Capítulo 4
— Mais uma vez? — perguntei para Colapso, ele estava cansado, eu também, mas tínhamos que treinar. Matheus tinha me mandado um desenho de como era o circuito que eles treinavam. Eu tinha contado a ele, Nicholas tinha ainda não tinha dado noticias, mas ele me prometeu que aquilo era possível, se ele falhasse, eu ficaria muito decepcionada.
— SSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS
— Vamos! — Colapso e eu improvisamos um circuito, treinávamos muito. Colapso era muito rápido, mais rápido que os outros dragões, mas os outros eram adultos, ele era um adolescente. Os outros tinham anos de treinos, Colapso tinha semanas.
Cumprimos mais uma vez o percurso, tínhamos melhorado nosso tempo, mas eu ainda achava que precisávamos ser mais rápidos.
— Descanse meu amigo, amanhã treinamos mais — ele colocou o focinho nas minhas mãos, pedindo carinho — Me desculpa, tenho que ir, prometi que encontraria minha mãe na loja, ela e papai querem conversar comigo, devem estar desconfiados dos meus sumiços. Prometo que trago mais geleia amanhã! — eu beijei seu focinho e fui para a loja, deixei Colapso descansando numa sombra de uma arvore (gigante).
Caminhei até a loja com os pensamentos em Colapso, eu o amava de verdade e sabia que ele me amava. Eu odiava ter que esconde-lo, queria muito que acabasse logo isso. Que eu pudesse leva-lo para casa, talvez não para dentro (seria um pouco difícil acomodar um dragão de cinco metros de cumprimentos e dois de altura no meu quarto), cuidar dele, sem ninguém o ameaçando. Se alguém soubesse que um Errante Negro morava na floresta ao redor do nosso povoado, já teríamos tido ataques de pânico em massas, os Cavaleiros já teriam sido chamados e tentariam tirar Colapso de mim.
Uma coisa era certa, se Colapso fosse embora, eu iria com ele!
— Mãe! Pai! Estou aqui — eu disse entrando na loja.
— Minha filha — minha mãe veio me abraçar, ela e meu pai me olhavam preocupados.
— Filha, precisamos conversar — meu pai me chamou — estamos preocupados com você, você anda ficando muito tempo fora, saí muito cedo e volta a noite, mal a vemos.
— Pai, eu sei, eu vou explicar tudo para vocês — eu já estava pensando em contar mesmo, melhor aproveitar o momento — Eu. . .
Ouvimos um grande barulho na parte de fora, gritos de susto, pessoas correndo, asas batendo. . .Asas batendo! Tinha um Dragão pousando no meio da rua! Corri para a janela, desesperada e com muito medo que fosse Colapso.
— Um Cavaleiro? — meu pai perguntou surpreso.
Realmente era um Cavaleiro!
Um enorme Dragão de Prata estava bem na frente da loja da minha mãe!
Um Cavaleiro alto e com a roupa de visitas diplomáticas desceu do dragão, olhou em volta, procurando por algo. As pessoas em volta se aglomeravam para vê-lo. O Cavaleiro tirou dois envelopes do bolso, ele olhou para a loja da minha mãe e sorriu, vindo para dentro.
— Com licença — ele disse — Estou procurando pela Senhorita Elyse de Vanfei.
— So. . . sou. . .eu — eu disse assustada.
— Sou Sir Torin — ele disse fazendo uma referencia, as pessoas se espremiam nas janelas para ver o que acontecia lá dentro — Venho em nome dos Cavaleiros de Dragões informar que a sua solicitação foi aceita e estamos lhe esperando para a grande Prova Final.
— Prova Final? Solicitação? — minha mãe perguntou.
— Com perdão, Sir Torin, o que está acontecendo? — meu pai perguntou.
— O senhor dever ser o pai da senhorita Elyse — Sir Torin sorriu para o meu pai — Chegou até nós que sua filha possui um imenso conhecimento sobre dragões e monta excepcionalmente bem. Recebemos a solicitação da Senhorita Elyse para participar da Prova Final, para entrar para os Cruzadores, o que foi prontamente atendido.
— Desde quando você monta? — meu pai perguntou ainda sem entender.
— Desde algumas semanas — eu respondi ainda sem acreditar.
— Isso aqui é seu — Sir Torin me entregou dois envelopes — Recebi ordens para sair daqui, apenas depois que lesse suas cartas.
Cara Senhorita Elyse
Apesar de ser uma circunstância diversificada e nada habitual para nós, aceitamos com prazer sua solicitação para participar da Prova Final.
Ela acontecerá no dia dezoito desse mês, chegue as sete da manhã no local de treino dos Cruzadores, traga seus equipamentos e seu Dragão.
Lembrando que será necessário três testemunhas, suas notas já estão em nosso poder e a parabenizamos pelas ótimas notas e grande dedicação.
Até Breve.
Conselho dos Cruzadores
— Então eu vou mesmo poder participar? — eu perguntei emocionada.
— Sim, você poderá — Sir Torin sorriu pra mim — E saiba que muitos de nós estão torcendo por você.
