P U T A M E R D A !
Um cheiro bom e forte invade minhas narinas, acompanhando da pontada de dor na minha cabeça.
Ressaca!
Me aconchego mais na cama na tentativa da dor sumir e sinto o cheiro ficar mais forte do que antes.
Parecia reconfortante, como quando você sente de perto um cheiro que te nostalgia, que te faz fuçar até o fim da memoria na tentativa de encontrar a lembrança daquele perfume.
Sinto um braço passar por cima da minha perna e abro meus olhos assustada.
Com dificuldade, causada pela luz que invadia o quarto, percebo que eu estava aconchegada em Justin e era o seu braço esquerdo que estava sobre minha perna.
Tampo minha boca na tentativa de segurar o grito para não acorda-lo.
O que está acontecendo aqui?
Nós estávamos vestidos com as mesmas roupas da noite anterior o que era um bom sinal, certo? E só agora me dou conta de que o perfume forte vinha dele.
Com cuidado tento tirar minha perna de cima do quadril ele, mas seu braço estava pesado demais.
Eu preciso sair daqui!
Tento lembrar do que aconteceu na véspera, mas tudo que me recordo é de brincar de ligue os pontos com as pintas ao redor da boca de Justin. Passo a mão pelo meu cabelo e tento ver a hora mas estava sem relógio.
Ótimo, uma manhã cheia de tentativas falhas.
Confesso que meu raciocínio não estava 100% quando percebi meu celular em cima do criado mudo ao lado da cama. Eu não pensei em tirar o braço de Justin de cima de mim, sair pelo outro lado da cama e andar até o celular. Simplesmente optei pelo lado aparentemente mais fácil, passar por cima dele.
E eu estava quase conseguindo alcançar o celular, mas tomo um susto quando ouço Justin murmurar: — Puta merda!
Travo.
Eu estava sentada em cima de seu quadril, inclinada sobre seu tórax enquanto, falhamente me esticava para pegar o celular.
Levanto meu tronco na tentativa de encarar o rosto dele, mas acabo por me arrepender. Justin me encara descendo o olhar vagarosamente pelo meu corpo, até chegar na minha coxa que estava praticamente exposta pela fenda do meu vestido, sinto minhas bochechas formigarem de vergonha.
— Eu perdi alguma coisa? — Ele diz com a voz rouca por ter acabado de acordar.
Ignoro.
Sem mais movimentos bruscos pego meu celular, e o mais rápido que consigo, saio de cima dele me virando e caindo ao seu lado, na cama.
Não sei o que dizer.
Minha vergonha é tanta que eu poderia cavar um buraco para me enterrar neste mesmo instante.
Estou fitando o teto quando ele ri fraco colocando o antebraço em cima do rosto.
— O que foi? — Questiono receosa.
— Bom jeito de acordar de manhã. — Ele diz tirando o braço do rosto e me olha sorrindo.
Eu estava com vergonha, eu estava com muita vergonha.
— Estamos atrasados. — Murmuro mudando de assunto, vendo no celular, que já se passava das 8 da manhã
— Percebi pela dor na minha cabaça. — Ele diz e eu rio fraco. — Sorte a sua que eu sou o seu chefe.
— Seu pai é o meu chefe. — O corrijo.
— Meu pai é o meu chefe. — Diz, Justin se virando de lado na cama, para me encarar. — Eu sou o seu chefe.
— Supervisor. — Corrijo novamente.
— Chefe! — Ele afirma e eu faço uma careta. — Boss, se preferir.
— Okay, boss. — Murmuro e ele sorri satisfeito.
O silêncio invade o quarto enquanto Justin não para de se mexer na cama, me fazendo ficar ansiosa.
— Você sabe onde estamos? — Questiono quando ele finalmente para de se mexer para lá e para cá.
— Não. Mas podemos descobrir. — Justin diz, pulando da cama de uma forma engraçada e correndo para a porta.
Demoro um pouco para entender o que ele disse.
Como posso estar tão lerda?
Sigo correndo atrás de Justin pelo extenso corredor, levando a uma sala maior ainda.
— Chris! — Justin resmunga, parando no meio da sala.
O apartamento era enorme e janelas grandes, na sala, permitam que víssemos que era uma manhã chuvosa em Manhattan.
— Selena? — Chama Justin, enquanto eu estava praticamente perdida na visão da janela.
— Sim? — Digo voltando minha atenção a ele.
— Um café, antes de irmos? — Questiona, ele e eu assinto.
Justin vai para cozinha e eu ando até a janela com estofado.
A rua estava movimentada e quando olho para baixo não consigo ver pessoas, só guardas-chuvas enormes.
Não exito em pegar meu celular e fotografar a vista, desejo poder lembrar dessa visão pra sempre mas, a gente nunca sabe o que pode acontecer amanhã.
— Selena! — Ouço o grito estridente de Justin, vindo da cozinha.
Vou até lá e o encontro cheio de pó de café, enquanto chacoalha a camisa social na tentativa de limpá-la.
— O que você está tentando fazer? — Digo rindo do modo como ele estava mas, paro quando ele me encara.
— Café? — Justin diz, e eu o olho duvidosa.
— Como se sujou assim? — Pergunto me aproximando.
— Chris é um idiota. — Ele diz apontando para o pacote rasgado, logo ao lado.
Tento segurar o riso, Justin parecia chateado e eu não queria o irritá-lo.
— Que desastre. — Murmuro procurando algo para limpar a sujeira. — Pelo menos você ainda vai fazer café, não é?
— Se você ajudar a limpar isso. — Ele diz com um sorrisinho nos lábios e eu o entrego um dos panos que encontrei.
— Que chantagem. — Digo entre o riso, me abaixando para limpar o pó do chão e ele faz o mesmo.
— Chantagem seria se eu te pedisse realmente, algo em troca. — Ele diz e me encara.
— Infelizmente, pra você. — Digo tirando o cabelo que caia no rosto e o colocando atrás da orelha. — Eu não tenho nada que pudesse pedir.
— Você não sabe o que eu quero. — Ele diz sério e antes de se levantar me encara brevemente.
Tenho receio de perguntar, mas a curiosidade me domina, até eu não conseguir a aguentar.
— E o que você quer? — Pergunto me levantando para o encarar.
Justin está sério, ainda com aspecto sonolento por ter acabado de acordar, os cabelos estavam bagunçados e ele parecia pensar em todos os prós e contras antes de falar algo.
Em poucos instantes, sua mão vai até minha nuca fazendo com que eu um arrepio subisse pela minha espinha.
Justin inclina a cabeça me puxando para si e dando início a um beijo calmo, sinto sua mão esquerda apoiar na minha cintura e levo meus braços ao redor de seu pescoço.
Ao invés do perfume forte, como de costume, ele tinha cheiro de café expresso.
Eu não tinha noção do quanto eu queria esse beijo, até ter a boca dele contra a minha.
Justin acaricia minha cintura subindo as mãos pelas minhas costas, meu coração está tão acelerado que consigo ouvir suas batidas sem nenhum esforço.
O beijo se intensifica e Justin me vira contra o balcão me fazendo sorrir.
— Está tudo bem? — Ele diz quebrando o beijo para me encarar.
Sorrio assentindo e o puxando de volta a mim, entrelaço meus dedos nos cabelos dele e fico feliz em finalmente estar tão perto ao ponto do meu corpo estremecer a cada mísero movimento de suas mãos.
Justin da impulso para mim sentar no balcão, ficando entre minhas pernas. As mãos dele passeiam da minha cintura até o quadril, descendo para a fenda na minha coxa.
Minha respiração fica descompensada conforme a mão dele acaricia minha coxa, praticamente exposta.
Meu celular começa a tocar freneticamente do outro lado do balcão e contrariando a minha vontade, quebro o beijo.
— Preciso ver quem é. — Digo um pouco ofegante e ele sorri.
— Eu vou fazer o nosso café. — Ele diz passando a língua rapidamente pelos lábios.
Justin me ajuda a descer do balcão e começa a preparar o café enquanto corro para o telefone na tentativa de o atender antes que desligasse.
Quando pego o celular vejo que número não estava reconhecido, o que me leva a pensar duas vezes em atendê-lo.
Quando finalmente resolvo atender a chamada encerra.
Será que devo retornar?
— É do estúdio? — Indaga, Justin.
— Não sei, era desconhecido. — Digo e ele me olha brevemente, sobre o ombro.
Minha vontade era andar até ele e o beijar novamente mas, não sabia o que tinha significado aquilo, não sabia se aconteceria novamente e não sabia se eu podia ficar pensando nisso tanto quanto eu estava pensando agora.
Justin terminou de fazer o café e o serviu em canecas se sentando ao meu lado no balcão.
— Espero que goste. — Ele diz me entregando uma das canecas e eu sorrio.
— Tudo sempre começa com um bom café. — Digo e ele me olha sorrindo.
— Tudo conosco sempre começou com café. — Ele diz e um sorriso involuntário se forma em meu rosto.
Meu celular volta a tocar sobre o balcão e dessa vez não penso duas vezes em o atender.
— Selena? — Diz a voz masculina do outro lado da linha.
— Sim? — Respondo, confusa.
— Querida, é o tio Patrick. — Ele diz e a preocupação invade meu corpo. — Nós precisamos conversar.
Respiro fundo entes de levantar da cadeira e me afastar de Justin.
— É sobre o prédio? — Questiono.
— Sim. — Ele diz, suspirando logo em seguida. — Em um jantar aqui em casa, pode ser?
— Claro. — Murmuro. — Que horas?
— Vou falar com a Ellen e te mando uma mensagem com o horário.
— Obrigada, tio Patrick. — Digo tentando manter a calma para não chorar. — Até mais tarde.
— Até mais, querida. — Diz ele, antes de encerar a chamada.
Volto para o balcão e Justin está mexendo em seu celular, enquanto bebe o café.
— Será que Chris ficaria bravo se eu levasse embora a caneca dele? — Indago e Justin sorri levando sua atenção a mim e desligando o celular.
— Ninguém precisa saber. — Ele diz.
— Ninguém precisa saber. — Murmuro.
Meus pensamentos se direcionam para outro lugar, outra época e talvez por isso não me recordo do que eram.
— Está tudo bem? — Questiona Justin.
— Sim. — Sorrio sem mostrar os dentes.
Justin levanta da cadeira, se aproximando de mim me beijando lentamente, suas mãos acariciam minhas costas enquanto tento controlar os batimentos do meu coração.
O gosto do café se misturava em nossas bocas, fazendo com que eu desejasse mais desses beijos por mais tempo.
— Vamos? — Ele diz, quebrando o beijo com um pequeno sorriso nos lábios.
— Sim. — Murmuro. — Vou pegar minhas coisas no quarto.
Vou para o quarto em que dormimos, e vejo minha bolsa e jaqueta sobre a mesinha próxima à janela mas, tenho certa dificuldade em encontrar meus sapatos, demorando um pouco para voltar a sala.
Justin estava terminando de limpar a sujeira do café quando chego a cozinha.
Meu celular estava em cima do balcão ao lado do dele, e desbloqueio o mesmos vendo que havia uma mensagem do número que tio Patrick havia me ligado.
"Jantar às 8 aqui em casa, okay?"
Fico feliz por jantarmos todos juntos novamente, como fazíamos quando meus pais estavam vivos mas, não consigo suportar a ideia do assunto ser o prédio.
Pego a caneca meia vazia no balcão e coloco mais café nela.
Começamos a sair do apartamento e entramos no elevador, Justin está calado desde que voltei do quarto e não me atrevo a falar algo a mais.
— Quer que eu te deixe em casa. — Ele questiona quebrando o silêncio, quando estamos saindo do elevador.
— Se não for te atrapalhar. — Sorrio.
— Você sabe que não atrapalha. — Diz ele, apoiando a mão em minha cintura enquanto andamos pelo o estacionamento no subsolo.
Justin me deixa em casa minutos depois, o olho sem saber o que dizer e ele fita a rua.
— Te vejo mais tarde? — Questiono antes de sair do carro e ele finalmente me olha.
— Sim. — Ele responde fingindo um sorrio mas, não o vejo nesta tarde e não o vejo no dia seguinte, ou no outro.
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Oi meus amores, espero que tenham gostado..
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