Liberdade
Gabriel Narrando
- Gabriel? - Olhei pro diretor do nosso setor e ele sorriu, Ricardo o cara mais gente boa dessa merda. - Vamos lá cara chegou seu dia está livre mano. - Levantei em um pulo ah meu Deus nem acredito que finalmente vou sair desse inferno.
Falei com os caras da cela e sai, o Rafael tinha sido solto há três anos atrás. E depois de cinco anos eu finalmente vou ver a luz do dia e outras pessoas, eu tinha esperado muito e contado os dias pra esse dia chegar quando eu soube que a Lívia tinha conseguido minha condicional nem acreditei, aquela mulher era muito foda.
- Seus pertences, assina aqui. - Assinei a ficha e sai, o Ricardo apertou minha mão e botou cinquenta reais nela.
- Vou sentir saudades e vê se não apronta. - Ele falou e eu fiz uma careta.
- Sem ofensas mas eu não vou sentir saudades sua cara e sobre aprontar? Bom não te garanto nada. - Ele riu, e eu passei pelos portões, respiro fundo.
Ah caralho finalmente liberdade, nos últimos anos tinha acontecido tanta coisa, soube que o desgraçado do Diguinho tinha tomado meu morro, os babacas que ficaram soltos não souberam como agir quando ele invadiu com mais de vinte caras armados até os dentes tudo um bando de incompetentes e merdas mesmo.
Eu não tinha notícias da Júlia e da minha mãe, elas obviamente tiveram que se mandar do morro. O Rafael falou que elas estavam morando na Lapa, mas isso já foi a um tempo atrás eu preciso me comunicar com alguma delas para saber como estão. Mas antes preciso dar um mergulho na praia, pego um ônibus e vou pra praia do Leblon. Assim que chego na praia corro pro mar e dou um belo de um mergulho, fico um tempão na água só relaxando e sentindo o gostinho da liberdade, pois quando eu era dono do morro não podia nem mesmo descer na pista sem me preocupar em ser preso e depois desses anos atrás das grades eu vou aproveitar um pouco antes de tomar de volta o que é meu, vou acabar com a raça daquele filho da puta do Diguinho ele não perde por esperar.
Quando saio da praia, vou pra um shopping ali perto da uma volta e vê o movimento, sinto os olhos das garotas em mim e isso me deixa muito feliz é um longo tempo desde a última vez que trepei e eu tenho minhas necessidades né. Vou ao banheiro e quando estou mijando entra um garotinho vestido de flash com a cara emburrada e tenta fazer o mesmo que eu, só que ele não tem altura para mijar no mictório. Fecho minha calça e vou lavar a mão enquanto fico só observando o garoto em uma luta para mijar ali.
- Você não acha que é pequeno demais pra isso? - Perguntei e ele arrumou a fantasia de flash e me olhou com dois enormes olhos bem azuis.
- Eu não sou pequeno. - Ele falou e me olhou com a cara fechada.
- Okay, mas você deveria ir naquele ali não acha? - Apontei pra cabine e ele olhou pros meus braços e sorriu.
- Você tem uma gatinha de desenho no braço? - Falou e botou as duas mãozinhas pequenas na boca enquanto ria. Olhei pra gata que eu tinha tatuado no braço um tempo atrás e abaixo dela tinha escrito 'gatinha' porra eu era um idiota a alguns anos atrás.
- Pois é, isso foi um erro. E agora, o que você faz sozinho nesse banheiro? Você é bem pequeno para estar aqui sozinho.
- É que minha mamãe quer que eu vou... Lá naquele banheilo e eu sou um homem muitoooo glande. - Ele falou e levantou os braços pra demonstrar que já era muito grande. -Agola, vou fazer xixi. - Ele entrou na cabine e fechou a porta, penteei meu cabelo com as mãos e botei meu boné.
- Qual é o seu nome? - O garoto perguntou assim que saiu da cabine e ficou nas pontas dos pés para lavar as mãos.
- Gabriel e o seu?
- Eu sou Miguel. - Miguel, belo nome.
- Bonito seu no...
- Oh meu filho, por que está demorando? Sua mãe está preocupada e já comprei seu sorvete, vamos? - Um cara com um grande bigode entrou no banheiro chamando pelo garoto, ele me olhou por um momento e depois se voltou pro Miguel.
- Obáaa, tchau Gabliel.
