Capítulo 02 | Clifford
[...]
A casa de Louis Tomlinson parecia saída de uma revista de decoração, mas para Harry, era mais intimidadora do que impressionante. Era a primeira vez que entrava naquele lugar. Ouvia sobre os detalhes pela boca de Anne, mas jamais imaginou que seria tão luxuosa, era definitivamente uma mansão espetacular.
Sentado ao balcão da cozinha, ele rabiscava algo sem real concentração, sentindo o peso de cada detalhe ao redor. O piso impecável, os móveis de design exclusivo e a atmosfera de riqueza que parecia engolir o ar.
Definitivamente, aquele não era e nunca seria o seu mundo.
Anne, por outro lado, parecia totalmente à vontade enquanto limpava os sofás. Ainda assim, mantinha um olhar atento ao filho, percebendo sua inquietação.
O som de vozes masculinas e passos se aproximando, chamou a atenção dos dois. Louis surgiu acompanhado de um homem charmoso, de sorriso provocador e olhos atentos, que não demorou muito a reparar em Harry.
Anne foi a primeira a quebrar o silêncio.
— Oi, Lou... Boa noite. Estou terminando aqui, mas já deixei seu jantar pronto. Meu filho quis me acompanhar hoje, espero que não se importe.
Louis sorriu, os olhos passando brevemente de Anne para Harry.
— Claro que não me importo, Anne.– ele notou o olhar prolongado de Zayn em direção a Harry e deu um leve tapinha no ombro do amigo. — Vou subir com o Zayn pra descansar e trocar de roupa antes do jantar. Quando estiver pronto, pode nos chamar lá em cima.
Zayn abriu um sorriso malicioso, mas não disse nada. Apenas lançou mais um olhar a Harry antes de seguir Louis em direção à escada.
Porém, ao invés de subir imediatamente, Louis parou ao lado de Harry, inclinando-se levemente no balcão e deu um olhar de "sobe logo antes que eu te quebre" para Zayn, que seguiu caminho com uma risadinha fraca.
— Harry, certo?– perguntou, a voz casual, mas com um toque de curiosidade.
— Sim.– respondeu ele, quase num sussurro, sem levantar muito o olhar. Harry sentiu seus ombros pesarem levemente. Mas lhe faltava coragem para encontrar o olhar de Louis.
— Está tudo bem? Parece nervoso.– Louis murmurou sentando no banco ao lado de Harry.— A sua mãe me disse que você quis acompanha-la hoje... Por acaso você gostaria de conversar comigo?
O garoto, de cabeça baixa e concentrado no caderno à sua frente, parecia estar travando uma batalha interna. Louis reconhecia aquele nervosismo – a maneira como Harry apertava a caneta com força desnecessária e mordia o canto do lábio inferior enquanto pensava.
Era uma vulnerabilidade desarmante que Louis não estava acostumado a ver nas pessoas ao redor.
Quando Harry finalmente ergueu os olhos, Louis sentiu um pequeno baque. Não era algo que acontecia com frequência, mas havia algo no olhar dele que o prendeu.
Os olhos de Harry eram grandes, brilhantes, e carregavam uma doçura quase inocente, como se o mundo ainda tivesse muito a mostrar para ele. Era difícil desviar daquele par de esmeraldas que pareciam brilhar mesmo sob a luz suave da tarde.
Louis suspirou, não tanto por cansaço, mas por algo que nem sabia nomear naquele momento. Ele ainda não havia reparado nos detalhes do rosto de Harry, mas agora que estavam ali, frente a frente, foi impossível não notar. As bochechas ligeiramente rosadas, talvez pelo nervosismo, davam um ar juvenil e encantador ao garoto.
Harry parecia frágil de um jeito cativante, como um anjo desenhado por mãos cuidadosas. Seus lábios estavam entreabertos, e Louis notou como eles eram bem definidos, quase convidativos, ainda que o garoto não tivesse consciência disso.
O silêncio se estendeu entre eles, mas Louis não se sentia desconfortável. Pelo contrário, havia algo intrigante naquela troca de olhares. Ele não tinha dúvidas de que Harry estava nervoso, mas também via algo mais ali, algo que o fez querer entender mais sobre o garoto à sua frente.
— Ah, sim... Estou bem. Só... Sinto que não te agradeci direito.– o mais novo respirou fundo, aquilo não deveria o aterrorizar. A presença de Louis não deveria o aterrorizar.— Bem, eu me chamo Harry, tenho 21 anos e curso fisioterapia em Havard.
Louis sorriu, um gesto que parecia ao mesmo tempo acolhedor e desarmante. Harry parecia querer que se conhecessem melhor, isso explicava o porquê ele havia acompanhado a mãe aquela noite.
— É um verdadeiro prazer te conhecer, Harry. Eu sou Louis, tenho 29 anos e bem... Sou um grande entusiasta do futebol, não é tão majestoso quanto estudar em Havard, mas dá para o gasto. E eu adoro a sua mãe... Com toda certeza também já adoro você por saber que é um bom garoto. Não precisa me agradecer.
Harry sorriu sem mostrar os dentes, ficando completamente tranquilo pelo homem estar sendo tão simpático.
— Sinto que preciso sim agradecer, sem a sua ajuda eu realmente não conseguiria ficar aqui.
— Você tem uma ótima vaga na universidade, não seria justo você perder algo assim. No que eu puder ajudar eu irei, não precisa se preocupar.
Louis realmente parecia uma figura confortável e céus... Uma figura bonita, bem bonita.
Ele parecia ter saído de uma revista de moda casual, o tipo de homem que chama atenção sem sequer tentar. Seus cabelos castanhos, ligeiramente bagunçados, carregavam um charme natural, com mechas quase imperceptíveis de fios grisalhos que adicionavam um toque maduro irresistível.
Aqueles olhos azuis, no entanto, eram a verdadeira perdição. Não apenas pelo tom vibrante, mas pela intensidade com que pareciam enxergar através de qualquer fachada. Era como olhar para o céu em um dia perfeito de primavera, a sensação de calma e imensidão ao mesmo tempo.
A regata que usava revelava mais do que Harry esperava – e talvez até mais do que deveria. Os braços de Louis eram uma obra de arte da genética, musculosos de um jeito que sugeria que ele não precisava gastar horas na academia para exibir aquela força. Havia algo de orgânico, quase rústico, naquela aparência; o tipo de físico que parecia vir de uma vida ativa e não de treinos calculados.
Que genética mais estúpida... Estupidamente gostosa.
As veias nos antebraços se destacavam sutilmente, e a pele bronzeada pelo sol acrescentava um ar despretensioso à sua aparência.
A postura de Louis era descontraída, quase provocativa, como se ele soubesse exatamente o efeito que causava. Cada pequeno detalhe contribuía para aquele conjunto avassalador. O sorriso preguiçoso que brincava nos lábios, o modo como ele apoiava o peso em uma perna só, a forma como parecia tão confortável em sua própria pele. Tudo nele gritava autoconfiança, mas sem ser arrogante.
Harry, por outro lado, não conseguia esconder o impacto que aquela visão causava. Seus olhos percorriam o homem à sua frente, como se tentassem gravar cada detalhe. A barba aparada de Louis adicionava um charme maduro, e o leve brilho de suor na pele realçava a clavícula exposta, um toque quase indecente de sensualidade natural.
O mundo ao redor parecia ter sumido para Harry, que só se deu conta de que estava encarando por tempo demais quando Louis inclinou levemente a cabeça, os lábios curvados em um sorriso de canto. Foi um sorriso que parecia saber demais, um gesto que carregava uma mistura de diversão e desafio, como se Louis tivesse percebido cada pensamento que passava pela mente do garoto.
Harry desviou o olhar, sentindo o calor subir até as orelhas, o coração disparado. Louis não disse nada, mas aquele sorriso ficou gravado na mente de Harry como uma marca, uma lembrança de que, naquele instante, ele havia sido completamente desarmado pela presença magnética de Louis Tomlinson.
— Banheiro... Hum, você pode me levar até o banheiro?– Harry murmurou rápido desviando o olhar com as bochechas já quentes.
Louis riu novamente.
— Claro, vou te mostrar o banheiro, se precisar se refrescar. Vou só tomar um pouco d'água...
Claro, depois da secada que o cacheado deu, Louis estava mais seco do que o maldito Saara.
Harry fechou seu caderno e em seguida observou Louis abrir a geladeira e tirar de lá duas garrafinhas de água. Ele estendeu uma para o garoto e enfim foram juntos até o andar de cima, onde os corredores eram decorados com quadros e detalhes luxuosos.
Era óbvio que a casa tinha banheiros sociais no andar debaixo. Mas Louis já estava decidido a qual banheiro iria levar o garoto.
Ele abriu uma porta, revelando um quarto elegante, com um banheiro privativo ao fundo. O seu quarto.
— Pode usar esse. E, se precisar de alguma coisa, é só avisar.
Antes que Harry pudesse agradecer, um cachorro de pelos pretos saiu debaixo da cama, correndo animado até eles.
— Esse é Clifford.– explicou Louis, com um sorriso ao ver o cachorro abanar o rabo.
Harry se abaixou para acariciar o animal, sorrindo pela primeira vez.
— Ele é adorável.
Louis inclinou-se mais perto de Clifford, afagando as orelhas do cachorro enquanto ele ainda abanava o rabo freneticamente.
— Ele gostou de você.– comentou, sorrindo.— Isso é um ótimo sinal. Sei que vamos nos dar bem quando você vier morar aqui depois do casamento.
Harry parou de acariciar Clifford, piscando em confusão. Como assim, morar?
— Morar aqui?– perguntou, baixo, como se ainda estivesse processando as palavras.
Louis ergueu uma sobrancelha, claramente achando graça na surpresa do garoto.
— É claro. Nós vamos nos casar, não? Faz sentido que você more aqui. Prometi à sua mãe que cuidaria de você e garantiria que não lhe faltasse nada.
Louis tentou parecer casual, mas a hesitação no rosto de Harry o fez acrescentar mais um pouco.
— Não se preocupe. Você terá seu próprio quarto. Não quero que pense que vou... Me aproveitar da situação. Não sou esse tipo de pessoa.
O cacheado sabia que Louis era um bom homem e jamais pensou aquilo a respeito, mas estava tão nervoso que acabou soltando uma risada curta, voltando a acariciar Clifford.
— Não, não pensei nisso. É só que... Minha mãe disse que seria apenas no papel. Não imaginei que teria que vir morar aqui com você.
Louis sentou-se na cama, cruzando os braços de forma relaxada, mas ainda observando Harry com atenção.
— Eu entendo. Olha, já que estamos sozinhos, por que não conversamos sobre isso agora? Quero que se sinta à vontade para dizer qualquer coisa. Seus pedidos são totalmente válidos.
Harry hesitou antes de se sentar na beirada da cama, ainda com as bochechas coradas.
— Bem... Eu só não quero atrapalhar sua vida ou ser um incômodo. Se for só para assinar os papéis, já é uma ajuda enorme pra mim.
Louis inclinou-se levemente, seus olhos atentos.
— Harry, eu não faria isso se fosse um incômodo. E vamos ser sinceros, você morar aqui vai facilitar tudo. Eu prometo que farei isso da forma mais tranquila possível para você.
Antes que Harry pudesse responder, o silêncio foi interrompido por um som de passos pesados.
Zayn apareceu na porta, vestindo apenas uma toalha, os cabelos molhados pingando no chão enquanto secava o pescoço com uma segunda toalha.
— Cara, você precisa investir em chuveiros com pressão decente! Esse aí quase me matou...
Harry virou o rosto tão rápido que poderia ter torcido o pescoço, as bochechas agora completamente vermelhas.
— Zayn!– Louis exclamou, visivelmente irritado. Ele apontou para o closet com um gesto brusco.— Vai se vestir, pelo amor de Deus!
Zayn lançou um sorriso debochado para Louis e um olhar divertido para Harry antes de sumir no closet, ainda assobiando casualmente.
Louis esfregou o rosto com as mãos, suspirando.
— Me desculpe. Meu amigo é um folgado... Mas, olha, ele vai embora amanhã. Então, que tal você vir aqui novamente? Conversamos com calma e, se quiser, já decidimos juntos onde você vai morar depois do casamento. Pode ser assim?
Harry assentiu, ainda sem coragem de olhar diretamente para Louis.
— Combinado.
Clifford latiu, como se aprovasse o plano, e Harry não pôde deixar de sorrir levemente enquanto o acariciava de novo. Louis observou a cena, convencido de que o garoto era ainda mais interessante do que parecia à primeira vista.
— Ótimo, então te pego em sua faculdade amanhã.
Ah, com certeza Harry gostaria de ser pego por Louis...
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