Tendo Jezebel de Goya enrolada em seu corpo, ao ouvir a revelação de ter sido a própria cobra, a responsável por tê-la enfeitiçado, a jovem tentou pega-la. Mais uma vez, demonstrando extrema agilidade, o ofídio desvencilhou-se, saltando. Assim que o animal peçonhento caiu no chão, despareceu numa nuvem de fumaça para, em seu lugar, surgir uma mulher de corpo escultural, deslumbrantemente insinuante.

— Quem é você?

A mulher belíssima encarou Lana Kepler com olhar sensual, dizendo:

— Pergunta quem sou eu? Sou quem sou. Posso ter mudado a aparência, mas continuo sendo Jezebel de Goya.

— Quer dizer que Jezebel de Goya não é uma serpente?

— Jezebel de Goya é uma mulher que, vez por outra, transforma-se numa serpente, quando julga conveniente.

— E porque você julgou ser conveniente se transformar numa cobra, para se aproximar de mim? — Quis saber a garota.

— Que melhor maneira haveria de oferecer uma maçã enfeitiçada para uma jovem, se não na condição de serpente?

— Poderia você oferecer uma maçã enfeitiçada para alguém, numa bandeja, vestida de camareira, por exemplo.

— Gosto do me transformar em serpente. Acho divertido.

— O fato é, Jezebel de Goya, você surgiu diante de mim na forma ofídia de uma cobra peçonhenta, me ofereceu uma maçã enfeitiçada que, eu, inocentemente, aceitei e comi. A pergunta a ser feita é: Porque você fez uma coisa dessas comigo? Porque desejou me enfeitiçar, fazendo parir dentro do meu ventre, um odioso Cancêrxys? Na certa é você uma maldita cafetã, querendo me ver trabalhando num bordel como puta, para que venha ganhar dinheiro nas minhas custas.

A mulher aproximou-se de Lana Kepler vagarosamente, parando-lhe próxima. Disse num sussurro:

— Não seja tola, meu amor. Não é meu desejo transforma-la numa reles putinha de bordel. Tenho planos mais grandiosos para você.

— E que planos grandiosos tem para mim, posso saber?

— A enfeiticei, fui responsável pelo Cancêrxys que carrega em seu ventre pois, decidi que você, Lana Kepler, é minha nova Bondsex!

— Bondsex? Mas o que raios vem a ser uma Bondsex?

— Bondsex, minha querida, é nada mais nada menos, que uma agente secreta OO7.

— Bondsex é uma agente 007?

Jezebel de Goya sorriu, maliciosamente.

— Você confundiu-se, amor.

— Como me confundi? — Indagou aturdida.

— Lhe disse que você é minha nova Bondsex, uma agente secreta OO7, e não 007, entendeu?

— Não, Jezebel de Goya, não entendi patavina.

— Simples, querida. Você é minha nova agente secreta OO7, e não zero, zero, sete? Você é "O" de ovo, "O" de ouvido e sete. OO7! Não 007, captou?

— Estou pouco me lixando se deseja que seja sua agente secreta OO7 ou 007! Eu não quero, nem nunca serei uma agente secreta!

Jezebel de Goya sorriu, matreira.

— Você já é uma agente secreta!

— Porque você diz ser eu uma agente secreta?

— Porque simplesmente decidi assim!

— E você acha que pode sair por aí obrigando as pessoas a serem o que deseja, sem mais nem menos?

— No teu caso, minha querida e adorável Lana Kepler, posso afirmar que... SIM!

— E porque você acha que eu seria uma boa Bondsex?

— Você, Lana Kepler, daria... não! Dara uma excelente Bondsex, por ter uma qualidade que a torna perfeita para essa profissão.

— E que talento você diz eu possuir, que me habilita a ser uma boa Bondsex?

— É você uma Poliamorosa.

— E porque ser eu uma Poliamorosa, me habilitara ser uma boa Bondsex?

— As missões ultrassecretas que devem ser cumpridas por uma Bondsex, envolve amar.

— As missões ultrassecretas que devem ser cumpridas por uma Bondsex, envolve amar? Amar quem?

— É incumbência de uma Bondsex amar homens, amar mulheres, amar seres alienígenas, o espectro de possibilidades é deliciosamente amplo e variável.

— Terei ei que transar com homens e mulheres e, até seres alienígenas?

Jezebel de Goya voltou a sorrir, cínica.

— Você não irá simplesmente transar com homens, mulheres e seres alienígenas. Você irá fazer amor pois, uma Bondsex, ama todos aqueles que são alvos de sua investigação.

— E para ser uma Bondsex, é necessário, carregar no ventre um Cancêrxys? Um tumor que se alimenta de espermas contido em plasma seminal e, uma vez faminto, faz com que venha a ter dores lancinantes?

— Quem lhe disse tamanha barbaridade? — Admirou-se.

— Um Cancêrxys faminto, não fara com que venha a ter dores lancinantes?

— Não, de forma alguma!

— Mas a doutora Gilda Moliarte disse...

Jezebel de Goya riu.

— Gilda Moliarte é, sem dúvida nenhuma, uma Magatec brilhante, mas, vez por outra, erra em suas avaliações. Pois fique sabendo minha adorável Lana Kepler que, o Cancêrxys que carrega no ventre, não lhe será fonte de martírios. Muito pelo contrário, é ele sim uma ferramenta poderosíssima de obtenção de informações.

— Como, um Cancêrxys, pode ser uma ferramenta poderosíssima, de obtenção de informações?

— Não irei lhe responder essa pergunta — afirmou a mulher, categoricamente.

— E porque você não deseja esclarecer essa questão para mim?

— E não disse desejar que fique na ignorância do porquê, ser um Cancêrxys, uma ferramenta poderosíssima de obtenção de informações.

— Mas se não deseja responder minha pergunta...

— Não a responderei, isso é fato! Quem respondera a essa pergunta, será o teu Cancêrxys, não eu.

— Eu posso falar com o meu Cancêrxys, como? — Espantou-se a jovem.

— Sim!

— E como posso falar com meu Cancêrxys?

— Basta chama-lo pelo nome.

— Meu Cancêrxys tem um nome? Como se chama meu Cancêrxys?

— Teu Cancêrxys, Lana Kepler, se chama Pyloo Rusty.

***

O Cancêrxys tem um nome? Me deem estrelinhas que agora, fiquei pasmo. Preciso de muitos votos para absorver essa estarrecedora novidade. Nada mais escreverei aqui pois, vou desmaiar de susto. Beijos, fique na paz que, cai... ZZZZZ...