V E R D A D E S
O estúdio está quieto. por hora, já se passa das 5 da tarde, e nos horários não havia nenhum job marcado.
Por ser uma estagiária, meu trabalho consistia em estar sob a supervisão do senhor ladrão de cafés o tempo todo mas, por algum motivo ele me pediu que escolhece as melhores fotos do ensaio de hoje de manhã e saiu sem dar mais explicações.
Trabalho de verdade!
É isso que ele quis dizer com trabalho duro de verdade?
Isso ficou na minha cabeça por horas.
Escolho as melhores fotos, e separo-as em pastas como "principais" para a edição. As que eu havia tirado estavam boas mas, as dele eram superiores, ele controlava a câmera com uma facilidade invejável.
— Selena? Oi? — Diz Vanessa estalando os dedos na frente do meu rosto. — Terra chamando, Selena.
— Oi. — Sorrio, terminando de selecionar as fotos.
— Qual é? Você está ai a horas, todos já estão indo embora. — Vanessa diz pegando minha bolsa enquanto eu desligo o computador.
— Eu acho que me empolguei. — Me levanto da cadeira com um sorrisinho no rosto. — Essas fotos estão muito boas.
— Nós trabalhando para Bieber's Magazine! — Ela fala como se fosse óbvio.
— Onde está Ash?
— Ashley já foi a horas, Justin à liberou. — Responde Vanessa.
Já se passará uma semana desde que começamos a trabalhar na Bieber's Magazine e o responsável pelo estágio de Ashley ainda não havia voltado de viagem, então ela estava recebendo ordens de Justin.
Começamos a sair do estúdio, que já estava praticamente vazio e com as luzes em meia fase.
— Em pleno fim de semana e você já está mais obcecada do que na faculdade. — Ela ri.
— Haha! Quanta graça. — Digo sarcástica. — Por que não vira comediante?
— Quem sabe um dia. — Ela da de ombros e eu rio. — Claro, se você me der aquela sua bota preta que vai até a coxa.
— Nem se você virasse astronauta. — Digo e ela faz uma careta.
Andamos até o elevador e eu aperto o botão, não demora muito e as portas se abrem.
— Meninas esperem! — Chris grita correndo em nossa direção e Vanessa segura a porta. — Obrigado Vanessa. — Ele diz adentrando no elevador.
— Selena, eu não sei se você já foi apresentada ao Chris. — Diz Vanessa.
— Na verdade, acho que só nos conhecemos de vista, não é? — Chris diz e eu assinto sorrindo. — Bem, eu sou o Chris e você é a menina do café, certo? — Ele sorri. — Justin falou de você.
— Falou? — Questiono.
— Sim. — Ele responde e logo muda de assunto. — Esfriou ou é essa caixa de metal?
— Acho que não tem aquecedor no elevador. — Digo olhando para o teto abraçando meu próprio corpo.
— Selena, cade o seu casaco? — Vanessa questiona e percebo que estou sem meu casaco.
— Ai, não! — Murmuro colocando a mão na testa. — Ficou naquela sala perto dos escritórios.
— Na sala dos acessórios? — Perguntou Chris.
— Acho que é, deixei sobre a mesa, quando eu e Vanessa estavamos guardando as coisas hoje de manhã.
— Se eu parar aqui ainda da para você voltar de escada. — Chris afirma de imediato. — Pode ser?
— Sim, claro. — Respondo e ele aperta o botão para parar no 12° andar.
Quando as portas se abrem eu saio e começo a andar em direção as escadas.
— Sel, esquece isso. — Grita Vanessa segurando a porta do elevador. — Segunda você pega.
— Eu não vou passar frio, só para não ter que subir degraus. — Retruco e volto a andar em direção as escadas. — Te vejo lá em baixo.
— Teimosa! — Ela grita soltando a porta do elevador.
São só alguns degraus. Subo de dois em dois, abraçando meu corpo com força tentando espantar o frio.
Um, dois... Um, dois... Um, dois...
Vejo a porta do 13° andar e suspiro por ainda ter que subir.
Deus! Preciso começar a jogar sudoku.
O frio se perdeu de mim, dando espaço a um calor de 200 graus.
Okay! Isso pode ter sido um pouco exagerado.
Alguém da um premio para o gênio que criou o elevador.
Já ofegante chego a porta do 14° mas antes de entrar me escoro na parede e respiro fundo.
Não posso esquecer de colocar na lista de ano novo que vou virar fitness.
Depois de me recompor abro a porta e entro no estúdio.
O 14° andar era uma enorme estúdio do lado esquerdo, com 4 escritórios r uma sala do lado direito do prédio, infelizmente não tive tempo para questionar o porque de 4 escritórios.
Uma música instrumental tocava de fundo mesmo não havendo ninguém ali, a maioria das luzes estavam apagadas e parecia deserto.
