Lana Kepler sentia-se angustiada, sozinha em seu quarto. Sozinha?

Levantou a blusinha do baby doll, mirou sua barriga estivesse gravida sabendo que, dentro de seu útero, habitava uma criatura nefasta chamada Cancêrxys, com seus tentáculos, espalhados por suas entranhas. Foi acometida de uma agonia tão profunda que, por um momento, bem pensou em pular da torre, suicidando-se. Tal pensamento naufragou quando viu...

— Você? — Indagou no mesmo instante em que, furiosa, avançou... — Vou esgana-la...

Lana Kepler partiu para cima da serpente Jezebel de Goya, movida pela determinada intensão de estrangula-la se bem que, o termo "estrangular", no dicionário, tem o seguinte significado: "É o ato de apertar o pescoço de alguém". O que nos leva a seguinte pergunta: Cobra tem pescoço? Como a resposta para essa pergunta é: Não! Não havia possibilidade da garota estrangular uma serpente até porque, o ofídio, é muito ágil, possuindo mesma habilidade que tem para dar um bote ligeiro em suas vítimas, também o tem para escapulir.

— Porque deseja comprimir um pescocinho que nem tenho? — Indagou Jezebel de Goya, saltando de lado.

— Você ainda pergunta, sua cascavel dos infernos?

— Ué! O que fiz euzinha para despertar em você, tanta fúria contra mim?

— Você me deu uma maçã envenenada!

— EU!? Eu lhe dei uma maçã envenenada, quem lhe disse isso?

— Quem me disse que comi uma maçã envenenada foi a Cindy!

— A Cindy disse que lhe dei uma maçã envenenada? Como ela pode saber uma coisa dessas se, a infeliz, mal me conhece?

— Ela sabia porque sabia! Ela sabia por ser uma princesa muito inteligente!

— Tão inteligente que tem um vibrador que é uma espada.

— A Cindy Shell tem sim um Sabre de Luz, sua celerada!

— Você me chamou de celerada?

— Sim, chamei, e daí?

— Não se deve chamar ninguém de celerada!

— Ué! E porque não? Ficou magoadinha, é?

— Sabia que chamar alguém de celerada é muito feio e, aliás, o que celerado?

— Você fica triste porque alguém a chamou de uma coisa que, nem sabe o que é? Como pode?

— Pelo jeito que falou, pensei, coisa boa não é!

— Não desvie do assunto não, dona Jezebel de Goya. Além do mais, desde quando, um Sabre de Luz, é um vibrador?

— Eu é que pergunto: Por um acaso, Sabre de Luz não vibra?

A pergunta feita na lata, ao ser ouvida, deixou, Lana Kepler, momentaneamente, confusa.

— Pensando bem, acho que Sabre de Luz vibra... vibra?

— É logico que vibra, e como! Além de vibrar, tem o lance da luzinha piscando toda assanhada.

— É mesmo! Só não pode esfregar a luzinha na periquita...

— LANAAAAA!

— Ué! Deu para ficar moralista agora, dona Jezebel de Goya? E não mude de assunto não, pergunto: Porque você, criatura, me deu uma maçã enfeitiçada?

— Não tem como ninguém saber que lhe dei uma maçã enfeitiçada.

— É uma suposição plausível, não acha? Uma serpente oferecer para alguém uma maçã, é algo por demais suspeito, não acha?

— Se tivesse lhe dado uma banana, ninguém iria desconfiar de mim!

— Iam desconfiar do mesmo jeito, até porque... vamos, responda: Porque uma cobra sairia por aí arrastando uma fruta qualquer, enrolada no rabo? Você não estranharia?

— Estranharia se uma cobra saísse por aí, arrastando uma melancia, já uma maçãzinha, acho perfeitamente normal. Na minha família, é comum as cobras saírem para passear, carregando uma frutinha.

— Eu nunca vi uma coisa dessas! Aliás, nunca tinha visto uma cobra antes, a não ser você.

— Me sinto envaidecida.

— Pois eu, não!

— E pare de mimimi, senhorita Lana Kepler, se liga! Pergunto: O que você andou comendo na festa?

— Na festa? O que comi? Sei lá! Quase nadinha de nada. Sou muito frugal na minha alimentação, sabe como é, moçoila que sou, não desejo perder minha cinturinha de pilão, ficando gordinha.

— Não vem com lengalenga. Vamos, me diga, o que comeu na noite passada?

— O que comi, deixa ver se me lembro... comi, acho, uma empadinha, uma coxinha, um pastelzinho... pastelzinho de queijo... hummmmm... muito bom, só de pensar me deu agua na boca. Acho que também comi um rabanete...

