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Capítulo 39


Leon me pressionou a fazer este pronunciamento, alegando que estou grávida dele e que, devido a isso, vamos nos casar perante todo o povo de BrownWood. Este evento será transmitido para que toda Sky possa testemunhar o momento. Gostaria de esclarecer que esta situação não foi minha escolha, mas aqui estou, prestes a selar oficialmente meu futuro cruel ao lado de Leonidas.

— Você tem certeza de que quer fazer isso? — Caroline questionou enquanto caminhávamos pelos corredores do palácio em direção ao local onde o pronunciamento será feito.

— Não vejo outra opção até agora, então vou ter que seguir com isso. — Respondi, sentindo minhas mãos começarem a suar.

— Eu acho que não deveria tomar medidas drásticas...

— Aí! — Parei no meio do caminho.

— O que foi? — Perguntou Caroline, visivelmente assustada.

— Ele me chutou! — Um sorriso de felicidade tomou conta de mim, e comecei a rir.

— Quem te chutou? — Caroline está com uma expressão de confusão hilária no rosto.

— O bebê Caroline, o bebê! — Sorri novamente.

— Ai meu senhor! Mas já? Deixe me sentir. — Exclamou Caroline, animada.

Ela parou em minha frente e, com um gesto delicado, colocou as mãos suavemente sobre minha barriga, seus olhos expressando curiosidade e preocupação ao mesmo tempo.

— Está sentindo? — Perguntei curiosa.

Caroline concentrou-se em sentir os chutes, e então respondeu:

— Mais ou menos. — Se aproximou mais de minha barriga.

Mas parece que ela queria ouvir o bebê em vez de simplesmente senti-lo, o que me fez rir suavemente da situação.

— Vá um pouco mais para cima. — Ordenei.

— Ôhh! Eu senti! Eu senti! — Exclamou com animação.

— Shiii! Fale baixo. — Eu ri e pedi que ficasse quieta.

— Será que é uma menina ou um menino? — Perguntou me encarando.

— Não sei. — Dei de ombros.

— Bom seja o que for será muito forte. — Sorriu.

Eu sorri também, mas então uma tristeza profunda e inesperada me atingiu, uma onda de vontade imensa de chorar que mal consegui conter.

— Céus por que está chorando? Pare! O bebê pode sentir sua tristeza. O que foi? — Caroline falou rapidamente, suas palavras se atropelando umas às outras.

— É que... É um momento tão importante e especial. Gostaria que Nicolay estivesse comigo, gostaria que ele estivesse aqui para ver minha barriga crescer e sentir o bebê chutar. — Falei com tristeza na voz.

— Não fique assim Meredith. — Caroline me consolou.

— Não terei mais tempo, na verdade, já não tenho mais. Depois que eu disser o que Leon quer, tudo estará acabado, e Nicolay... ele vai... — As palavras ficaram presas na minha garganta enquanto eu lutava para continuar.

— Nicolay não sabe que você está grávida? — Seu rosto revelou surpresa genuína.

— Ele suspeitava muito mais do que eu mas não tive a oportunidade de dizer a ele. — Respondi.

— Você acha que depois de hoje ele vai acreditar que você está realmente grávida de Leon? —  Caroline perguntou, com um semblante confuso.

Caroline fez uma pergunta intrigante que, ao mesmo tempo, despertou um temor em mim. Eu sentia medo por não ter uma resposta clara para ela.

— Para ser sincera, não faço ideia. Não sei onde Nicolay está, nem mesmo se ele está vivo. Só queria que ele estivesse aqui. —  Minha voz tremia de tristeza enquanto falava.

— Eu imagino. — Ela acariciou minhas costas, buscando me confortar.

— À medida que os dias passam longe dele, sinto que um pedaço de mim se vai. — Confessei a Carol.

— Mas o pedaço maior dele está aqui dentro. — Disse, colocando a mão suavemente em minha barriga novamente. — Você tem uma parte dele crescendo dentro de você, não se esqueça... Você não está sozinha. — Ela sorriu, reconfortante.

