CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 11
— Chegou em grande estilo — Aninha disse quando cheguei para a aula de dança.
— Não enche — eu respondi segurando o riso, Helena riu livremente.
Theo tinha nos deixado em frente ao estúdio de dança, me beijado na frente de todo mundo e dito que logo voltava para nos buscar. Entrei fingindo que não notava os olhares de ninguém.
— Que bom que você veio conhecer, Helena — Aninha disse, ainda rindo de mim — Se quiser vir a tarde, eu dou aulas para crianças, você vai adorar, é tão lindo!
— Chega de papo e vamos alongar — a professora disse entrando e logo começamos. Iriamos nos apresentar no mês seguinte, era um festival de dança da escola, todas as turmas se apresentavam, desde os pequeninhos até os mais avançados.
— Com licença — Mony, uma das professoras entrou na nossa sala. Mesmo sendo professora e uma das chefes da escola, ela era só um pouco mais velha que eu. Ela tinha os cabelos pintados de vermelho vivo e olhos verdes — Eu preciso falar com a Evelyn e a Ana.
A professora nos liberou e nós saímos, seguindo a Mony até o corredor. Aninha e eu nos entreolhamos, confesso que eu estava com um pouquinho de medo, mesmo não tendo motivo pra isso.
— Parem com essa cara de enterro, eu tenho que pedir uma coisa pra vocês! — Mony disse rindo e eu respirei aliviada — Eu ia fazer um dos números do festival com duas alunas da minha turma, mas aconteceram alguns problemas e eu preciso de duas dançarinas comigo, quero saber se vocês topam.
— Você quer que a gente se apresente com você? — eu perguntei meio assustada.
— Claro, vocês são ótimas! A Ana faz estágio aqui e dá aula na turma dos pequenos, além de ser uma ótima coreografa. Você também não fica atrás! Acabou de voltar da licença maternidade e já pegou muito bem a coreografia.
— Mas na sua turma tem ótimas dançarinas — Aninha disse, Mony da aula para uma classe bem avançada.
— Eu sei, mas quero vocês comigo! — ela riu — Façam o favor de aceitarem logo antes que eu enlouqueça! Temos pouco tempo, então a rotina de ensaios será diária, para não atrapalhar as aulas de vocês, terá que ser a tarde, tudo bem?
— Por mim está ótimo! — Aninha sorri.
— Evelyn? — Mony me pergunta sorrindo, Aninha está praticamente pulando de felicidade.
— Claro — eu respondo ainda um pouco atordoada.
— Perfeito! Vocês me salvaram! — Mony suspira aliviada — Começamos amanhã, as quatro da tarde! Não se atrasem!
Voltamos para a nossa aula, Helena já estava se enturmando e pegando os movimentos. O tema do festival era "Musicais famosos", estávamos fazendo a coreografia do numero final do filme Step Up, mas como precisa de muita gente, a turma da Aninha se juntou a nós e faríamos todos juntos, era complicado, mas estava ficando lindo.
— Bem puxado, hein? — Helena falou, estávamos no vestiário trocando de roupa.
— Sim, mas eu adoro isso! — eu respondi sorrindo.
— Já pensou em fazer disso sua profissão? — ela me perguntou.
— Até que sim, mas não tenho dinheiro nem tempo para fazer a faculdade — eu respondi dando de ombros.
— Mas você está perdendo uma grande oportunidade, você é muito boa! Sério Eve, devia se formar nessa área e fazer carreira.
— Na verdade, o que queria era ser professora de dança, ter minha própria academia, esse era o meu sonho. Mas como vou conseguir isso agora?
— Bem, ainda acho que você deveria investir nisso, mas você ainda tem uns quinhentos anos pela frente.
— O que? — eu estanquei no lugar assustada, ela estava brincando, não é?
— O Theo não te falou nada? — Helena riu.
— Quinhentos anos? Você está brincando? Me diz que está!
— To sim — ela riu — ta mais para uns mil. . .
Cai sentada no banco, Helena ria compulsivamente de mim. Ela se sentou do meu lado, mas ainda ria, aquela palhaça!
— Helena, que história é essa?
