Capítulo 40
Chegamos em SunFifth e MoonFifth com o nascer do sol, minha ansiedade está à flor da pele, mal consigo me conter. Os dois reinos estão envoltos em um frio cortante, os primeiros sinais da neve iminente já são visíveis. Descemos dos vagões a alguns quilômetros do portal que conecta os dois reinos e seguimos o restante do caminho a pé. Quando nos aproximamos, levei um susto terrível: o portal não exibe mais o brilho majestoso de outrora; agora, está desgastado, suas cores desbotadas, seu brilho enfraquecido até quase desaparecer. Ver aquela cena dilacerou meu coração.
— O que aconteceu? — Perguntei, com a voz trêmula.
Parei em frente ao portal e o encarei com uma mistura de fascínio e angústia, lutando para conter as lágrimas prestes a escapar.
— Não sabemos ao certo, mas parece que enfraqueceu desde que você partiu. — Kedra se aproximou e me confortou, apertando suavemente meu ombro.
— Não tivemos tempo para planejar melhor sua fuga. Além da impaciência de Nicolay, o enfraquecimento dos dois reinos foi um obstáculo. Você precisa ser coroada o mais rápido possível e restaurar a ligação entre o sol e a lua. — Explicou Helena.
— Então, o que estamos esperando? Vamos! — Ordenei, determinada.
Assim que abri o portal com um gesto firme, adentramos e atravessamos a densa floresta. Caminhamos até alcançar a vila, onde a agitação típica de um dia comum contrastava com a solenidade do momento. Ao avistarem minha chegada, o povo instantaneamente cessou suas atividades. Um silêncio reverente pairou por breves segundos, enquanto todos me encaravam com misto de surpresa e veneração.
Logo em seguida, as pessoas se curvaram em sinal de respeito diante de mim. Acenei para que se levantassem e continuassem com suas tarefas. Prosseguimos pela vila, e durante o trajeto pude notar os altares e capelas erguidos em minha homenagem, semelhantes aos de Brownwood, conforme as meninas haviam descrito. Minhas fotos estavam colocadas em diversos locais, iluminadas por velas, enquanto nas paredes das casas da vila viam-se inúmeros pedidos de orações, rogando aos senhores e deuses pela minha segurança e retorno viva. Era difícil mover-me, pois as pessoas me cercavam por todos os lados. Alguns pediam abraços calorosos, outros se ajoelhavam e abençoavam minha gravidez, alguns choravam emocionados, outros riam de alegria, e meu nome ecoava sem cessar pelas ruas, proferido com fervor e devoção.
— Alteza, que bom tê-la aqui novamente! É um sinal claro de que os deuses e senhores dos cinco reinos ouviram nossas preces. — Disse uma mulher, com reverência.
— Obrigada, minha cara. Estou feliz por estar de volta. — Respondi com um sorriso sincero.
— Alteza! Alteza! — O chamado vinha de todos os lados.
— Majestade! — Saudou-me uma senhora com respeito.
— A filha do sol e da lua retornou, trazendo consigo a esperança. — Concluiu outra pessoa.
A senhora se aproximou e gentilmente tocou minha barriga. Como se estivesse prestes a compartilhar um segredo, ela se abaixou e cochichou suavemente:
— Bem-vinda, nova Sky!
O ambiente pulsava com um misto de emoções, desde a alegria exuberante até a reverência solene, enquanto eu era recebida calorosamente pela minha querida vila.
Depois de suas palavras tocantes, a senhora se perdeu na multidão que me cercava. As imponentes portas do palácio de SunFifth se abriram diante de nós e logo fui recebida por Joseph.
— Céus, você está de volta! E... Grávida? — disse Joseph, encarando-me dos pés à cabeça. — Isso é uma maravilha! Minha filha, minha filha, você está de volta e com uma vida em seu ventre. Este é o melhor dia da minha vida! — Joseph me abraçou com força, transbordando felicidade.
— É bom vê-lo novamente, Joseph. — Respondi, confortando-me em seus braços.