Ignoro minha imaginação e vou direto ao ponto. Meu casaco na sala de acessórios.
Abro a porta - que range alto - sem nem pensar antes do ato, as luzes estão baixas mas consigo ver plenamente o cômodo e o loiro sentado a frente do computador que me encara como se nunca tivesse me visto antes.
— Veio trazer café? — Ele pergunta e um sorriso se abre no canto de seus lábios.
— Vim buscar meu casaco. — Digo adentrando na sala. — Pensei que você já tivesse ido embora.
— Digo o mesmo sobre você. — Ele diz com os olhos fixos na tela. — Boas escolhas.
— Só fiz o que me foi ordenado. — Dou de ombros e pego meu casaco. — Por que ainda está aqui à essa hora? E por que não está na sua sala?
— Trabalho duro de verdade Selena. — Ele pisca. — E você estava trabalhando lá, não quis atrapalhar.
— As vezes eu penso que você tem tique no olho. — Digo sem pensar e dou risada.
— E quem disse que não tenho? — Ele começa a piscar freneticamente me fazendo rir mais.
— Idiota.
Justin me encara e sinto minhas bochechas formigarem, olho de imediato para o relógio em meu pulso tentando desviar minha atenção.
— O expediente acabou a dez minutos. — Alerto. — E hoje é final de semana.
— Eu sei. — Ele da de ombros. — Mas preciso adiantar algumas coisas para a semana que vem.
— Ham! — Murmuro jogando meu casaco de volta na mesa, dessa vez junto com a minha bolsa.
Pego meu celular e começo a digitar quando o loiro me enterrompe.
— O que está fazendo? — Ele questiona.
— Sou sua estagiária. — Termino de digitar uma mensagem para Vanessa dizendo para ir sem mim.
— Vai me trazer café?
— Vou te ajudar a adiantar o trabalho. — Dessa vez sou eu quem pisco para ele.
— Deus! Obrigado por não ser o único a ter tique no olho. — Ele diz se esticando sobre a cadeira me fazendo rir. — Pegue uma cadeira.
— Qual é o tão anunciado "Trabalho duro"? — Questiono puxando uma cadeira para o lado dele.
— Edição e um pequeno marketing para a Coca-cola. — Ele da de ombros.
— Eu pensei que só tiravamos fotos para a revista.
— Era assim no início. — Ele diz focado na tela do computador — Mas outras empresas começaram a procurar nossos serviços também.
— Isso quer dizer que ganhamos coca-cola grátis? — Perguto quase pulando da cadeira.
— Sim, está no frigobar. — Ele diz enquanto edita uma das fotos que eu selecionei.
— Normal?
— Zero. — Ele responde.
Vou até o figobar e pego duas latas, uma preta e a outra vermelha.
— Devo te chamar de moça da coca-cola agora? — Ele me questiona pegando a coca.
— Café está bom para mim. — Sorrio fraco me sentando ao seu lado quando meu celular vibra sobre a mesa.
Justin me olha de canto de olho e em seguida indica o celular com a cabeça.
— Oi V? — Digo atendendo o celular depois de ver a identificação.
— Oi, você está bem? — Ela questiona.
— Sim. — Respondo. — Onde você está?
— Estou em casa. Porque não quis que eu te esperasse?
— Ham... — Murmuro observando a concentração de Justin no computador. — O escritório estava trancado.
Justin olha para mim de imediato, e sussurra um "que?"
— O porteiro não tinha a chave e teve que dar um jeito. — Dou de ombros enquanto o loiro me olha fixamente. — Não queria que ficasse plantada esperando, como eu estou.
— Tudo bem, então você não vai sair pra dançar conosco hoje? — Ela diz desanimada e ouço Ashley resmungar ao fundo.
— Eu sinto muito, vamos deixar para a semana que vem? — Digo com pesar eu adorava as noites de sextas quando saíamos para dançar.
— Não demora a ir para casa. E quando chegar manda mensagem. — Ela diz.
— Pode deixar. — Digo finalizando a ligação enquanto Justin ainda me encara.
— Por que mentiu? — Ele questiona.
— Ela ia pensar coisa errada. — Respondo e ele começa a rir. — Eu estou falando sério, conheço minhas amigas.
— Tudo bem Selena. — Ele diz tentando comprimir o riso. — Pega meu notebook que ficou na mesa do estudio? — Ele pede e eu saio do escritório indo atrás do notebook.
Demoro um pouco para encontrar por causa da pouca iluminação do estúdio.
Quando finalmente resolvo ligar o interrupitor, e volto a procurar o notebook estava o tempo todo sobre a mesa, embaixo de algumas revistas.
— Aí está você! — Murmuro quando encontro o notebook.
Ando devolta a sala, que está com a luz mais forte dessa vez.
— Justin? — Digo quando entreabro a porta e não tem ninguém sentado a frente do computador.
