PS: Essa história não foi criada por mim (Ana), apenas editada, TODOS direitos sobre ela são de total autoria da minha querida amiga Maria Fabiana.

Lucas saiu do banho usando apenas bermudas e fitou-me. Provavelmente estranhando minha repentina troca de roupa, desde que comecei a protegê-lo, nunca usei um vestido ou saia. E aqui estava eu trajada em um longo vestido branco de crochê.

Esperei algum comentário irônico ou uma risadinha, mas ele apenas passou por mim e deitou-se na cama, cobrindo-se com um pesado cobertor, devido ao frio.

— Você está sendo um bom garoto. — comentei sentando à seu lado. — Daqui a pouco, não precisará mais de mim... Se continuar assim a Morte não chegará nem perto de você.

— A convença a demorar, por favor. — disse ele sorrindo timidamente.

— Claro, pode deixar que eu terei um papinho com ela.

— Você fala como se fossem amigas. — disse ele ajeitando-se para me olhar melhor.

— A Morte não é de todo ruim... Às vezes é uma libertação. Eu a considero uma velha amiga, ela me libertou de uma realidade cruel, de me deu a oportunidade de ajudar outras pessoas, como você... — conclui e olhei para ele.

— Ok, ok. Vamos para de falar sobre morte, esse assunto me dá calafrios. — falou ele rindo com nervosismo.

— Luca, você sabe muita coisa sobre mim... — falei, enfiando-me embaixo da coberta. — Mas... Qual é a tua história?

— A minha história não é tão interessante quanto à sua. Nem tão heroico quanto.

— Me conta vai...

— Tá bom. — rendeu-se, fazendo me sorrir. — Meus pais morreram em um acidente de carro quando eu era pequeno, logo fui criado pelo meu tio.

— E onde está seu tio? — perguntei, pois da poucas coisas que sei sobre ele, tenho certeza de que ele mora somente com sua tia, Susane.

— Ele suicidou-se. — acrescentou, sua voz estava quase num sussurro. — Desde então somos apenas Susane e eu.

— Mas, você não tem nenhum sonho, planos para o futuro?

— Pretendo ser fotografo. — falou por fim, encerrando a conversa. Achei melhor não perguntar-lhe mais nada, visto que depois que falou do tio, seu humor mudou bruscamente.

— Sabe Lucas?

— Hum? — disse de mau gosto.

— Coisas ruins acontecem com pessoas boas.

— Aposto que ninguém faria nada por mim. — acrescentou rudemente, antes de dormir.

Fiquei pensando em suas palavras.

— Sei que não pode me ouvir, e só vou dizer isto em voz alta, porque tenho certeza disso. —falei passando aa mão em seu expeço cabelo negro. — Eu faria qualquer coisa por você. — sussurrei. — Eu desistiria do céu, somente para ter o direito de amar-te. Eu cairia por ti.

Fechei meus olhos e essa foi a primeira vez em anos que eu consegui dormir.