— Está linda, Meredith. — Me elogiou Victória, aproximando-se e também me abraçando.
— Obrigada, Victória. — Agradeci sinceramente.
— A melhor coisa na vida de uma mulher é quando ela está prestes a dar ao mundo uma nova vida. — Sorriu para mim com ternura.
— Sim, é realmente maravilhoso. — Retribuí o sorriso.
— Filhos de Sky! Fico feliz em vê-los novamente e agradeço por terem trazido Meredith de volta. — Agradeceu Joseph, de braços abertos para todo o pessoal que me resgatou.
— Onde está...
— Meredith? — Interrompeu Nicolay.
Me virei lentamente e, ao avistar aqueles olhos de um azul e verde profundos, meu sorriso brotou automaticamente. Nicolay parou no lugar, os olhos cheios d'água.
Seu rosto parecia refletir uma mistura de alívio e emoção contida. Por um breve instante, uma sombra de preocupação cruzou meu coração, temendo que ele não estivesse feliz com meu retorno. Mas antes que essa incerteza pudesse se instalar completamente, Nicolay sorriu de novo, e desta vez com uma intensidade renovada. Ele correu em minha direção com uma pressa que denotava desespero contido e alívio profundo. Quando seus braços me envolveram, senti sua força quase me tirar o ar, um abraço tão forte que quase me fez perder o equilíbrio. A cena era um turbilhão de emoções: a alegria fervente de reencontrar meus amigos queridos, a gratidão por estar de volta em segurança e o amor incondicional que transbordava naquele abraço.
— Eu achei que havia te perdido. — Disse Nicolay, encarando-me com a testa franzida contra a minha.
— Eu estou aqui... — Minha voz saiu em um sussurro.
— Aquele desgraçado te machucou? O que ele fez com você? Conta para mim, Meredith! — Nicolay começou a me examinar, girando-me de um lado para o outro, preocupado.
— Não aconteceu nada comigo. Estou bem. — Respondi, tentando sorrir para acalmar suas preocupações.
Ele também sorriu, aliviado. Depois de um momento, seus olhos desviaram para minha barriga e ele a segurou com ambas as mãos, abaixando-se levemente.
— Ei, pequeno. Aqui é o papai falando. Tudo bem aí dentro? — Disse Nicolay, com um brilho de emoção nos olhos, parecendo completamente encantado.
Aquela cena era surreal e absolutamente inacreditável. Se me dissessem alguns meses atrás que eu me apaixonaria por Nicolay e que estaríamos esperando um filho juntos, eu provavelmente teria rido na cara do desgraçado e o chamado de louco. Tantos eventos turbulentos aconteceram entre nós desde que nos conhecemos, e nada disso parecia digno de um conto de romance; pelo contrário, era mais adequado a uma narrativa sombria e desafiadora. Mas aqui estávamos nós, eu, ele e nosso filho.
Observar Nicolay brincando com minha barriga, falando com nosso bebê em um tom de voz suave e amoroso, era como se eu estivesse diante de uma pessoa completamente diferente da imagem do grande vilão sem coração que ele já fora. Seus olhos refletiam ternura e um brilho de expectativa pelo futuro, contrastando profundamente com a frieza e determinação que uma vez vi neles. Era uma metamorfose emocional que eu nunca imaginei ser possível, e que me fazia questionar tudo o que pensei saber sobre ele.
— Você está linda! — Saí dos meus pensamentos, sorrindo ao ver Nicolay se aproximando para me beijar.
— Ah, que cena mais linda. Mas precisamos nos mexer, preguiçosos! Qual é o próximo passo agora? — Catarina interrompeu de repente, nos tirando do nosso breve momento de intimidade.
— Temos que te coroar. — Disse Victória, com seriedade.
— Sim, claro! Mas quando? — Perguntei, ainda um pouco confusa com a rapidez dos acontecimentos.
— Agora mesmo! Por que não? — Propôs Joseph, com urgência.
Olhei para Nicolay, que me encarava com um olhar que parecia captar cada pensamento meu, assentindo em confirmação. Em seguida, olhei para Kedra, que fez o mesmo gesto que Nicolay, reforçando a decisão. A determinação nos olhos dos irmãos deixava claro que o momento para minha coroação havia chegado, embora fosse inesperado.
— Certo! Onde está a pele do Clevan? — Perguntei determinada a fazer isso dar certo.
— Está no seu closet, Alteza, pronta para ser usada. — Respondeu Catarina, com um sorriso no canto da boca.
— Ótimo!
...
Meu quarto está repleto de mulheres. Catarina, Helena, Alice, Alysson, Victória, Cat, Caroline e Emily movem-se com graça e determinação enquanto me preparam para a coroação. Suas mãos ágeis ajustam cada detalhe do meu vestido, penteiam meus cabelos e adornam minha cabeça com a coroa simbólica que marcará este momento histórico. A atmosfera é intensa, carregada de expectativa e alegria contida.
Enquanto isso, Joseph e os outros homens cuidam dos preparativos burocráticos e organizam o povo de SunFifth e MoonFifth para que possam se juntar a nós na celebração. Ouvem-se vozes distantes e o ruído animado das pessoas se reunindo lá fora, criando um contraste vibrante com a calma concentrada que reina dentro do palácio.
É um momento de união e significado profundo, onde todos se esforçam para garantir que cada detalhe esteja perfeito para o evento que marcará não apenas minha ascensão, mas também a esperança e o renascimento de nossos reinos.
— Pelos deuses, onde está o perfume de Ana? — Gritou Helena, exasperada.
— Eu não sei! Na verdade, não faço ideia onde está nada! Não consigo encontrar nada! — Respondeu Emily em tom de desespero, elevando a voz.
— Calma, meninas! Muita calma! — Interveio Victória, tentando impor ordem.
— Será que dá para vocês pararem de gritar? Não aguento mais tanta confusão! — Catarina juntou-se aos gritos, visivelmente frustrada.
Ela subiu em cima da minha cama, impondo-se sobre o caos.
— Meninas! — Tentei chamar, mas a agitação as mantinha dispersas.
— Alice! Alice! Onde estão as joias que pedi? — Gritou Alysson, adicionando mais um tom de urgência à cacofonia.
— Meninas? — Tentei chamar novamente, esperando ser ouvida entre o tumulto.
— Eu entreguei para a Caroline! — Gritou Alice, correndo apressada para resolver a questão.
— Caroline! — Repetiu Alysson, em tom urgente.
— Já estou indo! E levarei as joias comigo! — Gritou Caroline, movimentando-se de um lado para o outro em resposta à chamada.
— MENINAS! — Gritei também, tentando finalmente atrair a atenção delas.
Todas pararam imediatamente.
— Será que vocês podem se acalmar, por favor? Estão me deixando mais nervosa ainda. — Falei, sentando-me à beira da cama.
— Céus, nos perdoe, Meredith. Estamos tão ansiosas e sobrecarregadas com tantas tarefas para fazer que acabamos perdendo a cabeça. — Disse Victória, sentando-se ao meu lado na cama.
— Sim, nos perdoe. Vamos tentar não parecer...
— Tão malucas. — Acrescentou Catarina, lançando um olhar divertido para Helena. Enquanto Helena apenas balançava a cabeça com um sorriso resignado.
— Certo, vamos fazer isso direito. Este é um evento especial e tudo precisa ocorrer perfeitamente. — Disse Caroline, com determinação.
Sorri para ela em agradecimento, apenas com um olhar.
— Venha, Meredith, vamos transformá-la em uma verdadeira rainha. — Disse Victória, estendendo a mão para mim.
Aceitei sua mão e voltamos para a nossa grande missão com renovado foco e determinação.
...
— Está nervosa? — Perguntou Nicolay, preocupado.
— O que acha? Sinta só, estou suando. — Respondi, meio paranoica, pegando sua mão e passando sobre a minha para que pudesse sentir o suor nervoso.
— Fique calma, vai dar tudo certo. — Ele piscou para mim, tentando tranquilizar.
— Eu sei. Eu sei. — Respondi, tentando acalmar meus nervos.
— O que é isso? — Ele perguntou, olhando para a cicatriz em minha mão.
Eu não contei a Nicolay sobre a ligação entre mim e Leonidas. Não quero estragar tudo, então decidi manter isso em segredo, pelo menos por enquanto.
— Não é nada. — Retirei minha mão de sua vista rapidamente.
— Meredith! — Me chamou Lucky.
— Ei, Lucky! Quanto tempo não nos vemos? — Respondi, aliviada por Lucky ter aparecido naquele momento e ter me poupado de ter que dar explicações a Nicolay.
— Sim, faz muito tempo! Sinto muito... É... Por você ter ficado nas garras de Leonidas. — Ele abaixou a cabeça, como se estivesse constrangido.
— Pelos deuses, não! Pare com isso. A culpa não foi sua. — Levantei seu rosto gentilmente.
— Certo. — Respondeu ele, visivelmente sem graça.
— Ei, cara, hoje é um dia de celebração! Meredith está de volta, viva e bem, e isso é o que importa. — Nicolay tentou animar o amigo, batendo nas suas costas.
Lucky pareceu mais animado.
— Bom, Alteza, quase Majestade, Joseph disse que tudo está pronto. Podemos ir? — Fez uma reverência cômica, parecendo um bobo da corte. Ri, contagiada pelo seu humor.
— Claro que sim. — Respondi ansiosa.
No meio do caminho, Nicolay me parou, segurando meu braço. Sem aviso prévio, ele me beijou. Já estava com saudades de seus beijos.
— Boa sorte, vida. — Disse ele entre o beijo.
Me afastei, surpresa.
— Vida? — Perguntei, relutante, achando engraçado.
— Sim, vida! Você é minha vida, e achei que deveríamos ter uma palavra só nossa. Agora vamos! Vamos arrasar. — Sorriu e me puxou em direção ao grande momento.
O lugar escolhido para a minha coroação foi a imponente igreja dos dois reinos, situada entre MoonFifth e SunFifth. O ambiente estava repleto de súditos ansiosos, e do lado de fora, uma multidão curiosa aguardava para testemunhar o momento histórico da minha coroação como rainha.
As trombetas ecoaram solenemente quando entrei na igreja ao lado de Nicolay. Todos os presentes se curvaram diante de mim em sinal de respeito. Ao final do corredor, vi Joseph pela primeira vez, impecavelmente vestido e preparado. Nicolay, com graciosidade e delicadeza, entregou-me a ele. O gesto me lembrou cerimônias de casamento, quando o pai entrega a noiva ao noivo, mas com uma profundidade de significado diferente. Joseph fez uma reverência, beijou minha testa e então me cobriu com a capa feita da pele do Clevan.
Caminhei até o altar e me ajoelhei diante do Padre. Ele me coroou, entregou-me o cetro e o orbe, e abençoou-me fazendo o sinal da cruz em minha testa. Assim que terminou, pediu-me para me levantar. Ergui-me, agora diante de todo o povo dos dois reinos.
A atmosfera estava carregada de emoção e solenidade. O peso da responsabilidade que assumi como rainha era tangível, mas também havia uma sensação de esperança e renovação no ar. Os olhares atentos e os murmúrios abafados da multidão acompanhavam cada movimento e palavra da cerimônia, enquanto eu me preparava para liderar meus súditos com dignidade e determinação.
— Meredith Rose Calore Solar, você jura solenemente ser responsável e sempre defender o povo de SunFifth e MoonFifth? — Perguntou o Padre, sua voz ressoando na grande igreja.
— Sim. — Respondi, sentindo meu coração subir pela garganta.
— Você jura solenemente ser uma boa rainha e colocar-se à frente do seu povo sempre, em qualquer circunstância?
— Sim.
— Agora, perante a mim e diante do seu povo, faça o juramento oficial. Assim, poderá completar a ligação e ser oficialmente coroada rainha dos dois reinos. — Ele falou com um tom sério, olhando profundamente nos meus olhos.
— Eu, Meredith Rose Calore Solar, prometo e me comprometo com todo o povo de SunFifth e MoonFifth. Juro colocar as necessidades de todos vocês à frente das minhas. Juro protegê-los e empenhar-me para que nosso reino cresça e prospere. Juro seguir os passos de meus pais e fazer tudo ao meu alcance para não decepcioná-los. Eu, Meredith Rose Calore Solar, me torno agora a única e exclusiva rainha de SunFifth e MoonFifth, Herdeira do Sol e da Lua. — Falei com convicção e respeito por todo o juramento.
Assim que terminei, entreguei de volta para o Padre o cetro e o orbe. Então, voltei-me para o meu povo e fiz um gesto de três dedos, beijando-os e erguendo-os para o alto e os depositando no peito ao lado do coração. A multidão explodiu em aplausos e gritos de celebração, logo repetindo meu gesto em uníssono.
— Filhos de Solar! Como Sol e a Lua...
— Voltaremos a brilhar! — Todos completaram minha frase em um coro vibrante.
O ambiente estava eletrizante, com o entusiasmo e a energia da multidão reverberando pela igreja. Cada gesto e palavra ressoavam com a promessa de um novo começo, unindo SunFifth e MoonFifth sob o meu reinado.
Ao cessar os uivos da multidão, uma luz intensa se acendeu no centro da igreja, seu brilho tão forte que quase nos cegava. Lentamente, prendeu a atenção de todos enquanto uma pequena luz flutuava em direção ao meu colar, onde o sol e a lua estavam entrelaçados. Todos observavam com fascínio. A luz penetrou no meu colar e, instantaneamente, uma sensação de poder descomunal e desconhecido me envolveu. Era uma força dez vezes maior do que qualquer poder que eu já tivesse sentido antes. Um círculo de luz se formou ao meu redor, criando um ambiente místico e sagrado na igreja. A multidão soltou um sonoro "ôhhh", profundamente impressionados com o que estavam testemunhando. Era um momento irreversível.
Ali, naquele instante, eu me tornei a Rainha mais poderosa que já existiu em toda Sky. Completar minha ligação com o sol e a lua não apenas fortaleceu meus poderes, mas também estabeleceu um vínculo indissolúvel entre mim, meu reino e meu povo. Era como se eu tivesse ascendido a um novo patamar de existência. Eu me sentia viva de uma maneira que nunca havia experimentado antes.
Eu sou a lenda viva. Destinada a moldar o destino de SunFifth e MoonFifth com grandiosidade.
Caminhei pelo corredor da igreja, cujo chão estava coberto por um tapete vermelho de veludo luxuoso. Cada passo era uma mescla de gratidão e exultação, impossível de descrever completamente a grandiosidade da minha felicidade. Sabia que agora tudo seguiria adiante, e apesar dos acertos de contas pendentes com Leonidas, eu optava por deixar esses pensamentos de lado neste momento de celebração. Queria apenas compartilhar este momento com meus amigos, agora minha família, e com meu povo, que desde o início foram minha verdadeira família.
Enquanto atravessava o corredor da igreja, fui recebida com chuvas de pétalas de rosas, que caíam delicadamente ao meu redor. Meu peito se enchia de um amor profundo e sincero.
— Vida longa à Rainha! Vida longa à Rainha! — Gritavam sem parar.
Minha única reação foi sorrir, um sorriso radiante que expressava toda a minha gratidão e alegria. Cada grito, cada gesto de apoio e carinho daqueles que estavam ali significava mais do que palavras poderiam expressar. Era um momento de união, de esperança renovada e de um futuro promissor que eu estava determinada a liderar com dignidade e compaixão.
Meses depois...
— Saiam da frente seus inúteis! — Ouvi Nicolay gritar do lado de fora do quarto, sua voz carregada de preocupação e tensão.
— Acalme-se, meu filho! Você não pode ficar tão nervoso assim. — Joseph tentou, sem muito sucesso, acalmar os ânimos.
