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Capítulo 23

— Me solta — ela me empurrou, dos seus olhos vermelhos grossas lágrimas escorriam, borrando a maquiagem cuidadosa que Aninha tinha feito. O vestido lilás, que ela disse que a tinha feito se sentir uma princesa, estava rasgado
Uma das mangas tinha quase sido reduzida a uma fina tira de pano que caia por seu ombro.
— Por favor Hannah — eu insisti — o que eles fizeram…
— NÃO! Eles tem razão, eu sou uma aberração! Um monstro — ela gritou em lágrimas — Eu sou…
-- Não, você não é! Você é linda, incrível, inteligente, é a garota mais especial que eu…
— NÃO! EU NÃO SOU NADA! NÃO SOU UMA GAROTA, NÃO SOU UM GAROTO, NADA MAIS QUE UMA ABERRAÇÃO!
— Hannah, não…
— Me deixa, Eve — ela caiu de joelhos, ainda chorando — só me deixa aqui. . .
— Hannah…
— Eve? — levantei a cabeça na hora, vendo Henrique se aproximar. Ele estava confuso, aquela situação só ficava pior, era o pior momento para ele encontra-la.
— Henrique — eu corri até ele — espera! Me deixa te explicar, por favor — eu fui o empurrando para trás, tentando distancia-lo um pouco dela, pelo menos para explicar tudo. Hannah ainda estava no chão chorando.
— Que porra é essa? É verdade que você encontrou minha marcada e não me disse? — ele estava bravo, muito bravo.
— Calma, eu juro que vou te explicar. Mas a situação é muito complicada e agora não é o momento e…
— EVE! Cadê ela?
— Henrique, eu tenho que te contar algumas coisas. A Hannah não é uma garota comum. Ela…
— Hannah? — seus olhos brilharam — Onde ela está?
— Que porra! — eu gritei — Será que dá pra você me escutar? Caralho! Não se trata de você, se trata dela!
— O que houve? Fizeram algo com ela?
— Hannah não nasceu no corpo de uma menina — eu disse em voz baixa, seus olhos se arregalaram — ela está presa num corpo que não é o dela! Hoje ela se arrumou para te encontrar, mas quando chegamos aqui, encontramos com irmão dela e. . . Nada saiu muito bem — eu baixei meus olhos, tudo aquilo era tão difícil.
— O que fizeram com ela? — ele rosnou baixo, assustadoramente.
-- Fisicamente apenas um vestido rasgado e uns puxões no braço. Mas psicologicamente o estrago foi feio.
—  Onde ela está? Por favor Eve, eu preciso vê-la!
Eu vi a sinceridade nos seus olhos, ele estava preocupado, desesperado. Eu não podia ficar no meio, agora era com ele. Eu saí dá frente, deixando que ele a visse. Hannah ainda estava no mesmo lugar, ajoelhada, de cabeça baixa, com os cabelos no rosto e lágrimas escorrendo.
— É ela? — ele perguntou maravilhado, bem parecido com a primeira vez que Hugo tinha visto Bernardo.
Eu concordei com a cabeça, ele andou até ela, se ajoelhando na sua frente.
— Oi — ele disse e ela o olhou assustada, com medo. Henrique sorriu, tentando mostrar confiança — me chamo Henrique, você é a Hannah, não é?
Ela ainda o olhava assustada, confusa. Me olhou, como se pedisse alguma ajuda, eu apenas sorri e confirmei com a cabeça.
— Eu... — ela praticamente sussurrava — eu... Não, eu não acho que sou… — ela olhou para baixo.
— Sério? — Henrique colocou uma mecha do cabelo dela atrás dá orelha — Eve mentiu seu nome? Sempre soube que não dava para confiar nela — ele disse exageradamente, fazendo Hannah esboçar um sorriso — Mas é uma pena, Hannah combina muito com você.
— Você acha? — ela perguntou esperançosa, os olhos brilharam.
— Sim! Sabe, meu tio é o melhor advogado do mundo, podemos falar com ele e consertamos esse erro.
— Erro?
— Sim, é um erro não ter Hannah na sua identidade, temos que resolver isso logo! — ela sorriu timidamente, arrancando um olhar de admiração dele.
Henrique estendeu a mão, limpando o rastro de lágrimas do rosto dela. Assim que sentiu a ponta dos dedos dele em seu rosto, Hannah tomou um pequeno susto, olhando para a mão dele e depois para seu rosto, ela não estendia o que estava acontecendo. Eu conhecia essa sensação, o primeiro toque sempre assusta, sentir a sensação de fogo, mas sem se queimar. Henrique sorriu, o mesmo sorriso bobo e largo que um lobo dá quando está perto do seu marcado.
— Vem — ele a ajudou a levantar, Hannah ainda estava confusa — então, senhorita, qual é o seu "nome"? — ela se retraiu um pouco — Aposto que nem chega aos pés de Hannah!
Hannah ainda não parecia querer falar, mas algo deve ter feito se sentir confiante, então se apoiou na ponta dos pés e sussurrou para Henrique. Que fez uma cara de indignado na hora.
— Quem é o cego que te registrou assim? Essa pessoa não viu que não tem nada a ver com você? Francamente — ele balançou a cabeça, ainda num tom exagerado — Falei que não chegava aos pés de Hannah, não falei?
Com certeza era uma das cenas mais lindas que eu já tinha visto na minha vida. Ver o sorriso dela, depois de tudo o que ela tinha acabado de passar, era como a luz do sol, incandescente.
— O que está rolando?
— Cristo! — eu gritei de susto e devo ter pulado quase um metro. Theo ria de mim — Mas que merda! Não chega assim, pelo menos ​avisa, faz um barulho, qualquer merda!
— Alguém está estressada — ele zombou de mim.
— Digamos que não está sendo um dia fácil.
— Eve — ele falou sério, puxando a minha mão, que ainda estava vermelha do soco que dei em Rafael — O que aconteceu e quem foi?
— Theo, agora não, por favor.
— Só quero o nome.
— Rafael, irmão da Hannah — eu disse depois de um suspiro -- ele não gostou de vê-la assim, de vestido e maquiagem. As coisas saíram do controle e precisei resolver do meu jeito.
— Pôr que? Só por que a Hannah é transexual? Que imbecil! — como ele sabia?  Como ele ainda consegue me surprender? — Quebrou algum osso dele?
— Talvez o nariz — dei de ombros.
— Essa é a minha garota!
— Vem cá — eu ouvi Henrique falar com Hannah, segurando sua mão e a trazendo até nós. Ela estava sorrindo, mas assim que viu Theo se retraiu, praticamente se escondendo atrás de Henrique — Eve, Hannah e eu estávamos conversando, ela não está muito afim de sair agora. Pensei que todos nós podíamos ir para casa ver um filme, comer pizza, o que acha?
— Eu vou adorar — eu sorri para ela — ah, esse é meu namorado. Theo, essa é a Hannah.
— O Idiota — ela sussurrou, o reconhecendo. Quando percebeu o que fez, ficou envergonhada e começou a pedir desculpas.
— Idiota? — Theo riu — Se ela só me chamou disso, fico feliz. Eve é bem criativa para me apelidar.
— Eu não crio apelidos, apenas ressalto suas características — eu bufei.
Então Hannah riu, de verdade, e foi lindo. Ela até colocou a mão tampando a boca, tentando abafar o som dá risada.
Não preciso dizer que Henrique estava com um sorriso bobo e um olhar apaixonado na cara, né? SPOILER: ele vai estar assim a maior parte tempo, principalmente quando estiver olhando para ela.
— Rindo de mim? — Theo se fez de indignado — Espere até ela​ começar a fazer isso com você.
— Eu não vou fazer isso com ela, Hannah é legal, você é um imbecil — dei de ombros, Hannah riu mais ainda, tanto que escondeu seu rosto no ombro de Henrique.
— Vamos para casa? Se não daqui a pouco eu vou ter meu ego pisoteado.
— Como se…
— Vamos? — Theo me puxou, tampando a minha boca, idiota!
— Eu estou de moto e o Theo com o carro, você quer ir comigo ou com eles, Pequena? — Henrique perguntou carinhosamente para ela.
Hannah demorou uns segundos para responder, os olhos brilhando. Sempre que um marcado encontra seu lobo há toda essa atmosfera de encantamento. Bem, não no meu caso, que havia uma atmosfera de raiva e com toques de medo, afinal​ eu tinha acabado de ser sequestrada. Mas em casos normais tem e é muito legal ver isso, principalmente com a Hannah, que já passou por tanta coisa ruim.
— Eu… tô de vestido… — ela sussurrou.
— OK, melhor ir de carro — Henrique disse.
— A bolsa — eu apontei para o chão, onde a bolsa que eu havia emprestado para Hannah, estava caída. A alça estava arrebentada e o bolso rasgado.
Hannah mudou a expressão na hora e me arrependi de ter mostrado o objeto. Ela fez menção de se abaixar e pegar, mas Henrique foi, muito, mais rápido.
— Aqui — ele entregou para ela. Hannah olhava tristemente.
— Eve, eu… eu prometo que vou dar um jeito… eu vou te pagar…
— Era sua? — Henrique me perguntou — Não se preocupe Pequena, eu pago. Eve, depois você me diz o valor e eu te dou outra.
— Mas… fui eu que… foi minha culpa…
— Não fale isso — Henrique disse carinhosamente, passando a mão sobre o cabelo dela — tenho certeza que não foi.
— Desculpem eu interromper uma cena tão linda, mas não precisa disso. Hannah, eu nem usava essa bolsa, não precisa pagar nada.
— Mas eu vou me sentir mal, não é justo — ela insistiu.
— Que tal — Theo se intrometeu na conversa — o lobinho paga as pizzas hoje, assim fica tudo certo.
— OK — Henrique aceitou.
— Impressão minha ou você está usando isso para se dar bem? — eu estreitei os olhos para ele, que riu do seu jeito meio cafajeste.
— Eu sempre me dou bem, agora podemos​ ir? Estou com fome e vou dar prejuízo para alguém.
— Posso fazer uma pergunta? — Hannah perguntou tímida — Por que você chamou ele de Lobinho?
Eu olhei feio para o meu namorado.
Idiota!


Hannah estava sentada graciosamente no banco de trás do carro, até estava usando cinto de segurança, que era uma coisa que eu nunca usava quando estava no banco traseiro. Fiquei com vergonha agora.
Theo ficou puxando assunto com ela, até que ela desistiu das respostas educadas e começou a rir das idiotices do meu namorado. Nós riamos das péssimas piadas dele, Theo me fazia me apaixonar cada vez mais por ele. Não que eu fosse falar isso, ele já tinha um ego enorme normalmente.
Quando chegamos, Henrique estava parado, encostado na moto e abriu um sorriso gigante quando viu nosso carro. Ele abriu a porta para Hannah descer, o que foi muito fofo.
— Todos estão aí — ele indicou a garagem cheia.
— Quantos carros! — ela se surpreendeu e só aí eu reparei que na nossa garagem tinha quatro carros e quatro motos (Arthur e Theo tem carro e moto, exagerados). O veículo mais "simples", era do Marcelo, que namora a Aninha, que é a mais exagerada de nós. O que só mostra que nada faz sentido nessa vida — Quantas pessoas tem aí?
— Acho que todo mundo — Henrique sorriu, só então percebendo o nervosismo dela — Não precisa ficar assim Pequena, eles são legais.
— Mas são muitos? — ela perguntou num sussurro.
— Hannah, você já conheceu a Aninha, Helena, Bernardo e a Mony, agora você vai conhecer os namorados — eu disse.
— Vou te contar um segredo — Theo a puxou delicadamente para o lado e sussurrou algo para ela.
Hannah no começo parecia desconfiada, mas, enquanto Theo falava, ela olhou para mim concordando e depois riu. Meu namorado parecia explicar algo, ela concordava rindo timidamente, então olhou para Henrique, que estava parado do meu lado sorrindo abertamente.
— Sério? — ela perguntou para Theo, impressionada.
— Eu juro — ele respondeu, então voltou a sussurrar coisas que só eu não podia ouvir, já que Henrique tem audição de lobo e ria do que o idiota do meu namorado falava.
Eu bufei, lobos estúpidos!
Então Hannah corou e olhou para Henrique, como se perguntasse algo. Ele sorria apaixonado, concordou com a cabeça, colocou a mão fechada sobre o peito e fez uma​ reverência para ela. Hannah corou ainda mais e baixou a cabeça, tímida, mas sorria.
— Obrigada — ela falou para Theo.
— Não precisa agradecer, bem vinda a família — Theo deu um rápido abraço em Hannah, ela ainda tinha problemas com toques.
— Vamos — Henrique pegou na mão dela, entrelaçando seus dedos. Aparentemente ela não tinha problemas com os toques dele.
— O que você falou? — perguntei desconfiada, assim que Theo me abraçou.
— Talvez você nunca saiba.
Idiota!
Bernardo foi o primeiro que encontramos assim que Henrique abriu a porta, ele estava apenas passando dá sala para o corredor quando nos viu. Ele sorriu e nos olhou confuso, afinal não deveríamos voltar tão cedo. Seu sorriso morreu quando seus olhos caíram sobre o vestido rasgado de Hannah.
— Cadê o pessoal? — eu me adiantei antes que ele fizesse alguma pergunta e Hannah ficasse ainda mais desconfortável.
— Na sala — ele respondeu — Helena e Aninha estão na cozinha fazendo brigadeiro.
— Já comeram alguma coisa? Vamos pedir pizza, o filhote vai pagar — Theo bateu no ombro de Henrique, fazendo ele ofegar de dor.
— E você acha que esses lobos esganados não comeram alguma coisa? É o que mais fazem! — Bernardo falou revirando os olhos, Hannah riu de canto. Eu entendi a provocação do Theo, mudança de assunto para suavizar o ambiente — Às vezes não sei se são lobos ou porcos!
— Oinc — Hugo disse enquanto abraça Bernardo e beija sua bochecha — Já voltou, bro?
— Achamos melhor ficar em casa — Henrique responde — Mano, essa é a Hannah — Hannah apertou mais ainda a mão de Henrique, nervosa.
— Oi — ela diz timidamente. Hugo sorri empolgado, vendo eles de mãos dadas, mas assim que vê o estado do vestido e a maquiagem borrada, sua testa franze levemente, mas ele não desmancha o sorriso. Apenas faz uma rápida troca de olhares com o irmão e com o Theo.
— Não quero interromper essa linda reunião no hall — eu falei — mas eu realmente quero entrar em casa e ainda preciso por gelo na minha mão — Hannah me olhou culpada e abriu a boca para se desculpar de novo, mas a interrompi — Não comece, se você se desculpar de novo, juro que bato em você — eu ouvi um resmungo revoltado, então me virei para Henrique — se você resmungar ou rosnar para mim de novo, eu chuto o seu traseiro!
— Entendeu? — Theo perguntou batendo na cabeça dele.
— Quem é a melhor chef do mundo? -- Aninha perguntou entrando na sala — Eve! Venham saborear um presente dos deuses!
— Ana, você só fez brigadeiro — Helena ria do seu lado.
— Eu não fiz apenas um brigadeiro, minha querida cunhada, eu fiz O brigadeiro! — minha amiga respondeu — Hannah! Você gosta de brigadeiro? Porque se gosta, hoje é o seu dia de sorte e… o que vocês estão fazendo aqui? — só então ela reparou no estado de Hannah, que sorria nervosamente — O que…
— Dá para a gente entrar? — eu perguntei de novo, em voz alta, interrompendo a pergunta da Ana.
— O que houve com a sua mão? -- Helena perguntou com as mãos na cintura — O que você fez?
-- Por que eu tenho que ter feito algo? — eu perguntei revoltada — Francamente, vocês sempre pensam o pior de mim! Venha Hannah — eu a puxei pela mão, indo para a cozinha.
— O que houve? — Caio perguntou, todos os lobos (e Mony) apareceram, ótimo!
— Eve bateu em alguém! — Helena me entregou.
— Novidade — Arthur riu, mas levou um tapa de Mony — O que aconteceu?
— COZINHA!!! — eu falei mais alto e sai puxando Hannah, eu vi que Henrique ia vir atrás, mas Theo o segurou. Chegava a ser irritante como Theo sempre sabia o que eu precisava e queria (mas na verdade era bem legal isso).
— OK, o que aconteceu? — Aninha perguntou na cozinha, ela estava de braços cruzados e tentava parecer ameaçadora. Só tentava.
— Dá um tempo para elas — Helena enrolava gelo numa toalha.
— Mas olha como elas chegaram.
-- Vai arder um pouco — Mony espirrava algo no braço dá Hannah, depois espirrou no ombro dela, só então eu vi como ela estava arranhada. Aquilo me deu mais raiva ainda, apertei minha mão no gelo para tentar me conter. Se eu encontrasse com a aquela família doente dela, eu seria capaz de matar!
— Eve! — Helena me chamou sussurrando, eu estava moendo os blocos de gelo na minha mão.
— Ana, não foi nada. E não é hora e nem lugar de conversar sobre isso.
— Eve, vocês saíram daqui felizes, passamos a tarde inteira arrumando a Hannah até que ela se olhasse no espelho e amasse o visual, para voltarem assim? — Ana insistiu. Mony tinha abraçado Hannah, como se a consolasse.
— Sei dá preocupação de vocês, mas agora não.
— Gata — Bernardo interveio, todos os marcados estavam na cozinha, os lobos na sala — sabemos que o aconteceu não deve ter sido legal, mas também estamos preocupados com vocês. Não é você que diz que marcados tem que se unir?
Golpe baixo!
— Eu sei, mas é que…
— Tudo bem — Hannah me interrompeu — nós estávamos esperando Henrique chegar, quando minha mãe e meu irmão apareceram. Eles não gostaram de me ver assim... E… — ela baixou os olhos — Sabem, foi a primeira vez que eu realmente me senti uma garota. Realmente foi a primeira vez que me olhei no espelho e gostei do que vi. Eu agradeço muito a vocês por isso, por algumas horas eu me amei e isso foi mais do que senti por mim mesma na minha vida inteira. Sinto muito por ter acabado com todo o trabalho de vocês!
Ela nos olhou com os olhos cheios de lágrimas, mas quem​ poderia julga-la se todos nós estávamos assim?
— Já te falei que nada disso é sua culpa! — como sempre, sobrou para eu ser a primeira a dizer alguma coisa — Hannah eles são uns idiotas, imbecis, nojentos, filhos da... — a discreta tosse dá Helena me fez parar a minha enorme lista de adjetivos — enfim, quem vai sair perdendo são eles. Se eles são tão estúpidos para não te quererem na família deles, nós somos muito sortudos por você ser da nossa!
— Mas eu sou…
— Você é a Hannah, uma garota incrível que, acredite em mim, está destinada a ser uma Acker! — ela riu baixo dá minha piada, mal sabe — Olha, não nos faça repetir o discurso de hoje a tarde, porque agora estou com fome!
Hannah começou a rir e me abraçou. Foi um abraço de verdade, apertado e um pouco molhado com algumas lágrimas.
— Obrigada por ter aparecido na minha vida, obrigada por ser minha amiga — ela sussurrou — eu nunca tive amigas, eu… obrigada!
— Hey, não vamos chorar mais, OK? O encontro não foi bem como planejado, mas vamos salvar a noite, né? — eu perguntei e ela balançou a cabeça confirmando, limpando as lágrimas e sorrindo.
— Isso mesmo — Aninha limpou as próprias — vamos retocar essa maquiagem e procurar outra roupa! Você vai arrasar!
— Eu queria tomar um banho, to me sentindo meio… suja…
— Vamos para o meu quarto — eu falei e todos concordaram — enquanto isso podemos ver outra roupa para você.
— Não precisam se preocupar, eu tenho as minhas roupas que trouxe de casa — ela disse em voz baixa.
— Aquelas roupas masculinas, enormes e feias? — Bernardo perguntou com cara inocente, o que já deixou claro que ele tinha aprontado — Então, acidentalmente eu derrubei refrigerante em todas e na hora de colocar para lavar​, Aninha e eu nos confundimos e enchemos a máquina de água sanitária, estragou tudo — ele disse com falso pesar.
— Mas não se preocupa gata, tenho certeza que a achamos roupas perfeitas para você, só no meu armário deve ter o suficiente para nós duas por umas três vidas.
— Ela não está exagerando — eu completei.
— Fora que podemos pegar coisas nossas também, o que não falta aqui é roupas.
— Mas vocês tem corpo bem… sabe… eu não tenho…
— Peitos? — Aninha falou suavizando situação — Fica sossegada, eu também não tenho muito, mas eu tenho umas blusinhas que disfarçam isso, você vai amar! Vamos!
Então nós fomos para o meu quarto.
Hannah estava usando meu banheiro para tomar banho, Aninha e Mony estavam buscando roupas em todos os quartos, Bernardo e Helena estavam comigo na minha cama.
— Foi tão feio assim? — Helena me perguntou.
— Eu nunca vi tanto ódio e preconceito assim — eu respondi — Helena, você sabe por tudo o que eu passei, nada do que fizeram comigo, chega perto do que a Hannah passou hoje.
— Eu não consigo imaginar… Hannah é tão doce, ela é só uma menina, quase uma criança — Bernardo disse.
— Só consigo agradecer ao Alfa por vocês dois a terem encontrado — Helena disse suave — o índice de suicídio entre transexuais é altíssimo e, considerando essa "família", eu não duvido que Hannah tivesse ido por esse caminho.
— Não gosto nem de pensar — eu senti um calafrio percorrer o meu corpo — era tanto ódio. Como alguém pode odiar um filho ou irmão só porque ele é feliz?
— Gata, nós dois sabemos que existe muito ódio. Somos sobreviventes — Bernardo disse segurando minha mão — Não fique se martirizado pelo o que aconteceu, vamos nos concentrar em fazer algo melhor pelo futuro.
— Eu sei, é que fico pensando: e os outros marcados? Quanto nós sofremos? Quantos ainda vão sofrer até que seus lobos os encontrem? Nossa vida é maravilhosa agora, mas e antes? Deve ter algum jeito de ajuda-los!
— Essa é a nossa Eve — Helena sorriu — sempre querendo salvar todos e mudar o mundo. Mas que tal, por agora, nós nos concentrarmos numa certa garota que deve estar nervosa porque vai conhecer a família do futuro do namorado?
E no timming, Hannah fechou o chuveiro.
— Pegamos tudo! — Aninha entrou no meu quarto segurando tantas roupas, que mal podia ver por cima delas.
— Aqui tem mais — Mony entrou depois, segurando ainda mais roupas.
— Hannah, precisamos que você venha até aqui, escolher o que quer — Aninha gritou, abrindo a porta do meu armário e mexendo nas minhas coisas.
— Er… eu estou só de toalha e…
— Tem roupão no armário do banheiro, na parte de baixo — eu gritei. Eu quis me bater, Hannah não se sente confortável com o próprio corpo e eu queria que ela saísse de toalha do banheiro? Burra!
Hannah saiu usando o roupão do Theo, que era quase maior que ela, mas eu entendi, ela estava tentando cobrir o máximo possível do seu corpo. Ela se sentou na beira da cama, observando a enorme pilha de roupas.
— Sabe, eu tenho umas calcinhas que você vai gostar -- Helena disse — elas são bem delicadas e confortáveis. Vou buscar — ela disse saindo correndo do quarto.
Outra coisa que eu não tinha pensado: roupa íntima!
— Você quer vestir o que? Temos muitas opções aqui — Aninha disse — Vestidos, saias, shorts. . . só me recuso a deixar você usar calças, essas pernas maravilhas que você tem merecem ser apreciadas!
— Não são assim — Hannah respondeu com um sorriso tímido, ela era muito fofa.
— Claro que sim, olha eu danço há anos e minhas pernas não são desse jeito. E você não prática nada e já está assim — Aninha se fingiu de revoltada.
— Eu sempre quis dançar — Hannah mexia em uma camiseta, sem nos olhar — mas meus pais não deixavam, porque isso é coisa de menina.
Nós quatro nos entreolhamos, Bernardo colocou a mão por cima da minha antes que rasgasse a roupa que estava na minha mão.
— Então, que bom que você É uma menina, não é? — Bernardo disse.
— E que bom que eu sou professora de dança e você vai começar a fazer aula comigo, no estúdio que eu trabalho, né? — Mony falou e Hannah olhou com olhos brilhando de esperança e alegria.
Hannah era só uma criança, ela tinha dezesseis anos. DEZESSEIS! Não era justo tudo o que tinha passado tão nova, não era justo ela se considerar um fardo ou achar que ter uma amiga era muito mais do que ela merecia. Ninguém deveria passar por isso, não era justo!
— Mas eu não tenho dinheiro — ela disse desanimando — minha família não vai me ajudar e eu não tenho como pagar.
— Hannah, eu sou a professora, eu decido para quem dou aula, ok? — Mony falou — Fora que Henrique é meu cunhado, o que te faz da minha família também.
— Nossa — Bernardo corrigiu.
— Olha isso Eve, querem nos deixar de fora! — Aninha colocou as mãos na cintura, na sua falsa revolta.
— Voltei — Helena chegou com um pacote fechado com três calcinhas — eu tenho essas, espero que goste.
— Está ótimo — os olhos de Hannah brilharam passando a mão pela delicada renda que decorava a calcinha.
Respirei fundo, ela não merecia ter passado pelo o que passou.
— Olha, esse short amarelo vai combinar perfeitamente com você — Bernardo disse, desviando minha atenção.
— Verdade, vai combinar perfeitamente com essa camiseta branca aqui, ela é soltinha e vai ficar linda em você.
— Obrigada — Hannah sorriu.
— Aqui, usa esse sutiã — Aninha entregou e Hannah ficou confusa — eu sei, você falou que seu peito é pequeno, mas ele disfarça isso. Aproveita que é novo e eu vou te dar.
— Mas. . .
— Eu ia trocar — Aninha continuou tagarelando — não gosto muito de roupa íntima branca, mas como você gostou da calcinha, parece até que faz conjunto. Vai ficar sexy em você! Agora vai logo que eu tô com fome e tenho certeza que aqueles lo… garotos esfomeados já comeram todo o meu brigadeiro — Aninha empurrou Hannah para dentro do banheiro.
Depois que Hannah fechou a porta, abracei Ana forte e agradeci muito.
— Ela é família — foi a resposta de Aninha, também me abraçando.

Às vezes vamos longe demais, vamos até o fundo do poço
Não importa o que for, meu bem, você sabe que vou estar lá
E se nos perdermos deixe o mundo ver
Não podemos deixar que a opinião dos outros seja a razão de não falarmos

Apenas os pássaros e as abelhas sabem onde vamos
Um pouco de altos e um pouco de baixos
Porque nós chegamos, nós chegamos tão longe, oh, meu bem
Meu bem, muito não é suficiente
Todas as coisas que fazemos por amor
Porque nós chegamos, nós chegamos tão longe, oh, meu bem
Quando vai vir aqui?

Porque nada mais importa do que nós
E nada mais importa do que o amor
Eu não quero brigar, não esta noite, porque estamos nos divertindo agora
Porque nada mais importa do que nós
E nada mais importa do que o amor
Você só tem que acreditar que se algo for embora, um dia ele volta
E eu não me importo com mais nada
(Nada mais importa)
Sim, nada mais

Nothing Else Matters
(Little Mix)

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