Capítulo 16
Saio correndo pelos corredores do palácio desesperada para encontrar meu pai ou um de meus irmãos. Cedric corre ao meu lado procurando por algo que não encontra assim como eu.
— Vamos ter que nos separar Cedric! — Digo já sem fôlego.
Parece não haver ninguém no palácio e isso só acontece nos momentos e nas horas em que mais precisamos.
— Eu vou atrás de meu pai e Lenna. Você vai procurar Elaut, Atarnon ou Beknor rápido! — Grito para que ele corra.
Ela já deve estar fugindo ou tentando esconder alguma pista mas não vou ser mais feita de idiota dentro do meu próprio reino. Como não pude perceber que a traidora que está do lado de Ahzac Darkroon é nada mais e nada menos que Elaa Vadax? Eu deveria ter percebido o seu jeito estranho nos últimos dias e suas perguntas sem fim e questionadoras o tempo todo, querendo saber de tudo o que estava acontecendo ou deixava de acontecer e eu pensando ser Adam o traíra sem escrúpulos. Como ela pôde? Como teve coragem? Coragem de trair o reino que lhe deu a mão. Éramos todos um só, por que ela faria isso? Por que contaria a Ahzac sobre os meus poderes? O que ela ganhará com isso?
É o que eu questiono o tempo todo enquanto abro e fecho várias portas ao mesmo tempo procurando por alguém nesta imensidão luxuosa. Eles ainda não estão lá em baixo apenas o palanque e o povo curioso, onde poderiam estar? Corro e corro perdendo o ar, sentindo minha boca secar até que trombo com Bogdan.
— Graças a Deus! — Quase choro.
— O que foi Aalis? Você está pálida o que houve? — Bogdan me segura pelos ombros e me incentiva a falar com precisão.
— Adam... — Respiro fundo. — Adam...
— O que tem Adam? — Bogdan me apressa aflito.
— Ele não é o traidor! — Me desespero. — Vão matar um inocente Bogdan.
— O quê? como assim? Não pode ser...
— Onde está nosso pai?
— Ele e Lenna já estão indo para o palanque lá fora para cumprir a sentença de Adam...
Somos interrompidos por trombetas, elas cantam para anunciar a presença de meu pai e Lenna Gako por entre o povo. Eu e Bogdan ficamos paralisados com o barulho e de repente a multidão irrompe em um só som todos ao mesmo tempo, uns festejando, outros vaiando é uma mistura de emoções... Adam está presente, vai começar.
— Pelo amor de Deus Bogdan você precisa encontrar Elaut, Atarnon e Beckor.
— Se Adam não é o traidor quem é Aalis? — Bogdan pergunta curioso.
— Elaa meu irmão, Elaa é a traidora.
— Não acredito. — Ele paralisa com a mão na boca.
— Não é hora para acreditar ou não, você precisa encontrá-los e dizer toda a verdade o mais rápido possível antes que ela saiba que sabemos e eu tenho que impedir que arranquem a cabeça do Adam.
— Eu vou atrás deles. Agora corra Aalis! Corra! — Bogdan me empurra para seguir em frente.
Bogdan e eu nos separamos, ele corre de um lado e eu corro de outro. A maioria dos guardas estão lá fora ajudando a controlar a multidão e o resto estão fazendo patrulha por toda Galwey então tenho que me virar por aqui sozinha. Quando me deparo aos portões do palácio dou graças por ter a força que tenho e mesmo assim fica um pouco difícil para abri-las. Abro os portões e sou recebida por um trovão que esbraveja do lado de fora trazendo mais chuva e me fazendo saltar de susto. Tento avistar o palanque a distâncias de mim e não enxergo nada apenas pessoas e mais pessoas. Não tenho tempo corro debaixo da chuva com o meu vestido colado ficando ainda mais colado por estar molhado, minha coroa acaba caindo no chão e não me importo de deixá-la onde está. A parte mais difícil é passar pela multidão em minha frente, está tudo muito apertado é quase impossível. Começo a pensar que não conseguirei chegar a tempo.
— Com licença! — Ordeno. — Saiam! Saiam! Preciso passar.
Quase ninguém liga para minha presença estão focados demais na decapitação que está prestes a acontecer.
— Majestade? — Alguém me reconhece.
— Me deixem passar! Saiam! — Grito mais.
Ainda falta muito para chegar até meu pai. Tento usar o meu poder e mandar todos saírem da minha frente mas minha concentração não é suficiente, tento me conectar mentalmente com Lenna e isso também não funciona. Não sei se o que escorre pelo meu rosto são os pingos fortes da chuva ou se são as minhas lágrimas escorrendo de desespero e frustração.
— Saiam da minha frente! — Grito empurrando quem está em minha frente.
O tempo passa rapidamente e eu coloco toda a minha força por sobre o meu corpo para passar pelas pessoas que mal percebem que sua rainha corre por eles desesperada.
Agora posso ver o palanque Adam está com as mãos amarradas e o carrasco está o posicionando na guilhotina. Meu coração para. Meu pai diz algumas palavras antes de ordenar para que o matem mas obviamente não ouço, a única coisa que tem minha atenção agora é Adam e minha concentração está em minhas pernas. Minha visão quase escurece e não consigo escutar nenhum ruído se quer além das batidas rápidas do meu coração que chegam até o meu ouvido. Esbarro em uns, empurro outros, jogo os braços para tirá-los do caminho, alguns pisam na barra de meu vestido sem perceber, outros me empurram de volta para trás eles não conseguem ver quem sou eu? o que alguns momentos de distrações não fazem com um ser humano?
— Parem! Parem! — Subo no palanque empurrando o carrasco e tirando Adam da guilhotina.
Meu impulso foi tão forte que caio em cima de Adam... Mais uma vez. Todos ficam chocados e soltam um "Ôhhh!" impressionados com a cena, agora eles conseguem me ver. Sem pensar duas vezes desamarro as mãos de Adam que já estão em carne viva por conta da ferida e limpo o seu rosto que está encharcado de sangue e água da chuva.
— Aalis o que significa isso? — Meu pai esbraveja. — Saia já...
— Não pai! Não! — O impeço ainda no chão com Adam. — Adam não é o traidor.
— O que disse? — Sua expressão é de uma raiva impressionante.
O povo todo começa a murmurar uns com os outros não entendendo nada.
— Elaa Meu pai. — Digo em voz alta para que todos ouçam. — Elaa Vadax nos traiu!
Meu pai, Lenna e todos presentes ficam com expressão de surpresa e horror.
— Adam não fez nada. Elaa é a informante de Ahzac.
— INFERNOS! — Meu pai grita de raiva. — Saia da minha frente... — Grita para o carrasco.
— Valentino se acalme... — Lenna tenta acalmar meu pai mas não funciona.
— Escutem! — Começa meu pai. — Homens peguem seus filhos e suas esposas, entrem em suas casas, tranquem as portas e as janelas e não saiam até segundas ordens. Agora! — Esbraveja.
Todos saem desesperados e rápidos o bastante para suas casas, carregando crianças, parentes e amigos para ficarem o máximo possível protegidos.
Depois de ordenar para que o povo se mexesse papai se vira para mim e Adam jogados no chão banhados pela água da chuva que não para de cair do céu.
— Graças a Deus Adam não é um traidor. — Resmunga passando as mãos pelos cabelos molhados fazendo um agradecimento silencioso. — Isso seria terrível.
E foi ai que percebi que papai tem um certo tipo de carinho ou admiração por Kieran, talvez por estar nos ajudando, talvez por estar colaborando para salvar a vida de sua filha, ou talvez pelo fato de ter a mesma idade de seus filhos ou seja lá o que for. Papai realmente se sentiu aliviado por não ter que matar Adam.
— O que vamos fazer? — Pergunto para Lenna porque sei que meu pai não está em condições.
— Primeiro de tudo vamos levar Adam para dentro ele precisa de cuidados pois levou uma baita de uma surra. Depois iremos procurar Elaa o mais rápido possível antes que tudo fique ainda pior.
Fico de joelhos ao lado de Adam e faço que sim com a cabeça concordando com Lenna. Me viro para Adam torcendo que ele ainda tenha um pouco de força guardado.
— Olhe para mim. — Sei que é difícil ele olhar para mim com os pingos da chuva indo direto para seus olhos surrados mas preciso que ele me olhe.
Adam devagar e com uma certa dificuldade abre os belos olhos verdes para mim.
— Consegue me entender? — Sussurro.
Adam faz que sim.
— Preciso que tenha um pouco de força para se inclinar para frente. Meu pai irá te ajudar a ir para dentro ok? — Pergunto.
Ele faz que sim.
— Pai! — O chamo.
— Ah claro! Venha Kieran vou te levar. — Adam se inclina para frente e meu pai o joga em suas costas fazendo Adam gemer um pouco de dor.
Antes de seguir meu pai e Adam, Lenna me puxa pelo braço para dizer algo que somente eu posso ouvir.
— Você sabe que o tempo acabou não sabe Elaren? — Olhou dentro dos meus olhos.
— Eu sei Lenna, eu sei. E estou preparada. Chega de fugir. — Lenna me abraça.
Chegou a hora de enfrentar meu monstro de frente.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro