Capítulo 21- Demons
- MAREN -
Separei uma hora e alguns minutos para estudar Química, sou tão obcecada com tempo e organização que preciso estudar e fazer várias coisas na minha agenda "arrumada" de horários e coisas a fazer, porém esses dias nem estou organizando-me tanto, minha vida está de cabeça para baixo e meus estudos estão curtos.
Sierra me manda uma mensagem no momento que fecho o livro me passando os horários dos ensaios fotográficos, bufo e sinto minhas mãos suarem quando pego o celular para avisar as meninas do meu encontro e para responder Sierra, agradecendo-a.
Deito minha cabeça na cama e solto todo o ar dos pulmões.
Mensagem de Momma.
Momma: Oi querida, eu e sua irmã vamos nos atrasar hoje, talvez a gente saia bem tarde. Vá comer alguma coisa com suas amigas ou peça para o Cam pedir uma pizza.
Momma: Amo você. Tchauzinho.
Maren: Hey tia, eu vejo o que faço e te aviso. Sem problemas. Também te amo.
Bloqueio a tela do celular e sorrio largamente.
Recebo uma ligação pelo FaceTime do Matthew e atendo-a na hora.
- Oi minha gata- diz- você me mandou umas mil mensagens. O que tá acontecendo.
Ele apoia o celular na cômoda e eu observo seu corpo maravilhoso, vestido apenas com uma calça jeans clara, enquanto ele procura uma camiseta no seu guarda-roupa branco.
- Onde vai?- pergunto.
- Sair com uma amiga.
O ciúmes me atinge rapidamente.
Maldito ciúmes, sempre fui ciumenta e se o quesito for amizade, posso até ser um pouco violenta.
- Amiga? Que amiga? Você não me contou nada. Você está escondendo algum coisa de mim, Matthew?- atropelo-me com as palavras e ele ri balançando a cabeça e vestindo uma camiseta de gola polo.
Matt pega o celular novamente e olha diretamente para mim.
- Sua cara tá tão legal- diz- isso merece um print.
Bufo e rolo os olhos.
- Qual é? Me conte!!!- digo irritada.
- É só uma garota- ri nervoso- talvez eu esteja gostando dela, mas nada demais.
Pulo da cama e uma gargalhada alta sai da minha garganta, olho para tela do celular e o garoto estampado nela se encontra extremamente vermelho.
- Qual o nome dela?- pergunto.
- Sarah- responde sem graça- ela pareceu ser a única garota que não gostou de mim pelo dinheiro, mas de verdade. Entende? É tão idiota falar disso com você.
- Ei! Você é meu melhor amigo! Deveria ter me dito antes e não, não é estranho- franzo o cenho tentando lembrar dela- é a garota morena que trabalha numa pizzaria?
- Aham- ele balança a cabeça- o pai e a madrasta dela são donos de lá.
- Me apresente à ela- digo irritada- ou eu te mato.
- Tudo bem, linda- responde rindo- ei e o Cameron?- apoia o celular na cômoda novamente e termina de se arrumar enquanto fala comigo.
Respiro fundo.
- Temos um encontro- digo- só não sei quando. Gina disse que ela é Sierra não chegarão cedo, talvez eu aproveite a oportunidade.
Ele ri e fica em silêncio por um tempo.
- Matt- digo.
- Diga, amor.
- Eu... Você acha que estou fazendo a coisa certa?- pergunto.
- Não sei. Não posso te dizer que deve arriscar tudo e ir fundo nisso, mas também não posso te privar da sua felicidade. Eu amo você e quero que seja feliz independente das regras que a sociedade impõe e do que as pessoas falam para você.
Sorrio e sinto os meus olhos brilharem.
Eu amo tanto esse garoto que eu poderia afogá-lo só num abraço.
Eu nunca tive um irmão e Matt com certeza é um irmão para mim.
- Obrigada- passo a mão no rosto- bom encontro para você, Dino.
- Já disse que esse apelido é irritante- diz, mesmo não podendo ver seu rosto, sei que ele está sorrindo.
- Você é meu Dino- digo- vou desligar. Te amo.
- Eu também, baby- pega o celular que estava em sua cômoda e faz uma careta horrível antes de desligar.