Vou até a mesa e deixo o notebook, me virando para fechar a porta e encontrando um loiro com uma câmera na frente do rosto.
— X! — Ele grita me fazendo rir e o flexe da câmera invade minha visão.
— O que está fazendo? — Pergunto entre o riso com as mãos na frente dos olhos.
— Eu disse que você fica melhor na frente da câmera. — Ele diz entre a câmera, faço um expressão de brava e o flexe surge outra vez.
— Não temos que trabalhar?
— Eu estou fazendo o meu trabalho, agora faça o seu. — Outro flexe me invade.
— Para de tirar fotos. — Digo entre o riso. — Vamos terminar as edições.
— Eu sou o fotografo e você é a estagiária. — Ele diz tirando a câmera do rosto com um grande sorriso. — Então faça o seu trabalho.
— E as edições? — Volto a questionar com as mãos na cintura.
— Eu já terminei. — Ele diz e outro flexe surge. — Você demorou demais para voltar.
— Vamos para o marketing!. — Gritei fingindo empolgação.
— Selena, meu pai já me disse que você não gosta de marketing! — Ele diz deixando a câmera se pendurar no pescoço, com uma expressão duvidosa no rosto.
— Não gosto, mas eles deram coca-cola grátis. — Digo pegando minha lata que estava sobre a mesa e colocando ao lado do rosto como nas propagandas.
Outro flexe.
— Já tenho a campanha. — Justin diz sorridente olhando a foto que havia acabado de tirar na câmera.
— Se vamos fazer Marketing para a Coca-cola vamos fazer direito. — Digo fazendo-o me encarar.
— O que você quer dizer?
Vou até o frigobar e pego uma garafa de vidro da coca-cola e um canudo. Sento em uma das varias cadeiras espalhas pela sala.
— Vamos fazer a melhor campanha que a Coca-cola já teve. — Dessa vez faço uma careta com o canudo entre os lábios e o flexe volta indicando que ele tirou outra foto.
— Só se você aceitar ser a modelo. — Ele diz sério.
— Nem pensar — Respondo de imediato.
— Então só mais uma última foto. — Ele pede com uma carinha de cachorro sem dono e eu rio colocando a garrafa ao lado do rosto.
Mais um flexe.
...
Justin fotografava a garrafa de vidro enquanto eu ajudava com a iluminação.
Algumas milhares de fotos minhas foram tiradas enquanto trabalhavamos.
— Tenho uma novidade. — Ele diz sério e eu o olho curiosa. — Também não gosto de Marketing. É tão sem graça, você estuda fotografia para fotografar vida, não uma garafa de vidro ou um bolinho qualquer.
Fico impressionada quando ele solta a câmera - que se pendura no pescoço - e começa a falar tudo o que vem a mente.
— Não que marketing não tenha sua beleza, as fotos ficam boas mas acaba sendo tudo mais sengraça do que fotografar aniversário de criança.
— Nem me fale de aniversário de criança. — Digo lembrando da última vez que fui paga para fotografar um evento infantil. Quase virei um bolo humano e nenhuma das fotos ficaram realmente boas.
— Acabam com toda a diversão do trabalho. — Ele suspira. — Por isso que cobramos mais caro quando trabalhamos com marketing e festa de crianças.
— Se você também não gosta por que não deixa para os outros? — Questiono como se fosse óbvio já que tinham mais dois fotografos profissionais ali.
— Pelo dinheiro. — Ele da de ombros e meio sem jeito volta a fotografar a garrafa de vidro.
— Seu pai é o dono de uma das maiores resvistas de Nova York e você faz isso por dinheiro?
— Preciso de dinheiro para trabalhar com o que eu quero, Selena. — Ele diz entre a câmera. — Eu gosto de fotografar a vida, e não quero depender dos meus pais para isso. Quero que seja mérito meu.
— Como assim?
— Eu trabalho com marketing até conseguir o dinheiro que preciso para viajar por aí. — Ele sorri como uma criança que acabou de ganhar um presente inesperado. — Ver a vida, sabe?
— Sim, eu sei. — Afirmo observando ele enquanto anda até a garafa e a muda de posição.
— Fazer o que tiver vontade de fazer, pelo menos um mês por ano. — Ele sussurra.
Ele volta a fotografar como se aquilo fosse a coisa mais tediante do mundo e uma ideia engraçada se passa pela minha cabeça.
— Vou te ajudar com isso. — Digo sorrindo e corro para a sala de acessórios.
— O que você vai fazer? — Ele grita quando eu estou abrindo a porta da sala, olho para trás com um sorriso no rosto e sem reponder entro e fecho a porta.
Pego em minha bolsa, meu estojo de maquiagem e vou para o banheiro no canto da sala.
〰〰〰
Espero que tenham gostado, e que não tenha ficado sem sentido. Não esqueçam de votar sz
Beijão.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro