Capítulo 9
Não sei se é possível um ser humano sentir tanta raiva e ódio de uma pessoa a ponto de ficar cega com tal sentimento. Será possível? Ou eu que sou completamente diferente dos outros humanos normais desse planeta?
Apesar de não ser totalmente ferida. Ele não conseguiria se quisesse. Me senti extremamente brava com Adam por ter me atacado e pelas costas. Depois de meu pai ter autorizado sua estadia no palácio, no meu palácio, na minha casa.
Sabe quando tudo acontece rápido mas passa bem devagar como nos filmes que costumamos ver, que servem para dar emoção? Nunca pensei que seria capaz de vivenciar isso tantas vezes na vida real. Quando tirei a faca do meu ombro me preparei para avançar em Adam e por algum motivo muito estranho Adam já esperava por isso, como se ele já soubesse o que eu ia fazer a seguir pois ele não mexeu nenhum músculo se quer para se desviar de mim, nenhum passo, Adam na verdade parecia não piscar.
O que foi mais impressionante disso tudo é que Didacus com uma rapidez absurda já estava em minha frente tirando Adam de perto de mim o puxando para trás pela gola da camisa enquanto Addy me puxa para longe também. A última coisa que vejo é o olhar diabólico de Adam sobre mim e neste momento prometo algo para mim mesma não irei descansar enquanto esse psicopata não estiver longe daqui, longe da minha casa, longe de mim.
...
— Bom como sempre seus exames não estão alterados. Não à nenhuma sequela interior. Está tudo nos conformes alteza. — Diz Eva olhando meu raio x.
Toda vez que me machuco sou mandada para a área hospitalar do palácio para fazer uma batalha de exames, não importa se for apenas um arranhado sempre tenho que vir para cá. Meu pai tem muitos receios em relação aos meus poderes, para ele nada pode ser bom demais, há sempre o que suspeitar. Tenho uma super força e sou praticamente indestrutível mas meu pai acha que algum dia essa minha resistência vai acabar, que em algum dia eu vou me machucar e ser ferida de verdade e se esse dia chegar ele tem que saber. Por isso desde criança quando me machuco venho para Eva para ter certeza que o que não conseguiu me machucar por fora não está me machucando por dentro.
— Você acha que tem necessidade disso tudo? — Digo levantando da maca. — Até hoje não houve fraturas muito menos lesões graves nos meus órgãos com os meus machucados do decorrer da minha vida.
— Bom você será a futura rainha de Gardênia então... Sim! É necessário.
— Sabe o que eu não entendo Eva? Por quê meu pai quer manter ele aqui? — Bufo e ando de um lado para o outro.
— Por quê ele enfiou uma faca em você? — Eva pergunta andando atrás de mim para dar uma última olhada no ombro que Adam enfiou a faca.
— Eu não sei! Ele é problemático. Eu falei para o meu pai que ele não é de confiança, que ele iria fazer algo para nos prejudicar. Duas vezes Eva! Ele tentou me matar duas vezes! — Me exalto.
— Seu pai sabe o que faz Aalis...
— Será mesmo Eva? Será que ele sabe mesmo? E se ele estiver errado? E se ele estiver equivocado pelo menos dessa vez? Me diga? O que vai acontecer? Eu vou ter que viver o resto dos meus dias com esse otário querendo me matar toda vez que me vê?
— Aalis meu amor eu sei que você está revoltada mas você precisa descansar. Beba esse remédio você vai ficar melhor e mais calma. — Coloca a pílula na minha mão.
— O que é isso? Que remédio é esse? — Olho para a pílula azul.
— Tome Aalis e se você não beber eu vou saber. — Me olha por sobe o seu óculos. — Agora vá alteza, está tudo ok.
Pela primeira vez depois de anos cheguei em meu quarto bebi o tal remédio que Eva me deu e simplesmente dormi. Dormi por horas e horas. Isso me preocupa um pouco pois significa que meu pai não precisa da herdeira dele. Ultimamente ele está assim desde que Adam chegou no palácio, não me diz seus planos, faz coisas pelas minhas costas e me deixa matar meu trabalho e minhas responsabilidades para dormir a manhã inteira ou a tarde inteira. Ele nunca faz isso mesmo se estiver ardendo em febre, o que nunca acontece, por isso são motivos enormes para temer.
Quando acordo dou de cara com Owen, Cedric e Armena conversando em meu quarto como se eu não estivesse ali.
Acordo meio zonza sem saber exatamente onde estou e olho para a parte sul do meu quarto onde os três estão mexendo em minhas coisas e batendo papo com Luanda e Lilibeth.
— O que fazem aqui? — Pergunto coçando os olhos para espantar o sono.
— Pensamos que estava morta. — Owen responde.
Olho para o lado de Owen e em cima de uma de minhas mesinhas está uma bandeja com o que eu suponho ser o meu jantar.
— Vieram trazer comida para uma morta? — Pergunto erguendo a sobrancelha.
— Só agradeça Aali. — Cedric pega a bandeja e coloca na minha cama. — Coma! você não comeu no café da manhã.
— Estava me observando no café da manhã? — Sorrio para Cedric com o objetivo de deixá-lo sem graça.
— Sim estava sim. Te observei tanto que graças a Deus pude ver sua cara quando seu pai disse para todos do palácio que Adam Kieran permanecerá aqui. — Cedric retruca.
Owen solta uma gargalhada e Armena lhe dá um tapa para parar.
— Bom se vieram me estressar com esse assunto podem sair. — Digo me preparando para comer.
— Calma Al só viemos saber se você está bem. — Diz Armena sentando na cama comigo.
— Fiquei sabendo o que seu amigo fez com você hoje. — Owen cruza os braços esperando meu desabafo.
— Ele não é meu amigo. — Digo raivosa.
— Nós sabemos Aali, Owen só está te enchendo o saco. — Cedric senta ao meu outro lado.
— Vocês acham que meu pai tomou a decisão certa deixando ele aqui? — Pergunto receosa.
Os três se entre olham com uma feição que eu já sei qual é. Eles não respondem até Cedric decidir falar. Como sempre, ele é o mais sincero de todos e é por isso que aprecio tanto sua amizade.
— Sei que você não gosta do Kieran. E sei que ele tentou te matar ou sei lá o que ele estava tentando fazer. E sei que ele é de CastleCold mas porra Aali ele é a merda da rainha no tabuleiro de xadrez. — Cedric começa.
— É verdade Al, Kieran é a carta que Gardênia tem na manga e...
— E seu pai fará de tudo para se preparar porque vamos ser realistas ele sabe que algum dia Ahzac virá atrás de você. — Owen termina a frase de Armena.
— Ele foi soldado de CastleCold você sabe o que é isso? Temos que ganhar a confiança dele e mantê-lo em nosso lado. Estamos na frente Aali. Estamos ganhando e eu sei que você odeia perder então tenta manter esse drama de lado e tome atitude de uma rainha que você um dia será. — Cedric termina.
Respiro fundo e bufo sem muita paciência e sem muito o que fazer. O pior é que eles tem razão. Olho uma última vez para Armena, preciso da opinião da minha amiga. Ela segura em meu ombro me assegurando de que é a melhor coisa a se fazer.
— Se você não pode com seu inimigo junte-se à ele. — Ela sussurra para mim.
— Bom... Vocês ganharam vou dar uma chance para Kieran.
...
Estou sem sono e ainda não sei o que dizer quando aparecer lá mas eu tenho que dizer ou fazer algo porque assim não pode ficar. Depois do meu jantar com Armena, Owen e Cedric e depois da nossa conversa aproveitei que estava sem sono me levantei da cama troquei de roupa e sai do quarto decidida a falar com Kieran. Mas apesar da minha disposição de botar um fim nessa rixa ridícula ainda não sei o que dizer. Fecho os olhos e torço para minha mente tomar o controle de tudo e me salvar da vergonha de estar prestes a levantar a bandeira branca.
Papai colocou Adam em um quarto da ala da Elite do palácio e só agora me permito perceber que papai está mesmo querendo ganhar a confiança de Adam. Isso explica muita coisa.
Endireito meu corpo quando me viro no corredor de seu quarto respiro fundo e sigo meu caminho até sua porta mas ao passo que me aproximo ouço barulhos e barulhos altos. Não acredito que é o que eu acho que é. Gemido atrás de gemidos e palavrões muitos palavrões.
Se eu fosse uma pessoa normal daria meia volta e voltaria depois para falar com Adam porém eu sou Aalis Elaren Grandini metade deste reino é meu, o palácio é meu, e gosto de manter controle sobre tudo e principalmente gosto de saber sobre tudo que acontece neste lugar e por isso que seguro a maçaneta da porta e a abro bruscamente.
A primeira coisa que escuto é Ariella soltando um gritinho se jogando da cama de vergonha. Vejo a cena em minha frente e sinto vontade de rir, a vergonha de Ariella me diverte ao contrário de Adam que me olha sem ânimo com a coberta cobrindo suas partes baixas.
— Addy achará muito interessante se eu contar a cena que vi agora. — Solto uma risada.
— Céus! — Ariella diz recolhendo suas roupas o mais rápido possível. — Mil perdões alteza eu... Eu... Céus.
— Você não dá uma a dentro em Ariella? Mas é uma bela forma de dizer boas vindas ao nosso convidado. — Digo quando ela passa por mim para sair.
— Desculpa. De verdade Aali... Alteza. — Ela abaixa a cabeça.
— Ariella! — A chamo quando ela está perto da porta.
Ela se vira para mim de cabeça baixa esperando eu dizer algo.
— Mantenha suas partes baixas longe de meu irmão. Se eu sonhar com você perto dele te mando de volta para sua casa. Fui clara?
— Alteza eu gosto muito de seu...
— Eu perguntei se fui clara senhorita Ariella. — Repito agora olhando para Adam que me encara.
— Sim, muito clara. — Responde.
— Agora saia e feche a porta. — Ordeno.
Ariella sai correndo e fecha a porta como mandei.
— Opa! Segundo tempo? Que maravilha mas saiba que eu não sei se você vai aguentar meu pique. — Adam me provoca deitando na cama colocando os braços atrás da cabeça com um sorriso debochado.
— Não seja nojento. Você acha que sou Ariella por acaso? — Olho envolta para conhecer o quarto. — Não me rebaixaria a tanto.
— Não sabe o que está perdendo. — Olha para debaixo da coberta.
— Ai Céus! credo. — Sinto vontade de vomitar.
— Então vai ficar ai parada sem dizer nada me olhando pelado? — Diz sem paciência. — Não acredito que acabou com minha festa por nada.
— Você não está pelado. — Digo.
— É claro que estou.
— Sim mas o que quero dizer é que tem a coberta cobrindo tudo então... Eu só... Não estou vendo nada. — Digo por fim.
— O que quer?
— Pode ficar despreocupado que serei breve...
— Você tem dois minutos. — Adam se levanta da cama enrolado no cobertor.
— Quero dizer que estou disposta a ser madura e a... — Adam me desconcentra andando de um lado para o outro. — Bom quero dizer que não tenho ressentimentos por você ter tentado me matar. E que ficarei muito feliz em poder te treinar deixando claro que ainda não gosto de você mas precisamos facilitar as coisas então estou propondo uma trégua ou será impossível convivermos no mesmo lugar.
— E o quê mais? — Adam para em minha frente.
— É só isso. — Respondo.
—Hum! — É sua resposta.
Adam vira de costas para mim e se deixa cair na cama novamente.
— Você não vai dizer nada? — Pergunto frustrada.
— Você quer que eu diga o quê delicinha?
— Pare de me chamar assim.
— Não!
— Ai céus! por que você é tão infantil?
Adam se levanta mais uma vez e para a milímetros de distância de mim.
— Me diga porque me quer aqui que eu concordo com tudo o que disse e me esforço para termos mais momentos de paz.
— Meu pai...
—Não! Eu não disse que queria saber porque seu pai me quer aqui. Eu disse por quê você me quer aqui? — Aponta o dedo para mim.
— Na verdade não te quero aqui. Mas sabe por que eu me rendi e concordei em aceitar ter você aqui mesmo depois de tudo que fez? — Dessa vez aponto para ele.
— Sou todo ouvidos.
— Porque você é minha moeda de troca. — Digo com um sorriso no rosto quando ele fica confuso com minha resposta.
— Moeda de troca?
— Sim! Percebi que tudo não passa de uma grande estratégia de troca para meu pai. É sua liberdade pela minha vida. — Aumento meu sorriso com sua reação.
— Continuo aqui porque eu quero. Estou sendo tratado como um príncipe você está muito enganada. Não sou sua moeda de troca. — Ele tenta se sair por cima.
— Pobre coitado. Você está aqui porque meu pai quer, para falar a verdade estou começando a gostar dessa ideia. Você se gaba demais por ter sido soldado de CastleCold, agora você está preso em Gardênia em uma jaula invisível e sabe por que? Porque no futuro quando Ahzac vier atrás de mim iremos te usar para me proteger o que é bem irônico.
Estamos usando você... amor. — Sussurro.
Adam está vermelho de raiva. Algo que percebi em pouco tempo é que Adam luta pela sua liberdade, sua postura é de um ser que defende e sempre defenderá sua liberdade e cair em um lugar que ele achou que iria se aproveitar mas que na verdade está se aproveitando dele o deixa furioso. E eu simplesmente me pego usando isso contra ele, apesar de tentar levantar uma bandeira de paz entre nós não consigo parar de tentar manipulá-lo para sair correndo daqui.
— Saia daqui! Antes que eu faça uma loucura. — Diz exasperado.
— Tente a sorte. — Cruzo os braços o provocando.
Adam está provando do próprio veneno. É exatamente assim que eu me sinto quando ele me tira do sério.
— Eu não estou brincando. — Segura meus braços e me aproxima de seu rosto.
— Me tire daqui. — Sussurro a milímetros de sua boca ele me encara e então me solta.
— Não vai sair? — Pergunta pela última vez.
— Não.
— Ok. — Adam tira o cobertor de sua cintura.
— Não! o que você acha que está fazendo? — Cubro meus olhos e me viro de costas para Adam.
— Estou no meu quarto posso ficar do jeito que eu quiser delicinha. — Adam se aproxima de meu corpo.
— Não se atreva seu idiota! — Eu me afasto e corro para fora do quarto deixando ele para trás.
Só de imaginar a cena me dá arrepios. Afastando os pensamentos me apresso a voltar para meu quarto. Chega isso já é muita coisa para um dia só.
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