— Depois que trocamos de coração, vivemos o tanto que eles. Não morremos por nenhum tipo de causa natural ou doença. Só assassinato ou quando os dois decidem morrer. Os avós do Caio devem ter uns seiscentos anos, por aí.
— Ai Jesus! Por que essas coisas ninguém me fala? — Seiscentos anos?
— Calma! É só depois que fizerem o ritual.
— Isso me anima tanto!
— To interrompendo algo? — Aninha perguntou entrando.
— Não — Helena ainda ria — vou esperar vocês lá fora, o Theo já deve ter chego e sabe como ele é impaciente. Daqui a pouco ele invade o lugar.
— Beleza — Aninha sorriu — só vou me trocar e já vamos.
— Vai em casa? — perguntei. Casa? Desde quando a casa dos lobos é a "Minha Casa"? To ficando doida?
— A Helena me convidou — Aninha deu de ombros — amanhã não vou ter aula na faculdade, posso ficar fora a noite inteira.
Aninha cursava educação física, ela também queria seguir na área da dança. Era para estar na sala dela, mas engravidei e vocês já conhecem a história.
— Então é sério? Entre você o boy magia de sábado? — ela me perguntou.
— Mais do que eu gostaria — eu respondi, ainda não tinha engolido a história dos "mais de mil anos". Já pensaram eu do lado do Theo por mil anos? Voou mata-lo! Certeza! Não passamos de duzentos anos!
— Quem diria, você que não queria saber de relacionamentos já se apaixonou totalmente pelo cara! — ela ria e eu revirei os olhos.
— Não precisa exagerar — eu reclamei.
— Da pra ver nos seus olhos! Ta toda boba apaixonada!
Ela riu e eu revirei os olhos de novo. Apaixonada? Não! Boba? Completamente!
Qual é? Não é todo mundo que se descobre marcada para ser a companheira de um lobisomem para toda a vida, uma vida muito longa, pelo jeito.
Eu até ia xingar minha amiga, que ainda ria, quando ela se virou para pegar sua camiseta, ficando de costas pra mim. Aninha estava de calça jeans e um top, deixando a mostra, na parte de trás do ombro, uma marca de nascença que parecia uma cruz torta.
CARALHO!
Aninha é a marcada do Marcelo!
ANINHA É UMA MARCADA!
ANINHA É MARCADA DO MARCELO!
EITA PORRA!
— Vamos? — ela me perguntou depois de colocar a camiseta — Ta tudo bem Eve? Você está com uma cara estranha!
— To. . .eu acho. . .caralho!
— Eve, aconteceu algo?
— Comigo não, mas com você não posso falar o mesmo!
— Não entendi nada, do que você tá falando?
— Nada não! Vem! — sai arrastando Aninha escada a baixo, nem parei para cumprimentar quem se despedia de nós. Eu precisava chegar no Theo logo, precisava falar com ele.
Ele estava encostado no carro, de um jeito despojado que chamava a atenção das garotas a volta. Parecia um maldito modelo! Ele conversava distraidamente com a Helena, mas obvio que foi o primeiro a me ver.
Na hora que me viu, deve ter reparado na minha expressão desesperada, porque já mudou sua postura, vindo diretamente na minha direção naquele jeito que ia chutar o traseiro de alguém, típico dele.
— Está tudo bem? — ele perguntou.
— Fora essa louca que saiu me arrastando? Sim — Aninha respondeu.
— Marcada! — eu disse e Theo ficou confuso.
— Como assim?
— Aninha!
— Quem? — ele perguntou surpreso.
— Marcelo!
— Marcelo?— ele perguntou.
— O que está acontecendo? — Helena perguntou.
— Eu sei lá, eles estão tendo um papo de maluco aqui! — Aninha reclamou — Eve disse "Marcada" ai o Theo disse. . .
— Quem?— Helena me perguntou interrompendo Aninha, que bufou.
— Aninha! Marcelo! — eu disse.
— Tem certeza? — Theo perguntou.
— Claro que sim! — eu bufei.
— Oi! Eu ainda estou aqui! Da para me explicarem? — Aninha reclamou.
— Vamos pra casa! — Theo disse — Acho que teremos uma longa noite.
Aninha e Helena foram conversando animadamente no banco de trás, Helena fazia várias perguntas, parecido com o que fez comigo quando nos conhecemos. E minha amiga, inocentemente, respondia tudo, dando detalhes e rindo das histórias.
— Tudo bem? — Theo me perguntou.
— Sei lá. . . a Aninha é uma marcada também, ela é tão doce e vai ser jogada nessa história. . .
— É tão ruim assim?
— Não, só meio confuso — eu suspirei — bem, se é pra enfrentar tudo isso, melhor se minha melhor amiga estiver do meu lado.
— Você está lidando bem com tudo isso, bem melhor do que imaginei — ele disse dando de ombros.
— Acredite, é só aparência isso. Aliás, eu tive uma conversa bem interessante com a Helena você vai ter muito o que explicar! — ele me olhou confuso — Quantos anos os seus avós tem?
Ele começou a rir quando entendeu o que eu queria dizer, idiota!
Chegamos na casa, Aninha e Helena ainda conversavam animadas.
— Melhor eu falar com ela! Ela. . .
— Não! — Theo me puxou, me fazendo entrar com ele antes delas — Ana é do Marcelo, ela é inteiramente responsabilidade dele. Você não pode se meter!
— Responsabilidade? Não fale como se fossemos objeto! E isso quer dizer que eu sou sua responsabilidade?
— Viu como estou ferrado? — ele se fez de inconformado, mas segurou meu braço antes que eu o socasse. O idiota ria de mim!
— Vocês são tão fofinho juntos — Aninha zombou passando por nós, tentei puxar seu braço, mas Theo me puxou de volta, balançando a cabeça negativamente. Estávamos perto da porta da sala de jantar, lá dentro os meninos riam de algo e pareciam fazer bagunça — Mas com licença que eu to morrendo de sede e. . .
Foi como uma cena de filme, assim que ela se virou, sem terminar de falar, bateu de frente com alguém. Marcelo teve que segura-la pelos braços, para que ela não caísse. Aninha levantou o rosto prestes a rir de si mesma quando seus olhos encontraram com os dele.
— Você está bem? — ele perguntou a olhando nos olhos, ainda sem solta-la.
— Si. . .sim. . . — ela disse debilmente,
Eles ficaram presos um no olhar do outro, a cena era até bonitinha. Theo olhou pra mim e sussurrou "Não falei?", revirei os olhos.
— Marcelo, essa é a minha amiga Aninha — eu disse parando do lado deles, que nem se deram o trabalho de parar de se encarar — Aninha, esse é o Marcelo.
— Meu cunhado! — Helena disse do outro lado deles, o que fez Aninha sair do transe e olha-la.
— O irmão do Caio?
— Bem, eu só tenho um cunhado — Helena disse rindo.
— E um namorado — Caio a corrigiu, vindo até nós, Lua estava no seu colo — mano, sai da porta.
— Andem logo, está difícil segurar os gêmeos para não comerem os doces! — Arthur nos chamou.
— Doces? — eu perguntei confusa e Theo sorriu. Passei pela porta e vi uma cena que me fez ficar paralisada, mas de emoção.
A mesa da sala de jantar estava parecendo uma mesa de festa infantil. Um enorme bolo decorado de lilás, azul e branco, vários doces em embalagens coloridas, refrigerantes, balões e outras decorações. No bolo tinham três velas que juntas escreviam LUA. A parede atrás estava decorada com fitas coloridas, mais balões e tinha várias letras cor de rosa que diziam "7º MESVERSÁRIO LUA".
— Você gostou? — Theo abraçou minha cintura por trás, sua voz era um pouco hesitante, esperando minha reação, eu ainda estava paralisada e demorei uns segundo para conseguir responder.
— Eu amei! — eu disse por fim e ele sorriu orgulhoso.
— Vão logo — Arthur veio nos empurrando para ir atrás do bolo — vamos tirar logo essas fotos e cantar "Parabéns".
Theo sorrindo, pegou Lua do colo do Caio, enquanto fui empurrada por Hugo (ou Henrique, ainda não sei), Theo passou o braço pela minha cintura, me puxando para ele e os outros começaram a tirar fotos nossa. Confesso que saí com cara de babaca nas primeiras, até a Aninha gritar para eu sorrir e eu começar a fazer isso.
— Também quero tirar fotos com ela — Helena disse pegando Lua do colo do Theo, que continuava fechando a cara toda vez que alguém fazia isso — vem amor!
Caio tomou meu lugar, ficando do lado da Helena e sorrindo para as fotos. Lua até sorria, mas parecia bem interessada em alcançar o chantilly que decorava o bolo.
— Você gostou mesmo? — Theo me puxou para um canto, os outros se revezavam para tirarem fotos com a Lua, que já estava ficando impaciente olhando para o bolo, mas ria quando brincavam com ela.
— Sim, muito! Eu. . . acho que nem tenho palavras para descrever o que estou sentindo — eu tinha um nó na garganta, quando me tornei uma chorona?
— Primeira festa que a Lua ganha?
— Sim. . . Sei que pode parecer besta, mas é a primeira vez de verdade que posso comemorar o nascimento da minha filha. Todo mês eu me lembrava, mas a comemoração se resumia a nós duas no meu quarto e o máximo que eu tinha era um cupcake ou pedaço de algum bolo. Eu imaginava uma bela festa no aniversário de um ano dela, mas eu não consigo guardar dinheiro e. . .
— Só diga como você quer, nós faremos — ele me puxou me abraçando e beijou minha cabeça, me mantendo em seu abraço. Nem respondi que não precisava e outra coisa que com certeza o Theo ignoraria, apenas me deixei sentir a felicidade. Mesmo que eu não quisesse admitir, Theo era exatamente tudo aquilo que eu precisava.
— Vamos cantar Parabéns? — Henrique falou (vamos supor que foi o Henrique, porque não sei qual deles foi), todos concordaram. Lua estava no colo da Aninha, que tirava várias fotos delas e com Marcelo as abraçando.
— Amei essa, vou postar agora! — Aninha disse olhando a foto no seu celular, mais uma selfie dos três. Marcelo apenas sorria e concordava.
— Ótimo! Agora vamos ao. . . — Arthur parou de falar e olhou para a sala no mesmo momento. Todos os lobos fizeram o mesmo, Theo franziu o cenho e pegou Lua no colo na hora. A porta da sala se abriu e ouvi passos, pareciam ser quatro pessoas. Um rosnado bem baixo veio dos gêmeos, Caio e Arthur se posicionaram a nossa frente, perto da porta. Theo estava me entregando Lua (e ele tinha uma cara de quem ia matar alguém), quando ele respirou fundo e sorriu, ficando relaxado na hora.
— Espero que esse rosnado não tenha sido para nós, ou vão sentir o gosto da minha bota! — um homem enorme (alto e largo) passou pela porta, ele era uma versão mais velha do Arthur. Cabelo loiro escuro cortado bem curto, uma barba por fazer, olhos cinzas e várias tatuagens espalhadas pelo corpo. Ele tinha voz grossa e parecia ameaçador, mas sorria. Parecia uma estrela do Rock, daqueles com cara de bad boy, mas a gente se apaixona.
— O que falei sobre ameaçar os meninos? — uma mulher falou, batendo no seu braço. Ela era alta, mas não tanto quanto ele, bem branca e com cabelos compridos que ficavam entre ruivo e o loiro escuro. Ela também tinha tatuagens e olhos claros, parecia outra rockstar.
— Mãe! Pai! – os gêmeos abraçaram a mãe e trocaram socos com o pai.
— Por um momento achei que não fossem nos reconhecer, já achei que teríamos que dar uma surra em vocês! — outro homem falou rindo, eu reconhecia essa voz, era o pai do Theo. Bem, se o Theo for envelhecer como o pai dele, eu to muito bem servida! O cara parecia um galã de novela, alto, ainda mais que o pai dos gêmeos. Tinha cabelos e olhos escuros, olhar tão intenso quanto do filho e um sorriso daqueles que você. . . e o corpo. . . Evelyn! Pare com isso! Ele é seu sogro! Sogro? Ai Meu Deus!
— James, sem surras desnecessárias — a mãe do Theo falou, ela parecia ser a mais delicada, parecia uma miss. Longos cabelos loiros e olhos verdes reluzentes. Ela era tão graciosa e bonita que era quase impossível não olhar — olá! Resolvemos fazer uma surpresa! Essa é a Lua?
Ela foi direta para o Theo, o beijando no rosto e chamando Lua para o seu colo e, para meu total espanto, Lua estendeu seus bracinhos e foi. Ainda sorria para ela, como se sempre a conhecesse.
E eu?
Ainda estava com medo até de respirar!
— Hadassa, olha que linda! — ela falou para a mãe do Arthur — Minha netinha não é linda! Você é muito linda, Lua! Muito linda!
— Mais ainda do que na foto! — Hadassa concordou, então virou um tapa no Arthur — Até o Theo já arranjou uma filha! Pode apressar esse processo porque eu quero netos logo!
— Mas, mãe, eu ainda não encontrei. . . — então ele parou, olhando Aninha de canto, ela ainda não sabia de todos. Na verdade, acho que ninguém sabia que ela também era Marcada, eu ainda não tinha tido tempo de contar para o Marcelo.
— Então procura direito! Teu pai me achou rapidinho!
— Mãe, ele te atropelou! — Arthur reclamou de novo.
— Mas achou, não foi? E não me responda! — ela bateu de novo nele, que bufou e Hadassa só olhou feio e ele sorriu se afastando, indo para perto do pai.
— Ih filho, a sua mãe nem eu enfrento! — Hadassa olhou feio para ele também que mandou beijo para ela na hora — Brincadeira, amor! Brincadeira!
— Eu também não enfrento a minha — o pai do Theo falou.
— Eu ouvi, James — a mãe do Theo falou, ainda brincando com a Lua, James sorriu, como uma criança pega aprontando. A "minha sogra", apenas revirou os olhos e se virou pra mim — Não falei que eles nos deixam loucas? Estou muito feliz em poder te conhecer pessoalmente, você é também muito mais bonita pessoalmente do que nas fotos.
— Obrigada — quando ela viu foto minha? Nem tive tempo de perguntar, ela me puxou num abraço apertado.
— Oi, prazer em te conhecer! — Hadassa me puxou num abraço igualmente apertado — Sou Hadassa, aquele ogro é meu. . . — ela olhou para Aninha que não parecia entender nada (não que eu pudesse julga-la) — marido, Corey.
— E ai? — foi o cumprimento de Corey.
— Nora! — James me abraçou tão apertado, que me levantou do chão. Meu sogro é cheiroso. . . e é meu sogro! Sogro!
— Pai, sem exagero — Theo me puxou de volta pra ele, James levantou as mãos em sinal de paz e riu.
Todos se cumprimentavam, rindo e se abraçando, só Aninha e eu perdidas no meio. O detalhe é que Marcelo ficou o tempo inteiro do lado da Ana, será que ele sabia?
— Amei essa festinha! — minha sogra, que eu ainda não sabia o nome, disse — Vamos tirar fotos, meu amor? — ela falou para Lua, que ria.
— Vamos que eu também quero! — Hadassa concordou feliz, já tirando o celular do bolso — Venham — ela falou para Corey e James, acho que Corey ia negar — Agora! — então eles foram.
— Sua família é. . . — eu comecei a falar para Theo.
— Eu sei, e é só uma parte. Espera até você conhecer todos — ele disse e eu não fiquei nem um pouco animada com isso.
— Gata, seu sogros são. . . uau! — Aninha me disse.
— Boa definição, uau! — eu respondi.
— Não preci . . .— Hadassa apenas me olhou feio e eu já me calei — Obrigada!
— Imagina! — ela sorriu.
— Aqui, mais um — James me entregou outro presente pra Lua. Já tinha perdido a conta. Lua já tinha ganho ursinhos, brinquedos, roupas e etc. demais. Sem falar no berço novo.
Eu não entendi direito, mas a Helena estava me explicando que, por tradição, quando chega um bebê na família os avós lobos que dão o berço. O berço é feito sob medida, com madeira entalhada com símbolos importantes para a família. O mesmo berço que Theo e Arthur tinham levado para o nosso quarto (aquilo era de madeira maciça, imagina o peso!) era o que o Theo usou quando bebê, ele era importante para eles. Se eu já estava com aquele nó na garganta, imagina com isso então. Eu estava feliz da minha filha ganhar uma festinha de "mesversário", agora eu fiquei totalmente sem palavras com aquela demonstração de afeto. Eles nos tinham recebido na família.
Foi impossível não comparar a minha "família". Meus pais me deixaram sozinha no hospital, se recusaram a ajudar minha filha doente, meu irmão me levou no hospital, mas também me deixou sozinha lá. Theo acordou de madrugada e, bem, vocês já sabem o que ele fez. Agora seus pais agiam assim, como se fosse normal, como se a Lua realmente fosse neta deles. Falavam comigo como se eu sempre tivesse feito parte da família.
— Então vocês dançam? — Hadassa perguntou para mim e para Aninha — Quando tiver alguma apresentação, nos chame, vamos adorar ver! Levem os meus filhos, quem sabe algum deles não se arranja?
— Mãe! — Arthur e os gêmeos reclamaram juntos, eu só pude rir.
— Alguém está com sono — Theo falou, Lua cochilava no seu colo.
— Eu a levo, fica ai com seus pais — peguei Lua no colo, que apenas se aconchegou em mim, sem acordar realmente — eu já volto.
Subi com Lua dormindo, quando entrei no quarto vi que Theo tinha tirado os pufs e colocado o berço no lugar. Seu violão ainda estava lá, mas a guitarra não. Troquei a roupa e a fralda da Lua, ela reclamou um pouco e eu dei mamar. Eu estava sentada na cama, esperando Lua terminar de mamar, quando a mãe do Theo entrou.
— Precisa de ajuda? — ela perguntou se sentando do meu lado.
— Não, quase acabando aqui — eu tentei sorrir, espero que tenha conseguido.
— Está sendo muito difícil? Sei que não é fácil toda essa mudança. Humana normal para Marcada.
— Fácil não é e o Theo não ajuda muito ás vezes, sem ofensas! — ela riu do meu desespero.
— Tudo bem, aposto que pior do que James ele não foi.
— Acho difícil isso, Theo me salvou de uma tentativa de assalto, me sequestrou, vomitou tudo isso em cima de mim e queria que eu levasse tudo numa boa.
— Bem, James me reconheceu quando eu fazia uma peça de teatro, ele foi no meu camarim e presenciou uma briga minha com meu namorado na época. Ele quebrou o nariz dele e disse que se Hector se aproximasse de mim o mataria, depois me falou que era meu futuro marido.
— E aí? — eu ri.
— Bem, eu ri disso e não levei a sério. Mas James foi me ver todos os dias, ia me buscar na faculdade e me levava em qualquer lugar que eu precisasse ir.
— Isso não foi ruim, até parece fofo.
— Fofo? — ela bufou — Imagina ter uma guarda costas daquele tamanho o tempo inteiro! Enfim, quando ele me contou a verdade eu surtei, fugi dele e fui para faculdade, não pergunte o motivo. Obvio que ele foi atrás de mim, chegando lá ele viu que Hector estava perto de mim, quase foi pra cima dele, então ele se virou pra mim e me disse que ele iria me levar embora, pegaríamos todas as minhas coisas e me mudaria para a casa dele imediatamente. Eu duvidei dele, então ele me jogou por cima do ombro e me tirou dali carregada.
— Theo fez alho parecido comigo, mas não tão dramático — eu ria da história, Lua dormiu e eu a coloquei no berço — Ele também me avisou que eu estava vindo morar aqui com ele.
— Lobos são impacientes e exagerados mesmo. Se fazem de forte, mas são muito sensíveis, mais do que a gente — ela parou do meu lado, vendo Lua dormir — Sua filha é linda, fico feliz que você seja da nossa família.
— Sobre isso, sei que não somos parentes de verdade, não temos o mesmo sangue, mas eu queria agradecer. . .
— Nunca mais repita isso! — ela disse séria — Sangue não quer dizer nada, só as atitudes definem quem você é. Meu filho é muito feliz contigo e isso me basta. Lua pode não ser minha neta biológica, mas sinto como se fosse. Então você é minha nora e Lua minha neta, entendeu?
— Sim — eu sorri timidamente — incrível como a Lua te adorou.
— É coisa de Luana, nós nos entendemos!
— Como assim?
— Ah, que cabeça a minha! Eu não me apresentei! Me chamo Luana — ela sorriu pra mim.
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