Ainda estupefata com o que aconteceu, eu me deitei com cuidado na cama para minha costa não doer novamente e voltei a dormir.

{...}

As cortinas sendo levantadas pelo forte vento que entrava pela janela do meu quarto, me levantei e não estremeci de dor ao tocar o chão, minhas costas pararam de doer, mas porque? Fui andando normalmente para o banheiro e com uma certa e retirei meu pijama para olhar a situação do hematoma.

Ele havia diminuído e clareado.

Eu: mas o quê que... Ham, já nao estou entendendo mais nada. - movimentei os braços com um pouco de violência e senti uma pontada de dor. - Arg. Ja vi que não posso exagerar.

Tomei um banho quente um pouco demorado para relaxar e tentar esquecer o que aconteceu e vesti minha roupa de dentro de casa. Fui para o andar debaixo, entrei na cozinha e preparei meu café da manhã, ovos fritos com refrigerante. Eu sei, nada saudável, mas e daí? Minha mãe não esta mais aqui para reclamar.

Eu fui comendo lentamente, afinal eu ainda estou um pouco dolorida e qualquer movimento pode atiçar mais a dor. Quando finalmente terminei eu lavei a louça (com o maior cuidado possível) a deixando no escorredor para secar. Fui para a sala e peguei minhas chaves. Coloquei minha adaga na cintura e sai de casa a trancando, eu adentrei na floresta e fui andando por ela, olhando os animais e as plantas, até que chego ao córrego e bebo um pouco de sua água límpida, eu adoro os recursos que está floresta me proporciona, é muito melhor do que viver na cidade, aqui eu sou livre do ar poluído pelos automóveis e fábricas, posso respirar ar puro, sem me preocupar com os gases poluidores que são emitidos na cidade, não sei porque, mas nunca me dei bem com a cidade, com a poluição e muito menos com as pessoas, é como se eu pertencesse a este mundo, eu nasci pra viver na floresta.

Me sinto o Tarzan!.... Ou o Mogli. Ah. Tanto faz.

Eu peguei caminho de volta para minha casa, até que escuto uma voz que dá mais para um sussurro em minha mente, é como se estivesse me chamando para ir a algum lugar. Eu fui seguindo meus instintos/voz na minha cabeça até que chego a uma pequena cachoeira e vejo um adolescente da minha idade(eu acho) com cabelos e olhos pretos sentado a beira do lago.

De início eu parei o olhando como se o admirasse, sentindo que algo nele não é natural. Mas logo sai do transe e resolvi fazer meu "trabalho" de saber quem ele é.

Eu: quem é você?

"Ah. Olá." - ele diz se virando pra mim, seus olhos negros como os meus pairavam sobre mim, me analisando.

Eu: o que faz aqui?

" Eu vivo aqui."

Eu: na floresta?

" Sim." - ele inclina a cabeça um pouco como um cãozinho confuso - "E você vive na cidade, não é? Tem cara de menina da cidade grande."

Eu: não. Eu vivo aqui na floresta. Não me dou bem na cidade, é...- procuro mentalmente uma palavra que defina o que eu acho. - Barulhenta.

"Me chamo Drago, e você, pequena?"

Eu: me chamo Talia. E não me chame assim, você não é muito mais alto que eu!

Ele dá de ombros: - "nome bonito."

Ficamos uns segundos em silêncio de forma constrangedora, algo nele me intriga.

Eu: desculpe, mas.... ja nos conhecemos antes?

"na verdade... já"

De repente seus caninos se afiaram, suas unhas viraram garras, os olhos dele ficaram roxos com pupilas verticais negras, sua pele foi ficando preta e escamosa, uma cauda se alongou da sua coluna e asas surgiram em suas omoplatas. Ele cresceu absurdamente e seu rosto se alongou se tornando um focinho repleto de dentes afiados. Um dragão, o mesmo do dia anterior.

Ele bufou como um touro, soltando ar quente com fumaça de suas narinas. Eu corri o máximo que pude em direção a minha casa mesmo sabendo que ele poderia me pegar rapidinho.

Eu vi sua estrutura distante lá no campo, as depressões do solo diminuíam meu ritmo. Eu ouvi um uivo e um vulto passou por mim, ela Wolfy e ele se pôs entre nós, latindo e rosnando. O que me fez parar.

Eu: Wolfy, para de ser idiota! Aqui! Comigo! Do lado! Corre! Um dois três um dois três! - gritei todos os comandos de correr e acompanhar, mas quem disse que ele me obedeceu?.

Nada assustado, o dragão bateu nele com uma pata, o derrubando meio distante no chão, Wolfy chorou com o golpe.

Eu: Desgraçado filho da... - eu comecei a gritar xingamentos enquanto arranjava gravetos e pedrinhas para jogar nele, mas apenas comecei mesmo.

Porque ele me segurou com uma de suas patas e levantou voou.
Eu estava assustada e evitava olhar pra baixo pra não gritar e ser pior, afinal, é como eu disse, eu MORRO de medo de altura.

Ele acelerou o voou subindo mais aos céus me proporcionando uma vista maravilhosa que nem de avião se vê. Então, depois de um tempo, eu avistei uma montanha tão alta que no topo possui muita neve.

Quando nós aproximamos mais, eu pude ver a entrada de uma caverna naquela montanha e ele entrou me jogando ao chão me fazendo rolar pelas rochas. Aí, acho que quebrei alguns ossos e ralei meus braços e pernas.

Eu: aí....

