a sua frente. - Eles querem tomar o que é meu de direto.
- Eu vou te ajudar - falei de repente. Sabendo que fui convencida disso no momento em que o Sr. Jeon falou que ele não sabia como enfrentar tudo isso sozinho, e nesse quesito eu me identificava como ele. Ele me olhou. - Não sei o que eu posso fazer pra ajudar, mas eu vou. Afinal, esse patrimônio também é meu agora, não é? - ele assentiu.
- É tão perigoso... eles têm maneiras sujas de resolver seus problemas e extrema ganância no coração. - me alertou.
- O que eu tenho que fazer? - cruzei os braços. Ele ponderou por um momento.
- Apenas ficar ao meu lado - suas palavras não eram sugestivas, como se tivessem segundas intenções, suas palavras eram genuínas, ele estava atrás de pessoas que o apoiam-se, e era óbvio que o jogo de hoje mais cedo era uma demonstração clara de que sim, ele estava atrás de apoio para conseguir vencer essa guerra.
- Tudo bem... Eu não consigo enxergar direito o que eu ganho com tudo isso, mas...
- Eu vou te dar o divórcio - ele me interrompeu. O olhei boquiaberta. - Quando eu assumir meu lugar de direito eu te darei o divórcio e você vai ser livre para fazer o que quiser. - se ele estava atrás de me motivar, ele tinha conseguido. Havia motivação melhor do que a liberdade? Pensei... Hmmm não! Definitivamente não havia motivação melhor.
- Tudo o que eu tenho que fazer é fingir ser a esposa mais feliz do mundo? - perguntei.
- Preciso apenas que você haja como uma esposa. E esteja ao meu lado como uma. - eu não sabia como as esposas se comportavam, porque eu nunca tinha sido uma e eu não me sentia sendo uma, mas não parecia um grande desafio.
- Tudo bem. - me aproximei dele estendendo a mão para ele, ele olhou para minha mão e depois para mim. - Trégua?
- Estávamos em guerra? - questionou-me.
- Não... Mas se vamos fazer isso juntos, precisamos arranjar uma maneira de sermos ao menos amigos - minha mão continuava estendida. Ele ficou de pé.
- Tudo bem - apertou minha mão em um cumprimento de confirmação.
Definitivamente eu não sabia o que o futuro guardava, mas sabia que se tinha que passar por isso para ter minha liberdade de volta, eu passaria. Daria uma chance para Jeon Jungkook fazer o que fosse preciso para conseguir seu posto na empresa e me dar a chance de ter minha vida de volta.
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