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CAPÍTULO 17 - PAZ? SOMENTE AOS SUBMISSOS

Aviso: este capítulo apresenta um conteúdo de violência que pode ser sensível para alguns leitores.

Primeiro os sons: coisas se mexendo, poucas vozes humanas, distantes, mas nem tanto, e incompreensíveis — poderiam estar em outra língua (em qualquer uma) que não faria diferença. Em seguida, ela abriu os olhos, e tudo era verde, um verde-claro, ou verde-escuro desbotado. Quando ia esfregar as remelas, viu que tinha algo saindo de seu braço esquerdo — seu braço estava gelado, fora do cobertor (que também era verde, como se tudo aquilo fossem partes de um uniforme), mas o cobertor era fino demais, pois ela estava com frio —; qual era mesmo o nome da coisa? Um tubo que levava soro ou remédio, e na mão esquerda tinha outro, e ela os examinava quando uma mulher pôs a cabeça dentro da sala para olhá-la (mas não era uma sala, afinal as paredes eram de cortina) — uma mulher gorda como Tiara. Tiara, faculdade. Que dia era hoje? E como ela chegara ali, naquele lugar verde malcheiroso, com aqueles cateteres — cateter! (Os tubos em seus braços.) A mulher era sua única companhia ali, e para variar usava verde: um avental e uma touca na cabeça. Ela olhou para Kristina, que coçou o olho e descobriu algo tampando seu nariz e sua boca, como uma redoma, ou como uma máscara de oxigênio. A mulher desapareceu de volta para o outro lado da cortina. Aquilo era um hospital? Então Kristina estava segura.... Mas poderia ter tomado um banho, porque o fedor daquele lugar na verdade vinha dela. Era seu suor, e também era sangue... seu? A mulher comunicou a alguém do lado de fora:

— Ela acordou.

— Mãe — disse Kristina. — Cadê minha mãe?

A médica não respondeu, mas foi até ela. Retirou a máscara e os cateteres. Retirou o cobertor. Você não deveria fazer isso... A cortina se abriu. Um homem entrou. Um soldado grande, de capacete. Kristina ergueu o tronco na cama, mas logo o soldado estava à sua frente, amarrando um pano em sua boca. Ela urrou. A médica olhava tudo sem fazer nada. O soldado tampou os olhos da garota.

O homem a carregou sobre um dos ombros enquanto ela se remexia e esfolava a garganta com berros sufocados. Por onde a estava carregando? Ele passou por uma porta, segurando Kristina com apenas um dos braços enquanto abria a maçaneta. Nessa outra sala (ou seria um corredor?) havia vozes por todo lado, gritando ofensas que, a princípio, Kristina achou serem para ela, mas depois percebeu que eram para o soldado. No entanto, em meio aos sons de "seu covarde filho da puta", ela ouviu chamarem seu nome e já não sabia mais o que estava acontecendo.

Depois de atravessar outra porta, o soldado pôs Kristina de pé e a pressionou violentamente contra uma parede áspera. Abriu seus braços em cruz e prendeu seus pulsos em grilhões enquanto ela, embora estivesse quase sem forças, tentava chutá-lo. Afastando-se um passo, ele puxou a gola da blusa dela e cortou o tecido com uma faca ou talvez uma tesoura, fazendo o mesmo com o resto da roupa e por último com as vendas do rosto. Quando Kristina abriu os olhos, o soldado já estava de costas, indo embora.

— Volta aqui — ela tentou gritar, mas o que saiu foi um murmúrio rouco.

Estava sozinha e nua em uma sala imunda, sem janelas, iluminada somente por uma lâmpada fraca. E seu cabelo embaraçado que caía por sobre o rosto, seu corpo que agora beirava a dormência, aquele recinto pequeno, tudo tinha um fedor insuportável de morte fresca.

Elinor! O nome veio, de súbito, como um soco no coração, e com ele as lembranças. Quanto tempo se passara desde aquela noite? Parecia tão distante, tão surreal. Mas Kristina estava machucada de verdade, e Elinor estava morta de verdade. Ao resto do grupo, qualquer coisa poderia ter acontecido.

A porta se abriu. Kristina jogou os cabelos por cima dos seios e cruzou as pernas, mesmo que a única posição suficiente para tampar a nudez fadigasse rapidamente seus músculos. Apesar de tudo, manteve a cabeça erguida, pois, se existia um primeiro passo para enfrentar Keiton, era aquele. Porém, não foi Keiton a entrar no aposento. Kristina se pegou boquiaberta, do mesmo jeito que o rapaz que a encarava enquanto a porta atrás de si era fechada.

— K-Kris... — gaguejou Briel. — Eu te gritei no corredor das celas. Eu vi ele carregando alguém e vi que era você. — Estava vestido, saudável, intacto. Caminhou hesitante até ela. Parou no meio do caminho. — O que fizeram com você?

Ele tinha os olhos muito abertos e uma torção desagradável no rosto. Não estava apenas surpreso, mas repugnado.

— Eu não sei — respondeu ela com a voz fraca. — Eu não sei o que tá acontecendo, Briel. Eu não sei onde a gente tá.

— Na prisão. Numa... — Ele olhou em volta e falou como se cada palavra doesse. — Câmara de tortura. Eles me pegaram, mas eu nunca podia imaginar que ia te encontrar aqui. O que tá acontecendo?

— Eu não sei de nada — disse Kristina, e desabou. Deixou o corpo cair, fazendo com que os grilhões apertassem sua carne na tarefa de sustentar o peso, mas a dor física era agora um detalhe. Uma coleção de lágrimas guardadas, encerradas dentro de seu orgulho imbecil, começou a fluir de seus olhos e era como se o fluxo nunca mais fosse parar. — Eu não sei de nada. Eu só quero sair daqui. Eu quero ir pra casa. Eu quero ficar bem.

— Eu sei — ganiu ele, chegando mais perto e finalmente a abraçando. Ela enterrou a cabeça no pescoço de Briel. O calor dele era uma corda naquele abismo.

— Eu te amo — disse ela.

— Eu também te amo. — Ele fungou. Também chorava. — A gente vai sair daqui.

— Para de mentir pra mim. Se um de nós tem chance de sair, é você.

— Kris, você não vai morrer aqui.

— Não tem como você impedir.

— Eu vou fazer o que eu puder, mas não foi por mim que eu falei isso. Foi por você. Você não é do tipo que deixa alguém te matar. Você vai sair daqui, Kris.

Ela não respondeu. Só queria aproveitar aquele último pseudoabraço antes que fosse tirado dela. Em outras circunstâncias emocionais, perguntaria por que Briel estava ileso em uma prisão militar e há quanto tempo eles dois estavam ali, e talvez Briel perguntasse como os soldados descobriram onde ele estava e se os outros membros do grupo rebelde tinham ido com Kristina atrás dele, ou mesmo se Kristina sabia da existência do grupo. Mas nem a garota acorrentada nem o garoto assustado pareciam dispostos a explicações detalhadas. Tudo o que pudesse ser suposto seria suposto, no máximo, e no mínimo morreria naquela cena incoerente.

Com estrondo, uma soldada entrou na sala, transformando aquele devaneio em ruínas. Quarenta anos, alta, cabelo curto. Seu capacete, que ela pousou em um canto da sala, ostentava a insígnia de Capitã. Em seus calcanhares, três recrutas com feições ansiosas. A mulher se dirigiu a Briel:

— Bom dia, prodígio da Horizonte. Acho que seus puxa-sacos esqueceram de você. Mas isso é ótimo, né? Porque essa coisa feia que o Terceiro-sargento Lan Fer trouxe vai facilitar muito as coisas pra mim. — Ela olhou para Kristina com um sorriso no canto da boca. Fez um sinal para os recrutas e dois deles seguraram Briel pelos braços. — É o seguinte, Kristina: o Lan Fer me contou sobre você e sobre esse covarde aqui. Eu sei que vocês se gostam muito. Que pena. Eu sei que seu amigo tem muita coisa pra me contar, mas ele é intocável. É um funcionário de alto nível da Horizonte. — Virou-se para Briel novamente. — Já a sua amiga, Briel, ela não é nada. E você sabe o que vai acontecer com ela aqui. Pode ser que aconteça agora, ou pode ser que aconteça depois que os seus colegas vierem aqui te buscar, mas vai acontecer. — Briel lutava para se soltar, mas os recrutas eram mais fortes. — O único jeito, Briel, de impedir que ela se machuque, é se você tiver o bom grado de me passar as informações que eu preciso.

Briel encarou Kristina que encarou o silêncio, mas a mente da garota percorreu as informações que ela tinha e avaliou possibilidades. Conhecia os nomes e a localização do único grupo rebelde armado na Cabeça. No entanto, estariam eles vivos ainda? O que tinha acontecido no albergue? O que aconteceria se Briel ou Kristina abrissem a boca na câmara de tortura? Quanto mais décimos de segundo se passavam, mais pressão os esmagava ali.

Mas Kristina disse:

— Não. — Disse ou a palavra saiu de sua boca? E sua mente se perguntou se era mesmo a palavra certa. Estava mesmo protegendo o grupo que a enganara e assassinara seu pai? Mas continuou: — Não conta nada, Briel.

Ele permaneceu calado. Parou de tentar se soltar e olhou para o chão. A Capitã esperou algo mais e, vendo que não teria, caminhou na direção de Kristina. Foi vez da garota de se debater.

— Sai de perto de mim — tentou gritar, com a voz falhando. Briel ergueu a cabeça imediatamente. A Capitã agarrou o pescoço de Kristina com as duas mãos, e mal teve tempo de apertar antes de Briel dizer:

— Tem mais seis pessoas!

A Capitã desviou o interesse para ele.

— N... Não — desatou Kristina entre tossidas, mal conseguindo raciocinar o quanto os impulsos de seu corpo eram contraditórios: no lugar de a protegerem, faziam-na emitir palavras perigosas. — Não fala.

— Mas eu preciso. — A voz dele, por si só, era um lamento.

— É, você precisa — disse a torturadora.

Nesse momento, alguém bateu à porta e entrou. Era um soldado, que prestou continência à Capitã e foi respondido da mesma forma.

— A Horizonte tá aqui, senhora — disse ele.

Briel começou a chorar de novo, o lábio tremendo, os olhos presos nos de Kristina. A Capitã suspirou, parou ao lado dele e o agarrou pelo cabelo.

— Você ouviu, prodígio. Tá livre. Mas eu vou te dar uma última chance. Você sabe que a mocinha não tem quem a defenda, então é melhor gravar bem o rosto dela, porque se você sair por aquela porta sem colaborar com a gente, você nunca mais vai ver esse rostinho assim, tão magrinho, lisinho e cheio de dentes. Agora, se você colaborar, vai ser mais fácil pra todo mundo.

O rosto dele era todo lágrimas. Mordia o lábio com tanta força que era admirável não sangrar. Kristina, mesmo desejando intimamente que ele ficasse e revelasse tudo, abanou a cabeça em negativa. A Capitã esperou alguns segundos.

— Você não vai morrer aqui, Kris — sussurrou Briel, e se deixou ser conduzido para fora pelo soldado que aguardava à porta.

— Covarde — disse a Capitã assim que os dois homens saíram. — Esse é o pior tipo quando eles são intocáveis. Sobrou você agora, Kristina. E agora que a gente vai ficar bem íntima, deixa eu me apresentar: eu sou a Capitã Fumaça, ou a Capitã Chamusca, ou a Capitã Qualquer-Outro-Apelido-Ridículo-Que-Esses-Babacas-Inventam. Eu não consegui a colaboração do seu amigo, mas vou conseguir a sua. Eu preciso de uma confissão e de alguns nomes, você precisa do seu corpo inteiro e da sua vida. Nós duas podemos ter essas coisas se você quiser.

Ela arregaçou as mangas do uniforme e se aproximou de Kristina mais uma vez. A garota puxou os grilhões em uma tentativa inútil de proteger o pescoço. Suas tentativas de chute falharam igualmente. Era como se o cansaço viesse mais rápido e mais forte quando os músculos trabalhavam para realizar movimentos que eram simplesmente barrados daquele jeito. A Capitã inclinou o tronco para frente para falar no ouvido da prisioneira:

— Tá vendo esses caras? — Os recrutas que tinham segurado Briel no minuto anterior agora observavam a cena com um entusiasmo desprezível. — Olha pra eles. Por mais horrorosa que você seja, cada um deles tá louco pra colocar o pau dentro de você. É isso que acontece com as mulheres aqui. — Kristina contraiu ainda mais sua careta de ódio. — Mas não precisa se preocupar com isso, porque eles não vão nem chegar perto de você, por enquanto. Talvez mais tarde. Por hora, eu não preciso deles pra te machucar. Eu posso te machucar sozinha e de um jeito bem menos pior pra você, claro. E eu tenho bastante tempo. Mas, se eu fosse você, não demoraria pra me dar as informações que eu quero. Lembra que quem tá te esperando depois de mim são eles.

Ela se afastou, tirando do bolso da camisa um maço de cigarros.

— Cadê o Keiton? — disse Kristina.

— Ah, o Lan Fer. Qual é o seu grau de parentesco com ele? Eu fiquei impressionada quando vi que vocês têm o mesmo sobrenome.

— Cadê o Keiton? — repetiu ela. — Eu quero ele aqui. Eu não vou dizer nada até ele vir aqui.

A Capitã soprou uma onda de fumaça no rosto de Kristina.

— Então eu já vi que o dia vai ser longo...

A mulher encarou o cigarro por um tempo, concentrada, depois tocou a ponta acesa no ombro de Kristina. A pequena região foi esquentando depressa até se estabelecer ali uma ardência terrível. Kristina balançou a cabeça para todos os lados, mas a Capitã usou a mão livre para aplacar o movimento, segurando a garota pelos cabelos. Quando finalmente puxou o cigarro, sem que com isso levasse embora a dor, questionou:

— Quem são as outras seis pessoas? Todos estavam no albergue? Todos vocês estavam atrás do Briel Lan Daro?

A única resposta foi uma cara fechada que mirava o chão.

Veio a segunda queimadura, dessa vez no peito, bem no mamilo. A pele era mais fina, a dor mais intensa, e a garota não foi capaz de conter a urina. O líquido quente desceu por suas pernas para fazer uma poça malcheirosa aos seus pés.

— Me dá os nomes. Me diz o que vocês estão planejando.

A terceira queimadura foi na bochecha. Um filete de lágrima desceu, apagou o cigarro e fez arder ainda mais o ferimento. A Capitã partilhou um relance talvez admirado ou talvez inquieto com os recrutas. Em seguida, largou um tapa com as costas da mão no rosto da prisioneira. Kristina mordeu a parte interna do lábio e um sabor metálico se espalhou por sua boca. Ela cuspiu aquela mistura de sangue e saliva, o que a Capitã provavelmente julgou ser uma afronta, recompensando a garota com mais um tapa. Seu rosto inchou mais do que já estava. Sua voz saiu quase incompreensível, como se fosse a voz de outra pessoa, de alguém sem fôlego:

— Keiton... É o nome. O único que você vai ter de mim.

A Capitã acendeu outro cigarro, mas dessa vez só para fumar. Virou-se para os recrutas e ordenou:

—Um de vocês vai buscar o Terceiro-sargento Lan Fer. Eu tô curiosa pra saber atéonde essa garota vai.  

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