— Você comeu um rabanete? Aff!

— Qual teu problema com os rabanetes? Sabia que comer rabanetes faz muito bem a saúde?

— Tá, tá, sei... mas me diga, garota, o que mais comeu?

— Depois do rabanete?

— É!

— Acho que comi... — murmurou coçando a cabeça. — Acho que comi uma cocha de faisão, seguido de abacate com farofa.

— E desde quando se come abacate com farofa?

— É verdade! Ninguém come abacate com farofa.

— Mas você comeu.

— É, comi, é verdade.

— E porque comeu um treco desses?

— Sei lá! Estava eu sentadinha na mesa, o abacate estava lá me olhando, do lado, tinha uma travessa de farofa... achei na hora que, a combinação, daria certo.

— E deu?

— Que nada! Abacate com farofa é horrível! Credo! Ainda bem que depois dessa infelicidade alimentícia, cai de boca na feijoada.

— Depois de comer abacate com farofa, você entrou na feijoada?

— Adoro feijoada! Quando vejo uma, não resisto. Comida deliciosa, mas muito pesada, sendo seu grande perigo...

— Qual o grande perigo da feijoada?

— O grande perigo da feijoada é a azeitona.

— Como assim? Porque o grande perigo da feijoada é a azeitona?

— Dizem que a azeitona da feijoada engorda.

— Engorda, como?

— E eu lá sei! Mas ouvi de fonte fidedigna que, a azeitona da feijoada é perigosíssima.

— Mas, pelo que sei... desde quando feijoada tem azeitona?

— Aqui no reino, toda feijoada tem azeitona. Os cozinheiros costumam carregar...

— E o que mais você comeu depois da feijoada?

— Comi... Sanduiche de mortadela com caldo de cana, mais macarrão e, de sobremesa...

— Depois de tudo isso que comeu, teu estomago ainda tinha espaço para sobremesa?

— Ué! Porque do espanto? Sou novinha, estou em fase de crescimento. Preciso me alimentar bem.

— Tá, tá, então me diga, o que você comeu de sobremesa?

— Macarrão!

— Você comeu de sobremesa, macarrão?

— Com bastante molho vermelho!

— E desde quando macarrão com molho vermelho é sobremesa?

— Sabia que macarrão contem glúteo e, uma vez digerido, vira açúcar no sangue? Sabia?

— Não, não sabia!

— Pois fique sabendo, dona Jezebel de Goya.

— Você come um monte de coisas, depois tem a cara de pau de me dizer que, minha maçãzinha, estava enfeitiçada? Por um acaso, não poderia uma azeitona da feijoada que comeu, estar enfeitiçada?

— Pensando bem, a pergunta que acabou de me fazer é bem plausível.

— Viu! Você fez uma acusação sem ter prova alguma, sendo nada mais, nada menos, que uma mera e odiosa suposição, não é verdade?

— Pensando bem...

— Pensou o que pensou só porque uma cobrinha, num passado distante, deu uma maçã para Eva e, por causa disso, todas as outras cobras da face da terra, tem de carregarem esse julgo pesado, essa odiosa desconfiança.

— Mas você tem de convir que, uma cobra arrastando uma maçã enrolada no rabo, depois dando-a para alguém, é muito suspeito, não acha?

— Não, não acho senhorita Lana Kepler. Suspeito seria a bicha carregar uma melancia.

— Adoro melancia!

— Difícil é saber o que não gosta de comer, sendo tão glutona. Não engorda de ruindade.

— Mas Jezebelzinha...

— Agora está me chamando de "Jezebelzinha", é?

— É minha maneira carinhosa de pedir desculpa.

A serpente se enrolou na jovem, dizendo:

— Lhe perdoou, minha linda.

— E quem, amiga, poderia ter me dado algo enfeitiçado para comer?

O ofídio emudeceu por alguns segundos antes de dizer:

— Eu!  

***

Essa conversa me deu fome. Você me daria uma estrelinha pois, com essa estrelinha dourada posso ir num restaurante comer uma farofa com abacate.... Lana não gostou, mas creio que com teu votinho, vou adorar. Se gostou, divulgue esse livro maluco, principalmente para os inimigos, para infernizá-los e... SAIU! Se adora o livro da Cindy Shell, compre e divirta-se. Caso seja menor de idade, peça para teu pai, afinal de contas, para que serve um lindo papai querido se não deixar sua filhinha feliz da vida, eim? Link do site CLUBE DE AUTORES, da página do livro, no perfil. E prepare a boquinha para rir bastante. Beijos e, fique na paz!