"Relaxa"
- Onde vamos? - Pergunto ao Juliano pela milésima vez.
- Se arruma que quando chegar lá você vai ver.
- Qual roupa eu devo usar? - Ele revirou os olhos e me empurrou pra dentro do quarto.
- Se arruma logo. - Bufei e me sentei na cama.
- Ele não quis falar pra onde nós vamos. - Falo com a Natália e ela se joga na cama.
Depois de um tempinho começamos a nos produzir. Botei uma saia rodada preta, uma blusinha que mostrava minha barriga também preta e um salto.
Natália botou um vestido verde e um salto, ela falou que quer chamar atenção hoje.
Eu fiz a maquiagem dela, pois minha amiga era péssima em se maquiar. Arrumamos o cabelo e finalmente estávamos prontas.
Juliano tinha vindo no quarto nos apressar umas cinco vezes.
- Pronto chato podemos ir agora.
- Finalmente. - Juliano diz e sai, Eric tinha ido dormir na casa de uma amiga, acho que ele está pegando a menina.
Pegamos um táxi até o local pois o Juli disse que iria beber e não estava a fim de dirigir.
O local era a uns quarenta minutos de onde nós morávamos, já era a parte digamos que classe média "baixa" do Rio.
- É aqui mesmo irmão, valeu. - Juliano pagou o homem e saímos, no local não tinha nada. Digo nada de festa, boate ou algo do tipo. Era um bairro normal, onde tinha um parquinho, uma escola e casas. Mas percebi que tinham vários carros, mais que o normal em uma rua residencial.
- Vem. - Seguimos meu irmão até um portão pequeno de ferro, onde um cara alto e forte estava. Eu estava atenta a tudo, e isso não estava me cheirando a coisa legal.
- No bad boy. - Juliano falou e botou alguns reais na mão do cara que entregou três papéis pra ele.
- Se perder isso e o bad boy ganhar, você não leva nada. - O homem diz sério e abre o portão pra gente entrar.
- Que merda é essa Juliano? Eu não acredito que você me trouxe pra algo ilegal.
- Cala a boca Camila, nós só vamos assistir uma luta e ganhar uma grana. - Eu e Natália nos entreolhamos com os olhos arregalados, eu odiava lutas. Era a coisa mais idiota que o ser humano inventou, onde já se viu duas pessoas se batendo por dinheiro?!
Se eu já não gostava de UFC que era uma coisa permitida, imagina esses troços ilegais.
- Eu quero ir embora. - Falo e paro no meio do caminho.
- Relaxa Camila, você não queria algo diferente? Então aproveite, vamos assistir os caras se batendo e torcer pra quem nós apostamos. Só relaxa. - Ele diz e segura minha mão e a da Natália.
Quando chegamos no espaço, tinha muitas pessoas e o que mais me surpreendeu foi ver os engomadinhos da Zona Sul aqui nesse lugar.
- Olha só quantos mauricinhos. - Natália murmura e o Juliano da uma risada.
- Não se assustem, aqui tem mais deles do que povo da periferia. - Pois isso era verdade, agora as mulheres, estavam todas vestidas com shortinho curto e top, umas até que estavam bonitinhas. E tinha velhos, jovens, até uns que aparentavam serem jovens demais.
- Senhoras e senhores, vamos da as boas vindas aos nossos lutadores. Com vocês Thales Moraes, pois é esse aí disse que não gosta de apelidos, creio que até o final da noite eu vou por um apelido nele. - Um menino bem alto e magrelo falou em um microfone e instantaneamente uma roda se formou no lugar. Uns cinco caras começaram a cercar a roda com uns negócios de ferro.
- Eu não quero ficar aqui na frente.
- Aqui é o melhor lugar, sinta-se privilegiada. - Revirei os olhos e olhei pro centro, rapidamente o povo começou a gritar, uns a comemorar outros a vaiar, meu irmão estava vaiando o menino.
O homem era bem forte, seus braços davam uns cinco do meu, ele era o famoso alicate com aquelas pernas finas e broxantes.
Outra observação foi a segurança, o cara estava só com um short surrado marrom, nada de luvas a única coisa que vi foi um protetor bucal. E eu não estava acreditando que eles iriam brigar em cima do concreto, uma queda de cabeça naquele chão era morte na certa.
- E agoraaa com vocês meu parceiro e amigo, Bad boyyy. -O cara gritou mais animado que o normal, e meu irmão soltou o maior grito no nosso ouvido. Eu acho que fiquei surda.
- Ah meu Deus. - Natália falou ao meu lado e botou a mão na boca.
- O que foi? - Eu e Juliano perguntamos ao mesmo tempo.
- Ele... ele é meu irmão. - Fiquei boquiaberta com a informação, voltei a olhar pro menino de short vermelho.
Devo dizer que ele iria ganhar uma bela surra, ele nem era tão musculoso, era gostoso isso eu tenho que dizer. Mas o outro dava dois dele.
- Eu não acredito que o Arthur luta ilegalmente, meu pai quando descobrir vai matar ele. E olha só isso Camila, nesse lugar não tem nenhum equipamento de segurança. Se ele cai de mal jeito nesse lugar pode morrer. - Natália falava sem parar.
- Qual é Nat, relaxa. - As vezes eu me pergunto se o Juliano só conhece a palavra "relaxa" que mané.
- Lutem. - Um homem gritou e os dois começaram a se mover pelo centro do lugar.
O tal do Thales tentou acertar um soco no rosto do irmão da Nat, mas ele desviou. Jura que ele vai ficar fugindo?!
- Vamos lá Bad boy.
- Vamos Moraes. - Os homens gritavam enlouquecidos.
Thales finalmente conseguiu acertar um soco no outro. E eles finalmente mais uma vez, começaram a se bater.
Aí o lugar foi pequeno para tamanha gritaria.
- Pega ele Arthur. - Natália gritou como uma louca. - Ele não pode apanhar desse jeito e deixar barato.
Dei uma risada, ela nem parecia aquela irmã preocupada de antes.
- Vamos Arthur. Será que ele não está me ouvindo.
- É quase impossível Natália. - O grandalhão estava mostrando um grande cansaço e só aí percebi a estratégia de antes, do Arthur ficar rodando e rodando. Era pra cansar o grandão.
- Isso, isso, soca ele caralho. - Um careca que estava atrás de mim gritou fazendo uma chuva de saliva misturada com cerveja cair sobre mim, que nojo.
Voltei meus olhos pra briga, e o Thales estava deitado no chão enquanto o Arthur ou devo chamar de bad boy? Tanto faz. Enquanto o Arthur estava por cima dele socando o rosto do cara até começar a sangrar muito, e o pior era que ninguém separava.
- Acabou, acabou bad boy. - Ele saiu de cima do cara e levantou os braços.
- Isso, porraaa o melhor. - Meu irmão começa a gritar sem parar.
- Ai merda. - Natália falou e mergulhou no mar de pessoas, eu não pensei duas vezes antes de pegar na mão do Juliano e arrastar ele pra fora do local atrás da Nat.
Quando já estávamos do lado de fora e perto de um carro eu ouvi uma voz grossa atrás de nós.
- Não adianta correr Natália. - Nós três paramos, a Nat ficou pálida.
- Eu vim por acaso Arthur. Como você pôde esconder isso de mim?
- Você é uma fofoqueira iria contar para os nossos pais. - Ele olha pra mim e pro Juliano e levanta uma sobrancelha.
- Quem são eles?
- Camila e seu irmão Juliano. - Juli já vai na frente.
- Cara você arrebentou na luta parabéns.
- Valeu, vocês não são os filhos do Otávio?
- Sim, são eles mesmo. Eu falei que era amiga da filha do prefeito. - Reviro os olhos.
Um flash de câmera me cega por um momento me pegando despreparada.
- Que porra é essa? - O irmão da Nat olhou em volta e viu um paparazzi escondido entre uns arbustos. Ele foi em direção ao cara e arrancou a máquina da mão dele, tenho quase certeza que ele está excluindo as imagens. Esse homem era um ogro.
Depois dele falar algo pro paparazzi o homem logo saiu correndo.
- Eu quero vocês dois longe daqui. - Ele diz quando volta a se aproximar.
- O quê? - Pergunto, acho que ele está brincando.
- É isso mesmo, você Natália vai pra casa agora mesmo. Lá nós dois conversaremos.
- Mas...
- Mas nada, pega um táxi e vai embora. - A Natália simplesmente se despediu de nós e saiu, uma revolta tão grande tomou conta de mim.
- Quem você pensa que é? Eu não vou sair daqui porra nenhuma. - Falei ficando cara a cara com ele.
- Eu não quero que essa merda saia na mídia, isso é um negócio sério onde nós arrumamos nosso dinheiro. E não vai ser vocês filhinhos do prefeito que vão acabar com isso.
- Relaxa cara, nós vamos sair. Eu sei que pode prejudicar vocês. - Juliano diz de forma pacífica e eu fico mais puta ainda.
- Vamos sair nada, eu posso ficar onde eu quiser, não vai ser você quem vai mudar isso.
- Cara pega essa menininha e leva pra casa, está tarde pra ela ficar latindo por aí. - Quando eu ia partir pra cima dele, Juliano me agarrou.
- Menininha que vai fazer da sua vida um inferno. - Grito enquanto o Juliano me leva pra longe do local
- Eu vou por você em um táxi, você vai ir pra casa e eu vou pegar nossa grana.
- Deixa essa esmola pra esses mortos de fome. - Grito alto o suficiente pro otário ouvir. Ele só me da uma última olhada, passa a mão pelo cabelo loiro e entra.
Pego meu celular no bolso do Juliano e ligo pra polícia, hoje esse babaca vai ver que comigo não se mexe.
- O que você está fazendo? - Juliano pergunta.
- Boa noite eu queria fazer uma denúncia...
E simples assim com um telefonema eu acabo com a graça desse babaca.
Entro no táxi e abro um sorriso.
- O que você fez Camila? Porra isso é sacanagem, os caras ganham dinheiro com aquilo.
- Relaxa maninho, relaxa. - Roubo a palavra dele e dou um sorriso.
Agora vamos ver se ele vai me expulsar de mais algum lugar, e insinuar que sou uma cadela.
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