Sinto um vazio no meu peito, arrumo meu cabelo e tiro os meus óculos de grau, sinto-me um pouco cegueta, porém meu alvo é o quarto de Cameron, abro a porta sem pedir permissão.
- Cam- digo.
- Maren...- escuto sua voz abafada vindo do banheiro, ele parece passar mal e então eu escuto o barulho inconfundível de vômito.
Eu não sinto nojo disso, só sinto a necessidade de ajudá-lo, meu coração parece se encolher cada vez mais dentro do peito.
- Cam...- chamo-o baixinho- quer ajuda?
- Não!- ele grita de volta- eu estou bem... É melhor você ir para o seu quarto...
Não o obedeço.
Vasculho o seu quarto e acho uma caixa de remédio embaixo de sua cama.
A tarja preta estampada nele faz meu estômago se revirar, assim como o seu.
Esses remédios estão acabando com a saúde dele e ninguém vê a merda que está acontecendo com seu organismo.
Não posso deixá-lo sofrer na minha frente.
- Cam- digo mais uma vez- estou entrando.
Ouço a descarga e abro a porta do banheiro vagarosamente, encontro-o debruçado no vaso sanitário, com as pernas enroladas, seria cômico se não fosse desesperador a forma como seus cabelos desgrenhados caem-lhe sobre a testa e grudam na sua pele suada.
- Ah meu Deus!- agacho-me e fecho a tampa do vaso, puxo seu corpo delicadamente e encosto-o na parede branca o mais devagar possível.
Levanto-me e pego uma toalha que estava pendurada, abro a torneira e umedeço boa parte dela, sento-me no chão com as pernas cruzadas ao seu lado.
Ele parece fraco.
- Não- seus ombros chacoalham- você não tem que me ver assim, vá embora...
Cameron queria gritar, mas aparentemente estava sem forças em sua última frase, sua pele se encontra pálida, utilizo a toalha molhada para limpar seu rosto e seus cabelos.
- Está tudo bem...- sussurro- você está bem.
- Não- responde.
- Não diga isso, Cam- seguro seu rosto- você está bem, eu sei disso.
E de repente me parece que ele não quer me dizer o que estava havendo.
Parece que há algo que ele não deseja me contar e eu temo a mudança que isso possa causar na nossa tentativa de ter alguma coisa.
- Não- diz e continua dizendo isso repetidas vezes.
Começo a me assustar, ele está gritando e mandando em mim.
Mandando o tempo todo que eu saia.
- Eu não vou sair!- grito de volta- pare com isso!- agarro seus braços e tento puxá-lo para cima, porém ele é resistente demais com qualquer ação que eu tente praticar a favor dele- por favor, Cam. Não faça isso comigo.
Estou prestes a chorar.
É tão horrível vê-lo assim.
Quem vê esse garoto bonito e quase intocável deve imaginar a perfeição, mas ele é cheio de problemas, problemas que têm se mostrado para mim vagarosamente, talvez para que eu possa aprender a lidar com eles e eu não ligo a mínima para isso, talvez Cameron esteja acostumado com pessoas que ligam para seus chiliques, mas eu não.
Tenho que mostrar a ele o fato de não ser facilmente atingida, posso ser mais resistente do que ele.
Agarro seus braços definidos e finco minhas unhas em sua pele macia, forte o suficiente para puxá-lo, mas não para machucá-lo, levanto-me vagarosamente e ele se levanta comigo, cambaleando e se agarrando em mim.
Sua pele pálida revira meu estômago e eu respiro fundo.
- Consegue ficar em pé?- pergunto calmamente observando-o.
Ele lambe os lábios e se segura na parede afirmando.
Ligo seu chuveiro na água morna e espero-a esquentar o suficiente, seguro sua mão e o levo até o box, enfiando-o debaixo do chuveiro.
- Fica aí, já volto. Se precisar de alguma coisa, grite.
Ele assente e eu saio de seu quarto, apressando o passo em direção ao armazém da casa.
Abro a porta do quartinho escuro e acho uma caixa enorme com "medicamentos" escrito de caneta preta.
Fico na ponta dos pés e pego aquela caixa, apoiando o pé sob uma prateleira e abrindo a caixa.
Afasto algumas caixinhas de papelão e procuro o remédio que desejo.
Pego as três caixinhas e um copo de água na cozinha, com essas coisas em mão, subo até seu quarto.
- Cam- chamo-o.
- Estou acabando, pode entrar- ouço sua voz exausta e abafada vindo do banheiro.
O barulho do chuveiro acalma-me de alguma forma, pois lembro de hoje de manhã, quando Sierra e Gina saíram para trabalhar e ele me acalmou no chuveiro, foi calmo e gostoso.
Quando o barulho cessa, ouço-o escovando os dentes.
Estou começando a considerar que talvez ele seja meu calmante.
Pego um remédio para o estômago, um para dor de cabeça e uma vitamina que contém ferro, junto com algumas bolachas de água e sal que peguei na cozinha.
Ouço a porta se abrir e finjo estar muito concentrada arrumando os remédio na sua cômoda.
Ele para atrás de mim e eu paraliso.
- Princesa... Pode me dar uma licença? Preciso... Da minha cueca- diz gaguejando.
- Ah- coro- claro- dou dois passos para o lado e observo-o abrir a sua gaveta.
Meu rosto cora novamente, violentamente quando me pego observando seu abdômen definido com gotas de água que escorrem de seus cabelos recém-lavados.
Escuto sua toalha cair no chão e encaro meus próprios dedos.
Depois de alguns segundos ele está vestido apenas com uma calça de moletom cinza, sentado na ponta da sua cama, com as mãos no próprio colo, me fitando de uma maneira estranha.
Pego o copo com as mãos trêmulas
e entrego os comprimidos para ele.
- Eu não vou tomar mais remédios- diz irritado.
- Só cala boca e toma- entrego nas suas mãos e ele segura o copo de água, tomando os três de uma vez e me entregando o recipiente de vidro, coloco-o na mobília de madeira e aproximo-me silenciosamente dele- você precisa comer alguma coisa...
- Hmm- responde fechando os olhos e estendendo a mão para mim, toco sua pele e ele me puxa, colocando minha cabeça no seu colo, enquanto ajeito meu corpo deitado na cama.
- Vou pedir alguma coisa para comer- digo e ouço o celular do meu bolso- comida chinesa, hum?
Ele concorda com a cabeça silenciosamente e acaricia meus cabelos, enquanto eu tiro o celular do bolso e peço para entregar a comida.
- Pronto- viro-me e pego-o me encarando.
- Por que você tá fazendo isso?- pergunta.
- O quê?- franzo o cenho.
Seus dedos acariciam a pele branca da minha testa e sinto meus pelos eriçarem.
- Por que você tá me ajudando?- pergunta, encaro seus olhos cor de areia.
- Porque você merece- respondo, entrelaçando meus dedos nos seus.
- Só isso?- seus olhos parecem caídos e eu sinto que ele precisa ouvir.
- E porque eu estou apaixonada por você.
Um sorriso de canto surge em seus lábios e ele puxa minha cintura, colocando-me sentada no seu colo, com as pernas em sua cintura.
Uma risada nervosa sai da minha garganta.
Ele me abraça.
Ele simplesmente envolve seus braços ao redor da minha cintura, enfia o rosto no meu pescoço e me abraça!
Ele sente o meu cheiro e murmura uma coisa engraçada.
- Eu sei- responde e me encara.
- Então por que perguntou?- cruzo os braços irritada.
- Porque eu queria ouvir... Fala de novo- pede baixinho, quase impossível resistir.
- Eu estou apaixonada por você- sussurro novamente ao pé do seu ouvido.
Ele me olha e sinto meu rosto pegar fogo, mas minhas costas estão incrivelmente mais leves agora, por mais que eu tivesse plena consciência de que ele já sabia, foi bom dizer em voz alta.
- Quer saber de uma coisa, princesa?- pergunta, enquanto alisa meus cabelos e encara meus olhos, sério.
Uma risadinha gostosa sai da minha garganta e adoro o jeito como seus dedos fazem cócegas no meu pescoço.
- Humm- murmuro com os olhos semi-cerrados.
- Acho que estamos no mesmo barco.
- Não duvide disso, amor- rio, mas ele não ri.
- O quê você disse?- pergunta com o semblante fechado.
Tapo a boca e ergo uma das sobrancelhas, meu coração bate mais forte por um momento.
O quê eu disse de errado?
