Capítulo 7- peace
- MAREN -
- Foi embora?- pergunto, arrumo meu cabelo, mordo o interior da bochecha e franzo o cenho- simplesmente foi embora?
- Sim, uai- Jack J. dá de ombros.
- Eu acho que... Preciso ir?- mais afirmo do que pergunto, porém percebo que a pergunta na verdade é direcionada para mim mesma.
Eu preciso ir?
Preciso simplesmente dar satisfação para ele?
Do que exatamente?
Eu beijei Nash e qual o meu maldito problema com isso?
Eu gostaria de saber o porquê de eu me sentir tão, estranha com o fato dele ter me visto beijando um de seus melhores amigos.
Eu gostei. Foi bom.
Céus foi melhor do que eu imaginava.
Ele é incrível e eu deveria me sentir absoluta e completamente sortuda por isso, porém eu não senti um monte de borboletas em qualquer lugar que elas deveriam estar.
- Você tá bem Maren?- Nash põe a mão no meu ombro e eu estremeço.
- Eu- viro-me e encaro seus olhos- só preciso descansar.
- Tudo bem... Eu te vejo amanhã- diz e se inclina para selar nossos lábios rapidamente e eu não correspondo da forma como ele gostaria, por ele estar fazendo isso na frente de todos. Não quero que ele pense que temos alguma coisa, porque o que rolou foi um beijo e eu ainda não posso me considerar apaixonada nem nada do gênero.
Olho de soslaio para as pessoas sentadas bem abaixo de mim, nos encarando completamente confusos.
Pego minha bolsa que estava jogada em um canto qualquer, perto do sofá , e saio sem rumo pelas ruas do condomínio.
Meu celular começa a vibrar tanto que penso que a qualquer ele pode se estilhaçar, tiro-o do bolso e na tela as notificações do Instagram e Twitter são quase incontáveis.
Inúmeras pessoas começam a me seguir e a me marcar em muitas coisas.
- Que porra é essa?- murmuro para mim mesma e pego desbloqueio o celular.
A foto mais marcada é de uma página de fofoca do Instagram.
Uma foto minha sendo carregada no colo por Cameron, saindo da casa de Lindsay, com uma resolução não muito boa se materializa a minha frente e o celular quase cai da minha mão ao ver a legenda.
"Então a garota nova que ninguém sabe o que está fazendo na casa da socialite e chefe de moda @ginabina77, já está trazendo problemas? Ainda mais para o nosso querido @camerondallas."
Marcaram meu user na foto e eu gostaria muito de saber quem foi o desocupado que tirou foto dessa situação.
Sinto meu corpo ferver de raiva.
Entro na página de Cameron e vejo que seus seguidores chegam à quase um milhão.
Por que diabos eu saberia que ele é famosinho por causa da mãe?
Por que diabos eu saberia que Gina é socialite?
Eu já deveria ter percebido.
Por que diabos eu não sei das coisas?
Meu corpo, quase que automaticamente, dá meia volta em direção à casa.
Não espero nem um segundo para abrir a porta bruscamente.
A primeira pessoa que encaro é Madison.
- Qual o seu problema?!- eu grito- você nunca me contou nada dessa porcarias!
- Do que você tá fal...
- Você sabe Madison. Você sabe, porra!- sinto minhas bochechas esquentarem pelo nervoso.
Aaron passa seu celular para ela e a garota arqueia as sobrancelhas colocando uma mão na boca, pasma.
- Eu sinto muito. Eu pensei que você soubesse que somos "conhecidos"- faz aspas no ar.
- Somos? Vocês?- pergunto, quase sussurrando.
Passo a mão pela testa, respirando fundo e continuo:
- Eu fui humilhada- olho para meus pés e sinto a mão de alguém no meu ombro.
Olho para o lado e vejo Nash, esvazio todo o ar do pulmão e tiro sua mão da minha pele devagar.
- Eu também pensei que obviamente você soubesse- Matt comenta e vejo que pelo menos uma vez na vida ele está completamente sério.
- Não! Vocês não andam com seguranças nem nada do tipo... E eu não...
- Maren...- Madison se manifesta novamente- alguma vez você já foi a um restaurante com a gente? Ou ao shopping?
- Não... Eu...- me sinto estúpida.
- As pessoas não reconhecem Cam toda hora, Gina é extremamente preocupada com ele, ela nunca quis que coisas como isso- Jack G. aponta para o celular- acontecessem novamente. Você raramente vai embora a pé. E temos pessoas que nos vigiam, mas gostamos de ser normais. Simplesmente somos filhos de pessoas importantes e ficamos conhecidos, basicamente, por causa de Cam e Sierra.
- Eu... Estou confusa- sinto minha cabeça latejar- eu passei quase metade da minha vida num orfanato, eu não mal tinha um celular que desse para fazer uma ligação útil, ah... Um computador velho que quebrava o galho!
Me sinto traída, pelas novas pessoas que entraram na minha vida de repente e que sinceramente pensei que fossem honestos.
- Eu tô saindo e... Não quero ninguém atrás de mim- grito, quando já estou na porta.
Escuto o baque da sola dos meus sapatos no chão e continuo a correr até enxergar minha casa.
A casa.
Abro a porta lentamente, fazendo com que ela emita um barulho irritante.
Não escuto nada e temo que Cam não esteja aqui.
Percebo que já está escurecendo, então decido subir.
Abro o guarda-roupa e pego um moletom preto com um desenho do Mickey, com capuz.
Passo na frente da porta de Cam, que está entreaberta e minha curiosidade me faz abri-la devagar.
Nada.
Ele não está aqui.
Bufo e decido logo sair de casa.
Cumprimento o porteiro e ele abre a porta para mim.
- Ei! Maren!- o segurança alto que me recepcionou quando cheguei aqui me para- onde vai?
- Ahhn... Eu vou andar de skate...- falo.
- Onde está seu skate?- ergue uma sobrancelha.
Então em segundos eu passo por debaixo do braço dele e começo a correr sem direção.
Viro a esquina e me distancio cada vez mais do condomínio, coloco o capuz e corro com minhas pernas curtas.
Viro outra rua e mais outra e outra.
Meus pulmões começam a se cansar e eu olho ao redor, percebendo que parei em uma rua completamente estranha e vazia.
Meus pelos se eriçam e sinto meu coração bater mais rápido a cada mini barulho que escuto.
Ouço algo se mexer perto da árvore e continuo andando.
- Merda- sussurro para mim mesma.
A palma das minhas mãos estão suando e eu as junto na frente do corpo.
E então tudo acontece rápido demais.
Eu não tenho tempo para contestar e nem para gritar, pois alguém tampa a minha boca com a mão e segura a minha cintura com o outro braço.
Começo a me debater e chutar o ar igual uma louca.
- Ei ei, calma princesa.
Finalmente sou colocada no chão e solto todo o ar dos meus pulmões de uma vez.
- Filho da...
- Não xingue minha mãe, ela não tem a ver com isso- diz virando a cabeça e me observando com o capuz preto- gótica suave, heim?
- O que?- ergo uma sobrancelha.
- O que você tá fazendo aqui?- pergunta.
- O que você tá fazendo aqui?- pergunto de volta- eu que me perdi...
Ele ri e continua a andar em silêncio.
Algumas vezes eu realmente começo a questionar a sanidade desse garoto.
Decido segui-lo, pois contestar não adiantará de nada e muito menos ficar parada.
Apenas escuto nossos passos calmos e levanto a cabeça para olhar as estrelas.
Desvio o meu olhar para ele, mas precisamente para sua mão.
Em um tique quase irritante ele estala os dedos demasiadas vezes.
Eu realmente começo a considerar as opções de Cameron ter algum distúrbio de personalidade.
Ele para finalmente em frente a uma grade de um beco sem saída, os tijolos vermelhos que cobrem esse corredor me trazem uma certa claustrofobia.
Cameron se vira para mim e escala a grade, pulando do outro lado em seguida.
- Eu não consigo fazer isso- franzo o cenho e cruzo os braços.
- Anda, princesa, eu te seguro.
Rolo os olhos e me agarro na proteção de ferro à minha frente, escalo-a e fico sentada em cima dela.
Cameron bufa e abre os braços, então decido me jogar, deixo meu corpo sentir a gravidade e o impacto de suas mãos. O meu desespero é tão grande que quando eu sinto-o puxando-me para si, eu decido agarrá-lo.
- Você só estava fazendo drama para eu te pegar- sussurra ao pé do meu ouvido e me arrepio inteira, sentindo minha própria respiração descompassada.
Ele me põe no chão e agarra minha mão, entrelaçando nossos dedos imediatamente, sem entender absolutamente nada, eu apenas sinto-o.
A pele de sua mão contra a minha.
Ele anda mais um pouco e me ajuda a subir numa espécie de barranco.
Quando finalmente sentamo-nos na grama eu tenho a chance de ver essa vista.
Esse lugar incrível.
As luzes da cidade todas diante de meus olhos.
Daqui de cima é possível ver quase toda a cidade.
Os prédios, os faróis, os postes de luz e as casas.
- Isso é...- digo.
- Paz.
Estremeço ao ouvir sua resposta.
Isso é paz.
- Cameron, por que você...
- Shh- ele fecha os olhos e se joga na grama- não diga nada. Só sinta.
Sentir.
Sentir.
Deito-me na grama também e sinto.
Tudo é questão de sentir.
Sentir o cheiro da grama, sentir a sensação dela pinicando minha pele descoberta pelo short.
Sentir o sereno e sentir o vento bom.
Sentir a paz.
Eu sei que não preciso dizer nada sobre minha nova descoberta.
Ele sabe.
É só questão de sentir.
Rolo meu corpo até ele e meu cabelo fica coberto de grama e folhas.
Me viro de lado e sinto-me tão próxima dele.
Meus olhos estão em todo o seu rosto, senti-lo olhando para cima, sentir seus olhos brilhando, numa cor indecifrável, que me lembra chocolate e mel.
Ele sabe que eu estou olhando, porém não faz questão de reverter isso.
Cameron se vira para mim como se quisesse uma resposta.
- Eu estou sentindo- digo finalmente
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