O barulho dos passos deles se aproximando de mim aumentava a cada momento.
— Respire fundo, Meredith. Assim comigo... 1..., Respira... 2..., Inspira. — Cat disse, sua voz firme tentando me tranquilizar.
Eu me concentrei nos sons ao meu redor, tentando controlar a dor que vinha em ondas.
— Ahhh! — Gritei de dor, sentindo outra contração se intensificar.
O quarto estava impregnado de uma tensão palpável e expectativa intensa. Cada segundo arrastava-se como uma eternidade enquanto eu me preparava para dar à luz ao meu filho, envolta pelo apoio nervoso e amoroso daqueles que estavam ao meu lado. Cada respiração era um esforço concentrado para enfrentar as contrações que vinham em ondas extremamente fortes , enquanto a promessa da chegada de uma nova vida pairava no ar, misturada com a ansiedade de todos ali presentes.
— Ele já nasceu? — Disse Nicolay, irrompendo no quarto em total desespero.
— Ainda não, mas está quase na hora. — Respondeu Caroline, tentando manter a calma.
— Eu não vou mais aguentar! Está doendo muito... Ahhh, céus! Tirem ele já! — Ordenei, a dor e a ansiedade tomando conta de mim enquanto as contrações se intensificavam.
A dor é excruciante, além do que consigo imaginar. Cada contração parece um golpe poderoso, e minha respiração está irregular enquanto o suor escorre pelo meu rosto, uma sensação de calor insuportável. Tudo o que mais desejo é que tirem logo meu bebê deste tormento. Agradeço aos céus pela presença reconfortante de Nicolay neste momento angustiante. "Depois terei que me lembrar de pedir desculpas a ele por quase arrancar suas mãos", pensei enquanto tentava focar na próxima contração.
Nicolay me informou que todos estão do lado de fora do quarto, ansiosos para conhecer o mais novo integrante da nossa família.
— Respire, meu amor! Respire! — Disse Nicolay, seus olhos cheios de preocupação.
— Eu já estou respirando, Nicolay, não está vendo? E pare de me olhar assim, não está ajudando! — Respondi, minha respiração entrecortada pelas contrações que pareciam não dar trégua.
Fecho os olhos e conto até dez, buscando desesperadamente manter a calma e a paciência. Estou deitada com as pernas abertas, apoiada por Victória, e sustento meu corpo com os cotovelos. Cada contração é como uma onda de dor intensa, e tento respirar fundo para enfrentar cada uma delas, mas neste momento tudo parece uma tarefa impossível.
— Não fique brava comigo. — Resmungou Nicolay.
— Eu não estou brava. Estou parindo, Nicolay! Pa – rin – do! — Gritei, interrompida por outra contração que me fez apertar os dentes.
Não sei por que estou nervosa, mas não consigo evitar.
— Meredith, se acalme. Você...
— Ahh! Meu senhor! — Meus gritos ecoam pelo corredor do palácio.
Victória se aproxima com calma, sua presença tranquilizadora cortando o ar tenso.
— A hora é agora. Você está preparada? — Perguntou, sua voz firme e suave ao mesmo tempo.
Victória está encarregada do meu parto, sentada em um banco junto à beira da cama, dedicada a sua tarefa há horas. Seu cabelo está preso num coque alto, as mangas do vestido estão enroladas, e seu olhar não se desvia um instante do meu útero.
— Não. — Respondi pronta para desistir.
— Preciso que você faça o máximo de força que conseguir. — Victória disse, posicionando-se com determinação.
— Vamos, vida, você consegue. — Nicolay me encorajou, segurando minha mão com firmeza.
Eu acenei, pronta para o próximo esforço.
— Quando eu falar, vai! Ok? — Victória fez um gesto afirmativo com a cabeça.
— Ok. — Respondi, concentrada e pronta para seguir suas instruções.
— Vai! — Victória gritou, incentivando-me a iniciar o esforço.
Fiz o máximo de força possível, mas parece que quanto mais eu me esforço, mais difícil fica.
— Vamos, meu bem! Você consegue! — Nicolay me encoraja continuamente.
Seu olhar permanece fixo no trabalho árduo que Victória está realizando.
— Ahhh! Não dá, Victória! Não dá! — Gritei, fazendo Nicolay se assustar.
— É claro que dá, Meredith! Vamos lá! Vamos! — Ele me incentiva com determinação.
— Céus, nunca pensei que passaria por isso. — Disse Nicolay, limpando o suor da testa.
— Mais força, Meredith! — Gritou Victória.
— Vamos, Meredith! Não seja uma princesinha fraca. — Falou Nicolay, com sua técnica de encorajamento duvidosa.
— Se você disser isso novamente, juro que quando acabar aqui, eu acabarei com você! — Ao falar, dei um gritinho agudo que saiu estranhamente estranho.
— Está vendo, Bernardo, sua mãe é estressada. Espero que você esteja vindo preparado para isso. — Nicolay se abaixou perto da minha barriga e fingiu cochichar.
— Bernardo? — Perguntou Victória, surpresa.
— Ele está convencido de que será um menino e até já escolheu um nome... Aiii Senhor!! — Respondi, interrompida por outra contração.
A cada pontada de dor, eu apertava as mãos de Nicolay para encontrar algum alívio. Em um breve momento, olhei para seus dedos e vi que estavam roxos devido à intensidade da pressão.
— Bernardo é um nome muito bonito. — Victória sorriu para mim, e involuntariamente, dei o sorriso mais forçado da minha vida.
— Só mais um pouquinho, alteza. Só mais um pouquinho. — Cat disse por trás de Victória, observando todo o procedimento com atenção.
— Está vindo! — Gritou Caroline, anunciando o momento tão aguardado.
Depois de enfrentar intensa dor, gritos exaustivos, suor que encharcava minha pele e quase quebrar as mãos de Nicolay com minha força desesperada, finalmente ouvi o primeiro choro do meu bebê. Aquele som delicado e significativo encheu o quarto, trazendo um alento profundo e uma onda de emoções indescritíveis.
Com todo o cansaço acumulado, deixei-me cair na cama, sentindo uma mistura de felicidade e alívio inundar meu corpo. Meu sorriso, agora tão amplo que certamente alcançava as orelhas, refletia toda a minha gratidão e alegria por finalmente ter superado esse desafio monumental.
— É uma menina! — Gritou Victória, e todas as meninas comemoraram ao redor.
— Veja, meu amor, é uma menina. — Disse Nicolay, com os olhos cheios d'água, segurando nossa princesinha nos braços.
Com cuidado, ele a colocou nos meus braços. As lágrimas escorreram pelo meu rosto, inundando-me de uma emoção indescritível ao segurar a preciosidade da minha vida.
— Ela é linda. — Minha voz saiu fraca, embargada pela emoção.
Olhei para Nicolay e vi lágrimas escorrendo por suas bochechas, um misto de euforia pura e emoção que transbordava comoventemente.
— Sim, é linda igual a mãe. — Respondeu Nicolay, sorrindo.
Ele enfiou o dedo entre a mãozinha dela e ela o apertou com força, uma cena adorável.
— Além de linda, é forte também. — Ele sorriu, encantado.
— Pelos deuses, que perfeição. — Elogiou Caroline, emocionada.
Ela se aproximou para olhar de perto, seguida por Cat.
— Qual será o nome dela? Bernardo não pode ser. — Brincou Victória.
Olhei para Nicolay e ele deu de ombros.
— Eu ainda não sei, vamos pensar com calma. — Respondi.
— Certo! Agora me dê essa princesinha, ela precisa de um banho e você também. — Disse Victória, aproximando-se para pegar minha pequena.
— Bem-vinda ao mundo, nova Sky. — Cochichei, e para minha surpresa, ganhei um sorriso da minha bonequinha.
Aquele pequeno gesto fez o meu dia. Victória a tirou dos meus braços e logo em seguida eu apaguei.
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