— Torcendo por mim? — perguntei surpresa.
— Sim, suas histórias já são famosas entre os Cavaleiros, tanto que teve até briga para a sua indicação.
— Como assim? — não me chama de "idiota", eu estava surpresa demais.
— Para a sua solicitação chegar até o conselho, um cavaleiro tem que indicar. Foi uma grande disputa entre nós para saber quem ia te indicar, porque, se você passar, esse cavaleiro será seu tutor. Confesso que entrei na briga, Sir Belfort e eu quase chegamos aos socos — ele riu — mas Sir Alexander disse que você mesma poderia escolher, quando entrasse para os Cruzadores.
— Entre Sir Belfort e o senhor? Eu não sei se conseguiria. . .
— Eu entendo — Sir Torin disse — sou melhor que Belfort, vou adorar tê-la em minha equipe! — ele riu.
— Fazer parte da sua equipe? Eu ia adora! — Sir Torin gosta dos Cavaleiros mais rápidos e inteligentes. Aquilo era uma grande honra!
— Boa escolha! Só não deixe Belfort mudar sua opinião, ele é muito ardiloso — ele piscou pra mim — Aqui está sua outra carta.
Espero que esteja treinando, eu disse que conseguiria sua solicitação. E também sabia que você não teria arrumado uma sela ainda! Não se esqueça que eu serei sua testemunha, te encontro no dia da prova. Treine o arco e flecha!
Passe na prova!
Até Breve
Nicholas
— Sela? — eu perguntei.
— Me acompanhe — Sir Torin me chamou, fomos até seu dragão, ele era lindo alto, forte, mas magro. Deveria ser muito rápido.
— Que lindo! Qual o seu nome? — eu disse passando a mão no pescoço do dragão.
— Cuidado! Atos não gosta que. . . — mas eu já estava fazendo carinho nele, que estava gostando — Ele nunca deixa estranhos tocarem nele! Realmente, suas histórias são reais! Aqui está um presente para você.
Ele me entregou uma grande sela de couro, era nova e parecia ser muito cara. Tinha enfeites na lateral, eram pedras em formatos de. . .
— Morangos? — eu ri — Nicholas quem mandou, não é?
— Sim, foi o Nicholas — Sir Torin riu — Te vejo em três dias! Não se atrase!
Ele montou no seu dragão e partiu.
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— Chegamos! — eu disse quando Colapso pouso na arena, era o dia da Prova, eu estava muito nervosa, tremendo. Meus pais estavam comigo, meu pai seria minha testemunha, Matheus e Nicholas seriam as outras. Como eu não tinha tido mais noticia nenhuma de Nicholas, minha mãe falou que iria junto para que, caso ele não aparecesse, eu teria uma testemunha reserva.
— Vamos nos sentar na arquibancada, meu amor — meu pai me disse — Fique tranquila, temos certeza que você conseguir.
Meus pais se despediram e foram se sentar, eu não sabia o que fazer, nem aonde ir, fiquei parada perto de Colapso, com o coração na garganta!
— Elyse! — Matheus veio me abraçar.
— O que você pensa que está fazendo aqui, orelhuda? — Louis me perguntou.
— Vou participar da prova! — eu disse sorrindo.
— Pare de mentiras! Você precisaria de um Dragão, só pra começar!
— Mas eu tenho um e esse é meu, não é?
— SSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS — Colapso rugiu alto e todos pularam, se assustando.
— Um Errante Negro — eles sussurraram.
— Pelo que eu saiba, ele se chama Colapso — um Cavaleiro alto e muito forte disse, ele era negro e usava a armadura de combate, ela reluzia dourada e prateada — Prazer, senhorita Elyse, sou Sir Belfort e estava ansiosa para conhece-la — ele fez uma reverencia para mim.
— Muito Prazer, Sir Belfort. Estou muito feliz por estar aqui.
— Já soube que todas as histórias sobre você são reais e estou mais que empolgado por tê-la em minha equipe!
— A Orelhuda? — Louis soltou num fio de voz.
— Orelhuda? — Sir Belfort fez careta — Quando eu estava na escola me chamavam de "negrinho" ou "nariz de batata". Não gosto que coloquem esse tipos de apelidos, mas quem detesta mesmo é Sir Alexandre. Sorte sua, que fui quem escutou você chama-la assim e não ele, vou irrelevar porque estou de bom humor, mas se repetir isso, será desclassificado automaticamente. Entendeu?
— Sim. . .
— Vamos para os estábulos, vamos acomodar seu dragão e prepara-lo para a Prova — Sir Belfort falou comigo, indicando o caminho.
— Claro! — eu disse sorrindo.
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"Vamos lá, é agora. Respira"
Era a minha bateria, saímos de vinte e vinte cavaleiros. Vinte e um no meu caso. Tínhamos que cumprir o percurso em pouco tempo e de forma eficiente. Salvar os "inocentes" no caminho, os deixando em lugar seguro.
Tudo, exatamente tudo o que faríamos era observado e contaria na soma final de pontos. Era tudo ou nada.
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