Ele se deitou no canto da parede a minha frente e olhou para mim, novamente ele ficou me olhando com seus grandes olhos roxos.

Eu tentei me levantar mas a dor no corpo não permitiu o feito. Então vi a ponta da cauda dele passar por debaixo da minha barriga e me sentar com cuidado no chão.

Eu: obrigada...

Dragão: Drago. Meu nome é Drago.

Eu: 😶 v-você fala mesmo.... E nao é só por telepatia.

Drago: sim. E eu agradeço por salvar minha vida ontem.

Eu realmente não sabia o que dizer além de "NOSSA! NAO FOI UM SONHO MESMO!"

Drago: tudo bem?

Eu apenas balancei a cabeça pra cima e pra baixo.

Drago: ótimo. Sei que minha abordagem hoje foi mais... Violenta, por assim dizer, mas saiba que não foi minha intenção machuca-la.

Eu: ENTÃO PORQUE ME JOGOU CONTRA AS PEDRAS CARAMBA?? EU ACORDEI TODA ARREBENTADA HOJE!!!

Drago: sinto muito e nao grite. Mas naquela situação eu não podia deixar você ver que eu poderia me tornar humano e .e camuflar entre os de sua espécie, por isso eu fiz aquilo.

Eu: e como acordei na minha casa? Pozinho mágico que faz voar é que não foi.

Drago: eu te levei pra lá.

Ele ajeitou as asas numa posição confortável, ou seja, as deixando dobradas contra seu corpo. Sério, agora que estou o olhando melhor, concluo que: eu já sou um pouco baixinha, AGORA SOU UMA FORMIGA!

Eu:*levanto a mão* pergunta.

Drago: fale.

Eu:*abaixo a mão* porque não conseguiu se soltar daquelas cordas?

Drago: eram cordas feitas com as propriedades dos diamantes, e o único elemento capaz de perfurar as escamas de um dragão, é o diamante em si, por isso criam armas de diamante. Então, obviamente, aqueles que nos caçam portam armas com laminas feitas de diamante e cordas para nos prenderem.

Eu: porque aqueles três estavam te caçando? Você fez algo errado?

Drago: Eles não eram humanos, eram trolls, por isso derreteram daquele jeito quando os queimei. Trolls gostam de matar dragões para se sentirem no topo da cadeia alimentar, afinal, somos seus caçadores naturais.

Eu: trolls existem, e caçam dragões. - digo meio descrente, ainda tentando acreditar. Não me julguem ok? Sempre me foi ensinado que eles eram apenas histórias para crianças dormirem! - E aquela história sobre comer o coração de um dragão?

Drago: totalmente verdadeira. Assim como beber o sangue te garante regeneração. Agora, a maior questão aqui, porque me salvou?

Eu: porque eu senti que deveria. Por um momento, senti uma forte conexão com você junto com a obrigação de ajudá-lo

Drago: deve ter sido porque há muito tempo, os humanos e os dragões trabalhavam juntos. Mas não mais.

Eu: porque?

Drago: isso eu não sei, nunca me foi dito.

Eu: ah..... como você pode virar humano?

Drago: todos os Dragões podem, nos foi permitido para que evoluissemos e pudéssemos nos misturar com os humanos.

Eu: ata, isso é interessante.

Drago: mais alguma pergunta?

Eu paro para pensar um pouco: - .... Porque você me trouxe aqui?

Drago: pra ser minha janta - falou sorrindo mostrando suas presas enormes e afiadas. Meu cabelos se arrepiaram tanto que provavelmente parece que tomei um choque.

Eu: ja to vazando igual a água em cano furado. Adios.

Eu me levantei ignorando as dores que sentia pelo corpo e sai da caverna, dei a volta nela e vi um penhasco na minha frente, porém na lateral tinha uma parte íngreme parecendo uma ladeira, ou seja, a doida aqui vai descer a montanha. Comecei a descer a ladeira que mais parece que não tem fim, e de dentro da caverna eu vejo o Drago sair correndo na forma humana parando no topo da ladeira de rochas.

Drago: TA MALUCA? TA ESCURECENDO! VOCÊ VAI MORRER ANTES DE CHEGAR PERTO DE CASA!

Eu: MAIS SEGURO DO QUE DORMIR COM UM DRAGÃO!

Drago: EU TAVA BRINCANDO!

Eu: *continuo descendo* HAMRAM ACREDITO

Eu continuei descendo até que finalmente cheguei em terra firme, então eu segui a direção do sol poente, a direção da minha casa, fui andando até que o sol se pôs e eu meio que.....
Me perdi 😅

Eu: porcaria.

Eu me recostei nas raízes de uma árvore e deitei, fiquei olhando a floresta ao redor, os pequenos vagalumes iluminando a minha frente, então apaguei.

P.O.V Drago
Ela desceu mesmo a montanha, isso é ruim, essa parte ds floresta a noite é muito perigosa. Tenho de a encontrar.

Virei dragão novamente e desci a Montanha, mas antes de pousar eu virei humano e comecei a correr pela floresta a procurando. Até que escuto baixas risadinha..... Gnomos, criaturinhas sacanas.

Segui as risadas e vi uns três gnomos em torno da Talia que dormia tranquilamente nas raízes de uma árvore.

Eu: o que pensam que estão fazendo?! Saiam daí!

P.O.V Talia
Eu tava de boas até que acordo com risadinhas e escuto uma voz, era o Drago.

Drago: o que pensam que estão fazendo? Saiam daí!

Abri os olhos e me deparei com algo que nunca mais quero me deparar.

Continua...