— Me explica direito, por que temos que ir agora? — Theo me perguntou, enquanto ele fazia a mala.

Assim que desliguei a ligação com Vlad, liguei para Theo, imediatamente ele foi me buscar. No caminho ainda liguei para Luana, que estava indo buscar Lua, minha sogra cuidaria dela até que voltássemos.
— O assunto se tornou urgente — respondi.
— Urgente? — Theo levantou a sobrancelha e largou a mala — Eve, olhe para mim — ele cruzou os braços — acho que está na hora de você me explicar direito o que está acontecendo, não acha?
— É complicado, eu nem sei o que está acontecendo direito — me sentei na cama, como explicar algo que eu nem tinha certeza do que era?
— Isso tem a ver com essa busca que você e Bernardo estão fazendo? — Theo se ajoelhou na minha frente — Me explique o que é e o que está acontecendo.
— Theo, eu não sei o que falar, muito menos como falar, por enquanto é só uma suspeita — eu estava bem nervosa com aquilo. E se Hannah fosse mesmo transexual? Como seriam as coisas? O que eu faria? Como contar para o Henrique? Como. . .
— Evelyn! — Theo me chamou e me assustei, ele nunca falava meu nome — Fale de uma vez, antes que eu vá atrás do Bernardo e o obrigue a me contar!
— Talvez eu tenha encontrado a Marcada do Henrique — praticamente sussurrei.
— Por que isso não me surpreende? — ele sorriu de canto — E por que você não contou para Henrique?
— Eu não tinha nenhuma informação concreta, só uma foto, então Bernardo e eu começamos a procurar por algo, só que aconteceu tanta coisa e. . .
— Calma — Theo falou, segurando meu rosto — você reclama que eu quero resolver tudo sozinho e acabou fazendo o mesmo. Por que não falou comigo? Você sabe que eu poderia ter ajudado.
— Vocês já estão tão preocupados com tudo que vem acontecendo, eu não queria jogar mais uma coisa nas suas costas. Achei que seria simples, era só encontrar uma garota e pronto, eu falava para o Henrique e logo tudo estaria certo. Mas não foi bem assim. . .
— O que houve?
— Não tenho certeza ainda.
— Sério, Eve? Mesmo assim você não quer explicar? — ele perguntou incrédulo e começou a rir — É algo perigoso?
— Provavelmente não.
— Você vai fazer alguma loucura?
— Provalvemente sim.
— Você vai quebrar alguma regra ou lei?
— Isso eu tenho certeza que eu vou.
Theo sorriu para mim, ele sempre me surpreende pois achei que ficaria bravo, mas apenas me abraçou.
— Quero que coloque na sua cabeça que nada que venha de você é "mais um problema", nunca será "um peso". Você e Lua são as partes mais essenciais da minha vida, qualquer coisa vinda de vocês, eu aceito de bom grado — ele disse, ainda no abraço apertado. Então se afastou de mim, ainda sem me soltar, apenas o suficiente para que pudéssemos nos encarar — Se você acha que precisa resolver isso sozinha, eu aceito, porém só até o momento que nada te ameace. Mas sabe que não precisa guardar segredos de mim, não é?
— Sei — murmurei — nem eu entendo porque estou com essa necessidade de fazer isso, é como se tivesse um contador regressivo na minha cabeça que diz que, se eu não encontrar Hannah logo, algo de ruim vai acontecer.
— Vamos resolver isso — ele beijou a minha cabeça e se levantou, estendendo a mão para me ajudar a fazer o mesmo — mesmo que eu não esteja fisicamente com você, meu lobo sempre estará. Mas se algo acontecer, irei atrás de você.
— Estou contando com isso, porque estou ficando cansada de chutar traseiros de lobos — ele riu alto.
— Eve, não sendo o meu, você pode chutar o traseiro de quem quiser.
— Querido — falei ironicamente — você é sempre o primeiro da minha lista.
Isso me rendeu um tapa na bunda.