Caroline é uma mulher sábia e verdadeiramente não sei o que faria sem ela. Para mim, ela não é apenas uma criada; é uma amiga, uma confidente, uma verdadeira irmã.

— Obrigada Caroline. — Abracei-a tão forte quanto pude.

— Meredith? — O chamado de Leon me pegou de surpresa.

— Sim? — Respondi sem encará-lo nos olhos.

— Está pronta? — Perguntou.

— Sim. — Encarei minhas mãos.

"Será mesmo que estou pronta?"

— Então vamos. — Disse de onde está.

Virei-me e caminhei na direção de Leon, cruzando meu braço com o dele. Aparentemente, as pessoas precisam acreditar que realmente somos um casal. A ideia de estar tão próxima a ele me causa repulsa, só de pensar nisso.

— Você está linda Meredith. — Elogiou-me com alegria.

Não respondi a ele. Cat escolheu um vestido longo bege, com mangas compridas e detalhes de pedras em degradê na barra. Ela prendeu meu cabelo em um elegante coque, adornado com meu colar e bracelete. Não precisei esconder minha barriga; Leon deixou claro que queria que todos a vissem. Antes de partir, olhei uma última vez para trás para me despedir de Caroline. Encontrei seu gesto de despedida: juntou os três dedos, beijou-os e levantou-os para o alto, depois os colocou suavemente sobre o peito, ao lado do coração. Um sorriso surgiu em meu rosto.

— Espero que você não faça nenhuma gracinha. Já sabe as consequências. — Disse Leon, agora sério.

Acenei, compreendendo claramente o significado de suas palavras. Enquanto caminhávamos em direção à sala do trono, um guarda apareceu seguido por outros, todos marchando em perfeita sincronia como se tivessem ensaiado, cabeças baixas em sinal de respeito à realeza.

— Senhor? — Saudou o guarda que guiava o restante.

Com desdém, Leon acenou com a cabeça em resposta ao cumprimento. Enquanto passavam ao meu lado, um deles ergueu ligeiramente a cabeça e me encarou. Era Pedro! Logo depois, o terceiro "guarda" também ergueu a cabeça e... "Meu Deus! É Catarina." Ela piscou para mim e abaixou a cabeça rapidamente para evitar suspeitas. Em seguida, o quinto guarda, Alice, passou também. "Alice?" Todos continuaram caminhando como se estivessem indo para algum lugar específico. Olhei para trás, sem acreditar no que tinha visto, e por um instante senti um alívio. Leon então me puxou à frente, guiando-me apressadamente.

— O que foi? Algum problema? — Perguntou, encarando-me.

Ele olhou para trás, claramente querendo descobrir o que tinha chamado minha atenção, mas os "guardas" já haviam virado o corredor. Leonidas voltou a me encarar, aguardando minha resposta com expectativa.

— Não, problema nenhum. — Respondi, disfarçando minha agonia por não saber o que eles estão tramando.

A sala do trono é imensa, mas mesmo assim parece não comportar todas as pessoas presentes aqui. É evidente que Leon fez questão de convocar o máximo de pessoas possível para esta ocasião. Assim que entramos, fui recebida com cochichos, mostrando claramente que estão confusos com a situação. Apenas alguns dias atrás, eu era procurada como uma criminosa por Leon, e agora apareço do nada, grávida. Certamente, despertei curiosidade entre eles.No entanto, conseguiram disfarçar um pouco a indignação e me cumprimentaram com reverência, seguida por aplausos respeitosos.

— Sabemos que eles não vão acreditar em nós! Essa história é absurda. — Cochichei para Leon, forçando um sorriso amarelo.

— Entenda uma coisa, eles acreditam no que eu falar. Eu sou o rei, como diz um dos meus personagens favoritos, "posso chamar um incêndio de chuva e todos acreditarão que é verdade," — Disse Leon, sem me olhar nos olhos.

Ele está focado em causar uma boa impressão em seu povo. Sorrindo, acenando, tudo uma grande farsa.

— Eles estão com medo de mim, Leonidas, dá para ver nos olhos deles. — Insisti.

Ele riu como se eu tivesse dito algo extremamente divertido.

