Arthur e eu tivemos uma recaída, como eu havia dito já sabia que isso ia acontecer essa era a verdade. Seria impossível ter ele morando do outro lado do corredor, solteiro, gostoso pra cacete, e com aquele cabelo sexy, eu uma hora ou outra iria pular no pescoço dele sabia disso. Mas eu achei que aconteceria sei lá, uns cinco meses após sua mudança? E não em três semanas.

Me espreguiço e me viro de bruços na cama, ele ainda está em meu apartamento. Dormindo, o lençol cobre somente sua cintura, deixando seu peito a mercer dos meus olhos.

Paro o olhar em sua tatuagem nas costelas, só havia percebido nesse momento. Tem uma pena e ao lado o trecho de uma música, assim que começo a ler reconheço a música. É de um grupo de pagode que se chama fundo de quintal. Eu amo essa música. A música falava sobre a amizade e o trecho que ele havia tatuado era o refrão.

"A amizade...
Nem mesmo a força do tempo irá destruir
Somos verdade...
Nem mesmo este samba de amor pode nos resumir
Quero chorar o seu choro
Quero sorrir seu sorriso
Valeu por você existir amigo"

Logo no final do trecho da música havia o nome do Igor, a data de nascimento e a data em que ele faleceu.

Passei a ponta dos dedos pela tatuagem bonita. Não conseguia nem imaginar a dor que ele carregava em ter visto seu amigo quase irmão sendo assassinato de forma tão covarde.

Quando volto a olhar pra seu rosto, percebo que ele está me encarando intensivamente com seus olhos verdes. Abro um sorriso meigo.

-Bonita a tatuagem.- Falo e me levanto, enrolada no lençol. -Está com fome?

-Sim.

-Pode ir adiantando o café? Eu jurei pra Natália que ia hoje visitar ela e os bebês e levar o Noah para ela conhecer. E não quero me atrasar.

-Ótimo, podemos ir juntos já que eu tenho que ir buscar a Valentina.- Pensei no assunto por um momento, mas logo concordei com cabeça e entrei no banheiro.

Peguei meu celular e fui ler as mensagens, tinha mensagem do Noah.

N: Oi, então eu comprei dois sabres de luz do Star Wars. O Lito falou que podia, mas eu queria lhe comunicar. Pois me sinto mal comprando coisas.

Abro um sorriso pela mensagem fofa dele. Quando Noah vai entender que agora ele pode comprar o que quiser?

Não respondi, pois preferia responder a ele pessoalmente.

Escovo meu dentes e boto o robe que estava pendurado no banheiro. Saio do mesmo e vou até a cozinha.

Arthur está só de cueca box, e com o cabelo preso. Que tesão de homem.

Me sento na cadeira com os pés abaixo de mim e fico olhando ele fritando os ovos e botando presunto e bacon junto deles. Quanta gordura, só em olhar pra isso eu já engordei 5 quilos, mas o cheiro é uma delícia.

Ele bota o prato na minha frente e uma xícara de café.

-Coma, está ótimo.

-Estou bem sem essa gordura no corpo. Vou fazer um sanduíche pra mim mais ligth.- Ele franze os olhos e balança a cabeça de um lado pro outro.

-Vai mesmo recusar o café da manhã que eu fiz? Não acredito, comer isso só por uma manhã não vai te deixar mais gorda Camila.

Olho pros ovos com aqueles outros dois acompanhamentos que é o presunto e bacon e minha boca saliva. Não é como se eu me privace de  comer coisas gostosas, eu só me controlo e eu já tinha comigo gordura esta semana então minha cota já tinha estourado.

-Come logo Camila.- Respirei fundo e comi o negócio gorduroso.

Por que coisas assim são tão gostosas?

Quando vou da outra mordida jujuba entra na cozinha abanando o rabo.

-Sem querer te fazer de empregado, mas você pode por um pouco da ração que está aí neste pote no potinho dele por favor?- Arthur faz o que eu pedi e despeja a ração no pode de jujuba que sai correndo pra comer.

Parece nem que dei educação.

***

Depois que Arthur tomou café ele voltou pro apartamento dele para se arrumar. Minutos depois disso o Lito entrou sendo seguido por Noah.

-Me desculpe eu não queria comprar mas o Lito insistiu...- Levanto a mão fazendo Noah para de falar.

-Não precisa pedir desculpas Noah, já falei. Pode comprar o que quiser ouviu bem? Não precise ter vergonha e nem se sentir mal.

-Viu carinha? Eu falei, agora tenho que ir.- Lito diz, Noah sai da sala e vai pro quarto.

-E sua mãe como está?

-Precisando de minha ajuda claro. Eu acho que vou me mudar pro apartamento dela Mila.- Faço uma cara triste e ele me abraça fortemente.

-Não fica assim, não é como se eu fosse morar tão longe. Eu vou está morando no prédio da avenida ao lado Camila.

-Mas eu vou sentir saudades.

-Agora você tem o Noah para te fazer companhia, eu tenho mesmo que cuidar da minha velha.- Abraço ele bem apertado e passo a mão pelo seu rosto.

-Eu sei, qualquer coisa me liga por favor.- Ele concorda beija minhas mãos e sai.

A mãe de Lito, dona Sunyoung ou pra melhorar a pronúncia dona Sun, estava com problemas de visão, então Lito estava com ela. Pra melhorar o bem estar da mãe e ficar de olho nela.

Ela havia feito uma cirurgia nos olhos mês passado mas isso não havia adiantado então o médico disse que era só uma questão de tempo pra ela dormir enxergando e acordar no escuro. Eu me imaginei na situação dela, acho que se isso acontecesse comigo eu no mínimo iria entrar em depressão e logo depois morrer. Não me imagino vivendo na total escuridão.

Mas dona Sun era diferente, mesmo ela sabendo que algum dia iria acordar cega. Não deixava de fazer sua coisas como yôga e de ensinar crianças o karatê. Ela tinha cinquenta anos mas sabia lutar como ninguém.

Fico triste pelo Lito ter que se mudar, mas eu entendo que agora é um caso de extrema importância.

-Nós vamos mesmo até a casa de sua amiga?- Noah pergunta quando volta pra sala.

-Sim, precisamos nos apressar.- Eu digo e me levanto para me arrumar.

***

Acabei pedindo ao Arthur para ir na frente sem mim, não queria levantar a bandeira e da na cara de que tínhamos transado.

Estaciono meu carro em frente a casa de Natália, Noah pega o presente dos gêmeos e saímos.

Ele está muito bonitinho com uma camisa com o símbolo do flash, uma calça mostarda e tênis branco all star.

Aperto a campainha e é a filha de Arthur quem abre a porta. Ela abre um sorriso lindo e eu me abaixo para poder abraça-la não sei se ela ainda lembra de mim.

-Finalmente.- Natália diz e me dá um abraço apertado. -Chegou na hora que os bebês estão dormindo.

-Eu espero eles acordarem.- Natália olha pro Noah e sorri.

-Olá, sou Natália amiga da Camila e você?

-Eu sou Noah o filho dela.- Ele diz e aperta a mão da Nat. Eu havia contado pra ela que tinha adotado uma criança por isso ela não havia ficado surpresa.

-Noah essa é Valentina minha sobrinha.- Eles se cumprimentam, eu me sento no sofá ao lado do Arthur.

-Noah vamos brincar?- Valentina pergunta toda animada e Noah conserta os óculos assim que olha pra ela.

-Eu não brinco, pois sou um adolescente.- Valentina olha pra ele fazendo uma careta.

-Então você faz o que em? Quatro olhos.

-Valentina, que coisa mais feia garota. Ele se chama Noah então pare de ser ignorante.- Arthur diz. -Vamos, peça desculpas.

-Desculpe.- Ela murmura.

-Está desculpada, eu leio e faço experiências.- Parece que na parte de experiência Valentina ficou interessada.

Então Natália chama minha atenção e de Arthur. Enquanto as crianças vão pro quintal, Noah está dizendo as melhores experiencias que ele já fez para Valentina que até o momento parece está bem interessada.

-E vocês em?- Natália e Arthur e eu nos entreolhamos.

Como se nos perguntássemos "ela sabe?"

-Então... não tem nada acontecendo.- Arthur diz rapidamente e eu concordo mais rápido ainda.

Natália nos olha como se não tivesse entendo e logo bota a mão na boca e começa a gargalhar.

-Merda vocês transaram.- Natália grita enquanto rir. -Sabia que isso de morar no ensino prédio não ia da certo. Foram rápidos em.

-Natália cala a boca.- Digo e ela tenta segurar a risada.

-Não aconteceu nada, como eu havia dito antes.- Arthur diz.

-Ah conta outra, eu só perguntei como vocês estavam e foram logo se entregando. Está na cara que transaram, tiveram uma recaída ou se preferirem... relembram o passado.- Ela diz venenosamente e eu mordo o canto da minha boca.

Poderia ela se mais incoveniente?

-Você é tão ridícula.- Balanço a cabeça mas não confio esconder um sorriso.

É como se não tivéssemos passado oito anos longe uma da outra. Eu amo sentir essa sensação.