Partimos de madrugada, por volta das três da manhã. Theo dirigia, enquanto meus pensamentos voavam. Eu nem estava me importando muito com a "missão" que Vlad tinha nos passado, o que EU podia fazer que vampiros da sua própria guarda não conseguiam?
Bernardo tinha ficado em casa, sua missão era vasculhar tudo que fosse possível sobre Hannah, para me mandar as informações e ser mais fácil de encontrá-la. Eu realmente devia ter traçado um plano melhor, do que simplesmente ter ligado para Vlad e me jogando nessa.
Revirei meus olhos para mim mesma, sou péssima nessas coisas!
E eles ainda dizem que sou "poderosa". . . Francamente, não consigo nem bolar um plano que preste, porque, convenhamos, tudo que aconteceu comigo até agora foi no improviso. Eu não consegui seguir nenhum planejamento se quer.
Primeiro que decidi só ter um envolvimento amoroso depois da Lua completar, no mínimo, dez anos. Ela não tem nenhum um ano e já estou praticamente casada (se pensar bem, por causa da troca de corações, eu realmente estou casada, mas não é algo que eu queira parar para pensar as cinco da manhã). Aí resolvi que não ia deixar a minha filha fazer parte de tudo isso, no fim sua primeira palavra foi "lobo". Combinei com Theo que só morariamos juntos depois de dois meses, dois dias depois já tinha me mudado.
Como planejadora, sou uma ótima dançarina!
— Estamos chegando — Theo me avisou — iremos para um hotel descansar, Mikael nos encontrará lá mais tarde.
— Vampiros podem andar sob o sol? — perguntei surpresa.
— Claro que sim — ele riu de mim — Só é bem desconfortável, eles não gostam de calor, quanto mais frio melhor, mas podem andar livremente.
— E as lendas deles pegaram fogo?
— Só se você pôr fogo neles.
— Mas o livro não foi inspirado no Vlad?
— Drácula? — Theo perguntou se divertindo com a minha surpresa — Foi, o próprio Lorde Tepes que criou toda essa mitologia em cima dos vampiros.
— Por quê?
— Sei lá, vai ver que ele achou que seria divertido — Theo deu de ombros.
— Isso é bem a cara dele — concordei.
O hotel era legal, grande, mas sem ser chamativo. Eu nunca imaginaria Vlad ali, mas como não era para chamar atenção de ninguém, servia muito bem para o propósito.
Antes de sairmos de casa, James queria saber qual era o assunto tão urgente que tínhamos para tratar, a ponto de precisarmos sair no meio da noite.
— Eu já disse: não posso explicar — respondi de novo — acho que nem poderia ter falado que Vlad está envolvido.
— Eve, eu sou o Conselheiro de Segurança, como posso manter meus filhotes seguros, se não saberei onde estão?
— Pai, Eve e eu já provamos que podemos nos cuidar — Theo respondeu.
— Apesar que é verdade — concordei — eu não estou nem um pouco afim de pôr isso a prova. Mas não se preocupe James, estaremos sobre a proteção de Vlad.
— Vocês não podem adiantar o assunto? — Luana pediu.
— Me perdoem, mas eu não posso falar, prometi a Vlad — respondi — isso é assunto dele.
— Não sei se fico feliz por você pela confiança que Lorde Tepes tem em vocês, ou fico extremamente preocupado e angustiado pela confiança que Lorde Tepes têm em vocês — James passou as mãos no rosto nervosamente — Lorde Tepes nunca se envolve diretamente em assunto nenhum, a não ser que seja de seu interesse direto. Tenho medo dos assuntos que são de interesse direto dele.
— Se te consola, acredito que não vamos nos envolver com nada perigoso — falei.
— Você acredita? Agora me sinto muito mais confortável com a situação — ele disse sarcástico — Tem alguma coisa que os convença a não ir ou, pelo menos, me explicar direito tudo isso? — eu neguei com a cabeça — Vou deixar alguns lobos apostos, se algo acontecer, me avise que imediatamente iremos até vocês.
— Não pai — Theo falou — ninguém pode saber onde vamos e por quem vamos. O máximo que posso fazer, é avisar você e vocês irem até nós. O nome de Vlad não pode ser citado.
— Agora sim eu me acalmei — James bufou.
Theo tinha razão, ninguém podia saber o que faríamos e que Vlad estava envolvido nisso.
Um pouco antes do almoço alguém bateu a nossa porta, Mikael estava todo de preto, incluindo touca e óculos escuros.
— Trabalhando a paisana? — eu zombei e ele riu.
— Odeio sol! Por isso eu vivo na Romênia, lá é bem mais frio do aqui, vivemos em um clima agradável.
— Agradável, sei — revirei os olhos — Entre, Theo está terminando o banho.
— Conseguiram descansar?
— Um pouco, para onde iremos?
— Um bairro afastado daqui, ele está desocupado porque será demolido. Encontramos indícios de luta e há sangue seco. Mesmo que tenha acontecido há mais de um mês, é a nossa primeira pista.
— A Guarda de Vlad não encontrou nada?
— Concluíram que era algum grupo de renegados em uma festa que deu errado. Do lado de fora encontramos três corpos de vampiros queimados. Havia álcool e drogas por todos os lados. Pesquisamos e descobrimos que no dia que acreditamos que tudo isso tenha ocorrido, houve  grande show de uma banda de rock nessa cidade.
— Que banda? — perguntei.
— Liars, mas isso faz diferença? — Mikael perguntou confuso.
— Na verdade não, eu só estava curiosa. Mas eu gosto dessa banda — dei de ombros.
— Acostume-se, ela é assim — Theo falou se juntando a nós —Creio que iremos almoçar antes, não?
— Sim — Mikael respondeu distraído, mexendo no celular — tem um lugar que eu gosto de ir quando estou aqui.
— Quando você está aqui? — perguntei confusa — Vlad disse que você viria, não que você já tinha vindo a essa cidade.
— Eu já vim, algumas vezes — ele disse meio hesitante, me fazendo abrir um sorriso malicioso.
— Então quer dizer que você tem um interesse amoroso aqui? — eu falei e, juro, se vampiros pudessem corar, ele coraria — Quem é?
— Não é nada disso — ele disse na defensiva.
— Ah, qual é? Pode falar, já sou quase uma cupido com honrarias.
— Não — ele cruzou os braços.
— Mas. . .
— Eve, pare de constrange-lo! — Theo me interrompeu — Eu estou com fome, se quiser continuar a tortura-lo, o faça enquanto almoçamos — óbvio que Theo não estava pensando no bem alheio, o que me fez rir.
Mas meu celular apitou uma mensagem.

Bê♥
Escola Santa Agnes, período da manhã
Corre!
As aulas da manhã acabam em vinte minutos!!!

— Merda! — exclamei alto, abri o aplicativo pedindo um motorista — Mikael se livrou de mim durante o almoço — eu disse enquanto pegava minha jaqueta e minha carteira, tudo correndo.
— Aonde você vai? — Theo perguntou daquele jeito que queria dizer que ele estava no limite da raiva.
— Resolver aquele outro assunto — parei na frente dele, segurando seu rosto com as minhas mãos — eu ficarei bem, logo encontro vocês, basta me mandar o endereço por mensagem.
— Eve. . .
— Vai ficar tudo bem — minha vez de o interromper — se algo acontecer eu te aviso e, além do mais, seu lobo sempre está comigo — pisquei para ele e o beijei — agora eu tenho que ir, vou te avisar de cada coisa que acontecer. Te amo! E você, Mikael, nossa conversa ainda não acabou!
Nem dei tempo para resposta, saí correndo escada abaixo, porque também não tinha tempo para esperar o elevador. Por sorte o carro já estava a minha espera, entrei e prometi uma gorjeta alta se ele chegasse bem rápido ao destino.

Bê♥
E aí?

Eu
Estou a caminho!
Espero que, finalmente, consiga encontrar com ela!

Bê♥
Vai dar tudo certo, estou rezando por isso!
Aliás, a gente reza?
Se reza, é pra quem?
Tem um Deus Lobo ou algo assim?
Tipo "Santo Lobo Mau, rogai por nós e pelos porquinhos"?

Eu comecei a rir tanto, que o motorista me perguntou se eu estava bem, mas eu mal conseguia respirar, quem dirá falar.

Bê♥
Esquece, Hugo acabou de falar que é para o Alfa
Narcisista esse Alfa, não?

Eu
Você perguntou para ele?

Bê♥
Falei que queria rezar, ele ainda está me olhando estranho
Acredita que ele está duvidando da minha religiosidade? Ele que é o monstro dos filmes de terror e eu que não sei rezar?
😒😒😒😒😒

Eu
E você acredita em religião?

Bê♥
Não, mas isso não vem ao caso
Eu ainda sei rezar! E vou esfregar isso na cara do Rex aqui!

Eu
Estou rindo de você e não é pouco!
Mas vai brigar mesmo por causa disso???

Bê♥
Não, só estou nervoso e ansioso
Será que é hoje que você consegue encontrar com ela?

Eu
Espero que sim!
E já pediu desculpas por ter sido grosso com o Hugo?

Bê♥
E quem disse que eu fui grosso com ele?
(Já pedi sim)

Eu
Eu te conheço!

Bê♥
Se eu parar de responder é porque ele está me beijando

Eu
Informações demais, pare de responder!

Bê♥
😏😏😏😏😏

Então me lembrei de algo, eu tinha explicado para o Bernardo sobre a troca de cheiros?

Eu
BERNARDO, NÃO TRANSE COM O HUGO!
ME ESPERA VOLTAR!!!!!!
PRECISAMOS CONVERSAR!!!!!

Bê♥
E por que, raios, não posso transar com o meu NAMORADO????
(não que a gente fosse fazer mesmo isso, talvez a gente fosse mesmo)
Eu não gosto de voyeur não!
(Como eu adoro falar essa palavra, NAMORADO!!!)

EU
Você, definitivamente, não é normal!
Antes de transar, pergunte para o Hugo sobre a troca de cheiros!

— Chegamos — o motorista me informou, tirei da carteira uma nota alta, ele agradeceu e eu saí do carro.
O sinal da escola bateu naquele momento, criança de várias idades saiam pelo portão, era muita gente ali, mas eu tentava olhar para todos os lados, procurando por ela.
Meu celular vibrou.

Bê♥
Ele falou para a gente esperar você voltar, para você me explicar
Alguém pode me explicar o que é isso?

Quando eu fui responder, ouvi um grupinho de adolescentes do meu lado rirem maldosos e um deles falou "lá vai a bichinha". Olhei para onde apontavam e consegui ver alguém de cabelos castanhos compridos passar quase correndo pelo portão e descer a rua.
Hannah!
Senti vontade de xingar e bater naqueles garotos? Senti sim, mas tinha coisas mais importantes no momento.
(Até porque se o Henrique descobrisse aquilo, seria mais divertido)
Corri atrás dela, como já não tinha quase ninguém na frente da escola, foi fácil. Ela estava com os cabelos presos embaixo do capuz da sua blusa de frio, mas vários fios escapavam. Suas roupas eram masculinas e enormes, como se ela quisesse se esconder ali dentro, talvez realmente quisesse.
— Hey, espera! — a chamei, mas em vez de parar, ela acelerou os passos — Por favor, me espera!
— Não! — ela quase gritou e voltou a andar muito rápido, praticamente correndo.
Confesso que fiquei tão chocada, que até parei. Ela falou "Não" na minha cara? Eu não passei mais de duas horas dentro de um carro e tive que aceitar ajudar o Sr. Alfa Vampírico Genocida para ela falar um "Não" para mim, ainda mais desse jeito!
— Me escuta, preciso falar com você! — não precisei mais do que um segundo para alcança-la. Mas assim que peguei no seu braço, ela puxou com força, tentando proteger o rosto.
— Não me bate! Por favor! — ela pediu com lágrimas nos olhos.
— Eu não vou te bater, realmente só quero conversar — falei assustada com a sua reação.
— Você não é da minha escola — afirmou surpresa, limpando as lágrimas, então me perguntou desconfiada — O que você quer?
— Sério, eu só quero conversar. Podemos ir comer algo? Eu pago, eu só preciso falar com você — ela mordeu o lábio nervosa, eu podia ver o dia medo — Hannah, por favor, eu realmente preciso. . .
— Do que você me chamou? — ela perguntou pálida, realmente assustada.
— Hannah, não é o seu nome? — perguntei confusa.
— Co... como você sabe? Nunca ninguém me chama assim...eu...você sabe...de tudo?
— Ah, sobre isso, podemos ir conversar, por favor? Prometo te explicar tudo! A propósito, me chamo Eve.
Mesmo ainda hesitante, ela aceitou meu convite.

(Hannah antes de completar a transição)

Wattpad como sempre, não me deixando publicar os capítulo. . .

Quem não aguentar a demora para postagens, entre no grupo do whats, basta mandar o numero para a flor212  ou a biaolinda

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