Capítulo 4
Cada casa possui um símbolo para representar sua bandeira e para serem identificados, cada qual em seu respectivo lar e poder. A de Gardênia é representada pela flor branca Gardênia. O símbolo de Monte Ferro são duas espadas cruzadas. GoldenWall é um leão. A bandeira de Grasbathaly é um pássaro prateado. A de Snowrule é um lobo branco.
O símbolo representante da casa de Waterford é um tridente. A da casa de Gothen é uma águia. Honoris em sua bandeira representa coração de ouro. O símbolo de Pontoy são três estrelas. E o símbolo de CastleCold é uma espada de cristal.
Alguns habitantes de Galwey e Drofey são bem patriotas e muitos deles, para não dizer a maioria, marcam seus corpos através da tatuagem com o símbolo de sua casa para representar amor, gratidão, obediência e lealdade. Eu mesma já me marquei com o símbolo de minha casa assim como meus pais, como meus irmãos, meus amigos e metade dos meus súditos. Serve para nos lembrar de onde viemos e para sempre nos orgulharmos de sermos quem somos. Sempre estaremos dispostos a ajudar qualquer indivíduo de outra casa mas quando nos marcamos dizemos ao mundo que na vida ou na morte e em situações de risco e sobrevivência não existe mais irmandade muito menos compaixão a única coisa que existe e que importa é nossa casa a quem lutaremos até a morte se preciso for.
— Por que ele ainda está vivo? — Entro furiosa na sala do trono.
Meu pai, minha mãe e meus irmãos me encaram rapidamente assim como os guardas presentes, assim como Connor e Gael, assim como Lenna Gako Astra. Lenna? O que ela faz aqui?
— Aalis Elaren Grandini. — Lenna me cumprimenta delicadamente.
Lenna tem postura excelente, postura de uma verdadeira rainha. A aparência dela é um tanto petrificada mas com um toque suave e uma beleza diferente. Lenna tem grandes cabelos longos e loiros, seus olhos são uma mistura dos tons mais verdes e mais azuis que existem, suas pálpebras estão pintadas com a sombra mais forte de um azul escuro céu o que realça ainda mais o seu olhar. Em sua cabeça descansa uma coroa negra com asas e ela usa um vestido lindo também azul escuro céu. Mas o que mais chama atenção em Lenna são as pedras de cristais reluzentes de todas as cores do arco-íris cravadas saindo de sua pele, acima das sobrancelhas como uma encantadora tiara, abaixo dos olhos como lágrimas e em seu peito como um belo colar. Lenna me disse uma vez que um dia tentou arrancá-los, ela sentiu muita dor, sangue se espalhou por todos os lados e depois de alguns dias os cristais cresceram de novo, depois disso ela nunca mais tentou arrancá-los pois sabia que aquela obra fazia parte dela.
— Olá Lenna como está? — Digo ríspida ainda com raiva mal olhando em seus olhos para lhe cumprimentar devidamente.
Não quero saber de Lenna agora, meu foco está em meu pai que agora me encara com os olhos e a postura firme encima de seu trono. Um verdadeiro rei em ação.
— Não respondeu minha pergunta meu pai! O que Ahzac ainda faz vivo? — Vocifero.
— Ahzac? — Lenna pela primeira vez em toda minha existência mostra desespero nos olhos. — O que Ahzac faz aqui?
Meu pai encosta em seu trono cansado, coça as têmporas e revira os olhos.
— Ele não é Ahzac, Aalis. — Se pronuncia.
— Como o senhor pode ter tanta certeza? Ele é de CastleCold eu vi a tatuagem com o símbolo deles. — Não consigo controlar minha raiva.
— Eu já disse Aalis ele não é Ahzac...
— E mesmo se não for ele! O que ele faz vivo? Ele é de CastleCold será que ninguém se importa com este fato? — Encaro todos. — Ele tentou me matar!
— De quem estamos falando afinal? — Lenna pergunta confusa.
— Estamos falando do rapaz de CastleCold que chegou no palácio de uma forma muito surreal Lenna. O prisioneiro de quem estava falando antes de Aalis chegar histérica. — Meu pai me olha rapidamente com desagrado.
— Então ele vai ficar lá? Preso e só? — Questiono.
— Sim iremos mantê-lo lá até interrogarmos ele e descobrirmos o que ele veio fazer aqui. Dependendo do caso será de grande utilidade mantê-lo aqui conosco. — Meu pai pensa no assunto.
— Pensei na mesma coisa. — Diz Lenna ao mesmo tempo que minha mãe. Elas começam a rir pelo acaso.
— Isso só pode ser brincadeira não é? — Arregalo meus olhos incrédula.
Ninguém. Absolutamente ninguém responde a minha pergunta.
— Vocês não vão dizer nada? — Me direciono aos meus irmãos.
— Aalis não fique tão pilhada com isso papai é o rei ele sabe o que faz temos que confiar nele. Sempre confiamos e tudo sempre dá certo. — Addy começa.
Me viro para Bogdan e ele dá de ombros concordando com as palavras de Addy. Didacus! sei que ele irá me entender é o mais sensato da família ele tem que concordar comigo.
— Addy tem razão Aalis devemos confiar no papai. E aliás ele é o rei agora, quem comanda e decide as coisas em Gardênia ainda é ele. Desculpe. — Abaixa o olhar.
Só podem estar loucos. Não há outra explicação.
— Ele pode ser um espião. — Digo com a voz baixa segurando o choro de raiva e ódio misturados. — Pode ser um mandado de Ahzac e o senhor simplesmente permitirá que ele fique aqui debaixo do nosso teto?
— Ele ainda não fez nada Aalis vamos dar uma chance não podemos simplesmente condená-lo e pronto. Você já deveria saber disso. — Ele levanta de seu trono e fica em pé apenas para me mostrar através de sua postura que sua decisão já foi tomada.
É o seu jeito sutil de me dizer "você não é rainha, não ainda. Obedeça."
— Ótimo! — Viro-me para sair da sala do trono. — Mas saiba que eu vou interrogá-lo. — Digo sem olhar para trás e sem esperar a resposta de ninguém.
...
— Podem ficar despreocupados. — Digo aos jornalistas. — Está tudo sobre controle e a situação já foi resolvida.
A pior parte de ser rainha ou a futura rainha é que quando as coisas vão por água abaixo você é que tem que dar seu pescoço para o sacrifício e o sacrifício neste caso são os jornalistas, os fofoqueiros de plantão. E eu tenho que passar tranquilidade para todos eles, mostrar que somos competentes e que resolvemos todos os problemas possíveis e impossíveis, caso eles se desesperem ou duvidem todos os súditos se desesperam e passam a duvidar de nossa proteção para com eles. Neste momento eu tenho que ser perfeita mais que o normal.
— E é verdade que o rapaz é de CastleCold? — Uma deles pergunta.
— Sim. Sim. Ele é de CastleCold. — Respondo.
— Me desculpe a intromissão alteza mas como é possível? Cidadãos de CastleCold nunca são vistos fora de seu reino, como este pode ter vindo para cá? — Outro me aborda.
— Esta é uma boa observação mas ainda não temos mais detalhes. Tudo ocorreu muito rápido quando imobilizei o rapaz ele estava desacordado mas nós do palácio de Gardênia vamos tomar as devidas providências e tudo ocorrerá muito bem.
— Como a senhorita pode ter certeza? — Me questiona o homem com uma sobrancelha erguida.
Odeio quando me questionam ou duvidam da minha palavra principalmente na frente de outros. Cravo meu olhar em seus olhos e pergunto:
— Qual é mesmo o seu nome?
— Clavon, vossa alteza. — Responde surpreso por eu querer saber o seu nome.
— Alguma vez demos razão para não confiarem em nós? — Pergunto.
Ele não responde.
— Alguma vez, Clavon, deixamos vocês desamparados?
Ele não responde.
— Alguma vez deixamos de resolver algum problema, seja ele qual for?
Ainda não me responde. Todos os outros jornalistas ficam atentos a minha discussão com Clavon.
— Alguma vez em todo esse tempo eu ou meu pai demos a vocês algum sinal de incompetência? — O encaro.
— Não alteza! Não para nenhuma das perguntas. Nunca deram. — Finalmente responde com a voz um pouco falhada.
— Então não há motivos para questionar se eu tenho certeza de algo ou não. Certo?
— Certo alteza. — Ele se curva. E todos ficam surpresos com minha astúcia.
— Bom se não há mais perguntas irei me retirar. Daremos mais informações durante o processo. Só espero que confiem em nós pois nunca na vida falhamos com vocês. Tenham uma boa tarde. — Me retiro.
— Uau! Isso foi incrível Aalis você conseguiu aquietar todos eles de uma só vez. — Marjorie me elogia.
— Marjorie eu preciso que você chame Connor e mais dois guardas. — Ordeno ao sair da pequena entrevista que eu dei para alguns jornalistas na sala de convidados do palácio.
— Connor? Mas o que você vai fazer? — Marjorie pergunta assustada.
— Vou interrogar o cara que tentou me matar hoje cedo. — Digo ajeitando meu vestido.
— Sozinha? — Marjorie quase grita. — Quer dizer você vai sem seu pai ou um de seus irmãos?
— Marjorie eu te amo mas será que você poderia fazer o que eu mandei o quanto antes? Estou com pressa.
— Claro Aalis eu vou agora. Agora mesmo.
Enquanto Marjorie chama Connor e mais dois guardas apenas para me acompanhar até a prisão de Gardênia e autorizar minha entrada eu decido ir andando na frente. O que eu vou falar? O que vou perguntar? Tenho tantas coisas para dizer mas ainda não sei como dizer, não sei com quem vou lidar, não sei que tipo de homem ele é. "Não estou com medo" repito para mim mesma mas não sei se é bem isso.
— Tem certeza disso alteza? — Um dos guardas confirma.
— Onde está Connor? Marjorie chamou apenas vocês? — Pergunto irritada.
— Eu estou aqui Soberana, sentiu minha falta? — Connor aparece ofegante provavelmente estava correndo. Mas mesmo assim ele não deixa de dar um sorrisinho debochado.
— Você sabe que não. — Digo séria. — Agora libere minha entrada.
— Não posso liberar sua entrada Soberana.
— Como é? — Me viro rapidamente para ele.
— Não recebi ordens nenhuma de seu pai, rei Valentino para liberar sua entrada. — Diz Connor.
— Mas eu deixei bem claro para meu pai que eu iria interrogar o prisioneiro. — Sinto a raiva subir pelos dedos dos meus pés.
— Sim Soberana mas isso não quer dizer que seu pai liberou sua entrada. Ele não quer a senhorita perto do indivíduo. — Explica.
— Então não vai me ajudar?
— Sinto muito soberana mas não.
— Tudo bem! Ótimo! Vá e leve os guardas com você. — Digo seguindo em frente.
Não vai ser esse idiota que vai me segurar. Vou entrar nessa prisão, gostaria de fazer da maneira certa mas pelo visto terei que usar o plano B. Resistência mental.
— Alteza o que faz aqui? — O guarda responsável pela prisão se levanta imediatamente quando me vê passando pelo corredor.
Seguro na gola de seu uniforme e encaro seus olhos até chegar em sua alma.
"Você vai liberar minha entrada soldado e vai me levar até a cela do mais novo prisioneiro. Você não vai comunicar ao rei para permitir minha passagem. Você vai apenas me obedecer."
Como se tivesse levado um choque o guarda se endireita e me guia para entrar na prisão sem a liberação de ninguém. Ele então me guia pelos corredores sujos e horripilantes do lugar, virando e virando a cada corredor, passando por celas e mais celas até chegar na que eu queria.
