Você estava na CatCo, sentada na mesa de Kara, jogando conversa fora enquanto ela tentava se concentrar no trabalho. Ou, ao menos, fingia. Seus olhos estavam na tela do computador, mas você sabia que ela prestava atenção em cada palavra sua - do mesmo jeito que fez na noite anterior na casa de Alex.

"Então, sobre ontem... aquela amiga da Alex, a Alice, foi bem direta, não foi? Eu juro que ela quase pediu meu número na frente de todo mundo." Você diz com um sorriso divertido.

Kara continuou digitando, sem olhar para você. Ela tinha ficado quieta a noite toda enquanto você e Alice conversavam, mas você sabia que não tinha perdido nada. Afinal, com a super audição dela, Kara não precisava estar na conversa para ouvir cada detalhe.

"E ela me ligou hoje de manhã, sabia?" Você continuou, provocando Kara.

Você não esperava nenhuma grande reação - talvez um suspiro, uma piada sem graça, algo que combinasse com o jeito contido de Kara. Mas o que aconteceu a seguir foi, no mínimo, inesperado.

Com um estalo seco, o telefone nas mãos dela se partiu ao meio, estilhaçando como se fosse feito de papel. Kara congelou por um momento, olhando para o aparelho destruído em sua palma.

"Você está brava?" Você perguntou arqueando a sobrancelha, contendo o riso.

"N-não! P-por que v-você acha que estou brava?" Perguntou nervosa e com um sorriso forçado.

Você apontou com o queixo para o telefone esmagado na mão dela.

"Você acabou de quebrar o telefone com uma mão, Kara."

Ela soltou o que restava do aparelho na mesa e passou a mão pelos cabelos, tentando disfarçar o embaraço.

"Estava... velho." Kara murmurou.

"Ah, claro. E você só resolveu destruir ele agora, bem na hora que eu falei da Alice?" Você provoca.

Kara desviou o olhar, mordendo de leve o lábio inferior. Não era comum vê-la tão desconfortável assim.

"É só que... ela é muito direta. E você pareceu gostar." Kara diz com a voz baixa.

"Então você estava ouvindo tudo?" Você questiona se inclinando para frente, sorrindo.

Kara suspirou, cruzando os braços em uma tentativa de esconder o desconforto.

"Talvez. Não consegui evitar."

"Tá com ciúmes, Kara?" Você pergunta sussurrando, com um sorriso travesso.

Ela revirou os olhos, mas o leve rubor nas bochechas a denunciava.

"Não estou com ciúmes." Resmunga.

"Se você diz..." Você diz dando de ombros, sorrindo.

Ela tentou manter a postura séria, mas não conseguiu evitar um sorriso de canto.

"Só... não atenda se ela ligar de novo, tá?" Kara pede baixinho.

"E se eu quiser atender?" Diz brincando.

Kara se inclinou levemente para frente, seus olhos azuis brilhando com uma intensidade suave, mas firme.

"Então, talvez, eu tenha que quebrar outro telefone." Kara diz num tom mais grave.

Você riu, mas sabia que havia algo mais ali. Não era apenas sobre Alice. Era sobre o que Kara não dizia, mas estava claro em cada gesto, em cada palavra implícita. Algo que, talvez, vocês duas estivessem prontas para admitir... ou quase.