— Ora, Meri, você não vai fazer nada, não é mesmo? Afinal, você está sem seus poderes. —  respondeu ele.

— Falando em meus poderes o que você fez com eles? — Perguntei.

— Olhe para frente, Meredith. E sorria! — Desconversou ele.

A única opção que me restou naquele momento foi sorrir. Após várias conversas com pessoas "importantes" e receber elogios vazios e falsos como "Você está tão linda grávida..." e "Sentimos sua falta...", além de previsões sobre ser uma grande Rainha, Leon bateu com um talher em sua taça, chamando a atenção de todos. Ele me chamou para ficar ao seu lado, segurando sua mão firmemente em minha cintura.

— Bom, como já sabem, eu e Meredith passamos por momentos difíceis, mas o amor verdadeiro nunca se abala. Sei que todos estão curiosos e talvez confusos, mas não há motivo para esses sentimentos, porque o que passou, passou. Na verdade, hoje trazemos muitas novidades, e todas elas são boas. Logicamente, vocês já perceberam que Meredith está grávida e... —  Leon foi interrompido abruptamente por um apagão que tomou conta de todo o palácio.

As pessoas começaram a gritar desesperadamente, certamente pensando que era um ataque. Eu não conseguia enxergar nada na escuridão repentina, apenas senti uma mão forte me puxando para longe de Leonidas. Assustada com o gesto brusco, estava prestes a gritar quando a pessoa colocou a mão sobre minha boca, impedindo qualquer som de escapar.

— Se gritar todos morrem! — Brincou Kedra, com uma pontada de humor tenso em sua voz.

— Céus! É você, Kedra? Quase me matou de susto... Por acaso, ninguém te avisou que é proibido assustar uma grávida? —  Falei, as palavras saindo atropeladas pela minha surpresa.

Mas com certeza feliz por vê-lo.

— Pelos deuses! Você está grávida? Nem tinha percebido, achei que tinha ganhado uns quilos a mais. — Riu, divertido consigo mesmo.

— Engraçado! Vai continuar com piadas ou vai me tirar daqui? — Perguntei, agora séria.

— Claro! Venha, temos que sair antes que liguem as luzes novamente. — Disse Kedra, puxando-me para sairmos correndo dali.

— Meredith? — Leon gritou, fazendo-nos parar abruptamente.

— Vamos, rápido, me tire daqui! — Implorei para Kedra.

— É pra já! — Respondeu ele, e seguimos correndo.

Enquanto corríamos, os sons da confusão que deixávamos para trás ecoavam ao nosso redor. De repente, ouvi o estilhaçar de vidros no chão, seguido imediatamente por tiros.

— O que está acontecendo? — Parei de repente.

— Não pare, Meri! Continue correndo. — Respondeu Kedra, evitando minha pergunta.

Mesmo assim, insisti: — Quem mais está aqui?

— Catarina, Helena e alguns homens de Peter e Alice. Não se preocupe, planejamos isso há muito tempo. Tudo dará certo. —  Kedra falou, sem pausar um segundo para descansar, enquanto continuávamos a correr em meio ao caos.

— Alice? Mas o que ela veio fazer aqui? E Nicolay onde ele está?

— Alice veio por vontade própria e precisávamos de muita gente. Nicolay está em SunFitfth. Desde que descobriu que Dempsey é aliado de Leonidas e que ele te capturou, ele se tornou insuportável. Com certeza, não iria ajudar muito. Agora, faça suas perguntas depois, ok?

— Ok, mas só mais uma coisa: você sabe para onde estamos indo? Por acaso, você está vendo alguma coisa? Porque eu não estou. —  Fiz várias perguntas seguidas ignorando totalmente o seu pedido anterior, tentando entender a situação.

Estou tão curiosa que não me segurei; preciso saber de tudo, com todos os detalhes possíveis.

— Céus Meredith! Prometo que depois te respondo tudo. — Kedra respondeu um pouco impaciente.

Então deixei que ele se concentrasse em nos guiar. Ao longe, ouvi uma explosão ou algo muito, muito parecido, mas Kedra não me permitiu parar para ver o que era. Ele continuou me guiando, correndo o mais rápido que podia.

— Meredith! — Na escuridão, Leon vociferou, procurando por mim.

— Droga. — Resmunguei baixo.

— Shiii! Fique quieta. — Me repreendeu Kedra.

— Meredith! — Esbravejou Leon com intensidade. — Você não pode fugir de mim, meu amor, estamos ligados! —  Ele continuou a gritar, sem saber exatamente onde estávamos, mas claramente sentindo minha presença, mesmo à distância.

— Venha vamos! — Falei, puxando Kedra, aproveitando que a luz ainda não havia voltado.

— Do que ele está falando? —  Kedra perguntou, visivelmente confuso.

— Nada. — Respondi rapidamente. Agora eu estou me esforçando para evitar o assunto.

— Meredith! Você é minha. MINHA! Não pode fugir de mim! —  Ouço Leon, sua voz ecoando a quilômetros de distância. — Certo! Nós ainda vamos nos encontrar, Meri. Eu sempre vou te encontrar. Você poderia ter evitado uma guerra, mas... se é guerra que você quer. Guerra você terá! —  Gritou Leon, suas palavras ressoando de algum lugar distante.

Eu sabia que acabaria encontrando Leonidas novamente, mas não imaginava que seria dessa maneira. O que deveria ter sido um encontro no altar agora se desenha como um campo de batalha.

"Que vença o melhor Meredith!"

— Para onde estamos indo? E o resto do pessoal? — Perguntei.

Não aguento mais correr; até já tirei os sapatos. Conseguimos sair do palácio, o que achei estranho por ter sido fácil demais, mas uma mistura de alívio e desconfiança tomou conta de mim. Finalmente, consegui escapar das garras de Leonidas. Depois de tanto tempo.

— Vamos nos encontrar em poucos minutos. Eles criaram um pouco de caos lá dentro para distrair Leonidas e saíram. Devem estar no local combinado. — Respondeu, um tanto sem fôlego.

— Não posso continuar correndo, meu estado não permite. — Falei sem fôlego, parando para descansar um pouco. Sentia-me exausta e precisava recuperar as energias antes de seguir adiante.

Atrás de nós, um homem desconhecido cavalgava em nossa direção.

— Droga, Kedra, nos encontraram! — Falei desesperada.

— Calma, se esconda aqui, venha! — Ele me puxou para trás de uma árvore.

Fiquei apreensiva, segurando a respiração enquanto permanecíamos em silêncio, torcendo para que a pessoa não nos notasse.

— Meredith? Eu sei que a senhorita está aqui! — Gritou. "General Carter?"

— Espere o que está fazendo? — Kedra me segurou quando eu me movi para olhar na direção onde o General Carter estava.

— General Carter? O que está fazendo aqui? Como nos viu? — Perguntei, relutante. Havia algo em sua presença que me fazia sentir que podia confiar nele ali.

— Eu os segui. — Respondeu descendo do cavalo.

Dei um passo para trás, e Kedra segurou minha mão, pronta para me puxar facilmente caso fosse necessário.

— O que o senhor quer? — Perguntou Kedra aos gritos.

— Só quero ajudar! Meredith está grávida, não aguentará muito tempo correndo. Um cavalo seria de grande ajuda. — Respondeu ele, com calma e preocupação evidentes em sua voz.

Ele tentou se aproximar, mas eu e Kedra nos afastamos novamente, relutantes e desconfiados.

— Como posso ter certeza de que você quer ajudar, General? Você é um deles! — Apontei com a cabeça em direção ao palácio.

— Eu sempre fui amigo de seu pai, Meredith. Sempre estive do lado do que é certo.

— Do lado do que é certo? Não sei se o senhor reparou, mas está do lado do Leonidas e, me desculpe, mas ficar ao lado dele não é o certo. — Respondi contrariada.

— Eu sei. Fiz escolhas erradas, senhorita, mas quero consertar o que está ao meu alcance. Deixe-me ajudá-la? — Insistiu.

— Certo, vou dar um voto de confiança ao senhor. — Falei por fim, ponderando suas palavras.

— Meredith ficou louca? — Perguntou Kedra, com indignação estampada no rosto.

— Não temos tempo, Kedra. — Olhei para ele com um olhar suplicante.

Kedra precisava aceitar a ajuda do General Carter, ou estaríamos perdidos.

— Ah, tudo bem, tudo bem! Mas se algo der errado... — Resmungou Kedra, ainda hesitante.

— Vai dar tudo certo. — Interrompeu General Carter, tentando tranquilizá-lo.

— Posso confiar em você? — Perguntei sinceramente a ele.

— Sim, alteza, pode confiar. — Disse ele, fazendo uma reverência respeitosa.

Estabelecendo uma atmosfera de urgência e tensão, a cena enfatiza a necessidade de confiança mútua e a incerteza do desfecho da situação.

— Ótimo! Agora temos que ir. — Disse Kedra, empurrando General Carter para o lado e pegando o cabresto do cavalo.

— Obrigada! — Agradeci rapidamente.

— Venha, Meredith! — Chamou Kedra.

Ele me ajudou a subir no cavalo com destreza, ajustando o selim enquanto eu me acomodava. Assim que estive pronta, Kedra montou rapidamente e atiçou o cavalo a correr o mais rápido possível, impulsionados pela urgência de escapar.

Depois de horas de cavalgada árdua, finalmente alcançamos nosso destino: um campo vasto e desolado, onde uma trilha abandonada se estende adiante. A noite caiu rapidamente, mergulhando o local em sombras densas e desconhecidas. O vento sopra com intensidade, agitando as folhas e galhos das árvores próximas, criando um ruído constante que ecoa pela paisagem deserta.

Com a ajuda de Kedra, desci do cavalo, sentindo o frio cortante do vento contra minha pele suada. No horizonte, avistamos três vagões puxados por cavalos robustos. Eles eram claramente destinados ao transporte de alimentos, mercadorias e até mesmo animais, não projetados para o conforto de passageiros, muito menos para viagens longas. Sua estrutura era rudimentar e desconfortável, mas Kedra explicou que eram as únicas opções disponíveis após uma difícil decisão de roubar o transporte nas redondezas.

— Tem certeza de que é seguro? — Perguntei reparando os transportes.

— Claro que é. Nos levará para casa. — Respondeu Kedra.

— Tem certeza mesmo? — Perguntei incrédula.

Guiados por Kedra, adentramos um dos vagões. O interior era escuro e empoeirado, iluminado apenas por lanternas fracas que balançavam com o movimento do veículo improvisado. O cheiro de madeira velha misturava-se com o odor de feno e couro dos arreios dos cavalos. O chão irregular rangia sob nossos passos, enquanto nos ajustávamos aos sacolejos e solavancos do trajeto improvisado.

— Confie em mim Meri. — Disse Kedra tentando me passar confiança.

À medida que avançávamos pelo vagão, o vento uivava ocasionalmente através das frestas mal vedadas, intensificando a sensação de desamparo no coração da noite. Fora dos estreitos limites do vagão, as sombras se moviam e dançavam entre as árvores, alimentando nossa imaginação com temores e expectativas incertas. Seguimos adiante, e longe, os murmúrios das conversas chegavam aos meus ouvidos, um eco distante que preenchia o silêncio da noite. Meu coração acelerava dentro do peito, ansiosa por reencontrar todos aqueles rostos conhecidos. Kedra, percebendo minha agitação, adiantou-se rapidamente, enquanto eu hesitava por um momento, absorvendo a emoção que tomava conta de mim.

O ambiente ao redor parecia vibrar com a expectativa. A luz fraca das lanternas delineava os contornos das pessoas que se reuniam à distância, formando uma silhueta acolhedora contra o fundo escuro da paisagem noturna. Cada passo em direção às vozes familiares parecia trazer um alívio renovado, um calor reconfortante que dissipava o cansaço da jornada árdua até ali. Respirei fundo, deixando-me levar pela antecipação do momento tão esperado. Com o sorriso já se formando nos lábios, avancei para me juntar a eles, pronta para compartilhar histórias e abraços que haviam sido guardados com carinho durante tanto tempo.

— Olhem o presente que trouxe para vocês! — Exclamou Kedra, sua voz ecoando pelo ambiente.

Me aproximei devagar. Lá estavam eles: Catarina, Lucas e Helena, seus rostos iluminados pelo lampejo das lanternas ao redor. Kedra havia mencionado que nos outros vagões estavam Gerad e Rixon, acompanhados por Alice e alguns homens do Capitão Peter. Assim que me avistaram, todos começaram a gritar e a se jogarem na minha direção, seus sorrisos radiantes e vozes ecoando pela noite.

Cada um dos abraços que recebi era como um bálsamo para a alma cansada pela jornada árdua e incerta. O calor humano e a alegria contagiante no ar me faziam sentir viva de novo, como se todos os desafios e perigos que enfrentamos no caminho estivessem justificados naquele momento de reencontro. As histórias e os risos se misturavam, enchendo o espaço ao nosso redor com uma energia renovada e reconfortante. Olhando para cada rosto querido, senti um profundo senso de gratidão e felicidade por estar ali.

— Vocês são malucos! — Falei entre risos.

— Você achou mesmo que deixaríamos o ouro maior para trás? — perguntou Catarina, brincando com um canivete.

— É bom te ver também Catarina. — Sorri.

— Disponha princesinha. — Retribuiu o sorriso.

— Venha cá! Olha só você! Já está com a barriga grande! — Exclamou Helena, segurando minhas mãos para examinar melhor meu ventre.

— Estava com saudades. — Respondi, envolvendo-a num abraço caloroso.

— Eu também! — Respondeu ela, com um sorriso sincero no rosto.

Fiquei um pouco triste por um breve momento. Lembrei-me da promessa que fiz às minhas criadas de levá-las comigo, uma promessa quebrada pelo caminho.

— O que foi? — perguntou Lucas, percebendo minha expressão.

— Nada. É que lembrei que havia prometido às minhas criadas que as levaria comigo, mas não foi o que aconteceu. — respondi, com um peso no coração.

— De que criadas você está falando? Estas aqui? — disse Catarina, indicando com a cabeça um canto do pequeno espaço.

E lá estavam elas: Caroline, Cat e Emily, encolhidas e timidamente observando à distância. Seus rostos demonstravam uma mistura de esperança e receio, sem saber ao certo o que esperar daquele encontro inesperado.

— Pelos deuses! — Falei novamente, desta vez com alegria. Me aproximei delas e fiquei maravilhada. — Como vocês fizeram isso? Vocês... Vocês realmente são realmente malucos! — Me virei para encará-los.

Ainda estou incrédula com tudo o que eles fizeram.

— Estamos felizes em te ter de volta também alteza. — Disse Kedra, arrancando risos espontâneos de todos nós, que ecoaram pelo ambiente como uma sinfonia de alegria e alívio.

— Agora é melhor irmos! Te contaremos tudo no caminho. — Apressou-nos Catarina, sua voz carregada de entusiasmo e urgência, enquanto todos se preparavam para partir, ansiosos por compartilhar os detalhes emocionantes da jornada

— É melhor irmos mesmo, há alguém louco para te ver. — Helena me encarou com um sorriso cúmplice nos lábios, revelando a expectativa.

Finalmente estou de volta para minha família, meu coração se enche de gratidão por este momento tão esperado.

...

Estou do lado de fora dos vagões ao lado de Lucas, Kedra e Rixon. Assim que me vê, Rixon me recebe com um abraço apertado e inesperado, expressando alívio e calorosa recepção. Gerad também se aproxima, seu abraço é mais reservado, logo em seguida mantém sua concentração na inspeção de uma das patas de um dos cavalos que puxam os vagões.

Neste momento, um imprevisto acontece: a pata do cavalo está atolada em uma poça de lama que surgiu no caminho, impedindo-o de se mover e, consequentemente, atrasando nossa partida planejada. Gerad examina a situação com seriedade, enquanto todos nós compartilhamos olhares de preocupação e frustração diante do obstáculo inesperado. Enquanto isso, o vento frio sopra ao redor, agitando as árvores próximas e adicionando uma sensação de urgência ao ambiente tenso. O som dos outros cavalos relutantes e o farfalhar das folhas misturam-se com murmúrios preocupados entre nós, enquanto planejamos a melhor maneira de superar esse contratempo e continuar nossa fuga com sucesso.