Lá está ele escorado na parede fria da cela com a cabeça para cima, voando em pensamentos. O que ele está pensando agora? Ele não é feio na verdade olhando bem, ele é bem bonito, não tão bonito talvez charmoso. Isso não vem ao caso. Até agora ele não percebeu minha presença, aceno com as mãos para o guarda o dispensando quero ficar a sós com o meu mais novo visitante.
— Hum! Hum! — Finjo limpar minha garganta.
Ele lentamente abaixa a cabeça lançando o olhar para mim. Esses olhos. Ao perceber que sou eu ele me lança um sorriso de lado completamente irônico.
— Olha só pelo visto sou um prisioneiro privilegiado. — Começa.
— Se a morte for um privilégio para você. Por mim tudo bem. — Imito seu sorriso.
— Vocês não vão me matar. — Se gaba.
— E por quê você acha que não?
— Se fossem realmente me matar já o teriam feito. — Se levanta.
— Qual é o seu nome? — Me aproximo da cela.
— Você é bem mais bonita... Nas revistas.
— Eu perguntei qual é o seu nome?
— Mas em revistas vocês usam um monte de coisas para mudar tudo. Talvez essa seja a explicação. — Debocha.
— Gostaria de deixar claro que suas piadas não me afetam.
— Não vou falar com você tirana egoísta. — Ele pula nas grades de sua cela me fazendo piscar.
— Já me chamaram de muitas coisas mas tirana egoísta? Essa é a primeira vez mas não posso levar um crédito tão grande desses nas costas. — Sorrio.
— Eu sei quem você é...
— Todo mundo sabe quem eu sou! — Eu o interrompo.
— Você se faz de forte... — Ele agora está andando pela cela. — Mas não passa de uma garotinha assustada, você é patética e o reino de Galwey vai morrer em suas mãos.
— Eu sou tão patética que imobilizei você praticamente de olhos fechados. Agora me diz de onde você veio?
Ele senta no chão novamente, leva os braços até a cabeça, estica as pernas e sorri como se eu fosse uma piada ambulante.
— Você pode até ter força mas não tem técnica me derrubou porque eu estava fraco mas eu te mataria apenas com meu dedinho mindinho. — Me ameaça.
— Então por que não usa a força dos seus dedinhos para te tirar dessa cela e me matar? — Provoco.
— Continua patética. — Ele continua sorrindo.
— Você disse que estava fraco, por que? De onde você veio? e diabos! Me diga o seu nome. — Começo a me irritar.
— Eu não vou dizer nada à você. Se quiser fique ai. Me encare se quiser também, o que não é algo difícil pois olhe só para mim. — Eu olho. Fui burra o bastante para olhar.
— Se quiser dividir a cela comigo também é só dizer sei que todo mundo faz o que você manda. — Ele dá tapinhas no chão me chamando para me juntar a ele.
— Eu ordeno que você...
— Você não é minha rainha! — Ele vocifera saltando do chão vindo em direção a mim novamente, totalmente nervoso. Isso me assusta. — Saiba de uma coisa princesinha eu não vou me curvar a você. Nunca! Prefiro passar o resto da minha vida apodrecendo neste inferno do que me curvar a você, amor.
Estou assustada. Pela primeira vez estou assustada de verdade. Sua voz tem um tom que estremece meus ossos mas ele me deixa confusa, ele simplesmente acaba de me insultar e termina com um amor? Ele é inacreditável.
— Ótimo! Será um prazer. Fui a primeira a querer arrancar sua cabeça fora. — Mantenho meu medo longe e seguro minha postura. — Mas você querer se matar sozinho na verdade é muito melhor me poupará tempo e trabalho.
Consigo ver sua expressão de bad boy desaparecer com meu argumento. Isso me deixa feliz e por cima. Sei o que ele tentou fazer comigo, me irritar, me descontrolar, tirar minha paciência e minha razão, ele conseguiu por um momento mas já sei como reagir a ele. Infelizmente a morte não é uma escolha para ele e desde já começo a torcer para que meu pai não decida o deixar aqui para benefício do palácio. Isso tornaria minha vida um inferno.
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