- Tchau Miguel. - Eles saíram e eu sorri, percebi tarde demais que ele troca o R pelo L. Terminei o que tinha que fazer e sai do banheiro, agora ia em busca da minha irmã e mãe quem sabe talvez do Rafael, preciso saber onde elas se enfiaram.
Alice Narrando.
O meu Miguel era a coisa mais preciosa da minha vida, ele era a cara do Gabriel e isso as vezes me incomodava muito, até o jeito irritado dele parecia muito com o do pai. Mas alguns traços dele eram meus por exemplo seu nariz e o formato fino do rosto.
Vamos pras novidades dos anos que passaram, bom primeiro eu e o Felipe terminamos a um tempo atrás mas ele sempre estava aqui para ver o Miguel, nós continuamos amigos e ele até já está namorando. Acho que eu nunca amei ele, bom acho não tenho certeza. Agora o Edu? Está morando aqui em casa, minha mãe e meu pai se casaram novamente pra firmar mais os votos do casamento e agora estão passando a última semana da lua de mel na Europa. E eu estou aqui agora indo pro shopping levar meu príncipe no Mc Donald só porque estou afim de sair e não quero fazer comida, meu vô vai comigo ele tinha vindo aqui mimar mais o Miguel do que ele já é.
- Vamos Miguel. - Gritei ele que tinha ido no quarto pegar um boneco que tinha esquecido, ele não largava aquele flash em miniatura, ele era apaixonado por esse super herói onde ele ia o levava junto.
- Aqui achei. - ele gritou e ergueu o boneco. Ele saiu correndo pro carro e eu ri. - Viu mamãe? Coli muitooo lápido como o flash. - Eu ri e endireitei sua máscara, ele estava fantasiado de flash fez a maior graça pra usar essa fantasia.
- Vi bebê, correu muito rápido. - Meu avô riu e saiu com o carro.
Quando finalmente chegamos no Mc a fila estava grande pra caramba.
- Quelo sorvete mamãe e fazer xixi. - Miguel falou assim que acabamos de comer.
- Leva ele ao banheiro Alice que eu compro o sorvete. - Sai e fui pra onde ficava o banheiro quando ia entrar no banheiro feminino o Miguel parou e cruzou os braços.
- Vamos logo Miguel.
- Não. - cruzou os braços e franziu a testa. - Esse banheilo é de menininhas. - Ah meu Deus não acredito.
- Miguel, vamos logo.
- Não mamãe, quelo aquele que é de homem. - Fechei os olhos por um momento e xinguei o jeito desse menino. Ele era um tremendo teimoso como o Gabriel.
- Ta Miguel vai logo, ouviu? - Ele fechou a cara e entrou no banheiro, eu mereço esse menino um pinguim de gente agora se achando um homem, tenho que ri com esse menino.
Fiquei esperando ele, mas o bichinho estava demorando pra caramba.
- Ue cadê o Miguel? - Meu avô perguntou quanto chegou perto de mim.
- Ta no banheiro, vai lá ver ele vô. - Ele me deu o sorvete e foi atrás do Miguel. Pouquinho tempo depois os dois saíram do banheiro.
- Por que demorou tanto? - Perguntei pro Miguel e dei o sorvete pra ele.
- O Miguel estava conversando com um garoto lá dentro. - Olhei pro Miguel com uma cara feia.
- O que eu falei sobre falar com estranhos? - Ele deu de ombros e desviou os olhos.
- Ele é legal, meu amigo. - Peguei ele no colo e tirei o cabelo dos seus olhos.
-Mesmo legal Miguel você não pode falar com estranhos ouviu? - Ele assentiu e me abraçou sujando minha bochecha de sorvete.
- Desculpa mamãe. - Sorri e limpei meu rosto.
- Ta desculpado, mas nunca mais faça isso ouviu? - Ele concordou e eu botei ele no chão, depois fomos em algumas lojas comprar umas coisas que eu estava precisando tipo, sapatos e roupas. Tudo no cartão do meu pai ele vai me matar.
- Mamãe o nome do meu novo amigo é Gabliel, ele é muitooo legal. - Gabriel? Mais que merda esse nome me persegue.
- Não é seu amigo, pois você não conhece ele.
- Meu amigo sim. - Isso as vezes era estressante, lembrar do Gabriel toda vez que o Miguel faz algo que me lembre ele e era quase a toda hora.
- Não é e ponto final, agora fique quieto ouviu? - Ele não me deu bola e foi sentar com o meu avô, sabe a criança mais mal humorada do mundo? Então esse era o Miguel.
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