Eu não sei.
Acontece que eu sou tão estabanada, falo tão rápido, atropelo-me nas palavras e nem lembro-me delas.
- Eu não sei- respondo rindo- eu disse alguma coisa de errado?
Ele hesita por um segundo e balança a cabeça.
- Nada. Devo ter ouvido errado.
Dou de ombros e suspiro.
Deito minha cabeça no seu ombro e minha respiração se acalma aos poucos, sentindo suas carícias mas minhas costas.
Ficamos assim por alguns minutos, conversando sobre as fotos que faremos na próxima semana e sobre minha possível festa de 18 anos, não acho que a ideia seja ruim, na realidade estou mesmo pensando em aderí-la.
- Você pode escolher o que quiser, mas se não quiser também...- diz.
- Eu quero, eu...- escuto a campainha tocar- deve ser a comida, já vou buscar. Vou usar meu cartão.
Saio do colo de Cam sorrindo e desço as escadas, pego a chave na mesa de vidro e o meu cartão que estava junto delas.
Destranco a porta e olho para o cartão de crédito azul em minhas mãos.
- Espero que vocês passem cartão...- olho para cima e sinto meu corpo tremer- Nash?
- Maren... Eu... Precisamos conversar- ele hesita antes de falar demasiadas vezes.
- Não- digo- vai embora...
- Não, por favor- implora desesperado- me desculpe... eu n...
De repente a raiva febre dentro de mim.
Mas que porra!
Ele poderia ter esperado a poeira abaixar que talvez eu pensaria em perdoa-lo, mesmo que a minha dificuldade com perdão seja imensa eu pensaria no caso dele.
Mas por que diabos ele teve que atrapalhar meu momento tranquilo de "limpar almas" com o Cam?
- Sai daqui!- grito- vai embora! Nunca mais volte! Eu não quero te ver...
Eu hesito na última parte e começo a chorar com força.
Não é fácil perder alguém que você gosta.
E eu sei que perdi Nash.
Perdi nossa amizade e perdi a chance de qualquer aproximação com ele e a minha maldita dificuldade em perdoar não ajudará nisso.
Um deslize me deixa muito irritada e amargurada.
A não ser que seja com Cameron, ele tem uma enorme capacidade de me fazer perdoá-lo em um estalar de dedos.
- Só sai...- digo- não piore as coisas.
- Não- responde, percebo mesmo no escuro que ele também está chorando- por favor, Maren. Eu te amo.
- Não use amor nisso, droga!- respondo- e você não sabe o que é amor! Você não me ama merda nenhuma! Não tente me persuadir.
- Que porra é essa?- Cameron desce as escadas e para ao meu lado- o que você tá fazendo aqui?
- Eu vim me desculpar com ela, porque eu a amo, Cameron. Eu me importo com ela- diz entredentes afim de provocar o garoto ao meu lado.
Merda.
Eu já estava prevendo uma grande briga entre esses dois.
- Não, não ama- digo baixinho, tentando manter a paz- só vá embora, Nash. É melhor para você. Melhor para todos nós.
Ele balança a cabeça e meu coração começa a se partir.
- Você vai mesmo querer ficar com ele sabendo dos vícios dele?- Nash aponta para Cameron.
Fico perdida.
Talvez seja isso que ele não quisesse me contar.
- Vícios?- viro-me para Cam e ele murcha.
- Conte a ela, Dallas!
- O quê?- pergunto.
- Não, Maren...- segura-me pelos ombros- ele tá mentindo, só para me afastar de vocês.
Queria que fosse, mas sei que não é.
- Não é- digo- diga-me a verdade!
- Eu sou viciado em drogas, mas não...- diz enquanto seus olhos me perseguem.
Sinto meu corpo amolecer, talvez eu possa desmaiar.
- Diga a ela quais drogas, porra!!- Nash gritou.
- Maren, isso não muda...- se segura- eu gosto de você de verdade, você vai me deixar eu...
Cam começa a balançar a cabeça demasiadas vezes.
Seguro seu rosto e olho em seus olhos.
- Diga-me, meu amor- dessa vez eu tomo conta do que digo.
- Eu sou viciado em remédios...
...
Cam é cheio de surpresas né monas?
amo HAHAHAHA
amo vocês ❤️
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro