Sem Tinta
Patas batem contra a madeira do chão, como unhas em uma mesa, e espalham montes de folhas amassadas. Enquanto ele resmunga, Roli se diverte espalhando montes de desastres que poderiam ter sido poemas. Mas não são. Lixo, isso é o que são.
Cera de vela que respinga para todos os lados, formou uma escultura disforme pequena. Não chove, não faz sol, não cai granizo, mas sim, neva.
Frio terrível e inesperado, talvez seja esperado.
O cobertor mantém sua temperatura sempre igual, mas os tremores de seu corpo atrapalham a sempre perfeita escrita.
Falha caneta, tinta acabou, e as palavras cada vez perdem força. Ao ponto que, veja a última, não se pode ler.
Flores no inverno, neve na primavera,
folhas secas no verão… e algo parece
errado, não, algo está errado…
não existem estações corretas para…
Impossível. A tinta fraca risca o papel, mancha as palavras e apaga com ainda mais tinta a imperfeição. A cabeça caí sobre a mesa, o nariz suga o ar, fraco, com força. No inverno não é fácil respirar.
Cai a caneta, Roli se assusta e corre para debaixo da cama nua. Silêncio. Mais silêncio.
Algo com ele parece errado nessa noite.
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