— Ainda vai demorar? — Helena aparece, examinando minuciosamente o local ao redor.

— Pelo visto sim. — Respondeu Gerad nervoso.

— Andem logo! Se demorarmos mais, todo nosso esforço terá sido em vão porque eles vão nos alcançar. — Resmungou Catarina, também nervosa, surgindo atrás de Helena.

— Dá para ficarem calados? Desse jeito não tem como me concentrar. —  Lucas estava visivelmente concentrado no seu esforço para tirar a pata atolada do animal.

— Certo, cheguem para lá! Deixe-me ver. —  Finalmente, tomei a palavra.

Estou exausta de observar a luta deles para desatolar a pata do animal. Mesmo reunindo suas forças em conjunto, cada movimento parece apenas afundá-lo mais na lama pegajosa. Cada vez que tentam puxar, o barro se agarra teimosamente ultrapassando o casco e quase chegando aos joelhos, pesando como chumbo e deixando as mãos de quem tentava ajudar cansadas e enlameadas. O ar está carregado com o cheiro de terra úmida e esforço, enquanto eles se esforçam, suas vozes misturadas com grunhidos do animal, que parece cada vez mais assustado.

— O que está pensando em fazer? — Perguntou Kedra curioso.

— Usar meus poderes! — Falei determinada.

Eles não tinham ideia de que eu havia perdido meus poderes; na verdade, eu não entendia bem o que havia acontecido com eles. Mas não custava tentar. Agora que não estava mais nas mãos de Leonidas, talvez funcionasse.

— Isso! por que não pensamos nisso antes? — Comemorou Gerad.

Respirei fundo, sentindo o peso da responsabilidade se intensificar enquanto posicionava minhas mãos em direção à pata do animal. Já tinha usado a força da mente anteriormente sem qualquer esforço, e agora, enquanto olhava para o animal aflito, ansiava para que dessa vez tudo voltasse a funcionar como antes. Cada movimento era calculado, cada pensamento focalizado na tentativa de invocar novamente o poder que parecia ter se perdido. A brisa da noite sussurrava ao meu redor, como se também estivesse aguardando o desfecho dessa tentativa desesperada de restaurar o que fora perdido.

— Será que consigo levantar? — Perguntei nervosa.

— Eu não sei, mas você treinou bastante. Já deve ter controle sobre seus poderes; não custa tentar. — Helena deu de ombros, parecendo incerta mas encorajadora ao mesmo tempo.

— Certo. — Respondi esperançosa.

Fechei os olhos, mergulhando profundamente em meu próprio ser, concentrando toda minha vontade em trazer meus poderes de volta. O silêncio ao meu redor era quase palpável, apenas interrompido pelo suave murmúrio da brisa. Instantes se arrastaram como horas, e um frio nervosismo começou a se insinuar enquanto eu esperava, ansiosa por qualquer sinal de sucesso. "Não é possível que não dê certo," murmurei para mim mesma, lutando contra a dúvida que tentava se instalar.

Quando já considerava abandonar a tentativa, um leve formigamento começou a se espalhar pelos meus dedos. Uma sensação familiar de energia começou a pulsar, gradualmente se intensificando até que algo parecia saltar de minhas mãos. Ao abrir os olhos lentamente, deparei-me com a pata do animal agitando-se sob a massa densa de barro que a cobria, adornada com fragmentos que se agarravam à sua perna como se fossem garras indesejadas. Um calor de alívio misturado com a alegria pura se espalhou por todo meu corpo. "Deu certo!" Eu estava de volta com meus poderes. A euforia inundou meu coração enquanto eu absorvia a realidade do meu sucesso, saboreando a sensação de ter recuperado algo que pensei ter perdido para sempre.

— Ah, finalmente podemos ir! — Exclamou Catarina, visivelmente irritada.

— Sim, vamos embora! — Gritou Gerad, e todos comemoraram a conquista.

Finalmente, vamos embora de uma vez por todas.

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