Capítulo 39 - PENÚLTIMO
Havia muito barulho, uma luta feia devia estar acontecendo por perto. Também havia vários cheiros fortes, suor, sangue e sofrimento. Houve um estrondo do meu lado e farpas de madeira voaram em mim, pelo menos eu acredito que era isso. Um rosnado alto e feroz se sobressaiu a tudo.
Theo!
Tentei abrir meus olhos, mas não consegui. Eu ainda estava retomando o controle do meu corpo. Puxei o ar para respirar fundo, mas foi uma péssima ideia, já que eu ainda tinha um cristal cravado no meu coração.
Algo pingou no meu rosto, apenas gotículas, alguém fazia carinho no meu cabelo. Era um cheiro conhecido, um pouco doce, o carinho era delicado, materno.
- Luana! Venha! - Ebony gritou perto de mim.
- NÃO! Eu não posso deixa-la - ela chorou em cima de mim. Eu queria falar que eu estava viva, mas eu não conseguia. Meu corpo estava tão pesado, que eu me sentia presa dentro de mim mesma.
Mais um estrondo, mais perto dessa vez.
- Lu, por favor - Emily implorou, sua voz denunciava o choro - não há mais o que fazer.
- NÃO! - ela me segurou ainda mais forte. Eu ordenava para o meu corpo reagir, mas nada acontecia - Ela é a minha filhote! Eu não vou abandonar a minha filhote!
- Luana! - Emily gritou, ela deve ter puxado minha sogra de perto de mim, porque eu não senti mais seus braços - Eu sinto muito, mas ela está morta! Se não sairmos daqui, também estaremos! Nossa família não pode perder mais alguém, por favor!
Luana chorou mais alto e eu queria gritar "Eu estou viva", mas minha boca não me obedecia. Exigindo toda a minha força, consegui mexer meus dedos, mas eram movimentos quase imperceptíveis. Algo pareceu explodir do meu lado, eu senti o chão tremer e coisas caíram em cima de mim, não me soterrando, mas cobrindo parte do meu corpo.
Gritos, muitos gritos. Rosnados. Sangue em todo lugar.
Minha mão tremia com o esforço, eu podia sentir isso, mas eu precisava retomar o controle de mim mesma. Pensa Eve, Pensa!
Quando eu vi Theo morrer, foi porque Ralph usou a espada para atravessar o coração do meu namorado, mas Theo voltou quando eu retirei a espada. Só que como todo mundo, aparentemente, já achava que eu estava morta, ninguém ia puxar o cristal. Até porque ele fere a todos, menos a mim.
E também tem o detalhe de que uma luta acontecia no mesmo cômodo.
Ouvi uivos, outros lobos estavam por perto.
Os Ackers estavam chegando!
Puxei o pouco ar que eu conseguia por vez, meus pulmões ardiam e meu corpo estava tenso, consegui levar a minha mão até meu abdômen. Precisei parar para respirar um pouco e então minha mão foi se arrastando lentamente até meu peito. Mais uma pausa para descansar, o silêncio do lobo dentro de mim me deixava angustiada. Theo não estava me sentindo, já que eu também não o sentia, isso deve ter dado a ele a certeza que eu morri. Eu nem queria imaginar a sua dor quando ele chegou ali e encontrou o meu corpo sem vida.
Toquei o cristal, ele estava levemente quente, fechei meus dedos em volta dele, respirei o mais fundo que eu pude, o que nem era muito, e o puxei com toda a força que eu consegui.
Eu senti, milímetro por milímetro, enquanto ele saia do meu peito. Parecia me rasgar de novo, cortando minha carne e levando sangue com ele. Ao mesmo tempo que eu ficava mais forte a cada novo centímetro conquistado, eu senti muita ânsia e tontura. Meu corpo, já tão machucado, não sabia se podia suportar aquilo, mas era necessário.
Assim que o cristal saiu, virei para o lado e comecei a vomitar sangue escuro e pegajoso. O lobo no meu peito começou a se revirar e uivar tão alto, que parecia estar do meu lado. No mesmo momento, Theo começou a rosnar como louco, uivava e se debatia. Eu tive certeza que ele só não foi até mim, porque deviam estar o prendendo.
Sem tempo para me recuperar totalmente, me sentei e observei a cena. Quatro lobos seguravam Theo contra o chão, um deles usava grossas luvas de couro e segurava correntes, correntes que ele estava usando para prender o meu lobo. Um quinto segurava uma espada, que parecia muito pesada e de prata, pronto para cortar a cabeça do meu namorado.
Ninguém tinha me visto porque o aquilo que tinha caído em mim, era parte do próprio altar que eu estava. Provavelmente Theo tinha tirado meu corpo do meu do lugar onde eu tinha sido morta e me levado para ali, para que eu ficasse segura. Talvez ele ainda tivesse esperanças que eu pudesse voltar, ou só quis me preservar, tanto que ele tinha me deitado por cima da sua jaqueta.
"Abaixa" gritei na minha mente e Theo se jogou no chão, na mesma hora. Chutei o maior pedaço de madeira e ele voou por cima do meu namorado, acertando dois lobos, que foram arremessados para trás. Eu não me dei conta do quanto meu corpo estava mais forte e ágil, até correr contra os lobos e chegar junto com a madeira, o que não deu tempo para ninguém reagir, então enfiei o cristal na garganta de um dos lobos, a rasgando de um lado para outro.
Um barulho grotesco de tecido molhado sendo rasgado veio de trás de mim, me virei e me deparei com Theo, em transformação inteira, segurando a cabeça de um lobo, enquanto o corpo desabava no chão, mais para trás. Ele me encarava com olhos brilhantes de lágrimas, andou até mim cambaleante, derrubando a cabeça, o que me fez rir baixo, então caiu de joelhos na minha frente e abraçou minha cintura com força.
- Eu sei, mas agora está tudo bem, eu voltei - falei fazendo carinho nele - Nós prometemos, lembra? Eu sempre vou voltar para você!
Ele chorava muito, sua transformação foi regredindo até chegar a forma humana. Seu aperto a minha volta se intensificou, seu corpo tremia e as lagrimas rolavam desenfreadamente.
- Eu te vi... morta... - ele falava com muita dor - eu te perdi... eu não pude... me perdoe...
- Eu que te peço perdão, mas acredite, foi necessário - puxei seu rosto até o meu, olhando em seus olhos - Isso nunca mais vai acontecer, eu nunca mais vou partir!
- Não me deixe, por favor! - ele implorou - Nunca!
O lobo que segurava a espada recuou assustado, a derrubando no chão. As marcadas não estavam mais lá, a porta estava entreaberta e havia alguma grande confusão no andar debaixo, várias pessoas, vários rosnados e cada vez mais próximos de nós.
- Eu nunca vou te deixar, estaremos juntos até o fim - eu falei ignorando a tudo e todos - Meu Rei.
Theo me olhou em confuso, então sua expressão foi substituída por uma de dor. Ele colocou uma das mãos na cabeça, seu corpo foi se encurvando, tamanha a dor que sentia. Ele piscava sem parar, tentando assimilar tudo o que estava acontecendo, ele caiu de joelhos e começou a vomitar sangue, assim como eu tinha feito a pouco.
- Vai ficar tudo bem - passei a minha mão sobre sua testa, sua pele brilhava com o suor - Confie em mim.
- Eu. . . confio em você. . . Rainha. . . - ele ofegou de dor e vomitou ainda mais.
Minha mente estava repleta de conhecimentos que eu nunca tive como Eve, mas na minha vida passada, eu dominava todos. Usando o sangue que escorria da boca dele, desenhei em sua testa a lua crescente, o nosso símbolo. Do meio do desenho da lua, comecei a puxar algo, primeiro eu não conseguia achar, mas fiquei sussurrando "Inveniet", até sentir o tecido nos meus dedos.
- Apenas respire - eu falei e comecei a puxar. Theo gritava, seu corpo ficava oscilando entre a forma humana e a meia transmutação - Está quase acabando.
Assim que eu consegui puxar o suficiente, usei o cristal para rasgar a tira de pano vermelha, que se soltou e veio inteira na minha mão. Theo caiu para trás respirando muito rápido, ele teve tempo de se virar e vomitar mais sague. Me ajoelhei e fiquei passando minha mão em suas costas, o confortando.
- Nós...isso é possível? - ele perguntou ofegante, seu corpo ainda eliminando todo o sangue escuro.
- Theo, com uma história como a nossa, o que não é possível? - perguntei de volta sorrindo e ele riu, mas acabou se engasgando com outra onda de sangue sendo vomitado - Eu também passei por isso, já passa, você precisa colocar tudo isso para fora.
A porta foi escancarada, Chavi e outros entraram apressados, mas ele paralisou quando me viu. Seu rosto mostrava o choque absoluto e eu me diverti com aquilo.
- Não, não é possível! - ele falou confuso e eu comecei a rir - Eu te matei! - agora ele gritava - Eu te vi sangrar até a morte, como você pode estar aqui?
- Se eu te disser que eu vim retomar o lugar que é meu por direito, você acredita? - perguntei e Theo riu, ainda eliminando o sangue.
- Quantas vezes eu vou ter que te matar? - Chavi pegou a espada que estava no chão e veio na minha direção.
- Antes de você tentar qualquer coisa, acho que você precisa saber de algumas coisas importantes - eu o avisei, mas ele não parecia querer me dar ouvidos. O que era até bom, eu não estava afim de conversar com ele, só de mata-lo mesmo.
- Eu não sei como você conseguiu avisar sua família, mas os Acker estão aqui, eu estou cansado de vocês me enchendo o saco e me atrapalhando, principalmente você! - ele apontou a espada para mim - Vou acabar com você, de uma vez por todas e vou fugir, vou voltar para o meu verdadeiro Alfa e vamos terminar o que começamos, exterminar cada um de vocês!
- Você é burro ou o quê? - perguntei - O seu plano é o pior plano que eu já vi, não tem lógica! Você quer sacrificar duas espécies só porque você é o Segundo Lobo no comando? Achou que assim seria Alfa? Como você vai ser Alfa Marcado de quer matar todos os Marcados?
- Eu não sou mais um Lobo Marcado! - ele respondeu frio.
- Você está renegando o seu sangue? - eu o encarei séria - Você renegou sua espécie por ganancia, sabe o que isso significa?
- Não me importo - ele iria me golpear com a espada, direto na minha garganta, cortando meu pescoço ao meio, mas eu apenas sorri pela burrice dele.
Theo entrou na frente, segurando a lâmina da espada com apenas uma das mãos.
- Significa que agora você é vagante - Theo falou - você não passa de uma pária. Agora podemos fazer o quisermos com você!
- E o que você vai fazer? - ele provocou e Theo sorriu, depois o socou tão forte, que ele voou até a outra parede.
- Como? - Chavi se levantou atordoado.
- Eu ainda acho que você devia me ouvir - eu falei.
- Cale a boca! - ele gritou - O que estão esperando, peguem eles! - os três lobos que tínhamos deixado vivos e mais três que tinham entrado com Chavi, nos olharam hesitantes.
- Ela voltou do mundo dos mortos - o lobo que antes tinha derrubado a espada de medo, murmurou. Ele realmente estava assustado comigo - Se ela voltou do próprio inferno, o que podemos fazer? Vamos embora, melhor deixar ela em paz.
- Na verdade, esse é um erro bem comum, mas marcados, normalmente, não vão para o inferno. Marcados são tocados pela luz, então nós vamos para o céu. Só vai para o inferno quem é tocado pelas trevas - eu o corrigi - Bem, eu acho que eu vou para o inferno porque já matei vário lobos e ainda vou matar vocês, mas sou um caso à parte.
- Chavi - outro lobo falou - ele tem razão, melhor irmos embora.
- Acho que estão com medo de você - Theo falou para mim, sorrindo de canto.
- E por que não teriam? Pretendo mata-los mesmo - dei de ombros.
- Covardes! - Chavi gritou. Estou achando que ele realmente me odeia! - Ela é só uma garotinha e ele é um lobo adolescente! Matem agora ou falarei para o Alfa da sua covardia, vocês sabem o que ele fará com vocês!
- Olha, tenho certeza que não será pior do que nós dois faremos - indiquei Theo e eu.
Mas, como ninguém nunca me escuta, três lobos se encaram, como se combinassem algo e avançaram contra nós. Só que meu namorado, sendo o egoísta que é matou dois logo de primeira. Theo, ainda na forma humana, bateu a cabeça de um lobo contra a outra, esmagando seus crânios e fazendo os ossos em pedaços. Eu acho que vi pedaços de cérebro, o que foi bem mais nojento na vida real do que é nos filmes.
O outro que tinha avançado sobre mim, eu apenas precisei esperar que ele chegasse perto, desviei de suas garras e enfiei o cristal na sua garganta. Um pouco parecido com o que eu tinha feito com outro, um pouco antes. Mas Theo tinha que se mostrar, puxou esse lobo e arrancou sua cabeça.
- Exibido - resmunguei - Vai me escutar agora?
- Foda-se! - Chavi veio para cima com outro lobo, enquanto os outros dois fugiam, correndo desesperados pelas suas vidas.
Theo foi de encontro a eles, chegando a meia transformação enquanto caminhava. Ele socou o peito do lobo tão forte, que sua mão atravessou o corpo dele. Theo retorceu seu braço, sangue escorreu da boca do lobo, meu namorado puxou sua mão e o corpo desabou no chão.
- Você vai limpar esse braço antes de me tocar - eu o avisei.
- Dramática - Theo revirou os olhos me provocando.
- Morra! - Chavi gritou. Nesse meio tempo, ele tinha conseguido pegar a espada de volta e estava atacando Theo com ela. Mas Theo segurou a lâmina entre seus dedos, como se fosse uma simples folha de papel.
- Minha Marcada estava certa, você devia tê-la escutado - Theo falou - esses símbolos na espada significam que ele é uma das relíquias dos Originais, ela pertencia ao Alfa Original dos Marcados, assim como aquele cristal pertencia a Azzare, você os encontrou no mesmo lugar. Ela foi forjada pelo Arcanjo Rafael e entregue a Genn como forma de agradecimento, ela simboliza poder e é uma das armas mais mortais que existem na Terra - meu namorado dizia tudo calmamente. Ele fechou sua mão em torno da lamina, o que deveria tê-lo cortado, mas nada aconteceu, porque a espada nunca o machucaria - Essa espada é leal ao Alfa Original e sua Marcada, ela nunca os feriria - Theo virou seu punho rapidamente, levando a espada e a arrancando das mãos de Chavi que recuou muito assustado - Ela é a minha!
Passos apressados no corredor e a sala foi invadida por vários lobos, alguns em meia transformação, outros em transformação inteira. Lá estavam James, Jonathan, Corey, Caio, Arthur, Marcelo, Hugo, Henrique e Wong. Junto com eles vinha Vlad. Eles formavam um grupo interessante e nos olhavam confusos, sem entender a cena com que se depararam.
Chavi aproveitou desse momento e avançou sobre mim, indo para meia transformação e me golpeando de cima para baixo. Suas garras entraram um palmo acima do meu umbigo, tentando me rasgar por dentro, talvez tentando chegar até meu coração.
Foi um daqueles momentos em que se vê tudo em câmera lenta. Eu podia ter evitado o ataque, Theo também poderia, mas não o fizemos. Cada lobo reagiu instantemente, seja com preocupação, dor ou raiva. Senti o sangue subindo pela minha garganta e escorrendo um pouco pelos lábios, me fazendo tossir, a expressão de satisfação de Chavi era clara. Ele até podia morrer, mas estava feliz por ter me matado.
Wong, em meia transformação e com toda sua aura negra, foi avançar, o primeiro a tomar alguma atitude ali, mas Vlad o segurou. Não tinha se passado mais do que dois segundos, mas para mim foi como se fosse um minuto inteiro observando todas as reações.
- Eu disse para você me escutar - eu segurei o punho de Chavi e me soltei de suas garras, como se fosse apenas algo preso em minha roupa. A expressão dele era de medo, então sua mão, suja do meu sangue, começou a se retorcer, ele tentou segurar os gritos de dor, mas sua expressão o entregava - Ajoelhe-se e fique quieto! - eu gritei e ele caiu de joelhos no mesmo instante, mesmo sem saber sem o porquê.
- Sua arrogância foi o que te matou - Theo falou se aproximando de mim, ficando do meu lado - Você nunca entendeu verdadeira história do seu próprio povo, o renegou e ainda cometeu atrocidades contra aqueles que deveria proteger. Agora, você acabou de cometer o pecado original - Chavi nos encarava totalmente confuso. Aliás, tirando Vlad e Wong, todos estavam assim - Já ouviu falar de Sanguinem maledicta?
- A Maldição do Sangue - Vlad respondeu, já que ninguém tinha entendido - É uma maldição que todo ser das trevas carrega no seu sangue que diz que se você tentar ferir seu próprio pai, ou mãe no caso, seu corpo sofrerá terríveis consequências. Você definhará até a morte, mas será um longo e doloroso caminho até morrer.
- Chavi Najjar - eu falei - nessa vida você nos conhece como Eve e Theo Acker, mas na vida passada éramos Genn e Azzare.
- Seus Reis - Theo completou.
A sala inteira estava em silêncio, ninguém falava nada, eu mal ouvia as respirações. Eles nos encaravam estupefatos, quer dizer, menos Vlad que parecia até um pouco entediado, e Wong, que parecia aliviado?
Os olhos de Chavi esbugalharam em puro terror, seu corpo começou a convulsionar e ele caiu no chão com violência. Seu corpo tremia muito, ele se debatia no chão e uma espuma escura começou a escorrer pela sua boca, mas em nenhum momento ele conseguiu emitir nenhum som.
- Você vai morrer em silêncio e sozinho - eu disse para ele - eu poderia ter pena e te matar. Eu poderia pedir para que qualquer um aqui te matasse e acabasse com a dor que você está sentindo, mas não eu não tenho dó de você. Isso é por Nora, por William, por Madelaine e por todos os outros Marcado que você matou! Você não teve misericórdia por eles, então não terei por você.
- Você nos renegou, eu não tenho mais nada a ver com o que acontece com você - Theo deu de ombros e se virou de costas para ele.
Nós encaramos nossa família, que ainda não parecia ter assimilado nada do que tinha acontecido. James andou até nós, ele parecia estar em uma espécie de transe, então se jogou na nossa direção e nos abraçou fortemente. Ele chorava.
- Eu achei que tinha perdido vocês - ele falou - Disseram que Eve estava morta e que Theo tinha se sacrificado para que as outras marcadas pudessem escapar.
- Meio que foi isso, mas estamos bem agora - eu respondi tentando acalma-lo.
- Pai, está tudo bem - Theo disse abraçando de novo seu pai, que respirou fundo e limpou as lágrimas.
- Bro - Arthur falou chegando até nós, todos eles vieram e começaram a nos abraçar - vocês precisam nos explicar que loucura foi tudo isso, ninguém entendeu nada.
- Nós vamos explicar tudo, mas é melhor sair daqui primeiro - Theo respondeu.
- Sim, ainda tem uma luta acontecendo lá fora - Wong falou - depois precisamos conversar sobre tudo isso e o futuro.
- Isso parece tão reconfortante - eu bufei - espera! - eu corri pegar a cabeça do lobo, aquela que Theo tinha arrancado com as próprias mãos (patas no caso).
Não sei se o mais estranho da situação era nós todos descendo as escadas correndo para a tal luta, sendo que alguns estava nus (quando você volta da transformação inteira, suas roupas não voltam com você). Ou se era o fato de eu estar carregando uma cabeça decepada e ninguém perguntou ou se incomodou com isso.
A entrada do lugar, aquele mesmo lugar que Chavi tinha me ameaçado antes, estava parecendo um cenário de filme de guerra. Havia lobos de todos os lados que brigavam até a morte. A guarda de Wong estava presente, mas havia lobos de outros clãs e, no mesmo número, lobo vagantes de diferentes raças. Estávamos em uma sacada que ficava no primeiro andar, os lobos que me acompanhavam estavam prestes a pular quando Theo rosnou tão alto, que ecoou por todo lugar. Aquilo foi tão alto e assustador que mais pareceu um rugido, do que um rosnado e Theo estava na sua forma humana.
Todas as lutas pararam ao mesmo tempo e eles se viraram para nós. Obvio que todos olharam para Wong, já que ele era o Alfa presente e eles não tinham visto quem tinha rosnado, mas só um verdadeiro alfa poderia ter feito aquilo.
- Escutem todos - eu gritei - a batalha acabou, o líder de vocês está morto e nós ainda estamos de pé - a maioria ali estava chocada de ver Theo e a mim inteiros e bem, mesmo que nossa aparência não fosse das melhores. Aparentemente, a notícia de nossa morte já tinha sido espalhada por aí - Desistam da luta, acabou!
Eu joguei a cabeça do lobo no meio deles, que caiu e ainda rolou um pouco se perdendo no meio dos nossos espectadores. Eles não tinham reação, os nossos adversários se entreolhavam, sem saber o que fazer.
- Morram tentando ou se entreguem e, talvez, ganhem misericórdia - Theo falou.
- Eu prefiro que tentem, seria muito mais divertido - Vlad comentou e, como sempre, ele parecia bem entediado com tudo aquilo.
- Todos os Alfas Lobos já sabem do ocorrido, os vampiros estão do nosso lado e nós firmamos aliança com as outras duas espécies originais, ou seja, os Venins e os Bruxos estão do nosso lado, vocês realmente querem ficar contra nós? - Wong se pronunciou. Mesmo falando calmamente, sua voz era ouvida por todos ali.
Os lobos Marcados se aproximaram de nós, como se nos protegessem. Os outros ficaram receosos, eu podia ver alguns queria fugir e outros se entregar.
- Vocês têm um lobo que os lidera, acima até de Chavi, ele se auto intitula o "Verdadeiro Alfa" - eu falei - ele tinha o propósito de nos matar, mas ele não tem ideia do que provocou. Ele tratou os Marcados como presa, mas o avisem que quem virou a caça foi ele. Nós vamos encontra-lo e terei o prazer de mata-lo! Ninguém mexe com a minha espécie, com a minha família e não sofre as consequências!
- Ajoelhem-se ou tentem fugir, vamos ver quem sobrevive - Theo desafio.
Os lobos demoraram para reagir, mas então alguns, mais da metade, voltou a forma humana e foram se ajoelhando, colocando as mãos atrás da cabeça. Os outros lobos ficaram revoltados com essa atitude e nos lançavam olhares de ódio. Gritaram coisas ofensiva e ameaças que eu não fiz a menor questão de tentar entender e começaram a correr, fugindo de nós.
- Líder? - Marcus, que estava no meio dos que lutavam, perguntou para James. Meu sogro se virou para mim, esperando que eu falasse algo.
- Não me importo com o que façam, apenas preciso que a mensagem seja entregue.
- Deixem pelo menos três vivos, para termos certeza que esse tal "Alfa" vai receber o aviso, matem o resto - Theo falou.
Marcus olhou para James, buscando a confirmação das ordens, James concordou com a cabeça e dezenas de lobos se transmutaram de forma inteira e correram atrás dos lobos que fugiram.
Apenas mais um capítulo e chegamos ao fim...
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